sexta-feira, abril 09, 2010

Publicações que se recusam a morrer


Qualquer estudante de jornalismo aprende no primeiro ano de faculdade que um jornal ou revista começa a morrer dez anos antes, seja por fuga de leitores, depreciação de anúncios ou simplesmente por arrogância de quem edita.

Quatro importantes publicações brasileiras morreram faz tempo, embora ainda assombrem as bancas da Grande São Paulo atualmente, sem qualidade, sem respeito por seu passado e pelos seus leitores.

A Folha Metropolitana, de Guarulhos, foi talvez a única publicação de fora da Capital a conseguir ameaçar e ombrear em prestígio os grandes jornais. Teve o seu auge nos 70 e comecinho dos anos 80, quando tinha redação grande e jornalistas talentosos.

Interesses diversos e administrações desastrosas fizeram com que a publicação da segunda cidade mais populosa do Estado naufragasse e flertasse com a irrelevância. De vez em quando dá algum sinal de vida, mas nada que dê alguma esperança de recuperação, infelizmente.

O Diário do Grande ABC fez parte, nos anos 70 e 80, de um grupo importante de jornais regionais de bom nível – chegou mesmo a fazer frente à Folha Metropolitana na Grande São Paulo.

Além dos dois jornais, tiveram bastante importância naquela época o Diário do Povo e o Correio Popular, de Campinas, o Valeparaibano, de São José dos Campos, e a Tribuna, de Santos.

Entretanto, o Diário do Grande ABC entrou em uma espiral descendente assustadora no começo dos nos 2000, misturando jornalismo ruim com brigas societárias e familiares.
À beira do colapso financeiro, acabou nas mãos de gente que não é do ramo, tanto na administração como na parte editorial.

Totalmente sem rumo, a publicação tem sido ridicularizada em redações profissionais e pelo mercado publicitário da Grande São Paulo, sinais plenos de problemas com credibilidade e qualidade.

Intelectuais da região e professores de jornalismos das faculdades do ABCD não hesitam, em qualquer palestra ou conversa informal, em dar a extrema-unção ao diário regional.

Vai pelo mesmo caminho a revista Livre Mercado, agora escrita com grafia separada. Depois de passar das mãos do jornalista e publisher Daniel Lima para a administração do empresário Walter Santos, a revista parou de repercutir.

Sua distribuição é incerta e praticamente desapareceu das bancas de jornal relevantes de Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema.

Finalmente, a revista Rock Brigade, que já esteve entre as dez mais influentes do mundo no segmento de heavy metal, entre as publicações musicais. Respeitada mundialmente, entrou em colapso administrativo há três anos, devido a disputas comerciais e problemas familiares dos proprietários.

Sem periodicidade certa, passou a chegar as bancas de forma esparsa. Sua redação sofreu alterações drásticas, com profissionais reconhecidos no mercado sendo trocados por amadores e diletantes.

Sua diagramação hoje ofende quem gosta de música e gosta de ler. O descalabro é tanto que, além de uma diagramação digna de calouros de faculdade, há problemas sérios de texto – são ruins e com informações equivocadas.

Um final triste para quatro publicações que já deram muito prazer aos seus leitores. Já morrera, mas insistem em não deitar. Lamentavelmente, milagres não existem no mercado editorial impresso brasileiro.
Tempos desagradáveis e sombrios


A disseminação da internet, com seu mantra de que qualquer um pode escrever o que bem entender, e a queda temporária da obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo transformaram a área de comunicação em terra de ninguém. A quantidade de oportunistas e diletantes amadores que estão empesteando o setor é absurda e preocupante.

A TV Globo dá a sua contibuição para rebaixar ainda mais a profissão de jornalista ao criar um quadro no programa Fantástico chamado Curioso, capitaneado pelo ator Lázaro Ramos. Na chamada de divulgação da atração, Ramos diz que será “uma pessoa que tentou fazer várias c oisas na vida, onde não deu certo em todas mas que, por ser curioso, acabou ‘dando’ uma de jornalista’”.

Ou seja, a visão esteriotipada e equivocada que a própria emissora tem de seus profissionais é a de que o jornalista é um fracassado em várias coisas, mas que serve para o ofício por ser “curioso”.

Ao mesmo tempo, vemos que o público vem tendo um apreço enorme por outra atração diferente, digamos assim.

