sábado, agosto 15, 2020

Notas roqueiras: Pitty, Motticia, Rock Brigade Records, Voice Music...

Pitty (FOTO: DIVULGAÇÃO)

- Há 15 anos, Pitty lançava o seu segundo álbum, “Anacrônico” (Deck), e mostrava que definitivamente não se tratava de uma artista de sucesso passageiro. O disco ajudou a consolidar a o sucesso da baiana, trouxe hits gigantes como “Na Sua Estante” e marcou época para os fãs e banda. Agora, esse aniversário é comemorado com a versão especial do álbum, que chegará dia 21 de agosto aos aplicativos de música, pela gravadora Deck. Além das 13 faixas originais, “Anacrônico (Deluxe Edition)” contará com 3 bonus tracks que jamais haviam sido lançadas em versão de estúdio. Uma delas é “O Muro” — a primeira gravação de Martin Mendonça como guitarrista de Pitty. A música, que já rodava na internet em bootlegs, agora pode ser ouvida oficialmente nas plataformas digitais. Outra novidade é a inédita versão de estúdio de “Seu Mestre Mandou” — um lado B de “Anacrônico” que já havia sido tocada ao vivo mas que a gravação original seguia desconhecida do grande público. Fechando o lançamento, há uma demo feita por Pitty e seu primeiro guitarrista Peu Sousa, “Déja Vù”, gravada ainda durante as sessõe de “Admirável Chip Novo” (Deck, 2003).

- A banda gaúcha Mortticia acaba de disponibilizar um lyric video para a faixa “Ocean of Change”, presente no vindouro EP “A Light in the Black”. Com ilustrações feitas por Vinicius Gut e animação à cargo de Afonso de Lima, o lyric video apresenta novas ideias gráficas, e transforma a temática da história da música com muita originalidade e precisão. Segundo a banda, a característica principal da letra é evidenciar que o presente, passado e futuro estão interligados, e todas as nossas ações podem colaborar para construir uma realidade melhor. Além disso, as ilustrações também trazem um pouco de referências à outras letras do grupo. Assista ao lyric video: https://www.youtube.com/watch?v=K8lbxCaY2ZU

- A joint-venture entre Rock Brigade Records e Voice Music anuncia em primeira mão que fechou contrato com a BMG Licensing para lançar no Brasil o clássico catálogo da Neat Records, com distribuição exclusiva para toda a América Latina e América do Norte. Selo pioneiro, responsável pela descoberta de alguns dos mais representativos nomes da NWOBHM (mas não só), a Neat Records trouxe ao reconhecimento de todo o mundo artistas do porte de Raven, Jaguar, Venom, Satan, Fist, Artillery, Tygers of Pan Tang e muitos outros. Os primeiros lançamentos resultantes do acordo serão o debut do Raven, o clássico Rock Until You Drop, e o segundo álbum do Fist, o inédito no Brasil Back With A Vengeance. Ambos os lançamentos devem estar disponíveis já em agosto de 2020. Na sequência, já estão programados álbuns de bandas como Jaguar e Tysondog. Posteriormente, serão anunciados outros títulos e bandas. As novas edições, todas exclusivas e limitadas a tiragens de 500 CDs, incluirão faixas-bônus, encartes completos com letras e fotos, pôsteres, adesivos e outras surpresas. Conjuntamente, elas formarão a chamada Neat Classic Series.

Arrecadação de direitos autorais em streaming precisa melhorar

Renata Soares Luiz - especial para o Combate Rock/Superball Express*



A pandemia grafou uma nova marca na linha do tempo da música digital. Vivemos a era de ouro das plataformas streaming, cujos acessos crescem substancialmente frente à enorme quantidade de usuários isolados em casa neste momento.

A velocidade da Internet e dos smartphones, aliada à explosão do acervo de músicas armazenadas nesses serviços, são outros fatores que contribuem para o aumento das receitas nessa indústria. O lado ruim dessa história é que a boa fase do streaming não implica a melhoria dos ganhos para os músicos e demais profissionais do setor fonográfico.

De acordo com a Lei de Direito Autoral brasileira nº. 9.610/1998, o streaming é uma das modalidades previstas na lei, pela qual as obras musicais e fonogramas são transmitidos.

 Em 2017, no julgamento do Recurso Especial 1.559.264/RJ, o Superior Tribunal de Justiça entendeu que as plataformas digitais são consideradas locais de frequência coletiva, caracterizando-se, desse modo, a execução como pública, ainda que transmitido pela Internet, e, portanto, é devida a cobrança de direitos autorais pelo Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição).

Com o surgimento e expansão dos serviços de streaming de música, a indústria fonográfica e os profissionais do setor viveram uma grande transformação na forma como os seus trabalhos são consumidos pelo público, e, com isso, não raro, os autores e players da indústria musical se deparam com problemas jurídicos relacionados à prova de sua autoria ou à violação de seus direitos autorais.

Em junho deste ano, uma famosa plataforma de transmissão ao vivo de jogos e streaming de vídeos e músicas, recebeu diversas reivindicações de gravadoras americanas que alegaram violação de seus direitos autorais de acordo com a Lei de Direitos Autorais Americana (DMCA - Digital Millennium Copyright Act), pedindo a remoção de vídeos contendo músicas de fundo, que foram postados entre 2017-2019, sem a devida autorização de seus titulares.

Em 10 de agosto deste ano, a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO) e a Music Rights Awareness Foundation (MRAF – "Fundação para Conscientização dos Direitos Musicais") uniram forças para criar um Consórcio que objetiva apoiar criadores de música de todo o mundo garantindo que sejam reconhecidos e remunerados de forma justa por seus trabalhos e criações intelectuais, aumentando, também, o conhecimento e a conscientização dos direitos de Propriedade Intelectual, de modo a maximizar o valor de suas criações e forneçer incentivos para os processo criativo em um mercado de conteúdo digital cada vez mais global e interconectado.

O próprio Francis Gurry, diretor geral da WIPO, ressaltou que a atual crise da COVID-19 reforçou a importância das indústrias criativas na sociedade e a necessidade de garantir que os criadores sejam justamente remunerados por seu trabalho por meio de um sistema de direitos autorais eficaz.

Outra medida implementada pela WIPO neste ano é o sistema "WIPO PROOF" (provas digitais confiáveis para bens intelectuais). Ele fornece aos criadores de contéudo intelectual uma impressão digital com carimbo de data e hora de qualquer arquivo, provando sua existência num ponto específico no tempo, de modo a coibir o uso indevido ou apropriação indevida de suas obras.

A música detém valor duradouro para a sociedade. O desenvolvimento da indústria trará mais investimentos em novos talentos e para os artistas e permitirá novas negociações comerciais em contratos para a exploração econômica de direitos autorais, agregando valor econômico para os players do cenário musical em relação aos seus direitos de propriedade intelectual, mais precisamente, os direitos autorais e conexos e as marcas.

Daí a importância das recentes iniciativas da WIPO para a proteção dos direitos de PI, notadamente na indústria da música.

* Renata Soraia Luiz, especialista em propriedade intelectual e sócia de Chiarottino e Nicoletti Advogados

sexta-feira, agosto 14, 2020

Morre Pete Way, baixista do UFO que influenciou gerações

Marcelo Moreira
Pete Way, do UFO (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Pense em um baixista eclético, malemolente, provocador e extremamente hábil. Só um cara desses para tocar em uma banda podreira que virou um ícone do hard rock setentista britânico.

Pete Way, que morreu hoje na Inglaterra aos 69 anos, era esse cara, um precursor do que se tornaria moda nos anos 80, especialmente na Califórnia, com os graves mais bem trabalhados e um groove contagiante.

Way, infelizmente, segue o caminho de um ex-companheiro de banda, Paul Raymond, que morreu meses atrás. Segundo o comunicado oficial nas suas redes sociais, a morte se deu em consequência de um acidente grave que sofreu há dois meses, embora a natureza do acidente não tenha sido informada.

O baixista era o coração da banda UFO, e comandava, enquanto permaneceu no grupo, ao lado do cantor Phil Mogg, fundador e único que esteve em todas as formações nos 50 anos de carreira.

Por outro lado, liderava também os excessos em álcool e drogas - e nisso também serviu de espelho s de bandas os exageros de integrantes de bandas como Motley Crue.

Não foram poucas as vezes em que Way quase morreu por conta das consequências dos excessos - seus problemas no fígado, no pâncreas e nos pulmões era crônicos. Em 2016, resistiu a um ataque cardíaco.

Compositor talentoso e criador de riffs respeitado, também tocou em um projeto paralelo que manteve com Mogg, o Mogg/Way, e o Waysted, nos anos 80, que era quase que uma banda solo - para não falar no trabalho ao lado de Fast Eddie Clark na banda Fastway.

Revezando-se entre o baixo, a guitarra e os vocais, às vezes, formou várias bandas na escola até que surgisse o UFO, que fundou com Mogg, o baterista Andy Parker e o guitarrista Mick Bolton.

Depois de dois álbuns com o guitarrista original, a banda sofreu para acertar com um novo integrante.
Parecia que Bernie Marsden (futuro Whitesnake e Moody-Marsden) iria se fixar, mas simplesmente não apareceu um show na Alemanha, em 1972. Tinha perdido o ista da avião e o próximo não adiantaria pr que chegasse a tempo.

