quinta-feira, julho 05, 2012

Aos 50 anos, Status Quo reúne formação original

Marcelo Moreira Há bandas que conseguem superar diversos problemas com ajuda preciosa do tempo e conseguem se reconciliar de forma digna e civilizada. Não é o caso do Guns N’Roses, mas se ajusta perfeitamente ao Status Quo, gigante do rock britânicos dos anos 60 e 70 que resolveu comemorar seus 50 anos de fundação reunindo a formação original e clássica. O agora quarteto pretende se reunir após 31 anos para gravar um novo álbum e possivelmente uma nova turnê. A última vez que estiveram juntos em estúdio foi para gravar e lançar o fraco “Never too Late”, em 1981. Francis Rossi (vocal e guitarra), Rick Parfitt (guitarra e vocal), Alan Lancaster (baixo) e John Coglan (bateria) criaram uma mistura peculiar de rock pesado e boogie rock que resultou em milhões de álbuns vendidos nos anos 70, inspirando algumas bandas, como os compatriotas do Foghat, que tendiam mais para o blues. Ao contrário dos Rolling Stones, que estão na ativa ininterruptamente há 50 anos, o Status Quo anunciou sua separação em 1984 após vendas fracas de álbuns naquela primeira metade da década de 80. Parfitt (esq.), Lancaster e Rossi em ação na Inglaterra no final dos anos 70 Surpreendentemente, Rossi e Parfitt ressuscitaram a banda um ano e meio depois para gravar o bem-sucedido – mas nem tão bom – “In the Army Now”, de 1986. A notícia ruim foi a exclusão do baixista e fundador Alan Lancaster, ainda atritado com os então ex-amigos. Sua ausência no retorno foi motivo de muita mágoa por parte do baixista nos últimos 25 anos. Curiosamente, após anunciar o retorno da formação clássica para um novo álbum e uma nova turnê, Rossi disse que a formação que atualmente está com banda – John “Rhino” Edwards (baixo, guitarra e vocais), Matt Letley (bateria) e Andy Bown (guitarra e teclados) – não seria dissolvida. A ideia é manter as duas formações na ativa, embora não tenha dado nenhum detalhe de como pretende operacionalizar tal “coexistência”. Embora a música “Rockin’ All Over the World” seja talvez o seu grande sucesso contemporneo, ao lado de “Whatever You Want”, os seis primeiros álbuns do Status Quo são considerados clássicos do rock. São eles “Picturesque Matchstickable Messages” (1968), “Spare Parts” (1969), “Ma Kelly’s Greasy Spoon” (1970), “Dog of Two Head” (1971), “Piledriver” (1972) e “Hello!” (1973). Parte expressiva dos fãs, porém considera “Blue for You”, de 1976, como o seu melhor e mais pesado álbum.

