quarta-feira, dezembro 12, 2001

Hastings - Por uma Segunda Chance - Capítulo 3




Esse era o clima que Cedric encontrou para defender a batalha contra os noruegueses. Ele afirmava que era impossível manter duas frentes de batalha ao mesmo tempo, já que era dada como certa a ação militar de William contra as ilhas britânicas. Sveyn tinha de ser impedido ainda antes de desembarcar.
Para Sinfeld, não importava se as informações de iminente invasão escandinava fossem verdadeiras ou falsas. O que importava naquele momento era fazer oposição, qualquer oposição, para marcar a posição de seu grupo no Conselho contra a crescente ascensão do "conselho saxão informal", liderado por Gandalf e Cedric, que estava influindo demais nos negócios do reino.
A questão política acabou com todas as reservas morais que ele pudesse ter. Sinfeld sempre esteve perto poder e gostava demais daquilo. Quando ficou sabendo das primeiras conversas de conselheiros sob sua influência a respeito de alguma possibilidade de simpatia a William explodiu em ira e fúria, falando inclusive em traição.
Com o tempo, o apetite pelo poder e o seu aguçado institinto de autopreservação falaram mais alto, e passou a adotar uma visão mais pragmática. Ele não tinha simpatia com William e pelos normandos, na verdade ele tinha é pavor deles, com uma possível mudança total de status quo em um futuro reino normando.
Entretanto, o ódio ao "conselho saxão informal" transformou sua visão política e passou a incentivar as conversas a respeito de um eventual apoio a um hipotético governo normando. Esse "incentivo" passou a ser um estímulo e acabou dando seu aval para que se elaborasse um discurso e uma proposta para ser apresentada secretamente a William.
Mas os argumentos de Cedric foram mais fortes e Haroldo, depois de três horas de reflexão depois de uma reunião extaordinária do Conselho, decidiu pela batalha contra Sveyn, o norueguês, já que confiava demais em Cedric, um erudito e letrado nobre de origem celta e anglo-saxônica. Além do mais, tremia só de pensar na hipótese de perder a Mércia para os invasores escandinavos. Isso cortaria a comunicação com os recentes aliados escotos e escoceses, ao norte, e dividiria a ilha britânica ao meio.
Haroldo decidiu liderar pessoalmente a expedição ao norte da ilha, apesar de delegar o comando das tropas a Cedric. Este espalhou informantes e soldados por toda a costa norte e conseguiu saber de antemão onde os noruegueses desembarcariam. E o local não poderia ser melhor: o estuário de Stamford Bridge.
Os invasores foram atacados e surpreendidos no meio do desembarque. A batalha durou mais de seis horas e mais da metade dos noruegueses foi morta. O restante conseguiu voltar aos barcos que não foram incendiados e fugiram. Sveyn foi dado como desaparecido, já que seu corpo não foi achado e ele não retornou à Noruega.
Aliviados, apesar das pesadas baixas, os homens de Haroldo comemoraram muito em dois dias. No entanto, ainda no primeiro dia do longo retorno ao sul, o exército foi alcançado por um mensageiro. William estava iniciando os preparativos para sua campanha militar.
Cedric gelou. Não haveria tempo suficiente para chegar a Londres e organizar uma defesa decente, que incluía o recrutamento de novos soldados. Pior, não haveria tempo de surpreender o invasor na praia, como ocorreu contra os noruegueses. A carta confidencial que Gandalf lhe enviara era apocalíptica: se não voltassem em duas semanas, o reino deixaria de existir em breve.