Foi Way quem sugeriu usar o guitarrista da banda de abertura, uma tal de Scorpions, para dar uma enrolada e não perder o cachê e a viagem. 

O moleque de 18 anos, guitarra base do Scorpions, era Michael Schenker, que precisou de menos de duas horas para pegar algumas das músicas tocadas pelo UFO. 

Quando o show acabou, o baixista passou por cima de todo mundo e decidiu convidar Schenker para retornar a Londres e assumir as seis cordas - e, por tabela, escantear e demitir Marsden.

Schenker aceitou e dias depois já era o guitarrista do UFO e ajudou a construir um monstro do hard rock. Foi assim até 1979, quando saiu para a carreira solo - voltaria algumas vezes, mas sempre por pouco tempo.

Se bancou a entrada do alemão, por outro lado teve uma relação bastante tumultuada com o guitarrista, quase sempre de ódio. Way tomava todas, mas aguentava o tranco, enquanto Schenker frequentava dava "perda total".

Não era só isso. Way era mandão e líder e se exasperava quando o alemão desobedecia e ignorava suas orientações. Dois ególatras, até que trabalharam muito tempo juntos se tolerando.

Mesmo com a saída do alemão, as coisas não estavam boas no UFO e ele saiu depois, azedando a amizade com Mogg. 
 
Descontente com a direção mais melódica do UFO no início dos anos 80, saiu para formar o Fastway com Fast Eddie Clarke. 

O Fastway fico conhecido no Brasil pela canção "Say What You Will", tema de abertura do programa Armação Ilimitada exibido pela Rede Globo nos anos 80.
Depois, com o Waysted, enveredou por um hard rock um pouco mais pesado, com boas críticas, mas sem grande popularidade.

A importância de Pete Way é tão grande que foi ídolo de Steve Harris, baixista do Iron Maiden - há muito tempo a banda de metal coloca "Doctor, Doctor", do UFO, como trilha de abertura de seus shows.


Notas roqueiras: Edu Falaschi, Eros, Vocifer...


Edu Falaschi (FOTO: DIVULGAÇÃO)
- O vocalista Edu Falaschi acaba de lançar o making of do Blu-Ray e DVD “Temple Of Shadows In Concert”, com cenas gravadas nos ensaios e entrevistas de bastidores. O vídeo mostra todo o trabalho de um dos maiores eventos já registrados pelo heavy metal no Brasil e apresenta os músicos Edu Falaschi, Aquiles Priester, Fabio Laguna, Raphael Dafras, Diogo Mafra e Roberto Barros, além da presença ilustre de Guilherme Arantes, Kai Hansen, Michael Vescera, Sabine Edelsbacher e da Orquestra Bachiana Filarmônica regida pelo Maestro João Carlos Martins, com os arranjos de Adriano Machado, em cenas inéditas e descontraídas nos bastidores. Assista ao making of: https://youtu.be/inzVLXSRjQQ

- O Eros acaba de disponibilizar aos fãs em seu canal oficial no YouTube, o vídeo inédito em formato de Lyric para a música “Terrorist. Retirado do disco “Back to Wisdom” (2018), o vídeo apresenta uma animação muito bem elaborada, onde imagens, música e letras, envolvem ao espectador em uma fusão precisa criadas pela banda. O vídeo pode ser conferido em https://www.youtube.com/watch?v=u5zh4DHjI8M

- Divulgando seu álbum de estúdio, “Boiuna”, o Vocifer acaba de disponibilizar em seu canal oficial no YouTube o single “Hummingbird”. Ouça em https://youtu.be/DuYDm7VldbQ

Um desfile de shows históricos do Who no YouTube

Marcelo Moreira



São poucos os aspectos razoáveis da pandemia de coronavírus que podemos louvar, já que não nos resta muito a fazer. Com o confinamento por conta do isolamento social, pudemos, em tese, ter mais tempo livre para leitura, para ouvir velhos LPs e CDs, além de se dedicar a maratonas de séries de TV.

Pensando no ócio dos roqueiros, muitos artistas deram verdadeiros presentes ao lançarem shows legais em modo digital para venda ou disponibilizaram me plataformas digitais shows em vídeo.

Talvez os mais ousados tenham sido Metallica e The Who. O quarteto britânico, no entanto, foi além e anunciou a liberação de um show histórico por semana em seu canal no YouTube, que ficará no ar apenas por uma semana. Serão seis shows, que serão anunciados apenas na véspera da exibição.

A iniciativa faz parte da Join Together Series @, uma iniciativa beneficente que prol de duas organizações que dão suporte a tratamentos de câncer infantil e juvenil nas quais o vocalista Roger Daltrey é um dos patronos. Saiba mais aqui.

O primeiro deles ocorreu no sábado, dia 8 de agosto. A banda colocou no ar a apresentação de 13 de outubro de 1982 no Shea Stadium, em Nova York.

Da turnê daquele ano, que então será a despedida da banda, existem pelo menos mais dois shows históricos, o de Seattle e o segundo de Toronto, realizado em 17 de dezembro, que deveria ser o último da carreira - a banda acabaria voltando em 1989.

Tocando no mítico Shea Stadium, com abertura de The Clash, The Who emulava o famoso show dos Beatles de 1965, quando os 65 mil ingressos evaporaram em minutos naquele que, por muito anos, sustentou o recorde mundial de público em show de rock.

A banda tinha decidido encerrar as atividades após 18 anos ininterruptos e escolheu a América do Norte para lucrar um pouco mais.

No Shea Stadium, banda entrou com raiva e fez uma boa apresentação, embora ainda predominassem o nervosismo e um certo desentrosamento, que provocaram alguns errinhos nada comprometedores.

A banda arriscava alguns números do álbum mais recente, "It's Hard", como a faixa-título e "Eminence Front", além de "Dangerous", e recuperava alguns clássicos, como "Love Reign O'er Me" e "Long Live Rock". No show de Toronto, o último, o grupo estava totalmente afiado e redondinho.



Para as próximas semanas arriscamos alguns palpites de shows bons, mas não tão óbvios, como aqueles que saíram em DVD:

- Monterey Pop Festival, 1967 - Poucas vezes exibidos na íntegra, os shows daquele importante festival, o primeiro dos megaeventos de rock, é considerado histórico porque apresentou o Who para os norte-americanos em meio à disputa de protagonismo com Jimi Hendrix Experience. Os ingleses conseguiram ganhar a parada e tocaram antes, impressionando com a quebradeira de instrumentos ao final. Hendrix veio em seguida e pôs fogo na guitarra.

- Woodstock Festival, 1969 - Outro show raramente exibido na íntegra, traz o quarteto no auge da forma e exibindo pela primeira vez ao vivo partes da ópera-rock "Tommy", então recém-lançada. Foi um show pesado e intenso, esbanjando energia.

- Isle of Wight, 1970 - O show do festival da ilha inglesa foi editado em DVD de ótima qualidade, mas é emblemático por ser o fim de uma era, assim como Altamont foi para os Rolling Stones, meses antes, com toda a sua confusão e tensão. O Who avançava para o som ainda mais hard rock e delineava o que estava por vir, o projeto fracassado "Lifehouse", que daria origem ao fantástico disco "Who's Next" no ano seguinte.

- Charlton, 1974 - As imagens não são muito boas, mas é interessante a apresentação por representar a transição da banda para um som mais comercial e menos pesado ao vivo. Apesar do evento meio caótico no estádio do time de futebol londrino Charlton F.C., a banda estava relaxada no palco, estranhamente, já que havia muito tensão entre os membros na realidade administrativa. A banda comemorava dez anos de atividade.

- Pontiac Silver Dome, Detroit, 1975 - Muito se fala no show de Austin, no Texas, que virou DVD neste século, mas a grande apresentação ocorreu um pouco antes,em Detroit. Era a turnê do disco "By Numbers" e o quarteto se mostrou com a faca nos dentes, pronto para a guerra. A qualidade do som conseguida é tão boa que algumas músicas foram para o álbum "The Kids Are Alright", trilha sonora do documentário de mesmo nome, de 1979.

- Kilburn, 1977 - Também editado em DVD, é pouco conhecido, apesar disso. É nada mais nada menos do que a última apresentação ao vivo de Keith Moon, em 15 de dezembro de 1977, no famoso teatro londrino de Kilburn. A banda toca com raiva, mas parece meio desajeitada, errando mais do que o normal - como se isso fosse impedimento para ver o furacão sonoro que a banda continuava a ser naquele ano. Erroneamente, muitos dizem que o último show de Moon foi em 1978, nos Shepperton Studios, na gravação das músicas "Baba O'Riley" e "Won't Get Fooled Again" para o documentário "The Kids Are Alright". Havia público para as duas execuções, mas era formado por amigos, familiares, pessoal que trabalhava com a banda e algumas dúzias de fãs. E foram apenas duas músicas.

- Hyde Park, Londres, 1996 - Apresentação da banda em um festival ocorrido em Londres, que também teve Bob Dylan. O Who surpreende e aparece com o luxuoso auxílio de David Gilmour, do Pink Floyd, na guitarra solo. Foi um dos pontos altos daquela turnê, que revisitava o repertório do álbum "Quadrophenia", de 1973. O show foi transmitido por TV a cabo.

