sexta-feira, dezembro 11, 2009

Os verdadeiros Ches


Os verdadeiros Ches Guevaras do século XX não eram argentinos, nem cubanos, nem latino-americanos. Um era irlandês muito inteligente, mas não muito culto. Outro era croata (na época, iugoslavo), extremamente inteligente e erudito.

Michael Collins (1890-1922) foi mais carismático líder da revolução irlandesa de 1916. Era o braço direito de Eamon de Valera, o advogado que sonhava em unificar a Irlanda ocupada pelos ingleses desde o século XIV e se tornar o presidente.

Sem qualquer aparato ideológico ou de marketing, a não ser o nacionalismo extremo, Collins foi mais radical que os russos bolcheviques que assumiram o poder em 1917 em Moscou e conseguiu o que ninguém acreditava: apressar a independência irlandesa com muito pragmatismo e tenacidade política, mesmo tendo de enfrentar velhos companheiros.

Traído por negociar uma autonomia parcial, mas progressiva, com os ingleses, acabou virando chefe provisório do primeiro governo irlandês de transição.

Déspota e autoritário, transformou a Irlanda em uma ditadura militar por um breve período. Foi assassinado por ex-companheiros em 1922, fato que precipitou a independência na prática do país e a união nacional dos condados do sul.

Collins não teve marketing e teve o azar de nascer na Irlanda do início do século XX, quando era a “África da Europa”. Sua vida virou filme em 1996 pelas mãos do diretor Neil Jordan e foi interpretado por Liam Neeson, que é norte-irlandês.

Já o croata era Josip Broz (1892-1980), conhecido como Tito, talvez o mais brilhante líder guerrilheiro da história. Com muita inteligência e disciplina, liderou a guerrilha comunista na Iugoslávia invadida e ocupada pelos alemães nazistas entre 1941 e 1945.

O desempenho de seus partizans foi tão predatório e nocivo - e praticamente sem ajuda dos aliados - que forçou uma retirada antecipada dos alemães da Sérvia e da Bósnia. Acossados na Croácia, praticamente se renderam no começo de 1945.

No caso de Tito, brilhante militar e importante estadista, o marketing funcionou ao contrário. Comunista convicto, mas independente demais para o gosto dos soviéticos, caiu em desgraça com a intelligentsia esquerdista e praticamente foi “desterrado” e “exilado” nos livros de história.

Efetivamente, foram os verdadeiros Ches.
Che e a imensa força do marketing


Marketing é uma das três áreas mais fascinantes das ciências humanas. Assim como a política, é uma ferramenta presente 24 horas por dia na vida das pessoas, qualquer pessoa - e frequentemente são pouquíssimos os que se dão conta disso.

Armei-me de fôlego e paciência para conseguir assistir as duas partes do filme “Che”, do ótimo cineasta Steven Soderberg e estrelado pelo igualmente ótimo Benicio Del Toro, ganhador do prêmio de melhor ator do Festival de Cannes pelo papel.

Esperava uma fita muito ruim, coalhada de clichês e ovações gratuitas ao personagem histórico. Surpreendi-me ao ver uma obra relativamente equilibrada e distanciada - até onde isso é possível em se tratando de Che Guevara, astro e rosto principal da Revolução Cubana de 1959.

Deliberadamente o roteiro e a direção evitam a polêmica e os temas mais pesados, de certa forma atenuam os fracassos políticos e militares - compreensível, afinal esse não era o foco do filme, que merece ser visto pela qualidade da direção e pelo esmero da produção.

Assim como o que de melhor foi produzido em termos de biografias, o filme ajuda a reforçar o mito em torno de Che, tornando-o muito mais do que realmente foi. E esse é grande segredo do marketing, muito mais importante do que a propaganda.

O marketing transformou um coadjuvante da revolução em rosto e imagem da mesma, no retrato magistral do fotógrafo Alberto Korda estampado em camisetas e tatuagens.