Depois que os “repórteres” do CQC - Custe o que Custar, da TV Bandeirantes, passou a constranger e ridicularizar políticos e celebridades, virou paradigma de programa “jornalístico” - especialmente depois da vergonhosa aparição do prefeito de Barueri, Rubens Furlán (PMDB), destemperado, na semana retrasada.

Ou seja, um programa formado por atores e comediantes, que se travestem de “repórteres” e fazem humor chulo, totalmente baseado no constrangimento, é considerado o que há de mais inovador na área jornalística.

Tudo isso acontece em tempos em que aumentaa gritaria pela censura e pelo tal do “controle social dos meios de conunicação”, entre outras coisas estapafúrdias contidas no tal Programa Nacional de Direitos Humanos 3.

Tudo isso acontece em um momento em que o presidente Lula não para de vociferar contraz a imprensa, aremetendo contra a liberdade de imprensa e expressão, por amis que diga o contrário quando participa de eventos com donos de meios de comunicação e jornalistas que chefiam redações.

O mesmo Lula que se beneficiou amplamente da imprensa durante a luta do PT para se firmar como partido, na época em que era porta-voz da oposição e que gritava contra a corrupção indecorosa e explícia dos anos Sarney-Collor-FHC.

Então quer dizer que naquela época valia a liberdade imprensa e expressão. Agora não vale mais?

Estes são tempos desagradáveis para a atividade jornalística. A sorte é que isso não dura para sempre. Coisas como o CQC tendem a sumir e o jornalismo enquanto instituição dará a volta por cima.

terça-feira, abril 06, 2010

A pirataria venceu de novo


A pirataria venceu mais uma no ABCD. A maior e mais importante videolocadora independente do centro de São Bernardo está fechando as portas.

A Video In, que tinha filial na esquina da rua Dr. Fláquer com a avenida Francisco Prestes Maia, decidiu encerrar as atividades no centro da cidade por absoluta incapacidade de competir com a desleal prática da pirataria da praça Lauro Gomes, que fica a pouco mais de 300 metros de distância.

A rede tem atuação nacional, com 14 filiais. No ABCD funcionada em regime de franquias. Três sócios operavam a marca em filiais no centro de São Bernardo, em Rudge Ramos (bairro de São Bernardo) e São Caetano.

“A loja que tinha o maior potencial era a da Dr. Fláquer, justamente por estar em uma região mais populosa e com poder aquisitivo. E foi a nossa maior decepção, porque jamais imaginávamos que seríamos superados pelas péssimas cópias feitas em fundo de quintal”, diz um dos sócios, que pediu para não ter o nome divulgado.

As videolocadoras da região central da cidade morreram justamente por causa da leniência das autoridades em combater o conhecido ponto de venda criminosa de produtos piratas – o camelódromo da praça Lauro Gomes.

É possível, por exemplo, encontrar seriados completos ainda inéditos no Brasil, e que só passam na TV por assinatura, em qualquer box da praça. A qualidade é ruim, geralmente com imagens baixadas da internet e com legendas em português sofrível. Mas aparentemente isso não incomoda o consumidor de São Bernardo.

As filiais da Video In de Rudge Ramos e São Caetano estão indo bem porque não têm nas imediações nada parecido com a criminosa atividade que age escancaradamente no centro de São Bernardo.

Existe pirataria nos dois locais, mais é muito menos ostensiva do que na praça Lauro Gomes. Também aparentemente, há mais rigor na repressão à pirataria escancarada em São Caetano e em Rudge Ramos. Não há camelódromos e poucos se arriscam a vender cópias piratas a pé, de porta em porta, nas casas e nos bares.

Mas o mais intrigante é o comportamento do consumidor. Segundo o empresário da Video In, em São Caetano o fã de cinema e TV faz questão de assistir a programas de boa qualidade, em cópias boas. Gosta de ir à locadora, faz disso um programa. Em Rudge Ramos, há um comportamento parecido, embora mais frio e distante.

No centro de São Bernardo, em uma área nobre, com comércio de boa qualidade e condomínios de alto padrão, os moradores não se importam em estimular a pirataria. Adotam a mesma atitude leniente que as autoridades municipais e policiais da cidade diante do descalabro da praça Lauro Gomes.