- Bridge Benefit, Estados Unidos, 1999 - É praticamente o único concerto eminentemente acústico do Who em toda a sua carreira de 56 anos. Ocorreu por conta do festival beneficente organizado por Neil Young para arrecadar dinheiro para pesquisa e assistência a pessoas acometidas por doenças relativas à paralisia cerebral. Dois dos filhos de Young sofrem de problemas relativos a isso. Neste show vemos a banda mais enxuta, sem os músicos adicionais, bem descontraída e se divertindo com os novos arranjos. Simon Townshend, guitarrista irmão de Pete Townshend, participa, tendo Zak Starkey na bateria.

- Las Vegas, 2002 - Início da turnê norte-americana daquele ano, foi o primeiro show após a morte de John Entwistle dias antes em uma suíte de hotel, devido a um ataque cardíaco provocado por overdose de cocaína. Rápido e ligeiro, Townshend engoliu o luto e trouxe do País de Gales Pino Palladino, antigo colaborador de sua carreira solo. O show é histórico porque a banda engatou a marcha e seguiu em frente mesmo enlutada e com Palladino lutando pra se adequar ao repertório mesmo tendo quatro dias para aprendê-lo.

- Roundhouse, 2006 - Outro show transmitido pela TV, embora sem tantos cuidados de edição. Era o show de abertura da turnê mundial do álbum "Endless Wire" e teve o patrocínio da BBC, que requisitou um velho, pequeno e charmoso teatro londrino pra celebrar aquele momento importante, com o primeiro álbum de inéditas da banda desde 1982.

- Glastonbury, 2015 - Habitual frequentador do festival britânico, o Who estava em plena comemoração dos 50 anos de carreira e brindou a enorme plateia com um show sublime e com muito vigor para músicos septuagenários. Muitos dizem que foi o ponto alto daquela turnê.

- Rock in Rio, 2017 - A primeira visita à América do Sul se tornou o fato musical do ano no rock em 2017. Naquela que então deveria a ser a turnê antes da aposentadoria dos palcos, a banda mostrou muita vitalidade e surpreendeu o público que conhecia a banda superficialmente. Um desfile de hits e clássicos do rock que ofuscou gente como Guns N'Roses e Alice Cooper.

quinta-feira, agosto 13, 2020

Notas roqueiras: Paulo Baron, Roadie Festival...

Paulo Baron (FOTO: DIVULGAÇÃO)
- O empresário Paulo Baron, um dos maiores do ramo na América Latina, lançou  o “Rocking Your Life: A Masterclass Definitiva do Show Business”, uma iniciativa que pretende ser referência no estudo do mercado musical e do empresariamento de eventos de entretenimento e área de fotografia "A masterclass traz a oportunidade de conhecer o mundo por trás do espetáculo, com uma visão 360°, abrangendo um panorama completo, desde a parte técnica até o público final", diz o empresário. Em 57 aulas, Baron compartilha seus conhecimentos adquiridos em 31 anos de carreira, dividindo experiências com grandes nomes do mercado, através de painéis, passando por produtores, artistas, técnicos de instrumentos, casas de shows e muito mais. Entre as personalidades que colaboraram com depoimentos para o projeto estão Dee Snider (Twisted Sister), Alberto Rionda (Avalanch), Jimmy London (Matanza/Jimmy & Rats), Marcelo Barbosa (Angra), Thor Moraes (Banda Malta), Júnior Bass Groovador, Bruno Sutter (Massacration), Roy Z (Bruce Dickinson/Andre Matos/Judas Priest)
Alexandre Russo (que trabalhou com Angra/Sepultura/Massacration/Project46/Megadeth), Mike Monterulo (Ceo Tko Co/Anthrax Manager), Baffo Neto (Hoffman & O’Brian/Honor Sounds/Tour Manager de bandas como Marillion/Angra/Creedence Clearwater Revisited), Rodrigo Ratto (Ditto Music) e Luiz Garcia (Head of International Marketing Universal Music Brasil). Para mais informações acesse www.rockcentury.com.br

- A revista Roadie Crew, em parceria com a produtora Som Do Darma, apresentam nesta sexta-feira, no dia 14 de agosto, às 19h30, a quinta edição do "Roadie Crew - Online Festival". O já tradicional evento online, realizado mensalmente, dá continuidade à sua missão de celebrar e promover o trabalho das bandas brasileiras e fortalecer a cena do heavy metal nacional, sempre com transmissão "Streaming-Live" exclusiva pelo canal oficial da Roadie Crew no Youtube - www.youtube.com/roadiecrewmagtv. Essa quinta edição, referente ao mês de agosto de 2020, traz 17 bandas, todas apresentando conteúdo exclusivo e inédito. Os vídeos, um por banda, continuam sendo, na maioria, produzidos pelos músicos em suas casas. Vídeos de colaboração, playthroughs, solos, gravações ao vivo inéditas, entre outros formatos pouco comuns. As bandas confirmadas para esta edição são: Stress, Mutilator, Genocídio, Attomica, Soulspell, Ajna, Aquaria, Wolfheart, Deathgeist, Adellaide, Crucifixion BR, CxDxFx, Pesta, D.A.M., Pandemmy e uma colaboração entre Imago Mortis e a banda Lived tocando Killing Joke.

Serviço:

"Roadie Crew - Online Festival" – 5ª Edição
Data: 14 de Agosto de 2020
Horário: 19h30
Local: Canal da Roadie Crew no Youtube - www.youtube.com/roadiecrewmagtv
Bandas: Stress, Mutilator, Genocídio, Attomica, Soulspell, Ajna, Aquaria, Wolfheart, Deathgeist, Adellaide, Crucifixion BR, CxDxFx, Pesta, D.A.M., Pandemmy, Imago Mortis e Lived.
Horários No Exterior (Time Zone): August 14th – 05:30 pm – Lima, Quito, Bogotá, Monterrey Time | August 14th – 06:30 pm – Santiago, La Paz, Asuncion, Havana, New York Time | August 14th – 07:30 pm – Buenos Aires, Montevideo Time | August 14th - 11:30 pm - London Time | August 15th - 12:30 am – CET and Johannesburg Time | August 15th - 01:30 am - Moscow Time | August 15th - 02:30 am - Dubai Time | August 15th – 05:00 am – New Delhi Time | August 15th – 06:30 am – Hong Kong Time | August 15th – 7:30 am – Tokyo Time | August 15th – 8:30 am – Sidney Time

Midnight Oil lança clipe da música ‘Gadigal Land’, a primeira inédita em 17 anos

Do site Roque Reverso


Peter Garrett, do Midnight Oil (FOTO: DIVULGAÇÃO)
O Midnight Oil lançou no sábado, 8 de agosto, o clipe da música “Gadigal Land”. É a primeira faixa inédita da veterana banda australiana em 17 anos.

A direção do clipe é de Robert Hambling.

A música conta com participações da cantora Kaleena Briggs, do músico Bunna Lawrie, do cantor Dan Sultan, além de uma seção lírica escrita pelo poeta Joel Davison.

“Gadigal Land” foi liberada para audição em 6 de agosto, dois dias antes do clipe oficial.

É a primeira amostra do que a banda chamou de “mini-álbum”, cujo título escolhido é “The Makarrata Project” e que tem o mês de outubro para o lançamento oficial agendado.

Sempre antenada politicamente e com o lado sócio-ambiental e a defesa, entre outros, do povo aborígine, o Midnight Oil aproveita o disco para tocar em pontos importantes relacionados à Austrália, terra natal do grupo.

A banda cobra ações do país em relação aos povos que habitaram inicialmente o país.

“Sempre fomos felizes em dar voz àqueles que clamam por justiça racial, mas realmente parece que chegamos a um ponto crítico. Instamos o governo federal a seguir as mensagens da Declaração do Coração de Uluru e a agir de acordo. Esperamos que esta música e o mini-álbum ‘The Makarrata Project’ que criamos ao lado de nossos amigos das Primeiras Nações possam ajudar a iluminar um pouco mais a necessidade urgente de uma reconciliação genuína neste país e em muitos outros lugares também”, escreveu o grupo, no release de lançamento da faixa inédita.

Segundo o Midnight Oil, o lucro gerado pelo novo trabalho será destinado a mais essa nobre causa.

Notas roqueiras: Final Disaster, Venomous, Elvis Presley...

Final Disaster (FOTO: DIVULGAÇÃO)

- O Final Disaster lança nas plataformas digitais o EP “Unplugged (From The Rest of The World)”, material acústico que conta com quatro faixas. “Unplugged (From The Rest of The World)” foi produzido por Raphael Gazal. A capa do EP é de autoria de Fabiula Santos. O vocalista Kito Vallim falou sobre esse EP: “A ideia de lançar “Unplugged (From The Rest of The World)” surgiu durante a quarentena. Com shows, ensaios e gravações sendo postergados, cancelados e adiados, nos vimos obrigados a buscar formas de lidar com o confinamento, excesso de informações controversas e falta de atividades da banda de alguma forma. No meio de uma pandemia e com picos registrados de pessoas sofrendo de ansiedade e depressão, surge a ideia de desacelerar um pouco as coisas, fazer músicas mais introspectivas e reflexivas. Assim nascia o “Unplugged (From The Rest of The World)”.