O coração e a alma estavam em Fidel Castro, Raul Castro e o núcleo central do comando da revolução. Mas a imagem é a do médico argentino agregado ao comando da revolução, que teve pífio como ministro e gestor em Cuba e que acabou fracassando nas campanhas revolucionárias do Congo e da Bolívia - isso para não mencionar outros atos desabonadores.

Che Guevara é a prova definitiva de que o marketing funciona. Independente de suas convicções políticas e ideológicas, o fato é que a trajetória do coadjuvante se tornou maior do que a própria revolução cubana e deu esperança de mudanças a pelo menos duas gerações. Negar a sua importância história é brigar com s fatos e com a história.

terça-feira, dezembro 08, 2009

Chickenfoot e o melhor do rock em 2009


Chickenfoot é um grupo de hard rock que reúne dois ex-integrantes Van Halen - o voclaista Sammy Hagar e o baixista Michael Anthony - , o guitarrista Joe Satriani e o baterista Chad Smith, ainda no Red Hot Chili Peppers. Seu disco de estréia, auto-intitulado, está vendendo horrores e já é um dos melhores lançamentos do ano.


SOAP ON A ROPE



BAD MOTOR SCOOTER - LIVE IN VANCOUVER 2009


HIGHWAY STAR - LIVE AT THE ROXY 2009



LEARNING TO FALL



GET IT UP


SEXY LITTLE THING

Bandeiras vermelhas e papais noéis


O encontro de bons amigos em um bar diferenciado e frequentado por intelectuais da região central de São Bernardo terminou mal. Discussão, gritos, ofensas, indiscrições e pelo menos uma amizade abalada.A brincadeira não foi inocente.

Apesar do elevado número de cervejas importadas na mesa, o nível de embriaguez não poderia ser usado como desculpa para o que foi dito. A intenção era mesmo alfinetar, machucar, cutucar, ferir, como um desabafo, ainda que tardio.

Era a enésima vez que os quatro amigos discutiam a respeito da evaporação da militância petista e de outros partidos de esquerda. As discussões eram frequentes, nunca tinham conclusão, só desilusão.

Só que, desta vez, terminou em briga e mais amargura. Tudo porque o mais velho e mais sarcástico ousou ironizar a falta de pegada e de interesse daquilo que um dia foi a militância que carregou o partido nas costas. “Militante petista que tremula bandeira hoje não o faz por menos de R$ 50 por dia. Estão cobrando mais do que os papais noéis da (rua) Marechal (Deodoro).”

O tom sempre foi duro e cruel. Os dois mais velhos bradavam contra a escolha pessoal do presidente Lula do candidato a presidente em 2010. Dilma Roussef tem a oposição de certa parcela petistas que tolera a submissão do partido ao Palácio do Planalto em todo e qualquer assunto.

Os dois mais novos reclamavam da falta de visão e do saudosismo de um partido que não existe mais, de um tempo que não volta mais. Foram bruscamente interrompidos por um palavrão: “Mensalão não dá!”

A conversa acabou. Um dos mais novos se levantou, falou um palavrão de verdade e foi embora. Sem pagar. O outro mais novo ficou bravo, foi se refugiar no balcão e choramingar para o barman.

O dois mais velhos, em vez de sorrir por mais uma vitória conceitual sobre o que pode ser chamado hoje de juventude petista, olhavam fixamente para as garrafas de cerveja com desalento.

Um murmurou: “Por que é que nos tornamos nisso? Será que vamos nos tornar vazios e pragmáticos que nem esses caras?”

Dois minutos depois de um silêncio ensurdecedor, o outro responde: “Lula disse outro dia que a imprensa não tem que investigar, só noticiar. Será que ele toparia esse esquema 15 anos atrás, quando a imprensa investigou e expôs a podridão dos anos FHC?”

Mais dez minutos de silêncio ensurdecedor, e o mais bêbado falou: “Tem salvação? Será que conseguiremos resgatar ao menos a dignidade de quem lutou por 29 anos por este partido?”

