segunda-feira, fevereiro 02, 2009

A PM tem medo de manifestantes


O governo José Serra e pífio, entre outras coisas, por transformar o caos social e a miséria em política. Sua polícia militar deixou a desejar, mais uma vez, na desordem que atingiu a favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, próximo do bairro nobre do MOrumbi.

Em vez de coibir o vandalismo de bandidos que quebravam carros e depredavam imóveis, deixou tudo correr solto à espera da Tropa de Choque, que demorou uma eternbidade para chegar ao local. Enquanto isso, barricadas eram montadas com pneus e carcaças de veículos em chamas e mais veículos eram depredados.

A atuação da PM foi vergonhosa. Ficou com medo e evitou o confronto. POr quê? POrque os comandantes não confiam mais no governador, ue os largou no fogo no episódio da morte da menina Eloá PImentel, em Santo André, no ano passado. A cúpula da PM tem medo da mídia e não confiam no governador, que faz uso político da corporação e a queima quando algo dá errado.

A PM tem que entrar com tudo, quebrando tudo e passando por cima de manifestates que insistem em bloquear vias importantes. E não pode ter medo de atirar para matar vândalos.
Quem vai salvar os empregos?


Um mês de 2009 e a crise econômica promete não dar tréguas aos prefeitos que assumiram em janeiro. Se por um lado o ABCD teve a menor taxa de desemprego de sua história em dezembro, segundo a Fundação Seade, o horizonte está com nuvens pesadas para uma tempestade que promete ser longa.

Enquanto o governo federal arregaça as mangas e luta para dar incentivos ao consumo e a uma produção industrial em franca desaceleração, o governo do Estado ainda se mostra tímido. O governador José Serra (PSDB) anuncia um pacote de obras de recuperação de estradas que já estava programado - copmo se isso fosse suficiente para compensar a perda progressiva de postos de trabalho na indústria.

Uma questão que surge neste momento: o que os municípios podem fazer para amenizar os estragos da crise e segurar empregos industriais? Por mais que se tente imaginar soluções milagrosas, o fato é que os novos prefeitos terão de conviver com um período de turbulências que vai se refletir rapidamente na arrecadação de impostos.

Alguns economistas radicais neoliberais - sim, eles existem - sugerem até que os municípios retomema política de alívio fiscal, numa postura tão irresponsável quanto esdrúxula. Abrir mão de receitas fixas neste momento é alimentar uma planta carnívora, que nada dá em troca.

Os exemplos macroeconômicos são claros: o governo federal diminuiu o valor compulsório recolhido pelo Banco Central nos bancos e estes ignoraram os apelos de baixar os juros, mesmo em tempos de taxa Seelic - a taxa básisca da economia - em queda.

É o spread bancário (taxa de risco que é cobrada em cada operação de empréstimo), dizem os sabujos da Febraban, a associação dos bancos. O oportunismo nojento é claro: ao afirmar que ainda é alto o risco de calote no Brasil, os banqueiros jogam no lixo todos os avanços monetários e fiscais que o país conseguiu desde a década passada, e mais ainda a partir do governo Lula, em 2003.

Já as indústriais receberam dinheiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e redução de alíquotas de impostos - necessárias, de qualquer forma, com ou sem crise.

Mesmo assim, não tiveram vergonha de acelerar as demissões em todos os ramos. E ainda reclamam de quem sugere condicionar a concessão de crédito e incentivos fiscais à manutenção do nível de emprego.

A lamentar apenas a falta de medidas drásticas e duras do governo federal para conter esse movimento destruidor de empregos mesmo recebendo benefícios. Já o governo estadual simplesmente ignora a questão.

Diante de um quadro desolador e cínico, como sugerir aos municípios que abram mão de receitas futuras para "ajudar" empresas em dificuldades, se estas mesmas se recusam a se comprometer em manter o nível de emprego?