Mais do que uma questão de ética, é uma questão de impunidade generalizada. O habitante do centro de São Bernardo e do chique bairro Nova Petrópolis dá um recado claro: levar vantagem sempre que possível. A Video In faz bem de abandonar a cidade.
A arte de inaugurar o que ainda não existe



Inaugurar obra inacabada ou até mesmo inexistente virou moda no Brasil atualmente, em todas as instâncias de poder. Nem mesmo o governo federal escapou da tentação. Entretanto, nada supera o escandaloso governo paulista.

O péssimo José Serra e sua gestão incompetente fizeram festa ao liberar as obras da Marginal do Rio Tietê, sendo que ainda existem trechos ainda com terra bruta no solo. Mais do que eleitoreira, a atitude é criminosa.

Nâo bastasse isso, Serra “ainaugura” o trecho sul do Rodoanel Mário Covas, mas as pistas continuam interditadas por conta de “obras” que ainda estão sendo realizadas.

Prometeu liberar a estrada na manhã desta quarta-feira, dois dias antes de um feriado prolongado, mas passou o vexame de adiar a liberação devido a “ajustes que ainda estavam sendo feitos”. Ou seja, inaugurou uma obra inacabada com fins eleitoreiros.

Agora a previsão de liberação das pistas do trecho sul do rodoanel é a tarde desta quinta-feita. Mas atenção, é apenas uma PREVISÃO. Pode ser que haja novo adiamento.

Imaginemos como seria legal haver novo adiamento justamente na véspera do feriado de Páscoa, com milhares de veículos retidos ao fim do trecho oeste, esperando para chegar à praia…

A incompetência tucana à frente do Palácio dos Bandeirantes não tem limites. E esse cidadão Serra ainda quer se presidente…

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Falta de competência também pode ser verificada na atual greve dos professores e seu declarado objetivo eminentemente político, como foi escancarado várias vezes por diretores da Apeoesp desde a semana passada.

Enquanto avenidas importantes continuam bloqueadas p0r grevistas, atrapalhando milhões de pessoas alheias à “manifestação política”, os tucanos que há 16 anos depredam a gestão pública paulista caminham para conseguir o quinto mandato seguido, a julgar pelas pesquisas atuais de de opinião.

Era só uma questão de tempo que os demos e tucanos capitalizassem a insatisfação causa pela “greve política” dos professores.

Os primeiros resultados começam a aparecer. É bom as lideranças petistas na capital e no Estado começarem a se mobilizar para evitar fiascos como a greve dos professores atual e focar em uma campanha eleitoral séria e decente, em vez de se preocupar em espezinhar o senador Eduardo Suplicy nas prévias e reuniões do partido.
A farsa do ‘meio diploma’


A propaganda na televisão e nos jornais de grande circulação não deixa dúvida: a picaretagem é explícita. Universidades e neo-universidades de qualidade sofrível oferecem “diplomas profissionais” a partir do segundo ano de curso.

Mas como assim? Diplomas parciais? Meios diplomas? É assim que a imprensa está chamando os “cursos oferecidos” por várias instituições de ensino superior, parte delas com forte atuação no ABCD. A situação é estarrecedora.

Funciona mais ou menos assim: no curso de jornalismo, por exemplo, se o aluno quiser tentar uma vaga no mercado de trabalho a partir do segundo ano, recebe um “certificado” que o habilita a se tornar um “pesquisador jornalístico” e “assistente de comunicação empresarial”, funções que não existem.

No caso de odontologia, há faculdades que oferecem “certificação em instrumentação odontológica”, coisa que o mercado ignora o que seja. Na prática, o que essas faculdades vagabundas fazem é enganar o estudante, que é um consumidor.

Há situações em que o aluno é levado a acreditar que, mesmo se resolver parar de estudar após o concluir o primeiro ano, poderá ganhar um “diploma” que o habilitará a trabalhar, por exemplo, como “agente comunitário de saúde”, no caso de quem faz o curso de enfermagem. Essa função não é reconhecida pelo mercado.

Há uma “função” muito engraçada em direito: um certificado que habilita o trouxa que acredita nessa farsa a procurar emprego como “especialista em redação normativa e técnicas legislativas”.

O que está acontecendo é que a irresponsabilidade ultrapassa todos os limites da decência quando uma faculdade diz ao aluno que ele pode abandonar o curso no primeiro ou no segundo ano e terá diplomas reconhecidos para que desempenhem funções.