O outro não respondeu. Mas eu gostaria de ter retrucado: “É possível, ainda dá tempo, mas o tempo está acabando. E bastante rápido.”
Diploma para jornalista: restaurando a justiça



Em meio a vários oceanos de lama que assolam Executivos e Legislativos pelo Brasil, um erro está aos poucos sendo consertado no Congresso Nacional. Tanto a Câmara como o Senado já aprovaram PEC (Propostas de Emenda Constitucional) ressuscitando a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo.

O STF (Supremo Tribunal Federal) derrubou neste ano a obrigatoriedade do diploma para a profissão. em uma decisão contestada pela categoria e comemorada pelos meios de comunicação e por uma série de obtusos e equivocados que nada entendem de imprensa.

Se a obrigatoriedade voltar, ganham todos, na minha opinião: jornalistas, leitores, anunciantes e o mercado como um todo;

Reproduzo aqui texto do site Comunique-se a respeito do tema.

PEC do diploma é aprovada em comissão do Senado

Da Redação

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou, nesta quarta-feira (02/12), a Proposta de Emenda à Constituição 33/2009, que restitui a obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para o exercício da profissão. O projeto segue para o plenário da Casa, onde será votado em dois turnos.

Durante a reunião, os senadores expuseram seus pontos de vista sobre a matéria. O presidente da comissão, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), foi a principal voz contrária à aprovação. Em sua opinião, a decisão do Supremo Tribunal Federal foi acertada e qualquer tentativa de regulamentar a profissão seria novamente derrubada.

Entretanto, a PEC foi aprovada pela ampla maioria dos membros da comissão. Apenas Demóstenes e seu companheiro de partido Antônio Carlos Magalhães Júnior (BA) votaram contra a aprovação.

De acordo com o autor da PEC, senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), a exigência do diploma garante a proteção dos jornalistas.

“Infelizmente, da forma como está hoje, um empresário de comunicação pode dizer o seguinte: ‘meu amigo, você está exigindo um salário muito alto. Então vou chamar o fulano, que tem o segundo grau, e vou pagar a metade do que você está ganhando’”, disse Valadares.

O presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, Sérgio Murillo, acompanhou a votação e ficou satisfeito com o resultado. “Não existe conflito entre diploma e o livre exercício de expressão. Agora temos um atestado do Senado”.

Apesar da aprovação, a mobilização continua e a entidade busca um consenso com as organizações patronais. De acordo com Murillo, a Fenaj, junto com a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert), “pode buscar uma solução que contemple a regulamentação e garanta a liberdade de expressão”.

“Não estamos atrás de enfrentamento, só não vamos aceitar que a profissão seja desregulamentada”, afirmou.
Mundo melhor sem muros


Volker é um alemão bonachão e quase transparente de tão branco. Tem pouco mais de 50 anos e está no Brasil desde 1998. Especialista em comércio exterior, fala cinco línguas, tem um bar em Blumenau (SC) e é representante de uma importadora de bebidas da Alemanha.

Ex-jogador de futebol, atuou pelo Magdebourg, time da cidade de mesmo nome e que foi um dos mais importantes da extinta Alemanha Oriental. Segundo ele, era um volante esforçado, mas sem a menor técnica. Abandonou logo o time de sua cidade natal e se dedicou à universidade.

Volker não pensou duas vezes quando o Muro de Berlim caiu em novembro de 1989. Dois meses depois, já estava morando em uma pensão em Frankfurt, na antiga Alemanha Ocidental e se transformou em um promissor e bem-sucedido executivo de empresas do ramo de bebidas.

Já o Magdebourg, campeão da Recopa Europeia de 1974, três vezes campeão da Alemanha Oriental e sete vezes campeão da Copa da Alemanha Oriental, submergiu nas divisões inferiores do então novo futebol da Alemanha unificada, incapaz de se adaptar à modernidade do mundo pós-comunista.

As duas trajetórias definem bem o que significou para as pessoas, no mundo real, a queda do Muro de Berlim e o fim da utopia comunista, ou melhor, o fim do comunismo real, aquele que tentou ser implantado à força após a Segunda Guerra Mundial.

A opressão dos regimes totalitários do Leste Europeu explodiu em novembro de 1989, provocando um êxodo raramente visto na história da humanidade em direção ao Ocidente.

