terça-feira, fevereiro 12, 2002

A versão brasileira de "Live at Leeds", do Who





E o impensável aconteceu. A gravadora brasileira Universal, contra todos os prognósticos, resolveu lançar no Brasil a edição dupla de "Live at Leeds", clássico do grupo inglês The Who gravado em 1970. Essa edição foi lançada nos Estados Unidos e na Inglaterra no ano passado, fato que comentei aqui.
A atitude da Universal é mais do que louvável, mesmo que a edição brasileira não seja a de luxo lançada no resto do mundo (que vem com embalagem de papelão, fotos exclusivas na contracapa e livreto com 32 páginas. No Brasil a edição de luxo custa R$ 85,00, importada, na Galeria do Rock. A edição brasileira, em CD duplo, custa R$ 45,00 em média e pode ser achada em qualquer boa loja de discos do país.
"Live at Leeds" frequenta as listas de dez melhores discos ao vivo de todos os tempos. É um item indispensável para quem gosta de rock. Ali é o auge da banda, com Roger Daltrey cantando como nunca e Keith Moon mostrando que foi o melhor baterista da história do rock ao lado de John Bonham (Led Zeppelin). Pete Townshend mostra ser um estupendo guitarrista no CD 1 e fica mais comedido no CD 2, que é a parte da apresentação da ópera-rock "Tommy" ao vivo. Nesse CD ele deixa Moon e o baixista John Entwistle brilharem, sendo que este transforma seu baixo numa autêntica guitarra-base.
Por questões de custos, a Polydor inglesa editou "Live at Leeds" apenas com seis músicas e pouco mais de 30 minutos em 1970, sendo que ali existem uma versão maravilhosa de "Magic Bus" (a melhor versão desta música, com mais de sete minutos), e uma viagem em "My Generation" (ao final da música os quatro fazem uma jam que dura 14 minutos).


Somente em 1999 é que Pete Townshend, o líder do Who, autorizou o lançamento de toda a discografia da banda com faixas adiconais (ao vivo ou inéditas). "Live at Leeds" ganhou assim outras oito músicas que faziam parte da lista original de músicas da primeira parte do show. Apesar dos pedidos da gravadora, Townshend relutava em permitir o lançamento da segunda parte do show - "Tommy"ao vivo - por dois motivos: achava que a performance deles não fora boa (um absurdo completo) e a sua falta de tempo para supervisionar pessoalmente a mixagem e a remastrização. O guitarrista foi convencido pela gravadora somente em 2001.
Ao contrário do que as reportagens da imprensa brasileira fazem crer, o Who não tocou "Tommy" na íntegra pela primeira vez em "Live at Leeds". Na verdade, a íntegra só foi regsitrada ao vivo de fato na turnê de 1989. Desde o começo da turnê de "Tommy", que começou no fesdtival de Woodstock, em agosto de 1969, a banda tocava apenas parte da ópera-rock.
Em Leeds, o concerto de 14 de fevereiro registrou uma versão rara de "Tommy" ao vivo porque continha mais músicas daquele álbum do que o normal. Entretanto, faltam em "Live at Leeds" músicas-chave para que a obra fosse entendida, como "Cousin Kevin", "Sensation" e "Welcome", enquanto que coutras viraram apenas vinhetas.
Mas isso é apenas um detalhe. Compre já!