- Em pouco tempo de atividade, o grupo paulistano de melodic death metal Venomous lançou os álbuns "Defiant" (2018) e "The Black Embrace" (2019), além dos singles "Penitence" (2018) e "Black Embrace" (2019). Fora isso, acumula duas turnês pela Europa, shows de abertura para Vader, Jinjer, Cavalera, Tim "Ripper" Owens, Cavalera e Korzus. Não, nem a pandemia que assolou o mundo fez com que Tigas Pereira (vocal), Gui Calegari e Ivan Landgraf (guitarras), Renato Castro (baixo) e Lucas Prado (bateria) deixassem de lado o que planejavam. Assim, o quinteto está finalizando seu novo trabalho, "Tribus", programado para sair no dia 9 de outubro. "Esse trabalho é um marco para a banda. Trata-se de nosso terceiro lançamento oficial em três anos consecutivos, onde trazemos um conceito que engloba os dois trabalhos anteriores", apontou o guitarrista Ivan Landrgraf. Produzido e gravado por Rogério Wecko e Venomous no estúdio Dual Noise (SP) e com arte de capa por Ricardo Bancalero, "Tribus" terá lançamento mundial através do selo americano Brutal Records e, no Brasil, pela Rock Add Records. O guitarrista Gui Calegari revela que "Tribus" traz a faixa "Unity", encerrando uma trilogia iniciada em "Defiant" e seguida por "The Black Embrace". "Em 'Unity', refletimos sobre questões da humanidade e da nossa história decorrentes da globalização e do Pós-guerra fria, de como o mundo está se tornando uma unidade multipolar em oposição à bipolaridade que se vivia com duas super potências", explicou Calegari. "Além disso, também fechamos, com 'Eerie Land', um primeiro ciclo de músicas com a temática brasileira, representado por 'Green Hell' e 'Heirs of a Dream'", acrescentou Calegari.

 - O Sesi São Paulo realiza no próximo domingo (16), às 17h, live especial para homenagear o 43º aniversário da morte do astro Elvis Presley com o grupo musical Elvinho and Remember the King Band. A apresentação acontece sem público, no Centro Cultural Fiesp (CCF). A live "Elvis is Back in the Building" será transmitida pelos canais do Sesi-SP no YouTube e Facebook (bit.ly/ElvisIsBackInTheBuilding
ou Facebook: bit.ly/Elvis-Is-back-in-the-building). Todos os artistas manterão as regras de distanciamento recomendadas e as necessárias medidas preventivas serão adotadas no palco. Para que a live Elvis is Back in the Building aconteça, o Espaço Saúde Fiesp/Ciesp/Sesi/Senai encaminhou aos músicos e a todos os integrantes da equipe técnica do evento, no início desta semana, um termo de orientação quanto aos cuidados e às medidas que precisam ser seguidas antes e durante a apresentação. Todos os envolvidos no concerto usarão máscaras cirúrgicas de dupla camada, que oferecem um grau de proteção ainda maior do que as de tecido, e são indicadas preferencialmente para grupos específicos ou de alto risco de contaminação ou transmissão. Além de cumprir o distanciamento adequado, que será 1,5 metros entre si, os participantes irão dispor de álcool gel para uso.

Paul Weller resgata o folk pop sofisticado em 'On Sunset'

Marcelo Moreira

  

Ele gostava de ser o ponto fora da curva. Foi no caminho oposto dos punks quando a moda era ser punk. Decidiu ser um mod com com 15 anos de atraso, causando espanto até mesmo em Pete Townshend, o mentor do Who, que liderou por um tempo os movimento mod. Não bastasse isso, resolveu investir no jazz quando todo mundo ia para a new wave, o pós-punk e o hard rock.

Paul Weller era do contra não apenas por ser do contra. Queria apenas fazer o que tivesse vontade sem estar preso às convenções de mercado. Não é um anarquista nem um rebelde. É apenas um radical livre, se é que é possível adaptar a expressão da química ao mundo da música.

Um dos gigantes de sua geração, Weller, aos 62 anos, investe em mais uma guinada na carreira, digamos assim, com seu novo álbum, "On Sunset",  recém-lançado.

Se o pop com resquício de new wave rendeu grandes obras nos anos 90, como o ótimo "Wild Wood", agora é a versão bardo que Weller abraça.

Com muito bom gosto para a criação de harmonias e uma mão direita no violão que embala o melhor que o folk britânico pode produzir, o músico construiu belas peças sensíveis e etéreas, que passeiam por uma gama de influências que vão do rockabilly ao punk rock.

"On Sunset" é mais lírico que os mais recentes trabalhos de sua autoria, e inaugura um estilo mais contemplativo e reflexivo, deixando um pouco a rebeldia de lado - mas só por alguns momentos.

Weller constrói paisagens lúgubres ao mesmo tempo em que enxerga otimismo nas sombras e em situações tempestuosas. "Mirror Ball", por exemplo, transborda melancolia, ainda que parte da letra seja forte.

A faixa-título, em suas duas versões, realça o intimismo e a introspecção, retomando o tom reflexivo em cima de base de violão que mais parece ma trilha sonora de seriado inglês.

"Village" vai pelo mesmo caminho, embora transpire emoções variadas e consiga transmitir uma mensagem mais otimista. Seus arranjos de cordas são sensacionais.

Há outras boas ideias, como em "Baptiste", que surpreende pelos arranjos à la word music, e "Earth Beat", onde Weller explora mais uma série de camadas sonoras repletas de influências diversas. "Old Father Tyme", por sua vez, recupera as raízes folk britânicas e traz um complexo jogo rítmico que é, no mínimo, instigante.



Uma voz punk em busca da melodia 

Ao explodir com The Jam, em 1977, Paul Weller juntou o melhor dos mundos da época: a urgência punk com a miscelânea de influências da cultura mod, uma decisão certeira que diferenciou o trio do restante do punk inglês setentista.

Guitarrista de ótimo calibre e excelente compositor, conseguiu transitar do rock puro e básico pop mais sofisticado e de qualidade, seja com a banda The Style Council, que formou depois do fim de The Jam, ou em sua carreira solo, inaugurada nos anos 90 - escute o álbum "Stanley Road", uma das jóias do pop inglês de todos os tempos.

"Nunca me senti integrado no movimento punk. Para mim era tudo igual, um monte de bandas boas querendo mostrar seu trabalho e aparecer. A concorrência era enorme e fortíssima, ou você se diferenciava ou então ficava pelo caminho", disse o guitarrista em uma entrevista à revista Q nos anos 90.

Antes de ser opção, o revival do movimento mod era uma necessidade. "Cresci ouvindo de tudo, mas era óbvio que era fissurado por [Pete] Towshend e The Who, The Kinks, Small Faces e outras bandas inglesas que tinham raízes no rhythm & blues. Sempre gostei de rock, mas também de músicas bem arranjadas."

Não é à toa que The Jam fez versões maravilhosas para duas canções obscuras do Who, "So Sad About Us" e "Disguises", além de "David Watts" e "Waterloo Sunstet", clássicos dos Kinks. "Get Yourself Together", dos Small Faces, foi outra pérola sessentista que ganhou uma versão bacana.

E por que o jazz recebeu a sua atenção com o Style Council? "Não foi uma cooisa planejada, ou muito planejada. Eu e Mick (Talbot, tecladista que completava a formação original, depois expandida) éramos amigos e tínhamos muitas afinidades. Aquela sonoridade nos era muito familiar e surgiu naturalmente", disse Weller à BBC Radio anos atrás.

E foi assim que, de forma natural e genial, surgiram clássicos pop como "Headstart for Happiness" e "My Ever Changing Moods", músicas fantásticas que estão no topo dos grandes hits oitentistas.

Prevendo que 2018 seria um ano de celebrações além dos 60 anos de idade, Weller cometeu um dos grandes álbuns de 2017, "A Kind Revolution", uma espécie de resumo de sua longínqua carreira de 42 anos.

Tem de tudo ali, do punk mais engajado ao pop mais sofisticado embebido por jazz, soul e até mesmo rhythm and blues mais moderno, com elementos eletrônicos e letras impecáveis.

Paul Weller é daqueles artistas que dão sentido à cultura musical pop, tão necessário e inteligente quanto um dia foi David Bowie. "Stanley Road" e "A Kind Revolution" são as maiores provas disso.

Clique aqui para ver uma lista das 20 principais músicas de Paul Weller.


quarta-feira, agosto 12, 2020

Ir à escola não pode, mas tem artista defendendo a volta dos shows e dos bares

Marcelo Moreira

FOTO: SESC DOM PEDRO II
Você deixaria seu filho ir para a escola em tempos de pandemia fora de controle?

A pergunta, feita de forma inquisidora e praticamente induzindo a resposta, foi feita nas redes sociais por um músico com certo prestígio no meio roqueiro, pai de dois adolescentes e de uma criança que estuda no ensino fundamental.

O curioso é que o mesmo cidadão, apoiado por um grupo de seres que têm preguiça de pensar, é um ativista, digamos assim, pela volta rápida dos shows e do entretenimento no Brasil para que os músicos possam trabalhar.