Ao mesmo tempo, as instituições podres que foram solapadas pelos regimes autoritários daquela região da Europa ruíram e submergiram, como o time de futebol do Magdebourg, e ainda correm atrás do tempo perdido para ao menos diminuir os milhares de anos-luz que as separam do mundo moderno.

Alguns dos historiadores mais importantes do nosso tempo acreditam que a queda do muro é um evento tão importante quanto a queda de Constantinopla, dominada pelos turcos otomanos em 1453, fato que colocou um fim à Idade Média.

Não chega a ser o fim da história, como cravou o pensador norte-americano Francis Fukuyama nos anos 90, mas com certeza tem o peso de ter encerrado uma era da história humana.

O fim do Muro de Berlim deixou o mundo melhor, mais livre, com perspectivas econômicas mais claras e promissoras. Expandiu a democracia e reforçou a tese de que o totalitarismo é danoso ao ser humano.

Pena que o fantasma ainda assombre por aí, especialmente na América Latina, onde existe muita gente com saudade enorme do muro.
Pedaladas imprudentes


O sábado 7 de novembro parecia um feriado na Grande São Paulo. O calor era desértico e desumano e havia poucos seres humanos nas ruas dispostos a enfrentar a temperatura infernal.

Um destes poucos seres era um ciclista de camiseta regata azul e bermuda branca, pedalando um modelo antigo, detonado e descascado, exalando imprudência e arrogância.

Ignorou solenemente o semáforo fechado na rua Catequese, em Santo André: avançou em plena contramão como que desdenhando do movimentado cruzamento com a rua das Figueiras.

O primeiro automóvel que descia a Figueiras, na faixa da direita, conseguiu frear e desviar. O segundo, que estava na faixa central, não teve tempo. Colidiu com a bicicleta e atirou seu condutor a quase 30 metros de distância. Desacordado, tinha as duas pernas fraturadas e sangue por todo o rosto.

O condutor do automóvel estava em pânico, um rapaz de 30 anos vestido com camisa social e calça preta impecável. Ia a um culto em uma igreja evangélica nas redondezas.

Logo ele foi consolado por pelo menos cinco pessoas, enquanto um carro de resgate dos Bombeiros lavava o ciclista ferido ao Hospital Municipal. As cinco pessoas se prontificaram em eventualmente a testemunhar a favor do motorista, fornecendo nome, telefone de contato e endereço.

Esse motorista teve sorte de ao menos encontrar gente honesta e com discernimento, que claramente entendeu a responsabilidade do ciclista no acidente. Quase nunca isso acontece. Quase sempre a praga do politicamente correto prevalece e os condutores de automóveis são acusados, satanizados e quando não linchados - sejam culpados ou não.

O fato é que, se o Brasil ignora a necessidade de incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte alternativo e a necessidade de construção de ciclovias, também é verdade que os ciclistas desrespeitam deliberadamente as leis de trânsito e se julgam no direito de se arriscar perigosamente no pesado trânsito das grandes regiões metropolitanas.

Ciclistas pedalam sem constrangimento e sem vergonha pelas calçadas, andam na contramão, ignoram semáforos e faixas de pedestres.

Como bicicletas são veículos que não possuem registros nem placas de identificação, seus condutores cometem todo tipo de abuso e de delito e ficam impunes.

Exigem respeito e querem que seus direitos sejam respeitados. Mas se ofendem quando são cobrados quando desrespeitam as leis de trânsito e a boa educação da vida em sociedade. Continuarão a ser massacrados no trânsito pesado. Não tentei e não tentarei mas, por mais que tentasse, não conseguiria ter penas deles.
Paraíso oficial dos criminosos internacionais


O país do mensalão, das obras superfaturadas e dos escândalos dos presidentes das Casas do poder legislativo - aliados do governo federal, é bom frisar - sempre recebeu de braços abertos criminosos de todas as praças e de todos os calibres.