terça-feira, dezembro 11, 2001

Hastings - Por uma Segunda Chance - Capítulo 2




Cedric havia sido fundamental para a vitória do rei Haroldo contra o exército do norueguês Sveyn em Stamford Bridge, no norte da ilha. Informantes davam conta de que a armada escandinava era composta por 20 galeras, com cerca de mil soldados. A tentativa do invasor era conquistar uma longa faixa litgorânea das ilhas britânicas e ralizar os costumeiros saques.
Dois anos anos antes Cedric esteve na região com sua brigada de elite e viu o que os dinamarqueses do rei Knut haviam feito: crianças e mulheres assassinadas, aldeias saqueadas e destruição total de toda e qualquer plantação. ele chegara atrasado a Kalstar e não conseguiu nem sequer vestígios dos invasores. Ele jurou que se vingaria dos escandinavos.
A chance surgira no final de agosto, com a informação de chegada de Sveyn. O norueguês, que já havia destruído portos e aldeias na região dos escotos, ao norte da antiga Caledônia, vinha agora não apenas para saquear, mas para conquistar e forçar o rei Haroldo a negociar o pagamento de vultoso resgate para devolução das terras.
Os informantes de Cedric estavam na corte do rei dinamarquês Knut, antigo aliado de Sveyn. Quando os noruegueses zarparam do fiorde de Ostlund, um grande contingente de homens já os esperavam na região de Newcastle. Mesmo assim, o surpreendido Sveyn vendeu caro a derrota no estuário de Stamford Bridge e ainda conseguiu escapar com boa parte de sua frota intacta.
Mesmo com todas as informações à disposição, Cedric, um dos comandantes mais respeitados de Haroldo, teve de lutar contra todos os seus inimigos dentro do Conselho dos Nobres para convencê-los da necessidade de evitar a invasão ao norte.
Os boatos de uma possível invasão de William da Normandia cresciam assustadoramente e o Conselho temia desguarnecer Londres e a Mércia. Pior, influenciados por Sinfeld, notório inimigo de Cedric, colocavam em dúvida as informações coletadas na Dinamarca. Na verdade, era mais uma briga nos bastidores para minar as forças de Cedric.
William, o duque da Normandia, reivindicava a coroa dos reinos unidos britânicos de Essex, Mércia e Northumbria após a morte de Edward Confessor em 1066. Segundo William, a coroa lhe havia sido prometida por Edward seis anos antes, já que esse não tinha herdeiros. Como parente da mulher de Edward, William considerava-se o legítimo aspirante ao trono. No entanto, as tradições anglo-saxônicas nem sempre reconheciam os direitos de nascimento para a entrega da coroa. Um grupo de nobres não reconheceu o acordo entre Edward e William de Normandia e apoiaram imediatamente Haroldo, filho do nobre Godwin, como chefe supremo.
Com isso, o Conselho dos Nobres se dividiu, mas acabou apoiando a posse do novo rei, mesmo sabendo que a guerra contra os normandos de William seria inevitável. Haroldo Godwinson era um bom soldado, mas completamente inexperiente em política. O resultado é que muita gente começou a lutar arduamente nos bastidores de Londres para influenciar o novo governo. Consequentemente, houve vários rachas dentro do Conselho, que se dividiram em diversos grupos que se engalfinhavam na disputa pelo poder.
Haroldo rangia os dentes para essa movimentação e fingia manter-se alheio a essa briga de foice no escuro. Apesar da inexperiência, percebeu logo que não podia confiar no Conselho, onde as alianças eram frágeis e sempre movidas a interesses particulares. Resumindo, percebeu que não estava governando um país, mas sim um grupo torpe de nobres dispostos a conseguir cada vez mais poder, independente do ocupante do trono.
Assim sendo, cercou-se dos mais diletos e leais companheiros de luta nos tempos em que repeliam invasores em Essex. Era um grupo que o acompanhava havia muito tempo, muitos deles serviram seu pai. Esse grupo era execrado pelo Conselho, que o considerava um poder paralelo dentro do reino. Haroldo sempre pendia para o "seu conselho" e ignorava sempre que podia os norbres.
Ao mesmo tempo que os isolava na tentativa de neutralizar sua influência, Haroldo provocava a ira deles e lentamente os empurrava para uma oposição ferrenha, que fatalmente levaria a uma traição. Aos poucos, alguns membros começaram a trabalhar com a hipótese de uma possível composição com normandos, caso esses viessem realmente a conquistar a Inglaterra. Esse sentimento lentamente evoluiu para a conspiração pura e simples. Com o ódio crescente ao grupo saxão leal a Haroldo, membros mais radicais do Conselho consideravam abertamente entre seus grupos o apoio à retirada de Haroldo do trono em favor de William da Normandia. E isso significou o envio secreto de emissários à corte de William para iniciar as negociações.
Hastings - Por uma Segunda Chance - Capítulo 1