A campanha sórdida contra a Kiss FM


A mensagem postada logo abaixo é uma das maiores nojeiras da história do rádio brasileiro. A Kiss FM, umda das melhores FMs de São Paulo, foi retirada do ar entre os dias 5 e 8 de fevereiro últimos pela Anatel, que alegou irregularidades em sua operação. a rádio tem licença de Arujá (Grande São Paulo), mas opera com estúdios e antena em São Paulo. Para legalizar a situação, teria de ter uma autorização especial da Anatel.
A denúncia contra a Kiss partiu da 89 FM, que tem licença de Osasco mas opera com estúdios e antena em São Paulo, sendo que ficou quase dez anos sem a tal "autorização especial" da Anatel. Após um rápido contra-ataque na Justiça, a Kiss voltou a funcionar amparada em liminar. O caso, na verdade, envolve uma disputa comercial entre a rede CBS (dona da Kiss e da Tupi FM, também lacrada pela Anatel) e o proprietário da 89 FM e da Nativa FM (que atua na mesma faixa de público da Tupi). Leia mais detalhes do caso aqui.
A Kiss FM, apostando no segmento classic rock (clássicos das principais bandas da história do rock, respeitando um período que vai de 1960 a 1985, com exceções, chegando até 1990), caiu em cheio no gosto do público roqueiro, maciçamente localizado no estratos A e B da sociedade e com nível mais alto de escolaridade. Esse público fugiu da 89 FM, da Mix (pop rock) e da Brasil 2000 (pop rock caindo mais para o lado alternativo).
A emissora que mais sofreu com isso foi a 89 FM, que já vinha perdendo público para a Mix, que cresceu demais, e para a Brasil 2000, a maior rival em termos de conceito. A chegada da Kiss, segundo especialistas, pode ser o golpe que faltava para a combalida "rádio rock".
O problema da 89 FM é simples. Há alguns anos ela começou a apostar mais no pop rock de péssima qualidade e nos jabás (quando gravadoras e artistas pagam para que tal música toque milhões de vezes por dia) na tentativa de ampliar o seu público. Por algum tempo, essa estratégia suicida deu certo, já que ela começou a brigar pela liderança com emissoras de péssimo nível como Transamérica, Cidade (hoje chamada Sucesso) e Jovem Pan, sem falar na porcaria pagodeira da Transcontinental.
Entretanto, ao abandonar a segmentação de um público mais qualificado em busca do aumento indiscriminado da audiência, deu um tiro no pé. O ouvinte da 89 FM é menos qualificado do que antes no sentido financeiro e de escolaridade, e desqualificado no sentido de fidelidade, já que é o mesmo cara que sintoniza a 89 e em seguida troca para ouvir as porcarias da Jovem Pan e da Transamérica. O ouvinte qualificado fugiu para a Kiss. Desesperada, a 89 apelou para a calhordice e para a sordidez para estancar a sangria e virou a metralhadora contra a Kiss. Pena que não deu certo. Tomara que a 89 suma do dial.
O comunicado oficial da Kiss FM