Qual foi a parte do isolamento e do distanciamento social esse idiota não entendeu? Então essas coisa só valem para as crianças, mas não para os fãs de rock? E nem para quem frequenta bares?

Em algumas bolhas, essa bobagem está sendo discutida de forma séria. Gente que tem medo de enviar os filhos para a escola (com razão) esquecem tal posição na hora de defender a volta aos shows, do chopinho no bar e das aglomerações nos shoppings e ruas de comércio popular.

Deformação de caráter, oportunismo ou burrice extrema? As três coisas, na verdade. O índice de desinformação e de mau caratismo é alto entre essa gente, que votou esmagadoramente na excrescência que ocupa o Palácio do Planalto, o funesto e incompetente Jair Bolsonatro.

Primeiro foi o negacionismo, depois a campanha bovina contra a "gripezinha" e, finalmente, a adesão desconfiada sobre a gravidade da covid-19, culminando com o pânico com o eventual retorno às aulas em todas as escolas e faculdades. O que explica esse comportamento estúpido?

Diante raiva e da cegueira ideológica, o único argumento para defender tal contradição é xingar o questionador de comunista e de vagabundo.

Tudo bem que faz todo o sentido burrice combinar com bolsonarismo e negacionismo, mas como justificar isso quando a realidade insiste em estapear os estúpidos e escancarar a burrice extrema?

Não basta ser idiota, tem de chancelar e idiotice e diplomá-la.

Direitos autorais: urgência em votação de projetos assusta mercado musical

Marcelo Moreira

Em plena pandemia de coronavírus mais ativa do que nunca, a indústria da cultura está sofrendo novos ataques, desta vez na área financeira e com origem no governo federal e no Congresso.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, do alto de sua incompetência e ignorância, decidiu que o livro é um artigo de luxo, um mimo das elites, e que teve ser taxado ainda mais - ou sofrer sobretaxa - como forma de "amenizar" a queda de arrecadação de impostos. 

É claro que não será o único produto a ser taxado, mas qualificar livro como produto "de elite, supérfluo e taxável", com aumento de imposto ou retirada de isenções, não é apenas um caso grave de insensibilidade: é uma preocupante deformação de caráter, que trata a cultura e as artes como coisas descartáveis e marginais, sem falar na ignorância da crise profunda que o setor vive.

Aparentemente alinhada a certos interesses anticultura e antiarte, parlamentares se unem para erodir os direitos autorais de compositores de música na tentativa de garantir a urgência de votação, na Câmara dos Deputados, de um projeto que visa dar isenção a setores da sociedade no pagamento de tais direitos. Essa votação pode ocorrer ainda nesta semana, ou máximo, na semana que vem.

Os Projetos de Lei 3.968/1997 ( de autoria de Serafim Verzon, do PDT-SC) e 3.992/2020 (de autoria de Geninho Zualini, do DEM-SP), que estão previstos para entrar na pauta em caráter de urgência nesta semana, preveem a isenção do pagamento de direitos autorais por órgãos públicos, hotéis e outras entidades. O rombo na arrecadação de direitos autorais para artistas pode ultrapassar R$ 100 milhões, segundo as entidades do setor.

É mais um golpe baixo contra uma área que sempre foi vista como inimiga pelo governo federal e que mexe em um assunto sensível que é a arrecadação de direitos autorais, que sofre críticas milenares de todos os lados. 

O mais odioso é que o assunto retorna em meio à pandemia que atingiu em cheio a indústria da música e do entretenimento, com o cancelamento de shows, produções culturais, eventos e festivais zerando a fonte de renda de milhares de profissionais. 

Com mais de 100 mil mortos e a doença ainda longe do controle, será que os parlamentares não têm coisa mais importante para se preocupar?

Assunto delicado

Por mais polêmica que seja a questão, é um assunto que, sem a devida análise e sem o necessário debate com a classe artística e a sociedade, pode agravar ainda mais a crise do setor musical. 

Em carta aberta enviada aos 513 deputados federais, um grupo de mais de 30 entidades setores Musical, Audiovisual, Editorial, bem como entidades de representação de classe, como a Comissão Federal de Direitos Autorais da Ordem dos Advogados do Brasil, manifestaram discordância sobre a tramitação dos PLs em caráter de urgência. 

O texto defende que alterações na Lei de Direitos Autorais só deveriam ocorrer após amplo debate e consulta em tempo hábil às entidades que dependem da regulação de direitos autorais. 

 A União Brasileira de Compositores (UBC), é uma das signatárias da carta endereçada aos parlamentares. Represente de mais de 35 mil associados, entre autores, intérpretes, músicos, editoras e gravadoras, e responsável pela distribuição de cerca de 60% dos direitos autorais de execução pública musical no país.

"Em caso de aprovação, a lei provocará um baque de arrecadação superior a R﹩ 100 milhões por ano, sendo R$ 50 milhões provenientes de hotéis", diz Marcelo Castello Branco, diretor-executivo da UBC.

Segundo ele, ps autores têm o direito de defender seus direitos, mas sem este falso e oportunista clima de urgência. "O direito autoral é constitucional, reflete acordos internacionais e não pode ser vitimizado justamente pelo setor que mais contribui, que é o do turismo. É uma punhalada nas costas num momento em que ambos setores, o cultural e o de turismo, deveriam, mais do que nunca estar trabalhando juntos numa retomada de atividades."

A Associação Brasileira de Hotéis (ABIH), em nota, afirma que o valor pago pela hotelaria anualmente ao Ecad é de R$ 22,5 milhões, sendo que o pleito não é deixar de pagar, mas excluir apenas o referente aos apartamentos.
“Apoiamos os artistas, tanto que eles fazem muitos shows nos nossos hotéis. Por isso, concordamos e achamos justo pagar o Ecad referente as áreas comuns. Os apartamentos, porém, conforme entendimento da Lei Geral do Turismo, são extensões da residência dos hóspedes e o que ouvem ou assistem, não é de nossa responsabilidade”, explicou Manoel Linhares, presidente da ABIH Nacional, em declaração ao portal Mercado e Eventos.
Linhares revelou que segue na articulação para a aprovação da emenda. O dirigente prometeu divulgar amplamente o nome daqueles que votarem contra a proposta. “A hotelaria gera 1,1 milhão de empregos e os deputados precisam ter esta consciência”, finalizou.

O texto enviado aos parlamentares diz que "alterações na legislação de direito autoral não devem ser analisadas de afogadilho, em especial alterações que tenham por finalidade modificar o Capítulo IV - Das limitações aos direitos autorais. Alterações na legislação de direito autoral não devem ser analisadas de afogadilho, em especial alterações que tenham por finalidade modificar o Capítulo IV - Das limitações aos direitos autorais".

Entre as entidades que assinam a carta estão OAB, Ecad, Cisac, Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), União Brasileira de Compositores, (UBC) Associação Nacional de Jornais (ANJ) e Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER), entre outras.

Crise prolongada

O projeto é um desdobramento da Medida Provisória 948/20, editada no primeiro semestre e que usa a crise causada pelo coronavírus para mudar a forma de remuneração dos direitos autorais em eventos públicos ou privados, dando obrigatoriedade de pagamento apenas a intérpretes das canções.

Essa posição é defendida, por exemplo, por um deputado federal do PSB-PE, Felipe Carreras, que chegou a debater o assunto na internet com a cantora Anitta.

Na conversa, meio sem convicção, Carreras afirmou que afirmou que "fez uma emenda e apoia a MP pelo artista que pede transparência do Ecad". O Escritório de Arrecadação é responsável pela cobrança dos direitos autorais que devem ser repassados a artistas e compositores.

O deputado afirma ainda que o Ecad não trabalha de forma transparente e diz que a instituição precisa ser reformulada. "Você sabe para onde foi o dinheiro que você pagou para o Ecad dos seus últimos shows?"

A entidade rebateu os argumentos do deputado e informa que todos os seus procedimentos são transparentes e que os artistas sempre tiveram acesso às informações.

Falta de diálogo

Não é de hoje que a classe artística, independente do matiz ideológico, cobra uma reformulação do sistema de arrecadação de direitos autorais no Brasil e questiona a forma de atuação do Ecad.

Já houve denúncias de que supostos fiscais do órgão teriam tentado fazer cobranças in loco de festas de casamento e de aniversário em condomínios por conta do som ambiente.

Por outro lado, músicos e compositores afirmam que há falhas e omissões enormes na abordagem pra cobrar quem de fato tem que pagar, para não mencionar outros questionamentos a respeito da distribuição e pagamentos. 

A entidade sempre rebateu as acusações e informa que mantém suas informações e seus dados à disposição e que há transparência em suas atividades.

O fato é que a urgência na análise e votação de dois projetos de lei não se justifica sem um amplo debate, ainda mais quando existem alegações de prejuíos grandes parte de um dos lados, ainda mais em tempos de pandemia. 

Se já passou da hora de haver uma discussão séria a respeito da reformação do Ecad, não é de uma hora para outra, com um forte lobby da indústria hoteleira, que isso deva acontecer de forma célere e sem uma participação maior da sociedade.






Notas roqueiras: Hugo Mariutti, Martin Kishi & Gui, NDK...