segunda-feira, julho 02, 2012

A luta de quem ainda consegue vender CDs e DVDs novos em lojas de rua

Comprar toca-discos hoje virou uma missão quase impossível. Se você não for DJ ou mero tocador de LPs/DJs, que precisa de equipamento especializado, então encontrar uma pick-up legal para ouvir velhos discos vinil é muito difícil – só em lojas muitíssimo especializadas ou antiquários da região das ruas Santa Ifigênia ou Teodoro Sampaio, em São Paulo. Comprar CDs em loja de rua também se tornou uma tarefa inacreditável de difícil. Se não há tempo para ir em locais especializados ou “clusters”, como a Galeria do Rock e o Espaço Nova Barão (a Galeria do Rock B), ambas em São Paulo, ficou difícil. Um endereço caro aos amantes de música paulistanos, o Nuvem Nove, na rua Clodomiro Amazonas, no Itaim-Bibi, fechou as portas há uns três anos, e desde então quase todo mundo acha que as lojas de CDs ou de “música” hoje se restringem às megalivrarias, como a Fnac, a Saraiva-Siciliano e a Cultura, ou na Galeria do Rock. Quem permanece no ramo teve que aprender a oferecer serviços especializados para segurar a clientela, que caiu 50%, em média. E esses lojistas continuam planejando novidades para manter o faturamento, que varia entre R$ 50 mil e R$ 100 mil mensais. Nos últimos dez anos, o empresário Marco Aurélio de Melo, de 43 anos, desativou três de suas quatro lojas de CDs e DVDs na capital. Permanece com a Music Shop, no Shopping Eldorado, zona oeste. Sem deixar de vender títulos populares, seu diferencial são importados, raridades e clássicos que agradam aos colecionadores, sempre acima dos 30 anos. Marco Aurélio Melo, da Musical Shop, se define como um ‘personal music’ (FOTO: JB NETO / AE) “Eu me tornei um ‘personal-music’”, diz. Ele sabe explicar em detalhes cada um dos produtos que vende. “Meus clientes consideram a música uma cultura maior. Têm coleções com milhares de CDs. E nenhuma paciência para esperar uma faixa baixar no computador.” Seu desejo futuro é abrir um local com espaço para pocket shows e cafeteria. Mas eis que um empresário teimosos ainda resiste em uma área das mais nobres de São Paulo. Alain Cohen está há 34 anos vendendo música de qualidade na praça Vilaboim, em Higienópolis, a poucos metros da cara faculdade Faap e rodeado de restaurantes chiques, além da igualmente chique padaria Barcelona e de milhares de condomínios de alto e altíssimo padrões. A Musical Box é um oásis de cultura e inteligência – em frente há uma interessante livraria, que infelizmente diminuiu bastante de tamanho; Não há nada de pagode ou axé, muito menos sertanejo (eu pelo menos não vi, mas não fiz muita questão de ver). Há muitos títulos importados de jazz, rock e blues da melhor qualidade, uma área considerável dedicada à música erudita e um acervo admirável de MPB e música instrumental brasileira, com variedade e títulos difíceis de serem encontrados nas “megastores”. Alain Cohen, da Music Box É um endereço conhecido por poucos, frequentando na maioria por homens de 30 anos, das classes média e alta, ou por profissionais ligados às áreas de educação, cultura e comunicações. De vez em quando o local fica um pouco bagunçado com a chegada de mercadorias, mas nada que incomode. Não deixe de dar uma olhada nas diversas caixas de todos os estilos. Seus preços são salgados, mas isso faz sentido: virou um local especializado, que vende mercadorias bem difíceis de encontrar. A balzaquiana Woodstock, lendário endereço roqueiro do centro de São Paulo, ainda permanece por ali, na rua Dr. Falcão, pertinho do Vale do Anhangabaú. O batalhador Walcir Chalas, dono da loja e ex-radialista, mantém a chama há mais de 30 anos e chegou a vender mais roupas e camisetas com motivos de rock do que música propriamente durante algum tempo. Muita gente acha que loja não vende mais CDs e DVDS. E não vende mesmo. Hoje a Woodstock é especializada em vinis de todos os tios, até mesmo os importados de 180 g, caros e maravilhosos. Além dos nomes mais importantes do rock, ainda há algumas raridades por ali, a preços bem interessantes. Walcir Chalas, da Woodstock Discos Quem seguiu pelo mesmo caminho foi a lendária Metal, que ainda resiste na esquina das ruas Elisa Fláquer e Álvares de Azevedo, em Santo André. Ainda sob a batuta de Jean Lazare Gantinis, há 28 anos vendendo CDs, LPs, camisetas e até instrumentos musicais – divide a atenção com a banda de hard rock Montanha, da qual é guitarrista. Como o nome diz, a predominância é de heavy metal. Depois do desaparecimentos das lojas CD Store, na cidade e na vizinha São Bernardo, passou a ser o grande ponto de encontro dos roqueiros de todo o ABC – fato que a transformou também importante local de venda de ingressos para shows musicais na região e também em São Paulo. Independente do gosto musical do consumidor, a Metal é um local onde se respira música o tempo todo, ou seja, é um lugar onde nos sentimos muito bem. Jean e seus funcionários, entre eles os filhos igualmente roqueiros, são extremamente informais e bem humorados . É um local imperdível e bem agradável. Na vizinha São Bernardo ainda resiste no bairro Rudge Ramos a Merci Discos, que chegou a ter uma filial no shopping Metrópole, no centro da cidade. Com apenas um quinto do tamanho original, vende de tudo, com ênfase no rock, que é a paixão dos proprietários e dos funcionários. Continua ali na esquina da avenida Rudge Ramos com a praça onde fica a Igreja Matriz de Rudge Ramos. Os preços são um pouco mais altos, por motivos óbvios, do que os das megastores de shoppings, mas há vantagens que compensam: atendimento personalizado, conhecimento alto sobre os produtos que são vendidos e a possibilidade de fazer encomendas. Ainda conserva a aura de loja de bairro, mas com bom atendimento e produtos de qualidade, especialmente no rock e no jazz. E também no ABC fica outro pilar da resistência da venda de música em lojas de rua. A Rick Discos continua firme e forte no centro de São Caetano, rua Conde Francisco Matarazzo, nº 67, sala 8, depois de um período hibernando. Rick and Roll, o dono, é figura lendária na região, tendo promovido diversos festivais de rockabily e apoiado centenas de bandas e shows de rock. Respeira rocn’n roll e adora uma boa conversa. Se alguém conhencer mais um desses heróis que continuam vendendo mísica de qualidade em endereços físicos, na rua – e que não sejam “sebos” -, publique o nome e endereço nos comentários destinados a esta reportagem. Esses cidadãos merecem o nosso reconhecimento – e nosso eterno agradecimento.