quarta-feira, julho 08, 2020

'Back in Black', do AC/DC, ainda é o álbum de rock mais vendido de todos os tempos

Ricardo Gozzi - do site Roque Reverso



O AC/DC iniciou a década de 1980 em uma encruzilhada entre o céu e o inferno. Um passo na direção certa levaria a banda australiana a concluir com êxito o longo e custoso caminho ao estrelato.

Um eventual passo em falso não colocaria em descrédito o sólido trabalho desenvolvido até aquele momento. Longe disso. Mas certamente teria privado o mundo de um dos mais brilhantes, persuasivos e surpreendentes álbuns da história do rock.

Afinal, é impossível passar incólume a uma audição de “Back In Black”, o sétimo álbum de estúdio do AC/DC, que completa 40 anos neste sábado, 25 de julho de 2020.

Acima de tudo, “Back In Black” é um divisor de águas. Se há um antes e um depois na história do AC/DC, a referência é aquele discaço de capa preta, sóbria e sombria ao mesmo tempo, com o
logotipo da banda e o título do álbum em destaque.

Até a morte precoce de Bon Scott, em fevereiro de 1980, o AC/DC era uma banda em ascensão. “Back In Black”, lançado apenas alguns meses depois do falecimento do vocalista, foi o passo que faltava rumo ao estrelato.

Os australianos vinham do espetacular “Highway to Hell”. Era o auge da banda até então. Lançado em julho 1979, o último álbum com Bon Scott nos vocais foi aclamado por público e crítica. Seria possível superá-lo?

O falecimento inesperado do vocalista por pouco não acabou com a banda, que já compunha para o disco seguinte.

Alguém precisava segurar a peteca para que ela não caísse. E logo depois dos funerais de Bon Scott, o produtor Robert Lange colocou a banda em estúdio para realizar audições e escolher rapidamente um novo vocalista. Por sugestão do próprio produtor, o AC/DC fechou com Brian Johnson, então vocalista da banda Geordie.

Pouca gente alheia aos círculos da banda sabia, mas Johnson havia servido como uma luva nas pretensões artísticas do AC/DC. Em abril, o quinteto fechou-se no estúdio Compass Point, em Nassau, nas Bahamas. “Back In Black” estaria pronto em maio.

Em 25 de julho de 1980, quando a maioria apostava na derrocada, o AC/DC oficialmente ressurgiu das cinzas da própria tragédia para lançar aquele que é ao mesmo tempo o maior sucesso comercial e o melhor disco da carreira da banda.

Com vendas estimadas em mais de 50 milhões de LPs, fitas K-7 e CDs desde seu lançamento em julho de 1980, “Back In Black” é o álbum de rock mais vendido da história e o segundo disco mais vendido de todos os tempos, perdendo apenas para “Thriller”, de Michael Jackson.

O preto na capa simboliza ao mesmo tempo o luto pela perda do vocalista Bon Scott e o “lucro” da banda com a entrada da Brian Johnson para substituí-lo.

A voz esganiçada e potente de Johnson somada aos riffs precisos, inspirados e explosivos de Angus e Malcolm Young e a permanência do produtor Robert Lange traziam um AC/DC novo, revigorado e pronto para tomar o mundo.

Musicalmente, a banda estava mais pesada. Nas letras, a irreverência dos tempos de Bon Scott mantinha-se na maior parte das faixas.

O disco começa com o badalar dos sinos do inferno. Seria o anúncio da chegada de Bon Scott a seu lugar de descanso? “Hell’s Bells” abre o disco de um modo tão devastador que, mais uma vez, levanta o questionamento: será possível melhorar?

E é. A banda acelera o ritmo e dispara uma artilharia sonora arrebatadora: “Shoot to Thrill”, “What Do You Do for Money Honey”, “Givin’ the Dog a Bone” e “Let Me Put My Love Into You”.

Pausa para respirar e começar o Lado B. Antigamente era assim. Um início simples, na contagem do tempo pelo baterista Phil Rudd, convida Angus Young a mostrar ao mundo um dos riffs mais icônicos da história do rock’n’roll. “Back In Black”, a faixa que dá nome ao disco, é apenas um indicador de que o que está sensacional vai ficar melhor. E assim é.

A faixa-título é seguida de “You Shook Me All Night Long”, não à toa usada como o primeiro single de divulgação do álbum.

A seguir, “Have a Drink on Me” e “Shake a Leg” fazem a cama para “Rock’nRoll Ain’t Noise Pollution”, um encerramento magistral em forma de manifesto em defesa do rock.

De “Back In Black” em diante, todo o resto é história.

Se Bon Scott conduziu o AC/DC até as portas do estrelato, Brian Johnson fez história à frente dos momentos de maior sucesso da banda australiana.