Passaram e viveram por aqui desde os folclóricos, como o inglês Ronald Biggs, famoso por assaltar um trem pagador na Inglaterra em 1963; os perigosos e assassinos, como o traficante colombiano Abadía; mafiososo importantes, como o italiano Tommaso Buschetta; e também traficantes árabes de armas, chefões do crime organizado da Rússia e da China.

Então por que a gritariam em torno de Cesare Battisti, assassino e terrorista italiano, “suposto” ativista político? Seria só mais um na galeria de criminosos famosos e notórios a viver no Brasil.

Ok, o caso do terorrista tem peculiaridades: ele é terrorista - parece ser até agora o único desta laia a ter a cara de pau de pedir asilo ou refúgio político no Brasil; conta a simpatia e a “proteção oficial” do Estado, a julgar pela estapafúrdia decisão do ministro (???) da Justiça, o nenhum pouco comptente Tarso Genro; apesar das seguinsdas condenações por assassinato em dois países - Itália e França - insiste e se dizer inocente e “perseguido político” (o pior é que tem gente que cai nessa esparela, muitos de forma ingênua, mas mas a maioria de forma ideológica e deliberada).

O STF (Supremo Tribunal Federal) vinha progressivamente perdendo credibilidade por conta de inúmeras decisões equivocadas e assustadoras, é só verificar que ainda não tomou providências em relação ao caso da censura ao jornal O Estado de S. Paulo, proibido de noticiar negociatas do filho de José Sarney. Agora deliberadamente se omite no caso Battisti, mesmo votando pela extradição, mas deixando a decisão para o presidente Lula.

Se Lula permitir que o terrorista fique no Brasil , estará institucionalizando o país como o refúgio oficial de criminosos. Oficializará aquilo que já existe de fato, só que agora com a chancela e o apoio do governo federal. Será que teremos para isso uma versão do Bolsa Família para atrair seres desse tipo?
Articulações no submundo


Existe um quinto escalão do serviço público aparelhado, em todas as esferas, que ainda acredita que tem algum tipo de influência na sociedade e na vida cotidiana do Brasil. Parte dessa gente, que para mim não passa de seres inomináveis, está antecipando a campanha eleitoral presidencial de 2010 pregando a ruptura institucional.

O professor Flávio de Souza, que tem blog neste portal ABCD Maior, já tinha alertado recentemente sobre uma faixa no Paço Municipal de São Bernardo parabenizando o presidente Lula por qualquer coisa e e assinando algo como “Lula 2010″, sugerindo um terceiro mandato impossível para o presidente.

Esse assunto já está devidamente enterrado no Palácio do Planalto e no Congresso Nacional, por mais que ainda haja algum parlamentar puxa-saco que eventualmente faz esse tipo de pregação em algum boteco. No entanto, esse tema ainda domina conversas no submundo do funcionalismo aparelhado e nas esferas mais baixas e menos inteligentes do PT.

O quinto escalão aparelhado do funcionalismo tentou aplicar um golpe escuso na prova do Enade (Exame Nacional de Desempenho do Estudante), no último domingo, com perguntas cretinas e estúpidas, elaboradas de forma ideológica com o objetivo de glorificar o presidente. É claro que isso não passaria impune e acabou por constranger mais uma vez o governo federal.

Lula não precisa disso. Tem apoio popular maciço e está fazendo um governo até que razoável, apsar dos apagões, dos mensalões e da política externa estapafúrdia. Esse tipo de articulação no submundo não ajuda em nada, apenas expõe o medo do funcionalismo aparelhado de perder a sinecura em uma eventual mudança de governo.
As boas intenções e a realidade


Redução de jornada de trabalho aumenta o número de postos de trabalho? E a diminuição das horas extras? Terá o mesmo efeito? Ouço essa discussão há pelo menos 15 anos e as respostas são as mais variadas, e quase nunca objetivas.

O senso comum mostra que as respostas deveriam se basear na matemática: se as pessoas trabalham menos, é necessário mais gente para suprir as horas a serem trabalhadas com mais gente. O raciocínio é o mesmo para a questão das horas extras.