O mercado ri dessas situações. Profissionais que recebem solicitações de emprego de alunos portadores do meio diploma – ou diploma intermediário, como alguns preferem chamar esse estelionato – ficam sem entender o que significa o papel que teoricamente habilita as pessoas a “trabalhar”.

No entanto, a coisa mais absurda na situação é o posicionamento de quem deveria zelar pela qualidade dos cursos oferecidos no país.

Amparadas por resoluções conflitantes e confusas do Conselho Nacional de Educação – órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC) –, as universidades distribuem aos montes os certificados ao longo do curso.

De acordo com a Sesu (Secretaria de Ensino Superior), as universidades e centros universitários têm autonomia para criar cursos independente de autorização do MEC, exceto nas áreas de medicina, psicologia, direito e odontologia.

Diante da péssima repercussão sobre o escancaramento da prática do meio deploma, o MEC saiu da letargia e resolveu agir, após a imensa maioria das associações de classes profissionais repudiarem tal expediente.

O ministério, que não reconhecia nenhum destes “certificados”, já prepara medidas judiciais contra universidades particulares que prejudicaram o currículo pedagógico de seus alunos por juntar cursos de graduação com sequenciais e por antecipar a pós-graduação lato sensu para antes do fim da formação regular de quatro ou cinco anos, segundo o Jornal da Tarde.

Para a Secretaria de Ensino Superior (Sesu), órgão ligado ao MEC, essas instituições estão reduzindo o tempo de estudo dos universitários e lesando a formação superior.

E fica a pergunta: como ficam os estudantes lesados pela propaganda enganosa e que largaram a faculdade acreditando que conseguiram emprego com esses diplomas pela metade?
A ética da malandragem


Viver sem a internet parece ser impossível hoje, assim como as pessoas ficam desesperadas sem um celular por perto. A rede mundial de computadores revolucionou o cotidiano em todas as áreas e ampliou as oportunidades de entretenimento, lazer, trabalho, estudo e conhecimento. Pena que esse avanço não se estendeu à ética.

A geração que nasceu e cresceu junto com a internet é mais “antenada”, mas esperta, mas comunicativa, mais expansiva e mais dinâmica, porém tem menos (ou não tem) limite, menos respeito, menos humildade, menos educação familiar. Não tem modos e suas referências, frequentemente, são as piores possíveis.

É cada vez mais comum vermos em cadernos de informática de jornais, ou de adolescentes, ou até de economia, um bando de pessoas que não tem vergonha de afirmar que se recusa a pagar por música ou livro ou qualquer texto exclusivo.

É uma geração acostumada ao pior jeitinho brasileiro, e que admite praticar atos ilícitos sem o menor sentimento de culpa e sem a menor preocupação em ser punido.

Uma revista de circulação nacional publicou um apequena entrevista com um estudante universitário que se gabou de nunca ter comprado um CD de música na vida, “já que consegue encontrar tudo o que quer na internet, e de graça”. Admite candidamente a prática da pirataria, e parece que não foi incomodado pela prática deste crime.

A geração da internet acha que é a coisa mais normal do mundo pegar de graça, “baixar” e não pagar. Se existe algum tipo de conteúdo fechado em algum site, não se constrangem em encontrar meios de burlar as restrições.

Essa ética grosseira e criminosa foi transposta sem a menor cerimônia para as salas de aula. É cada vez mais comum alunos copiarem conteúdos inteiros na web para fazer trabalhos escolares e não têm a menor preocupação em serem apanhados ou descobertos. Para esse tipo de gente, é a coisa mais normal do mundo em tempos de internet.

Os exemplos de atos ilícitos e de falta de ética são numerosos e se estendem por todas as atividades da rede. E é mais do que óbvio que esse comportamento é o mesmo também na “vida real”.

A exigência de privilégios é o principal item da pauta da garotada. Ninguém mais se conforma em encontrar “dificuldades” para atingir seus objetivos. Qualquer obstáculo é motivo de reclamações. Qualquer voz contrária aos seus desejos é vista como insulto.

A falta de limites é tamanha que aumentam mês a mês os casos de agressões a meninas em casas noturnas ou mesmo em matinês em clubes sociais. Garotos simplesmente não admitem que as garotas recusem beijá-los.

