quinta-feira, junho 23, 2011

A nova safra do experimentalismo sueco: Introitus, Beardfish e Diablo Swing


Pai, mãe e dois filhos resolvem transformar o hobby em um projeto musical, que se transforma em um dos mais respeitados da Europa. De forma bem resumida, essa é a história da banda sueca de música progressiva Introitus, que acaba de lançar seu mais novo trabalho, “Elements”.

Não dá para chamar de rock progressivo, é música progressiva. Não há uma predominância de um gênero musical, tamanha é a salada musical que promovem, mas não dá para negar que o destaque são as guitarras pesadas, que levam frequentemente a banda para o metal progressivo.

Criado por Mats Bender, multiinstrumentista que está focado nos teclados, o Introitus ainda agrega sua mulher, Anne, a excelente vocalista, os filhos Mattias (bateria) e Johanna (percussão e backing vocals) e passeia de forma comptente pelo jazz, pelo blues, por ritmos folclóricos escandinavos e alemães, além de muito rock. Completam a formação Per Danielsson (guitarra), Peter Wetterberg (baixo) e Henrik Björlind (guitarra, sintetizadores e acordeón).

O Diablo Swing Orchestra é um combo que segue na linha do Introitus, mas avança bem mais no experimentalismo. Mistura metal progressivo com música erudita, ópera, música de cabaré, ritmos flamencos e tango, entre outras loucuras.

Os próprios integrantes se definem como avant garde metal, seja lá o que isso seja. O grupo foi criado na Suécia em 2003 e tem como figuras centrais Pontus Mantefors (guitarra, sintetizador e teclados) e a excelente cantora AnnLouice Lögdlund. Lançou por enquanto apenas dois CDs, sendo o último “Sing Along Songs for the Damned & Delirious”.

Já o Beardfish é o mais “normal” desta nova safra do rock sueco de vanguarda. Tendo como base o metal progressivo, faz um som ao mesmo tempo moderno e pesado, com trechos claramente inspirados em ícones do progressivo britânico, como Yes, Genesis e Gentle Giant. Acaba de lançar “Mammoth”, seu novo trabalho, já candidato a um dos melhores trabalhos de 2011.

Apesar de ser um dos destaques dessa nova safra, o quarteto está na estrada desde 2001 e já lançou cinco CDs antes de “Mammoth”, mas só começou a chamar a atenção da imprensa europeia com o penúltimo álbum, “Destined Solitaire”, onde o Beardfish avançou muito em direção ao experimentalismo e ao metal progressivo.

Infelizmente nenhum trabalho das três bandas foi lançado no Brasil, mas é possível encontrá-los na Galeria do Rock, em São Paulo, ou nas lojas virtuais mais importantes do mesmo local.

segunda-feira, junho 20, 2011

O jazz e o erudito na genialidade de uma nova estrela


A garota até fala um pouco de português, graças ao marido percussionista brasileiro. Adora música brasileira e sempre grava ao menos dois temas nacionais em seus discos de jazz. Para completar, ela toca contrabaixo acústico, que é maior do que ela, e canta ao mesmo tempo. Só poderia ser mesmo uma geniozinha da raça, que dá aulas de músicas nas melhores escolas dos Estados Unidos desde os 22 anos de idade – tem hoje 26.
Alçada ao posto de “principal sensação do jazz atual”, a norte-americana Esperanza Spalding acumulou tamanha fama que até foi tocar na entrega do Nobel ao presidente Barack Obama. Mostrou suas principais qualidades ao presidente: uma exímia baixista, que sabe improvisar e canta com personalidade.
É uma ilustre representante do jazz moderno, já que também se aventura com segurança pelo universo da composição. Diferente de “Esperanza” (2008), seu novo trabalho “Chamber Music Society”, lançado em dezembro passado, traz formação erudita para estruturar arranjos intricados e muitos malabarismos vocais.
Além de utilizar do tradicional quarteto de câmara, com violino, viola, cello e contrabaixo, Spalding está acompanhada do pianista Leo Genovese, da baterista Terri Lyne Carrington e do percussionista Quintino Cinalli para executar temas densos e de qualidade quase inatingível.
A voz figura como instrumento de solo em quase todas as composições. Não há espaço para o “groove” mais funkeado. É um disco contemplativo e muito agradável.
O repertório é quase todo autoral. As únicas exceções são a versão de “Inútil Paisagem”, de Tom Jobim, “Chacacera”, de Genovese, uma versão mais pop de “Wild Is the Wind”, de Dimitri Tiomkin e Ned Washington, e um tema feito com base no poema “Little Fly”, do poeta inglês William Blake.
Entre as participações, destaque para um dos ídolos de Esperanza: o cantor brasileiro Milton Nascimento. Juntos, eles fazem a doce “Apple Blosson”. Além de Milton, a cantora Gretchen Parlato participa em "Knowledge Of Good And Evil".
“Chamber Music Society” é talvez o álbum mais importante do jazz norte-americano dos últimos cinco anos, por mais que o nível de sofisticação chegue a assustar. É um trabalho de fôlego, de uma musicista que surgiu desde o início como uma das estrelas do gênero no século XXI. Pelo que se ouve em seu novo trabalho, sua criatividade parece não ter limites.