Consegui correr para a floresta quando a avalanche de normandos destruiu o nosso fanco esquerdo. A minha preocupação era com a brigada que tentava proteger o rei Haroldo, mas ela havia desaparecido. Em meio a toda a gritaria, pude escutar Mordred gritar paa que eu caísse para a esquerda, por trás do pequeno cume que se elevava bem no meio do campo de batalha. Lutando contra dois adversários e ferido no ombro esquerdo, Mordred procurava deter a penetração dos lanceiros.
A mim restava apenas seguir a ordem dele para tentar reorganizar as nossas defesas, mas foi impossível. Nem me dei conta de que havia matado três normandos quando tentava alcançar o meio do campo, à procura do rei.
Agora eu fazia parte do bando de soldados em frangalhos que tentava se refugiar no bosque de Dartmoor. Muitos de nós foram perseguidos como cães e assassinados sem piedade pelos mercenários sanguinários de William.
Ao longe, podia ouvir o clamor da corneta de Gandalf insistindo no avanço contra a bem postada infantaria dos normandos. POuco tempo depois veio o esperado toque de retirada. Na verdade, fuga, pois não havia mais o que fazer, não havia mais o que esperar daquele bando desorganizados de soldados derrotados naquele morticínio em que se transformou a planície de Hastings.
Meu coração estava dlacerado pela culpa. Mal consegui contornar o cume e os adversários caíram como águias sobre mim. Fui empurrado para perto do pântano acossado por uma coluna de normandos. Um a um meus companheiros de brigada caíam mortos, ora atingidos pelas flechas certeiras dos arqueiros, ora com as gargantas cortadas pelas pesadas espadas.
Cristand salvou minha vida ao saltar por cima de uma vegetação e empurrar dois inimigos prestes a cravar suas espadas em minhas costas, enquanto eu tentava golpear dois cavaleiros com meu machado. Mal tive tempo de me virar para ajudá-lo e ele estava caído, com um sabre enfiado no estômago, mas segurando firmemente a cabeça de um dos agressores. Um leve sorriso permanecia em seu rosto sem vida. O outro que atentava contra mim jazia com a cabeça enterrada em uma poça de água barrenta do pântano. O corpulento merciano Cristand salvara minha vida e nem ao menos pude olhá-lo nos olhos para agradecer.
Com a mesma rapidez que me virei para socorrer Cristand desviei-me de uma bola de aço lançada contra mim por dos cavaleiros, mas fui atingido por uma flecha no braço direito. Orin e Surgrath conseguiram bons resultados ao derrubar cavaleiros na entrada do bosque, mas foram abatidos logo em seguida por flechas. Toda a nossa linha de defesa fora quebrada e colunas de cavaleiros e lanceiros estavam prestes a nos cercar. Era o fim. Só me restava agora ir para a floresta.
E ali eu estava agora, atrás de uma pedra, escutando ao longe a selvageria da batalha que chegava ao fim. Exausto, Mondragon caiu ao meu lado, ao deslizar ferido por uma ribanceira. Já não tinha uma parte do rosto, arrancada por uma machadada.
- Acabou, meu amigo, acabou. Haroldo está morto.
- Como assim? Onde ele tombou?
- Na charneca perto da trilha de Ingram. Os lanceiros que o protegiam foram esmagados por uma das colunas que rompeu nossa linha à direita. Não tiveram chance.
Deixe-o recostado a uma relva e consegui atingir uma das árvores do lado norte da floresta. Mesmo ferido no braço, consegui subir e tentar vislumbrar algo do campo de batalha, a esta altura muito longe, lá embaixo na planície. O movimento estava cessando. Na parte alta da charneca, vi o que parecia ser simplesmente um massacre, com uma série de execuções sumárias.
Por mais que eu resistisse, não pude conter algumas poucas lágrimas. Nosso reino estava destruído por usurpadores. Anos de luta para consolidar a unificaão dos reinos de Mércia, Wessex e Northumbria destruídos por um exército de mercenários.
Quando voltei para ajudar Mondragon, algum tempo depois, apenas encontrei seu corpo sem a cabeça. Minha espada e meu machado haviam sumido. Eu só tinha agora uma saída: alcançar a aldeia de Warthingam antes dos normandos.
Poço sem fundo


O futebol de hoje mudou muito. Primeiro um jogador badalado na imprensa chora ao receber uma falta durante um jogo decisivo de Campeonato Brasileiro (Kaká, do São Paulo, contra o Atlético Paranaense). Depois, parte da torcida do São Caetano decide ir para casa no intervalo do jogo por causa da forte chuva no jogo semifinal contra o Atlético Mineiro no ridículo estádio Anacleto Campanella. Torcida que vai embora por causa da chuva... Esse é o retrato do futebol brasileiro em 2001, que "merece" a final de Campeonato Brasileiro que vai ter... Uma lástima.