Quando isso ocorre, os adolescentes agarram as garotas no meio da pista de dança e tentam beijá-las à força. Isso acontece no baile funk da periferia, nas favelas, e nas pistas das casas noturnas mais caras dos bairros chiques.

Assustados, especialistas em educação apontam a falta de imposição de limite e o ambiente de absoluta permissividade na internet, onde comportamentos libertinos, insanos, extravagantes, egoístas, egocêntricos e altamente possessivos são estimulados.

A internet talvez seja o principal instrumento já inventado para expandir o conhecimento e a inteligência. É uma ferramenta que ajuda e estimula as pessoas a pensar. Pena que a juventude esteja se recusando a pensar.

O ‘loteamento’ do rodoanel


Os piores temores dos ambientalistas do ABCD e da Grande São Paulo começam a se materializar. Uma série de “agenciadores” e “estimuladores” estão agindo com muita desenvoltura nas periferias de São Bernardo e Santo André, nas proximidades do trecho sul do Rodoanel Mário Covas.

Esses seres abjetos estão cadastrando “interessados” em “lotes” que serão “negociados” assim que a obra estiver pronta - se é que já não estão sendo “negociados”. Ou seja, é a suposta “legalização” das invasões e da favelização à beira do rodoanel, que deve ficar pronto ainda neste ano.

Essas informações foram passadas por moradores do Jardim Sabesp e do Parque Baraldi, em São Bernardo. Muitos até já se ”cadastraram” em busca de lotes para construir qualquer coisa à beira do rodoanel.

”Essas áreas vão valorizar muito”, diz um dono de um botequim, animado com a informação de que ocorreu o mesmo quando da inauguração do trecho oeste, em Osasco e Carapicuíba anos atrás - o que aconteceu de verdade, infelizmente.

E, como não poderia deixar de ser, existem os fortíssimos boatos de que muitos dos “agenciadores” de terrenos estão fortemente ligados a lideranças comunitárias regionais muito ligadas, por sua vez, a lideranças políticas das cidades envolvidas, não raros direitamente a vereadores.

Ou seja, o mesmo de sempre. Será que as administrações municipais ndo ABCD terão vontade política para evitar mais esse crime socioambiental?
O melhor da música em 2009



No ano em que finalmente as gravadoras resolveram enfrentar a nova era, recheada de downloads gratuitos (e ilegais) e a proliferação dos CDs e DVDs piratas, a criatividade parece ter dado novamente as caras.

Pena que isso ocorra no exterior, e não no mercado brasileiro, ainda dependente da figura cada vez mais patética de Roberto Carlos, do lixo baiano chamado axé, das porcarias denominadas música sertaneja (que de sertaneja nada tem) e principalmente dos dejetos sonoros de todo o tipo de música religiosa.

E o que dizer das novas pseudo-cantoras da MPB? Agora é moda nas rádios e nos cadernos de cultura de qualquer jornal valorizar qualquer mocinha bonitinha sem voz que canta mal, maz adora fazer pose de intelectual. É tanto lixo que não vale a pena citar nenhuma delas.

Assim sendo, sobrou apenas o blues e o rock em 2009 para tentar salvar a qualidade em um mundo que cada vez menos valoriza o bom produto artístico, em qualquer área.

O que de melhor rolou em 2009:

Gov't Mule - Filhote do Allman Brothers nascido em 1994 no sul dos Estados Unidos, lançou o melhor álbum do ano, "By a Thread", bluesda melhor qualidade misturado a rock pesado do calibre de Cream e Foghat. "Inside Ouside Woman Blues" é um blues pesado que remonta aos melhores momentos dos anos 70.

Dream Theater - O Queensryche inventou, mas o Dream Theater deu forma e aperfeiçoou o metal progressivo. "Black Clouds and Silver Lining" tem apenas seis músicas, mas que são verdadeiras aulas de técnica e melodia aliadas a um peso extraordinário. A banda de Nova York comemora 25 anos de carreira com mais versatilidade e peso. Ouça "Wither", "Rites of Passage" e "Night to Remember".