"Caros ouvintes e amigos da KISS-FM,

Antes de mais nada, pedimos desculpas por vir até vocês com uma mensagem desta natureza. Nunca foi nosso objetivo transferir para os ouvintes da KISS-FM questões de ordem técnica, estratégica, legal ou burocrática. Mas, devido à situação que acabamos de enfrentar, não nos resta alternativa que não esclarecer o que vem acontecendo – até por uma questão de respeito, com o qual nossos ouvintes sabem que nunca faltamos.
Das 17 horas de terça-feira, dia 05, até as 21 horas e 20 minutos de sexta-feira, dia 08 de fevereiro de 2002, a KISS-FM permaneceu fora do ar. Nossos transmissores foram lacrados pela ANATEL, a Agencia Nacional de Telecomunicações, atendendo a uma denúncia da Rede Autonomista de Radiodifusão, proprietária da 89-fm, “a rádio rock”. A 89-fm apresentou à ANATEL uma denúncia contra a KISS-FM, e com base nessa denúncia, a gerência regional da ANATEL em São Paulo entendeu que deveria tirar do ar a KISS-FM.
Vale ressaltar que a denúncia da 89-fm contra a KISS-fm não foi um fato isolado. Ao tirar do ar a KISS-FM, a ANATEL fez o mesmo com a Tupi-fm, outra emissora do grupo CBS. A Tupi-fm é concorrente direta da Nativa FM, emissora pertencente aos mesmos donos da 89-fm. Assim como a denúncia contra a KISS-FM veio da 89-fm, a denúncia contra a Tupi FM foi feita pela Nativa-fm.
Tentamos explicar aos cinco fiscais da ANATEL que visitaram a KISS-FM e a Tupi-fm na última terça-feira, que não havia fundamento para a medida extrema que pretendiam tomar. Mas ficou evidente que a equipe de fiscalização não estava aberta a qualquer ponderação. Foram acionados, então, representantes legais em Brasília da KISS-FM e da Tupi-fm, que primeiro, elaboraram uma contra-argumentação e a submeteram à ANATEL. Mesmo acolhendo esses argumentos, a ANATEL preferiu não recuar de sua decisão de tirar do ar a KISS-FM e a Tupi-fm.
Sendo essa a situação, os representantes das emissoras prejudicadas por esse ato arbitrário deram entrada nesta sexta-feira, na Justiça Federal em Brasília, em pedidos de medida cautelar com liminar – um referente a cada emissora. O pedido referente à KISS-FM foi acolhido, e por força dessa decisão, a KISS-FM voltou a transmitir nos 102,1 MHz no início da noite de hoje. Enquanto esteve fora do ar, a KISS-FM transmitiu sua programação normalmente pela Internet, e para os 600 mil assinantes da Tecsat em todo o Brasil.
Estes acontecimentos representam uma ironia fantástica. A 89-fm, cuja licença é de Osasco, foi uma das primeiras emissoras de São Paulo a transferir seu sistema de transmissão para o centro da capital, de forma a conseguir um sinal de melhor qualidade e penetração em toda a região metropolitana. Antes de regularizar essa transferência, a 89-fm passou vários anos funcionando irregularmente. Agora, a 89-fm age como se não fosse admissível que a KISS-FM, cuja licença é de Arujá, persiga exatamente os mesmos objetivos que ela própria achou tão importantes – objetivos que, no caso da KISS-FM, estão sendo encaminhados adequadamente e dentro da lei por representantes da emissora junto à ANATEL em Brasília. O caso da TUPI-FM é similar: a licença da emissora denunciante, a Nativa-fm, é de Diadema, e a da TUPI-FM, de Guarulhos.
O importante agora é frisar que a KISS-FM está de volta, em sua freqüência habitual, e com a posição reforçada contra futuras tentativas similares a essa que acaba de ocorrer. Que não reste qualquer dúvida: A KISS-FM, primeira e única Classic Rock do Brasil, vai continuar oferecendo o melhor rock de todos os tempos. A KISS-FM é um fato consolidado, sustentado por uma audiência que cresce a cada mês, como acaba de mostrar o último relatório do IBOPE, divulgado hoje: a audiência da KISS-FM aumentou, de 25 mil para 28 mil ouvintes minuto a minuto, enquanto a audiência da 89-fm caiu em 17 mil ouvintes, segundo esse mesmo relatório.
O projeto da KISS-FM não é algo descartável, que possa ser varrido do mapa de acordo com a vontade de quem quer que seja. Trata-se, isto sim, de um projeto detalhado e estratégico, que recebeu pesados investimentos. Não há a menor chance de a KISS-FM desaparecer. O mercado publicitário e o público fazem questão de ter a KISS-FM, e nós fazemos absoluta questão de fazê-la – essa é a realidade que ninguém vai obrigar ninguém a desconsiderar.
Continuamos à disposição para prestar esclarecimentos adicionais via internet, através de nosso site: http://www.kissfm.com.br - utilize a seção Fale Conosco. Pedimos, aliás, desculpas pela demora em responder os milhares de e-mails com perguntas sobre a paralisação de nossas transmissões – optamos por aguardar uma definição, para então responder com todos os detalhes.
Para encerrar, um pedido a nossos ouvintes: se você tem amigos e conhecidos, ou participa de listas onde há pessoas que também ouvem a KISS-FM, por favor, repasse esta mensagem para eles – é importante que o maior o número possível de ouvintes da KISS-FM tome conhecimento do que se passou essa semana.
Muito obrigado pela colaboração.
Atenciosamente,
Adhemar Altieri
Diretor Geral - KISS-FM"