Entretanto, o mundo real não é cartesiano e direto como a matemática. A economia é igulamente traiçoeira, especialista em desmentir teses e teorias prontas. A realidade costuma driblar as boas intenções.

Nesta semana o Ministério Público de Minas Gerais entrou com uma reprsentação na Justiça mineira exigindo que a Fiat, que tem fábrica em Betim, diminua a exigência por horas extras e que, para suprir a demanda, contrate mais gente.

A intenção é louvável, mas a medida é estapafúrdia e complentamente sem sentido. Não cabe ao Ministério Público ou à Justiça determinas os rumos da economia. Devem, no máximo, coibir abusos e corrigir ilegalidades e descumprimento de lei.

Estabelecer o fim de horas extras por decreto não existe, é a melhor maneira de piorar as coisas. Além do mais, ninguém perguntou a quem faz hora extra o que acha disso. Acho que esse trabalhador não ficará feliz de perder renda extra.

Não bastase isso, uma pesquisa feita pelo Sebrae paulista indica que 70% dos micro e pequenos empresários não deverão aumentar seus quadros de funcionários na hipótese de a redução de jornada de trabalho for aprovada pelo Congresso Nacional - de 44 horas semanais para 40 horas.

Os empresários alegam que a redução da jornada de trabalho, em vez de aumentar vagas, vai causar retração no mercado e até demissões, já que o custo de um emprego formal aumentará.

Todos eles são unânimes: reduzir a quantidade de horas trabalhadas somente não basta para gerar emprego, ainnda mais se este fica mais caro. É necessário reduzir impostos, ou seja, tornar os custos do emprego formal mais baixos para que haja espaço para novas contratações. E infelizmente esse raciocínio faz sentido.

Relator da proposta de emenda constitucional da redução de jornada na Câmara dos Deputados, o deputado Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), informou que até o momento não há proposta de compensação tributária às micro e pequenas empresas apresentada para discussão.

Parece que mais uma vez a realidade ameaça pregar uma peça em todos nós.
Che e a imensa força do marketing


Marketing é uma das três áreas mais fascinantes das ciências humanas. Assim como a política, é uma ferramenta presente 24 hras por dia na vida das pessoas, qualquer pessoa - e frequentemente são pouquíssimos os que se dão conta disso.

Armei-me de fôlego e paciência para conseguir assistir as duas partes do filme “Che”, do ótimo cineasta Steven Soderberg e estrelado pelo igualmente ótimo Benicio Del Toro, ganhador do prêmio de melhor ator do Festival de Cannes pelo papel.

Esperava uma fita muito ruim, coalhada de clichês e ovações gratuitas ao personagem histórico. Surpreendi-me ao ver uma obra realtivamente equilirada e distanciada - até onde isso é possível em se tratando de Che Guvara, astro e rosro principal da Revolução Cubana de 1959.

Deliberadamente o roteiro e a direção evitam a polêmica e os temas mais pesados, de certa forma atenuam os fracassos políticos e militares - compreensíel, afinal esse não era o foco do filme, que merece ser visto pela qualidade da direção e pelo esmero da produção.

Assim como o que de melhor foi produzido em termos de biografias, o filme ajuda a reforçar o mito em torno de Che, tornando-o muito mais do que realmente foi. E esse é grande segredo do marketing, muito mais importante do que a propaganda.

O marketing transformou um coadjuvante da revolução em rosto e imagem da mesma, no retrato magistral do fotógrafo Alberto Korda estampado em camisetas e tatuagens.

O coração e a alma estavam em Fidel Castro, Raul Castro e o núcleo central do comando da revolução. Mas a imagem é a do médico argentino agregado ao comando da revolução, que teve pífio como ministro e gestor em Cuba e que acabou fracassando nas campanhas revolucionárias do Congo e da Bolívia - isso para não mencionar outros atos desabonadores.

Che Guevara é a prova definitiva de que o marketing funciona. Independente de suas convicções políticas e ideológicas, o fato é que a trajetória do coadjuvante se tornou maior do que a própria revolução cubana e deu esperança de mudanças a pelo menos duas gerações. Negar a sua importância história é brigar com s fatos e com a história.