Judas Priest - Depois do incompreendido "Nostradamus", de 2008, o grupo inglês lançou "A Touch of Evil -Live", registrado ao vivo durante a turnê do CD. A diferença é que o trabalho traz 11 músicas que raramente são tocadas pela banda. Muito bem gravado e com a banda afiada, tem como destaques "Painkiller" e "A Touch of Evil".

Iron Maiden - "Flight 666" é a trilha sonora do documentário que registra a turnê de 2008-2009 e que chegou aos cinemas em meados do ano passado. Imperdível para quem gosta do bom heavy metal.

Kiss - Para quem esperava a farofa de sempre, "Sonic Boom", o primeiro trabalhocom músicas inéditas do Kiss em 11 anos surpreende por ser pesado, rápido e muito bem produzido. A veia pop permanece, mas há menos concessões. As guitarras estão mais limpas e na "cara", em sintonia com as melhores produções do rock atual. Procure a versão tripla, que contém o original, um DVD com um show e um CD extra com clássicos da banda regravados e lançados somente no Japão em 2008.

Saxon - Tudo o que banda produz é clássico e da melhor qualidade. Heavy metal tradicional em "Into the Labyrinth", mas com produção impecável e músicas mais inspiradas que as do último álbum "Inner Sanctum", de 2007. Porada do começo ao fim, com muita velocidade, técnica e melodia. "Batallions of Steel", que abre o álbum, é uma das melhores músicas da década.

Shadowland - Depois que o movimento punk pretensamente matou o rock progressivo em 1980, uma nova leva de bandas inglesas surgiu para ressuscitar o estilo, batizado de neo-progressivo e tendo como principais nomes Marillion, IQ, Pendragon, Oliver Wakeman, Pallas e Arena. O punk morreu - para nossa sorte, talvez? - mas o rock progressivo renasceu e continua vivo graçasa bandas como o Shadowland, um dos vários projetos paralelos de Clive Nolan, do Pendragon. "A Matter of Perspective" e "Edge of Night-Live" são dois lançamentos que sintetizam o que melhoro rock progressivo produziu nos anos 2000.

Chickenfoot - Superbanda que reúne dois ex-Van Halen (Sammy Hagar e Michael Anthony), o gênio da guitarra Joe Satriani e o baterista Chad Smith, do Red Hot Chili Peppers. Hard rock da melhor qualidade, direto na cara, mas com músicas bem elaboradas graças a Satriani. O álbum "Chickenfoot" foi um dos dez mais mais vendido no primeiro semestre nos Estados Unidos.

Slayer - Maestria no thrash metal, o melhor CD da banda norte-americana em dez anos. Brutalidade e peso misturados com muita técnica. "World Painted Blood" ainda mostra os letristas Kerry King e Jeff Hanneman mais inspirados e furiosos.

Shadow Gallery - Segundo nome mais importante do metal progressivo norte americano, ao lado do Fates Warning e do Symphony X. "Digital Ghosts" é o sexto CD da banda e está mais pesado que os anteriores e traz como novo vocalista, Brian Ashland - que substitui Mike Baker, que morreu de ataque cardáico em 2008. Com influências claras de Dream Theater e Queensryche, tem como destaques as músicas "Strong" e "Venom".

Them Crooked Vultures - Mais um supergrupo. O ex-Led Zeppelin John Paul Jones, no baixo, recebe a companhia de Josh Homme (guitarrista do Queens of the Stone Age) e Dave Grohl (guitarrista do bom Foo Fighters e ex-baterista do péssimo Nirvana). Surpreendentemente pesado e rápido, faz uma mistura de heavy metal, harcore e hard rock, soando no mínimo inusitado. O álbum auto-intitulado vendeu muito neste fim de ano.

Nashville Pussy - O que era para ser uma piada se tornou uma excelente banda de hard rock. O casal de guitarristas (casados fora do palco também) Blaine Cartwright e Ruyter Sys só queriam fazer covers do Motorhead e tomar muita cerveja, mas cometeram uma série de canções da melhor tradição do rock pesado: som cru, reto, com guitarras ultra-distorcidas e letras sacanas. Uma mistura de Motorhead, AC-DC e Lynyrd Skynyrd. "From Hell to Texas", o CD deste ano, é obrigatório.