Hugo Mariutti (FOTO: DIVULGAÇÃO)
- O guitarrista e produtor musical Hugo Mariutti (Shaman) lança seu novo single solo e videoclipe para a música inédita “Why”. A faixa é uma prévia do terceiro álbum do músico e conta com a participação da vocalista Gabrielle Rousseau e teve a bateria gravada por Edu Cominato. A letra é uma composição de Hugo Mariutti e tem muito a ver como o momento que estamos vivendo no mundo. Assista ao videoclipe de “Why”: https://youtu.be/WvG01PtLF8o. “Essa música faz parte dos singles que venho lançando e que estarão no meu terceiro álbum, que ainda não tenho uma previsão de lançamento. É uma música com um tema muito forte que vivemos faz muito tempo, os problemas de imigração no mundo, os preconceitos, crianças desamparadas. A música tem participação de uma grande amiga e grande cantora Gabrielle Rousseau. Quando mostrei a música para o Edu Cominato, que é o baterista que sempre me acompanha, ele me deu a ideia que seria muito legal ter uma voz feminina junto no refrão, e realmente tinha razão. A Gabrielle tem um estilo muito legal, que funcionou perfeitamente com o estilo da música”, disse o guitarrista Hugo Mariutti.

- A banda NDK está divulgando a faixa "Lua". Com participação do grupo Maquinamente, "Lua" é a primeira amostra de "O Selenita", terceiro álbum de estúdio da banda que tem o lançamento previsto para o final deste ano. Como "selenita" significa hipoteticamente o habitante da lua, a banda fez jus ao título do álbum e preparou uma viagem para o espaço sideral. Ao todo, serão 16 faixas, cada uma representando um componente do Sistema Solar: A viagem começa na "Lua", com a canção que fala sobre a gravidade e as mudanças que enfrentamos ao decorrer do tempo. O produtor do single é o baiano Tomás Magno, que já produziu outras faixas da banda como "Missão", "O Necessário" e "Em Mim". Tomás Magno também assina a mixagem, que foi masterizada por Carlos Freitas da Classic Master na Florida/EUA. "Terra", "Lua", "Marte", "Saturno" são outras canções que compõe "O Selenita". Além do conceito interplanetário, o NDK chamou uma galera de peso e de diferentes gêneros para participar. Egypcio (Tihuana), Manchete Bomb e Dieguito Reis (Vivendo do Ócio), os gêmeos Keops e Raony, entre outros, incluindo a banda de rock uruguaia Cuatro Pesos de Propina.   

- Martin Mendonça, Gui Almeida e Paulo Kishimoto, que formam a banda de apoio da cantora Pitty, se juntaram para criar o álbum “Martin, Kishi & Gui, Vol. 1”, que chega hoje (31) aos aplicativos de música, pela gravadora Deck. O disco foi gravado remoto, com os músicos produzindo suas partes nos próprios home studios. Martin Mendonça (guitarra), Gui Almeida (baixo) e Paulo Kishimoto (teclados) trouxeram suas ideias e cada um gravou, em totalidade, três das nove faixas do repertório, tornando-o variado e com um pouco das influências e inspirações de cada artista. As faixas de Kishimoto ainda contaram com participações de Mônica Agena — em “Two Lines Of Tought” e “Line Of Tought” — e Pedro Prado — em “Focused”. Inteiramente instrumental, o álbum é definido por Martin como “bem introspectivo, um retrato de si mesmo”. Repleto de sintetizadores, o disco alinha sons eletrônicos com guitarras e baixo, explorando timbres lo-fi e chiptunes — melodias ao estilo de trilha sonora de videogames antigos. “Quando estamos só nós três é muito diferente, mas uma coisa sempre se mistura com a outra para somar. Esse entrosamento a gente ganhou através dos anos de rolê com Pitty”, completou. Escute o álbum, em https://martinkishiegui.lnk.to/MartinKishieGuiVol1PR.

O valor da música é um dos temas do Programa Combate Rock, que também traz lançamentos da semana




Nesta semana, abordamos a questão levantada por David Ek, CEO do Spotify: os artistas tem que fazer mais música ao invés de reclamar por receberem menos de R$ 0,01 por música executada na plataforma de streaming?

 Também temos vários lançamentos: Julico, Dieguito Reis, The Mönic,  Violet Soda, Miami Tiger, Comida de Foguete e The Damnation

 Clique no player e divirta-se!


terça-feira, agosto 11, 2020

Notas roqueiras: Ira!, Nasi, Johnny Boy, Ringo Starr, Bob Marley, Spartacus...


Johnny Boy (esq.) e Nasi (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Ira! é a próxima atração da série que comemora os 40 anos do Teatro Sérgio Cardoso. Nasi, acompanhado do músico Johnny Boy Chaves, se apresenta no tradicional teatro paulista, sem plateia, cantando clássicos que marcaram várias gerações. A exibição será transmitida na sexta-feira, 14 de agosto, às 21h, pela plataforma #CulturaEmCasa (http://www.culturaemcasa.com.br), criada pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerida pela Amigos da Arte.
O setlist do show vai desde Flores em Você, do disco Vivendo e Não Aprendendo (1986) considerado um dos melhores álbuns dos anos 80, passando por Bebendo Vinho (Vander Wildner), Meu Patuá (Muddy Waters/Vrs. Nasi), e Hoochie Coochie Man (Muddy Waters). Nasi conta que a gravação para a série Teatro Sérgio Cardoso 40 anos foi o primeiro trabalho que participou durante o período da pandemia. "Gravamos em abril e, até então, não tínhamos feito nenhuma live. Fiquei muito grato pelo convite e por tudo que a iniciativa envolve. Estão sendo convidados muitos artistas de várias áreas num teatro fantástico e histórico, como é o Sérgio Cardoso. E cantando, neste espaço tão grande e tradicional, sem público, me senti o Fantasma da Ópera. Esse projeto chegou em boa hora para levarmos arte para a casa das pessoas e também para reverenciar esse espaço tão importante para a cidade", destaca Nasi, que nasceu na Rua 13 de Maio, próximo ao teatro.

- Ringo Starr é o percussionista de uma nova versão do clássico de Bob Marley “Three Little Birds” feita pelos veteranos do reggae Toots and The Maytals. A música já está em todas as plataformas de streaming de música e é o terceiro - e último - single que precede o novo disco da banda de Toots Hibbert. O álbum Got To Be Tough chega ao mundo em 28 de agosto pelo selo Trojan Jamaica/ BMG Records. A nova “Three Little Birds” também conta com a participação especial de um dos filhos de Bob, Ziggy Marley, na voz. A guitarra fica por conta do filho de Ringo, Zak Starkey - baterista do The Who e co-fundador do selo Trojan Jamaica ao lado da poderosa Sharna “Sshh” Liguz – e a bateria é assinada pelo jamaicano Sly Dunbar, da famosa dupla Sly & Robbie. Escute: https://toots.lnk.to/linkinbio

 - Nome clássico do heavy metal gaúcho, o Spartacus anuncia novidades, mesmo estando em mais um hiato de sua trajetória. O baixista Marco Di Martino, que faz parte também do projeto OpusDramma, revelou que se encontra em andamento a remixagem do debut da banda “Libertae”, tendo o resgate do projeto original de concepção do trabalho com dois guitarristas, conferindo nuances que tiveram que ser removidas da primeira edição do trabalho. Lançado originalmente em 2004, “Libertae” foi o resultado de anos de um intenso trabalho iniciado no final de 2001, apresentando ao público doses maciças de um som pesado classudo e recheado de peso e melodia. Na época de seu lançamento, conquistou diversas resenhas positivas, atingindo notas altas nas avalições de revistas, como Roadie Crew, Valhalla, Modern Drummer e Ultimatum.  

Ouça a música ‘Backlash Just Because’, que estará no novo álbum do Napalm Death

Do site Roque Reverso

Napalm Death (FOTO: DIVULGAÇÃO)
O Napalm Death liberou para audição no dia 24 de julho a música “Backlash Just Because”, por meio de um lyric video. O single é uma amostra do que virá no novo disco do grupo, que chegará aos fãs neste segundo semestre de 2020.

“Throes of Joy in the Jaws of Defeatism” é o nome do álbum.

O disco terá 12 faixas e será lançado oficialmente no dia 18 de setembro via Century Media Records.

Detalhes do álbum, como a capa e a lista de músicas, já haviam sido liberados pelo Napalm no dia 8 de julho.

“Throes of Joy in the Jaws of Defeatism” sucederá o álbum “Apex Predator – Easy Meat”,
que foi lançado em 2015. Será o 16º disco do Napalm Death.

O álbum novo tem produção de Russ Russell e entrou em período de pré-venda desde o dia 24 de julho, quando “Backlash Just Because” foi lançado como o primeiro single do disco.

A passagem mais recente do Napalm Death pelo Brasil foi em 2016, quando a banda trouxe a turnê de divulgação do disco “Apex Predator – Easy Meat”.

Na ocasião, o grupo fez bom show em São Paulo que contou com cobertura do Roque Reverso.

Notas roqueiras: Julio Andrade, The Baggios, A Última Teoria, Justabeli...