Pérolas do ABC


Duas pérolas recolhidas da edição de hoje, terça de carnaval, da coluna de política do Diário do Grande ABC:

1 - Uma universitária que estuda no 4. ano de direito da Faculdade de Direito de São Bernardo fez um discurso na Câmara da cidade na semana passada acusando a sua faculdade de "práticas mercantilistas". Só que o que ela entende por práticas mercantilistas? Ela deve R$ 5 mil à entidade e teve recusada a sua matrícula para este ano por causa do débito. A dívida equivale a um período que pode ir de 10 meses a um ano e meio de calote (não sei o valor da mensalidade da faculdade, que é particular, nem o jornal dá essa informação). O que ela queria? Formar-se em uma entidade de graça, zombando da cara dos diretores da entidade e dos colegas que pagam em dia? O pior é que ela já havia renegociado a dívida no ano passado e não cumpriu o acordo. É gente sem-vergonha, que não vale nada. Ela nem sequer tentou uma segunda renegociação (não custava nada tentar). Ela preferiu ir à tribuna da Câmara "denunciar" a faculdade. A burrice humana não tem limites e é contagiosa, já que dois vereadores imbecis da esquerdalha se dispuseram a pagar o mico e acompanhá-la a uma reunião de emergência com a faculdade. Lá ficaram sabendo que a faculdade está agindo dentro da legalidade e admitiram isso ao jornal. A aluna vai continuar fora das aulas até pagar o débito.

2 - Um dos vereadores imbecis citados acima, que vou omitir o nome por respeito, deu uma entrevista na mesma coluna acerca de assuntos variados e encerrou assim a matéria: "Neste ano não vou me candidatar, vou apenas continuar o meu trabalho, que é o objetivo de todo trabalhador, ou seja, destruir o capitalismo." Destruir o capitalismo... a burrice humana não tem limites e é contagiosa...
Carnaval heavy metal


O Carnaval é uma coisa maravilhosa somente pelo fato de proporcionar quatro dias de feriado e animação. Mas tudo o que envolve a festa é insuportável, desde os desfiles de escola de samba (intragáveis) até as "modas" musicais, com coisas de qualidade péssima, sem falar nos idiotas (a grande maioria dos "foliões") que bebe e acha que pode fazer tudo.
Como odeio o Carnaval, tinha o hábito de, quando solteiro e quando ficava em casa, fazer os chamados carnavais temáticos. O último que fiz foi dedicado ao hardcore. Foram quatro dias ouvindo Biohazard, Madball, Black Flag, Agent Orange, Agnostic Front, Exploited e outras coisinhas leves para incomodar os vizinhos padodeiros.
Neste ano fiquei apenas um dia em casa e dediquei esse dia ao thrash metal dos 80, também em homenagem a Paul Balloff, vocalista do Exodus que morreu na semana passada. Foi uma dose cavalar de Exodus, Testament, Metallica, Megadeth, Jag Panzer, Artillery, Sodom, Picture e outras coisas bem levinhas... os vizinhos não gostaram...
Pílulas metálicas


  • O Manowar sai da hibernação e lança em 27 de maio "Warriors Of The World", o sucessor de "Louder than Hell", de 1998. Mas os fãs já terão em abril uma prévia do trabalho, através do single "Warriors Of The World", com lançamento previsto para o dia 15 de abril.


  • Os suecos do Hammerfall finalizaram a produção do DVD/VHS "The Templar Renegade Crusades", com lançamento para o dia 13 de maio pela Nuclear Blast, que trará trechos da apresentação do grupo no Wacken Festival em 2001 além de outros shows e cenas dos bastidores.


  • Exodus no Brasil? Pode ser. A banda está em negociações para tocar em um festival em São Paulo, com Judas Priest. O vocalista será Steve Zero. Paul Balloff, o vocalista original, morreu na seman semana passada.