Muse - O britpop é aquele mesmo movimento que de vez em quando ressurge do limbo para despejar porcarias nos rádios como Radiohead, Coldplay, Oasis, Blur, Suede, Keane, Smiths, Echo and the Bunnymen, The Cure, Depeche Mode e mais uma infinidade de porcarias. De vez em quando algo se salva. É o caso do Muse, que temnídas influências do rock progressivo e do heavy metal. "Resistance", de 2009, vale a audição.

The Clash - "Live at Shea Stadium" traz um histórico concerto do quarteto inglês em Nova York em outubro de 1982, abrindo para The Who, então em turnê de despedida. Única banda egressado movimento punk que prestou, já havia deixado o sectarismo de suas origens e abraçado novas tendências e influências. Tirando as músicas influenciadas pelo reggae (outra porcaria), o Clash tocou rápido e pesado. Registro histórico importante.

Lynyrd Skynyrd - Ora country, ora southern rock, o ícone do rock sulista norte-americano comemora 40 anos de fundação com o mais puro hard rock, beirando o heavy metal. Duelos mortais de guitarra, baixo gordo e pesado e bateria esmurrada, o grupo mostra a vitalidade que os Allman Brothers perderam nos anos 90. A música de abertura do CD "God & Guns", de 2009, é "Still Unbroken" e define o que é a obra.

Evile - "Infected Nations" é a maior novidade no heavy metal em 2009. O Evile é diretamente influenciado por Metallica, Testament e Exodus e hoje é a mais pesada e visceral banda de thrash metal da atualidade. CD obrigatório para quem gosta de som pesado.

Lamb of God - Depois de uma década de chamado "new metal" - música pseudo-pesada ruim misturada a elementos eletrônicos detestáveis - eis que a surge a redenção do heavy metal. Saem coisas horrorosas como Korn, Limp Bizkit, Linkin Park e Slipknot e entram bandas furiosas, mas tecnicamente excelentes, como as norte-americanas Cage, High on Fire, Black Tide e o mais importante, Lamb of God. O último CD, "Wrath", é uma porrada sonora, juntando o melhor do thrash metal oitentista com o peso do heavy europeu dos anos 90.

Mastodon - Melhor banda de heavy metal dos anos 2000, ao lado do Lamb of God. O último trabalho, "Crack the Skye", aprofunda a aliança entre o peso à la Black Sabbath e o metal progressivo. Também norte-americana, é que mais se aproxima do que se produz hoje na vanguarda do rock pesado europeu, especialmente o sueco.

Porcupine Tree - Banda integrante da segunda onda do neo-progressivo inglês, é praticamente a resposta britânica ao Dream Theater, juntamente com o Threshold. "The Incident" abusa do experimentalismo e dos ruídos extraídos da guitarra, lembrando o Sonic Youth, só que com muito mais inteligência e qualidade. Indispensável para quem gosta de vanguardismo e surpresas sonoras.

Dr. Sin - É regravação do primeiro CD, de 1993, mas merece a menção. O trio paulistano chamou de "The Original Dr. Sin" o bom trabalho do ano passado. Com uma produção um mulhão de vezes melhor e com vocais mais maduros e experientes, o trabalho é uma pérola diante da mediocridade do mercado nacional atual. E o melhor, cantado em inglês, como tem de ser o verdadeiro rock.

Shaman -A nova formação dos paulistanos do Shaman produziu o que de melhor se fez no heavy metal feito no Brasil. "Immortal" é pesadíssimo, com guitarras estonteantes e muito bem produzidas, além de um fenomenal trabalho de bateria. O novo vocalista, Thiago Bianchi, substituiu André Matos à altura. A edição 2009 de "Immortal" traz um CD bonus, "Anime Alive", gravado no festival de mesmo nome.

André Matos - Logo após sair do Shaman, lançou o melhor CD brasileiro de heavy metal, "Time to Be Free". Em 2009, o cantor paulistano subiu a qualidade e lançou "Mentalize", bem mais pesado e mais experimental, com letras mais densas e sonoridade européia. Uma aula de música pesada bem feita.

Kavla - "Surreal" é a prova de que, de onde se menos espera, de vezem quando surge coisa ótima. Catorze anos depois do CD de estreia e de muita letargia, o sexteto paulistano lança o melhor trabalho do underground nacional em 2009. Muito pesado e com duelos de guitarras em todas as músicas, consegue dosar de forma equilibrada o metal progressivo com a veia tradicional do estilo. Ouça "Impersonal World".