- Após a divulgar a primeira música inédita da The Baggios desde o prestigiado disco Vulcão (2018), agora o vocalista/guitarrista Julio Andrade experimenta em carreira solo - como Julico - e o primeiro trabalho é 'Nuvens Negras', no streaming e em um belíssimo vídeoclipe, que pode ser conferido aqui: https://youtu.be/SQXlMe31lI0. No seu primeiro single, “Nuvens Negras”, Julio Andrade conduz a música com o violão, valorizando as harmonias vocais e diferentes nuances criadas pelo groove da bateria, baixo e teclados.

- Em diferentes contextos, a experiente banda goiana A Última Theoria eleva seu autêntico de metal experimental a outro plano. Luciferina, a pestilência do Amor, já no streaming via Canil Records, é o primeiro full álbum em dez anos de carreira, carregado de atmosferas, sensações e ideias, a transe exata entre o oculto e o moderno. Ouça aqui: https://album.link/KcTJTHDRpcN4w. Luciferina, a pestilência do Amor foi integralmente produzido pela banda, que hoje é Paulo Rocha (vocal), Xtudo (guitarra), Raphomet (guitarra), Lufe Marcondes (bateria) e Fifas (baixo). São 15, incluindo o single ‘A Praga’, lançado no começo de junho deste ano. São faixas diversificadas, que exploram riffs e batidas pesadas, vocalizações e melodias climáticas.

- No ano de 2017, a banda Justabeli fez 27 shows em apenas 30 dias entre os meses de junho e julho ao lado do Nervochaos. As apresentações das bandas sob a alcunha de “Nyctophilia” Brasil Tour 2017, passaram pelos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande Sul. Considerado um dos momentos mais intensos e memoráveis da história do Justabeli, a banda decidiu disponibilizar em seu canal de YouTube, um minidocumentário com momentos de backstage e performance ao vivo encima dos palcos de alguns momentos desse tour.Além de conferir depoimentos dos músicos das bandas envolvidas no tour, os fãs poderão conferir alguns dos clássicos da banda Justabeli sendo executadas ao vivo. Confira o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=3KthK_Kb-mI

'Paranoid', aos 50 anos, mostra a crueza e a violência do som pesado do Black Sabbath

Marcelo Moreira




Tinha tudo para dar muito errado, como a maioria das ideias meio estapafúrdias no rock. Fazer blues elétrico com volume na estratosfera, tocando mais alto do que Cream, Jimi Hendrix e Led Zeppelin? Quem ouviria tal coisa?

Um quarteto de Birmingham, na Inglaterra, achava que os bêbados de pubs ouviriam, pois eles mesmos tocavam tão alto que impediam as conversas paralelas nos balcões.

Como melhorar esse aspecto pitoresco? Fazendo letras com base em filmes e histórias de horror, que tanto atraíam espectadores nos cinemas naquele comecinho de década.

E eis então que um grupo fuleiro de Birmingham decidiu inventar o heavy metal com seu primeiro álbum, lançado em 13 de fevereiro de 1970, uma sexta-feira 13. cono manter o interesse para o segundo álbum?

"Black Sabbath", o álbum homônimo do nome da banda, era sujo, confrontador, obsceno e incômodo - e interessante, por tudo isso e muito mais.

Mais na base do improviso do que outra coisa, o quarteto de rock pesado investiu em coisas mais ultrajantes, como uma base sonora ainda mais incômoda e pesada - tão pesada que geraria protestos.

E assim surgia "Pananoid", o segundo álbum lançado no fim de 1970, aproveitando a onda de boa propaganda que o Black Sabbath obtinha. A banda inda não tinha ideia, mas aquele segundo álbum seria a catapulta definitiva para o estrelato e a fama.


O álbum cru, intenso e violento comemora os 50 anos de seu lançamento com uma super edição comemorativa, com um pacote com quatro CDs, cinco LPs e um blu-ray mostrando um minidocumentário sobre as gravações e as composições das músicas.

É claro que o pacote físico não será barato - nem poderia ser, diante de tamanha homenagem. Além do CD original remixado, haverá um um segundo disco com um tratamento sonoro ultramoderno, com remasterização especial.

Nos outros dois CDs, duas relíquias que foram muito disputadas por fãs e colecionadores nos anos 70: as gravações ao vivo registradas em Montreux, no famoso festival de jazz, e em Bruxelas, capital da Bélgica, naquele ano mágico de 1970.

Ok, não tem nada de novo ou inédito em relação ao que foi lançado há dez anos, quando da celebração dos 40 aos de lançamento. Entretanto, para quem não tem nada parecido com pacote de 2010, a nova iniciativa é um pote de ouro.

"Paranoid" estabeleceu os parâmetros do rock pesado, levando bem à frente o então radicalismo do segundo álbum do Led Zeppelin, de 1969, e os dois trabalhos mais recentes do Deep Purple, "In Rock" e "Fireball", então transformada em banda de rock pesado.

Era porrada atrás de porrada, começando com a própria faixa-título, a última a ser composta, em alguns minutos, para completar o tempo, e indo a pérolas como "War Pigs" e "Iron Man".

"War Pigs", um libelo antibelicista, com críticas veladas à Guerra do Vietnã, deveria ser o título do álbum, mas o quarteto afinou diante dos argumentos de que as vendas seriam baixas nos Estados Unidos, cujos fãs poderiam se sentir muito ofendidos aos serem diretamente expostos aos desmandos das políticas desastrosas do então presidente Richard Nixon.

Assim como o primeiro álbum, "Paranoid" tinha tudo para dar errado por conta do som muito pesado e agressivo. O público, reza a leda, não estava preparado para aquela avalanche sonora que confrontava o flower power e ajudava a enterrar o mundo hippie e sua filosofia considerada por muitos hipócrita, vazia e covarde.

Foi necessário que quatro quase delinquentes da periferia de de uma cidade industrial opressiva apostassem na destruição, no barulho e nos ruídos explosivos para explicitar as doenças de uma sociedade nem um pouco inclusiva, que ainda fazia questão de impor barreiras e preservar toda uma série de desigualdades.

"Paranoid" foi uma das respostas de uma juventude questionadora e que ensaiava protestos e rebeldia contra governos ineficientes e sociedades injustas dos dois lados do oceano Atlântico naquele começo de anos 70, que definitivamente iniciavam o atropelo dos escombros da era hippie. "Paranoid" é fundamental na história do rock.


segunda-feira, agosto 10, 2020

Marilyn Manson lança clipe da música que dá nome a álbum previsto para setembro

Do site Roque Reverso



Marilyn Manson lançou nesta quarta-feira, 29 de julho, o clipe da música “We Are Chaos”. É a faixa-título do novo álbum, também anunciado nesta mesma data e que deverá chegar aos fãs ainda em 2020.

O disco “We Are Chaos”, cuja capa acompanha este texto, será lançado oficialmente no dia 11 de setembro, data emblemática para os norte-americanos.

O clipe foi dirigido, fotografado e editado por Matt Mahurin.

O álbum será o 11º da carreira de Marilyn Manson e sucederá “Heaven Upside Down”, que foi lançado em 2017.

“We Are Chaos” será composto por 10 faixas, o mesmo número do disco anterior.

Neste intervalo, entre os dois discos, Marilyn Manson chegou a lançar clipes bacanas de duas músicas covers.

O primeiro deles foi o de “God’s Gonna Cut You Down”, lançado em outubro de 2019 para uma versão de Manson de uma canção folclórica norte-americana que já foi gravada por lendas, como Johnny Cash e Elvis Presley.

O segundo foi o clipe para o clássico sucesso “The End”, do lendário The Doors. Este clipe foi lançado em novembro de 2019.

Nenhuma destas covers entraram na lista do disco novo previsto para setembro.

Notas roqueiras: Troops of Doom, Luis Mariutti, Hardshine...


Troops of Doom (FOTO: DIVULGAÇÃO)
- The Troops of Doom, nova banda do guitarrista Jairo "Tormentor" Guedz (The Mist, ex-Sepultura) e que conta com Alex Kafer (vocal e baixo), Marcelo Vasco (guitarra) e Alexandre Oliveira (bateria), apresenta o single e lyric video da faixa "Between the Devil and the Deep Blue Sea". A faixa integra o EP de estreia, "The Rise of Heresy", que contará com seis faixas, incluindo regravações de "Bestial Devastation" e "Troops of Doom", da fase de Jairo "Tormentor" Guedz no Sepultura. "O lançamento do primeiro single faz parte de algo que sonhei fazer por um longo tempo e que agora, mesmo que nascido no meio dessa pandemia e nesse momento de loucura, finalmente se torna real", declarou Guedz. "O single 'Between the Devil and the Deep Blue Sea' soa como uma viagem de volta aos velhos tempos e o EP, em geral, traz à tona essa vibração nostálgica de uma maneira muito honesta. Queremos oferecer a experiência completa, em que a pessoa possa se sentir numa máquina do tempo, onde exploramos aquele som primitivo e a textura mais suja do metal dos anos 80. Claro, com inspiração nos meus próprios anos com o Sepultura, mas também em todas àquelas bandas icônicas que amamos, como Slayer, Kreator, Celtic Frost, Sodom, Possessed, Death, entre muitas outras", acrescentou. Veja o lyric video, criado por Wanderley Perna, em https://youtu.be/ebPcjfc--vw 

