Mais um manifesto de palmeirenses
por André  Rizek
colunista de PLACAR
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"Meu caro Mustafá Contursi, o senhor deve se  lembrar de mim. Assinei ano passado na PLACAR uma matéria cujo título era  'Quem Precisa da Parmalat?'. É, meu caro presidente, paguei um belo mico... Porque naquela reportagem eu mostrava que o clube sobrevivia bem sem os  dólares da multinacional parceira, dentro desse negócio chamado "a nova  realidade do futebol brasileiro". Muita gente já tirou sarro da minha cara  depois daquele texto. Mas vou ter a coragem de defendê-lo aqui, diante do  senhor, nesta data trágica para os verdes. 
Porque o Palmeiras, se  compararmos com outras grandes equipes, desfruta de boa saúde financeira. Tem um  bom dinheiro em caixa, sim, e não acumula grande déficit em seu futebol. Possui  um elenco que não perde, no papel e em investimento, para boa parte dos oito  classificados do Brasileiro. 
O senhor cometeu a bobagem de se desafazer de  alguns bons atletas, seguindo a orientação do Luxemburgo, eu sei, mas ainda tem  mais time que o São Caetano e que o Juventude, seu Mustafá. O Palmeiras, ao  contrário do Botafogo e da
Portuguesa, não caiu porque o clube se encontra em  situação calamitosa, com um time de várzea, que atrasa salários.
Me espanta ver como um clube que não está afundado em dívidas, que investiu para  ter um time pelo menos razoável, que paga suas contas, que tem um belo CT e um  estádio próprio, entre outras coisas, pode estar nessa situação. O Palmeiras  consegue viver sem a Parmalat, sim, nessa "nova realidade". Desde que saiba  administrar seu futebol. É isso o que o senhor e sua turma não conseguem, seu  Mustafá, mesmo tendo meios de fazê-lo. O Palmeiras tinha tudo,inclusive  dinheiro, para estar hoje pensando na taça. 
Está provado que uma coisa é  deixar as finanças do clube em dia. Disso, o senhor parece que entende. A outra,  completamente diferente e mais complexa, é montar um time.
Porque está  claro que não há o menor comando, ninguém da diretoria pensando e planejando as  coisas no futebol, só os "amigos do Mustafá", como Sebastião Lapolla, que pode  ser ótimo para organizar pescarias, mas não serve para gerenciar um time  profissional. Como pode um clube rico como o seu, por exemplo, ter aparelhos de  ginástica e fisioterapia à disposição dos atletas que são piores que o de uma  academia de bairro? Isso é só o básico. Sua turma não consegue dar conta do  básico, seu Mustafá, o que dizer do planejamento da equipe para a  temporada?
Por isso, caro presidente, me irrito quando escuto que o  Palmeiras caiu porque o clube está na pior. Não está. É mera incompetência  mesmo. Tem dinheiro, mas ficou orfão de administração, de gerência esportiva. E  me surpreendo quando leio que o senhor quer continuar à frente do Palmeiras. Se  gosta mesmo do Alviverde, seu Mustafá, pegue seu boné e vá embora. 
Sei que está  há 35 anos no Parque Antárctica e é duro largar o osso, mas o senhor daria um  bom gerente administrativo, possivelmente, ou pode ficar com a lanchonete, faria  ela dar lucro, compraria o queijo mais barato e faria o sanduíche dar a maior  margem de lucro da história. Mas deixe o futebol e, por conseqüência, o comando  máximo do Palestra (porque o Palmeiras é um time de futebol que tem um clube, e  não o contrário) com gente que entende da matéria. 
Deixe o Palmeiras se  reestruturar, seu Mustafá. Pegue o boné e fique com a lanchonete. Isso, é claro,  se aceitar conselhos, o que nunca foi a sua praia..."