Apesar da dificuldade de encontrar soluções viáveis, ainda assim está faltando debate na região. Onde estão as associações comerciais e os Ciesps (Centros da Indústria do Estado de São Paulo)? E os vereadores, será conitnuam mais preocupados com seus quintais? Será que vão se preocupar somente com as miudezas das intrigas e briguinhas por cargos em comissões ou para mostrar poderzinho em votações de regimento interno?

Mais uma vez será a imprensa a estimular e criar um debate de alto nível sobre o futuro do emprego no ABCD. E quando digo imprensa me refiro aos veículos comprometidos com a região, como o ABCD Maior, desde o primeiro dia de sua existência. Já outros, com décadas de existência, ignoram deliberadamente o assunto - comportamento histórico, diga-se de passagem.
Todos os problemas do mundo acabaram



Todos os problemas do mundo acabaram. Barack Obama assumiu a presidência dos Estados Unidos e o Copom (Comitê de Política Monetária) cortou os juros em um ponto porcentual. Tudo vai ficar bem, a crise econômica deixou de existir e os empregos voltarão a surgir em profusão neste primeiro trimestre.

A sociedade brasileira tem a tendência perigosa e extremamente arrogante de simplificar ao máximo os problemas e suas pretensas soluções como forma de mascarar a realidade e fugir da responsabilidade.

O resultado imediato desse comportamento suicida é a criação de factoides e mais factoides. O mais nojento deles nesta semana foi a ameaça de Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, deputado federal pelo PTB paulista e presidente da Força Sindical, de ameaçar invadir o Banco Central caso não houvesse redução da taxa básica de juros da economia, a Selic, na última quarta-feira. Além de inútil, pueril e mentirosa, a ameaça do sindicalista foi de uma irresponsabilidade imensa.

O fato é que ninguém se atreve a atacar os pontos que têm de ser atacados. Reduzir a taxa de juros é apenas um paliativo no combate à crise, que está engolindo a economia brasileira com uma voracidade impressionante. Afinal de contas, 654 mil demissões em dezembro último é muito mais do que indigesto, é perturbador.

Enquanto o governo federal se distrai com polêmicas inúteis – como a concessão de refúgio e asilo político a um terrorista italiano, por exemplo –, as supostas medidas de punição para empresas que estão demitindo mesmo após receber ajuda com dinheiro público ficam pelo caminho.

São meras palavras ao vento, assim como a suposta indignação de autoridades do Ministério da Fazenda e do Banco Central com os altos spreads bancários – espécie de comissões que os bancos cobram pelo risco de emprestar dinheiro. Afinal, como disse o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, baixar juros somente não resolve, “o problema são os spreads”. Os banqueiros ficam irritadinhos, dizem que as “coisas não são bem assim” e ignoram solenemente o Banco Central.

Os debates estéreis continuam em ritmo de marola, enquanto a realidade atropela todo mundo. E o imobilismo já contamina parte das entidades que representam os trabalhadores.
Em Jacareí, no Vale do Paraíba, em decisão extremamente preocupante que revela falta de democracia -, um sindicato filiado à central Conlutas, ligado ao radical PSTU, impede o acordo de redução de jornada de trabalho e salário numa empresa. O detalhe é que o acordo foi aprovado pelos próprios funcionários, diante do dilema monstruoso: sem a redução, a empresa fecha.

A ideologização da discussão sobre as formas de combater o desemprego teve o seu valor no início da crise. Foi importante para marcar posição e recolocar as centrais sindicais no debate.

O problema é que a realidade insistiu em passar por cima de tudo. As opções oferecidas até agora pelos trabalhadores foram rechaçadas ou ignoradas pelas empresas, tudo diante da passividade e da lentidão do governo federal e da omissão do governo estadual.

Rejeitar redução de jornada de trabalho com redução de salário é uma bandeira histórica dos sindicatos. Mas quando a base começa a entender que emprego é mais importante do que tudo e que salário de desempregado é zero, é sinal de que é preciso forçosamente perceber o que está em jogo.