- O baixista Luis Mariutti (Shaman, Sinistra) acaba de divulgar a pré-venda de sua biografia oficial “Memórias dos meus 50 anos”. O livro é autobiográfico e teve o roteiro da jornalista Paula Cortinovis, e edição da editora Aleatória e estúdio Sopros. A pré-venda pode ser realizada no site da Mariutti Team (https://www.mariuttiteam.com/) com previsão de lançamento para março de 2021.
Assista o vídeo sobre a pré-venda: https://youtu.be/V5ywfCbPSB8

- A banda Hardshine acaba de lançar o lyric vídeo do novo single “Hey”, faixa inédita após seis anos sem gravações. A música também foi lançada em todas as plataformas digitais e mostra o Hardshine buscando novos rumos, mas com a identidade intacta. A faixa foi produzida, mixada e masterizada por Pedro Esteves no Masterpiece Studio. Assista o single "Hey": https://youtu.be/zVCVc63lFGM




Concerto histórico do Who na Holanda é editado pela primeira vez em CD

Marcelo Moreira




Na onda de resgate de tesouros dos arquivos do classic rock, é inexplicável que The Who tenha ignorado por tanto tempo coisas bem interessantes relativas ao período entre 1968 e 1971, quando a banda deixou de ser um expoente do rock psicodélico para investir no rock pesado ao vivo, ao mesmo tempo em que ousava e inovava ao criar a ópera-rock "Tommy", de 1969.

O último grande lançamento de peso havia sido "Live at Fillmore East 1968", a famosa apresentação do domingo, 6 de abril, em Nova York, em plena convulsão social pelos Estados Unidos por conta do assassinato do ativista negro Martin Luther King, ocorrido dois dias antes. Em CD duplo, o lançamento ocorreu em 2018.

Coube à pequena Juno Records, da Inglaterra, a edição de um CD duplo com a um dos shows mais pirateados da banda, ocorrido em 29 de setembro de 1969 em Amsterdam, na Holanda.

O show é considerado histórico porque foi o primeiro a ter um áudio de qualidade razoável registrado no início da primeira turnê do álbum duplo "Tommy", lançado no mês anterior.

É também a primeira vez que o quarteto inglês tocou o disco novo, algo ocorrido muito poucas vezes naquele período.

"Loud Vibration Land - Live 1969" finalmente conseguiu uma qualidade de som decente, audível e de padrão aceitável, e o melhor, sem corrigir nada, com erros dos músicos, diálogos com a plateia na íntegra e mantendo a timbragem mais pesada da guitarra de Pete Townshend e do baixo de John Entwistle.

O material de "Tommy" tinha sido bastante ensaiado, mas era de difícil execução ao vivo, o que explica o vocal meio vacilante de Roger Daltrey em algumas passagens e as atravessadas de Keith Moon no inicio do set com as músicas do disco.

Atravessadas que, por sinal, se transformam em algo definitivamente novo e diferente quando se trata de Moon, que consertava tudo com uma facilidade estonteante, além de virar o jogo quando preciso e de se vingar dos companheiros quando estava bravo, detonando o andamento e fazendo viradas impossíveis.

É um show histórico e necessário para os colecionadores, mas é importante também para os historiadores: é um dos mais ricos registros da evolução do Who para o que viria ser a sua década de ouro e da transição para o rock pesado e de arena.

Em termos de qualidade sonora e de performance, é mais valioso do que o áudio do show do Woodstock Festival, nos Estados Unidos, ocorrido quase um mês antes.

A importância história entre as duas gravações é incomparável, tanto que a de Woodstock finalmente foi editada em 2019, oficialmente, por conta do cinquentenário do festival, com uma restauração completa do áudio.

Entretanto, os bastidores e o contexto de Woodstock não favoreceram a qualidade, por mais que hoje muita gente adore a explosiva apresentação ocorrida ali.

Em Amsterdam, um mês depois, vê-se uma banda mais relaxada e mais em ensaiada, e sedenta por experimentar um pouco mais a timbragem dos instrumentos, coisa que ficaria mais definida e muito melhor seis meses depois, quando a banda tocou nas universidades de Leeds e Hull City, nos dias 14 e 15 de fevereiro de 1970.

Os dois shows, gravados e lançados posteriormente, mostram The Who afiadíssimo e pesadíssimo, com domínio total de repertório e palco, antecipando experimentos e ousadia que seriam observados em "Who's Next" (maravilhoso álbum surgido das sobras do projeto fracassado "Lifehouse") e da outra obra-prima em formato ópera-rock, "Quadrophenia".

"Loud Vibration Land - Live 1969" é fundamental para fãs do Who e para apreciadores de música que se importam com a história e a evolução do rock.




Morre Martin Birch, o 'descobridor' de timbres e sons de Iron Maiden, Deep Purple...


Marcelo Moreira 

Steve Harris (esq.) e Martin Birch (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Sua banda de rock é boa, tem ótimos músicos, mas as músicas soam fracas, sem energia, sem originalidade. Precisa de uma cara própria, um som característico, que identifique o artista na primeira oportunidade. Quem pode ajudar? 

Nos anos 70 e 80, a resposta certamente recairia em quatro nomes de produtores musicais na Inglaterra que dariam cara e forma ao hard rock e ao classic rock: Bob Ezrin, Robert "Mutt" Lange", Chris Tsangarides e o decano deles, Martin Birch. Hoje, o legítimo herdeiro é Kevin Shirley, o nome que trabalha com Iron Maiden, Dream Theater e Black Country Communion. 

Birch é a grife mais estrelada do rock pesado que tem sempre a alcunha de clássico por conta dos artistas com quem trabalhou. Ou melhor, era, porque morreu na Inglaterra neste domingo (9), aos 71 anos de idade. A causa da morte não foi informada. 

Apaixonado por música e com um ouvido privilegiado, percebeu logo que seu lugar não era no palco. Até empunhava com categoria alguns instrumentos, mas foram os botões das mesas de som que o atraía. 

A engenharia de som já era uma arte quando se aventurou a produzir bandas, sempre prestando  atenção no fazia gente como George Martin (Beatles) e Felix Pappalardi (Cream e Mountain). 

Inteligente e talentoso, adorava conversar e convencer - e foram essas características que o ajudaram a suportar um músico exigente nos estúdios, o guitarrista temperamental Ritchie Blackmore, do Deep Purple. As mesmas qualidades renderam homenagens e elogios de outro chato do cenário inglês, o também guitarrista Jeff Beck.

Roger Glover, baixista do Deep Purple, ele mesmo bom produtor, dizia que Birch era especialista em encontrar o som certo e o timbre certo. Muito do que o Deep Purple se tornou deve-se a Birch, que produziu todos os discos da banda entre 1970 e 1975.

O exigente Blackmore gostou tanto de seu trabalho que o contratou para produzir três álbuns do Rainbow. O impacto do Purple também influenciou a sua contratação por David Coverdale para produzir álbuns do Whitesnake, o que o levou, indiretamente a trabalhar com Judas Priest, Black Sabbath da fase com Dio nos vocais e, finalmente, Iron Maiden em mais de dez álbuns.

Birch era o produtor dos sonhos de um moleque tenista dinamarquês rico que orava em Los Angeles. Lars Ulrich, que estava trocando as raquetes pelas baquetas em 1981, se apaixonou pelos dois primeiros álbuns do Iron Maiden e colocou na cabeça que, um dia, Martin Birch produziria a sua banda, que se chamaria Metallica no futuro.

Birch não chegou a colaborar com o Metallica, mas fixou na mente do baterista o tipo de som que gostaria que soa banda tivesse em estúdio tendo os discos produzidos pelo mago das mesas de som.

Embora frequentemente comparado com os produtores citados no começo do texto, era o menos "autoral" deles. Nunca pretendeu imprimir sua marca nos discos que produziu, embora tenha feito isso em muitas de suas produções.

Seus ouvidos valiam ouro, tanto que o Iron Maiden é o que é em parte graças à pilotagem na produção, ao lado do chefe Steve Harris, o baixista genial. Não é por outro motivo que o sexteto de metal trabalha neste século com Kevin Shirley, um produtor com as mesmas características de Birch, embora não seja um seguidor direto.

"Shirley é um pesquisador e um homem dedicado ao som. Ouve demais e dialoga bem, tem a capacidade de entender, traduzir e encontrar as soluções nem sempre fáceis que os músicos pedem", disse recentemente Glenn Hughes (Black Country Communion, Dead Daisies, ex-Deep Purple e Black Sabbath) sobre Shirley em uma entrevista ao Blabbermouth.net.

Coincidência ou não, eram as principais qualidades de Martin Birch, que acrescentava muita paciência ao trabalho de "ourivesaria" que oferecia aos clientes.

Há um bom tempo afastado das mesas de som e aposentado, ainda tinha seu nome como referência em termos de hard rock e heavy metal tradicional graças ao que fez com as bandas que trabalhou. Trabalhou com quase todos os gigantes e se tornou verbete no jargão de produção musical - algo como uma jogada nova no futebol se tornar conhecida plo nome do autor.

Não tenha dúvida: pelo menos cinco dos melhores álbuns de rock que você já ouviu na vida foram produzidos por Martin Birch. Talvez só George Martin tenha um legado maior do que este.