sexta-feira, março 29, 2013

Falta clareza e inteligência aos partidários da regulação da mídia

Transcrevo artigo do Sandro Vaia, que está no blog do Noblat: Quanto riso, quanta alegria no partido de reguladores da mídia: exultam ao citar como exemplo as medidas que a Inglaterra tomou para domar seus tablóides amalucados. E, com o cinismo que os caracteriza, querem usar isso como exemplo de que países democráticos, sim, regulam a mídia e que quem resiste a medidas semelhantes no Brasil é um renitente reacionário. Esquecem de algumas pequenas diferenças: na Inglaterra, os tablóides (notadamente os de Rupert Murdoch, como o News of The World, que acabou sendo fechado ) usaram métodos criminosos para adulterar ou forjar informações. O que provocou as reações da sociedade e as medidas anunciadas não foram informações desabonadoras ao governo mas o uso de práticas criminosas. Noticiar o mensalão, denunciar casos de corrupção e criticar medidas do governo não tem nada a ver com uso de chantagem, espionagem através de grampos ilegais ou extorsão que os tablóides, e mais especificamente o News of The World , foram acusados de praticar. Delitos são delitos e não consta que a imprensa brasileira esteja sendo acusada de praticar ações criminosas que motivem medidas voluntárias de “regulação” como as que estão sendo adotadas na Grã Bretanha. O órgão regulador criado na Grã Bretanha é independente, de adesão voluntária, prevê a criação de um código de normas, pedidos de desculpas por eventuais erros publicados e direito de resposta às pessoas que eventualmente sejam envolvidas de forma equivocada no noticiário. Uma solução britanicamente civilizada que não tem nada a ver com vingança rancorosa por diferenças políticas. Agora leia e compare as medidas britânicas com esse item da proposta encaminhada pela CUT e pela FNDC (Forum Nacional de Democratização da Comunicação) e endossada pelo diretório nacional do PT: “O FNDC reivindica que este Marco Regulatório leve efetivamente à regulação da mídia, e contenha, também, mecanismos de controle, pela sociedade, do seu conteúdo e da extrapolação de audiência que facilita a existência dos oligopólios da comunicação que desrespeitam a pluralidade e diversidade cultural. Há alguma dúvida a respeito do que possa significar o pedido de “mecanismos de controle, pela sociedade, do seu conteúdo (...) ? É isso mesmo que está escrito: mecanismos de controle de conteúdo. Por quem ? Por que motivo? Que espécie de controle? Quem decide ou define o que é a sociedade, o que é e como ela pretende controlar conteúdos ? E quais são os conteúdos bons e os maus para ela? É aí que mora a diferença entre o caso britânico e o caso brasileiro, que os petistas, com ar de inocência, preferem fingir que ignoram. Como se nós - e Paulo Bernardo,o ministro deles,que sabe muito bem quais são as intenções - fossemos idiotas.