Credibilidade e coerência são virtudes desejáveis, mas, dependendo do ponto de vista, podem se chocar com a realidade, emperrando a vida. E a realidade insiste em corroer conceitos históricos. Como lidar com isso?
A soliedariedade sumiu e não volta tão cedo


Em algum momento, a solidariedade desapareceu das grandes cidades brasileiras. Alguns dizem que foi no final dos anos 70 do século passado, quando as sucessivas crises econômicas brasileiras começaram a época dos índices de desemprego de dois dígitos. Outros dirão que foi no começo dos ano 80, ainda no bojo das mesmas crises, quando as favelas explodiram de vez em São Paulo e no Rio de Janeiro, inaugurando o pesadelo da violência urbana nos anos pós-ditadra militar.

Alguns esquerditas mais apressados dirão que a solidariedade desapareceu de vez nos anos 90, quando a abertura indiscriminada dos governos Fernando Collor de Mello, Itamar Franco e Fernando Hnrique Cardoso devastaram parques industriais e jogaram milhares de trabalhadores na informalidade e no desemprego prolongado.

O fato é que a cordialidade e a boa receptividade que os estrangeiros que nos visitam sempre elogiam nunca existiu de fato. Caso contrário, jamais permitiríamos o aumento indecoroso de mendigos na cidade de São Paulo. O endurecimento das relações pessoais nas metrópoles e nas cidades de porte médio ultrapassa qualquer sintoma de crise econômica, de pobreza ou mesmo de abjeta desigualdade de distribuição de renda.

A falta de solidariedade é sintoma de ausência de Estado, como observamos na batalha entre vândalos da comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, e a Polícia Militar. O que era uma manifestação nada legítima - já que execrava a PM por ter abordado e revidado a uma agressão de um ladrão - se transformou no grito de uma população maltratada e abandonada pela prefeitura de José Serra/Gilberto Kassab.

A baderna promovida por uma turma de vândalos ensandecidos é um sintoma de sociedade que já não está mais doente: está anestesiada. A paralisia atinge desde a PM, instrumento politiqueiro do governo estadual, que titubeou na repressão aos verdadeiros bandidos de Paraisópolis; atinge a população, que não tem para onde correr; e atinge a imprensa, onde apresentadores de TV falastrões e irresponsáveis berram por sague.

Saindo do macro e aterrissando no nosso microcosmo do ABCD, a solidariedade sumiu quando deixamos de olhar para o lado, para fora do carro. O embrutecimento atingiu níveis inimagináveis até mesmo para quem sempre participou de atividades filantrópicas. É cada vez mais comum observarmos nos semáforos de nossas sete cidades toda a sorte de pedintes e oportunistas.

Como discernir entre o que é verdade é o que é golpe? Como identificar naquela criança rota e miserável um instrumento absurdo de pais inescrupulosos? Como não desconfiar daquele rapaz forte que afirma jamais conseguir emprego e pedir dinheiro dentro dos ônibus - e que em seguida vai para o botquim tomar pinga?

No último sábado à noite, chuvoso e mal iluminado, um homem com uma criança no colo, com guarda-chuva e acompanhado por uma mulher, pedia dinheiro no semáforo do Paço Municipal de São Bernardo, em frente ao Teatro Cacilda Becker. A história o denunciava: "acabei de sair do hospital com minha filha e não tenho dinheiro para ir paracasa..."

A mesma história de sempre. Recusei o pedido de dinheiro e tive de escutar: "Tá vendo a crianã na chuva e ainda recusa ajuda. Deus tá vendo..."

Não tenho a obrigação de dar esmola - sou totalmente contra isso. Além do mais, se realmente ele estava no hospital com a filha e sem dinheiro, deveria ter procurado a assistência social da instituição - todo hospital tem uma.

Entretanto, pelo inusitado da reação, creio ter sido um sinal de alerta para que procuremos entender, de alguma forma, o temo em que vivemos em nossa cidade. A solidariedade sumiu e nada indica que nós, habitantes da metrópole, consigamos encontrá-la no médio prazo.