sábado, novembro 05, 2011

Blues Brothers podem virar série de TV 31 anos depois

O projeto era para ser sigiloso, mas parece que sigilo não é algo que se possa guardar por muito tempo neste século XXI. Com a enxurrada de bandas-tributo à banda-combo-trupe de TV Blues Brothers e diversos projetos já sendo preparados para 2012 - ano que marca o 30º aniversário da morte do ator John Belushi -, o comediante Dan Aykroyd finalmente cedeu e participa da elaboração de uma série de TV baseada na famosa banda fake de blues. O canadense Aykroyd, segundo site norte-americano MSN Entertainment, conseguiu o apoio da ex-esposa de Belushi, Judy, e já está consultando executivos de empresas do ramo para viabilizar o projeto. Até o momento, por enquanto, a coisa ainda está no campo das ideias, mas o mercado fonográfico já dá como certa a realização do seriado. The Blues Brothers ficaram mundialmente conhecidos com o estrondoso sucesso do filme homônimo de 1980 (no Brasil ganhou o nome de “Irmãos Cara-de-Pau”). Sua trilha sonora conta com astros da música norte-americana como James Brown, Aretha Franklin, Ray Charles, Steve Cropper e a própria dupla de atores nos vocais de alguns sucessos do blues – com Belushi se revelando um excelente intérprete. Aykroyd e Belushi se conheceram no famoso programa de TV norte-americano “Saturday Night Live”, onde faziam parte do time de comediantes residentes. Com a colaboração da banda fixa que tocava com convidados, os dois inventaram um quadro em que zoavam e tiravam sarro de clássicos da música popular. A banda se institulou Blues Brothers. Nos ensaios, no entanto, as jams e sacanagens foram se transformando em verdadeiros eventos para funcionários e convidados dos estúdios, o que levou à ideia experimental de levar os Blues Brothers para os palcos, em shows que misturavam música com esquetes humorísticos. Deu tão certo que o projeto rendeu LPs e o filme já citado. A ideia na verdade cresceu demais e acabou por se tornar, em alguns momentos, muito maior do que o quadro no programa de TV original – e mesmo maior do que as carreiras cinematográficas dos dois astros principais. Em 1978, foi lançado “Briefcase Full Of Blues”, primeiro álbum do grupo, gravado ao vivo com clássicos do blues, na maioria das vezes rearranjados. O disco foi muito bem sucedido e alavancou o projeto do filme de mesmo nome dirigido pelo mestre John Landis. A comédia conta história da saga dos irmãos Blues, Elwood (Aykroyd) e Jake (Belushi), para tentar arrumar fundos para salvar o orfanato onde cresceram do fechamento. O problema é que eles acabam de sair da prisão – com esse cartão de visitas, ficava difícil angariar fundos. Só restou a eles reunir a antiga banda de blues que tinham para fazer shows pelos Estados Unidos e conseguir o dinheiro. Ainda em 1980, aproveitando o embalo do filme, cuja trilha sonora original vendeu horrores, foi lançado “Made In America” que mostra a banda ao vivo de novo, mas sem o mesmo pique do primeiro álbum e sem o clima descontraído e festeiro da trilha. Não foi lá muito bem recebido. O projeto simplesmente acaba em 1982, quando John Belushi morre de overdose de cocaína. Aykroyd se torna um respeitado ator e comediante, com boas participações em fitas dramáticas, e se recusa a participar de bandas-tributo aos Blues Brothers que surgem nos anos 80 – uma delas chegou a contar com os músicos originais dos dois primeiros álbuns e lançou um fracassado álbum ao vivo em 1988. Aykroyd só se anima em participar de algum projeto em 1997, com um fracassado seriado de animação que praticamente nem chegou a ser rodado, com a presença de James Belushi, irmão mais novo de John e ator consagrado por filmes policiais e de ação. No embalo do que seria o lançamento do projeto abortado é lançado “Blues Brothers And Friends: Live From Chicago’s House Of Blues”, de 1997 . Devido a uma briga de interesse entre estúdios hollywoodianos, James Belushi acaba definitivamente descartado para aquele que seria a continuação do filme de 1982, “Blues Brothers 2000″, de 1998. Aykroyd foi acompanhado por John Goodman e Joe Morton. O filme foi fracasso de crítica e público, mas a trilha sonora teve boa aceitação, contando com a participação de Jonny Lang, Blues Traveller e uma superbanda que toca no final do filme, com as presenças de B.B. King, Eric Clapton e de novo Jonny Lang – a Louisiana Gator Boys. Em recente entrevista a um jornal brasileiro, Dan Aykroyd disse que “odiava” John Belushi. “Eu amava o cara, era o meu melhor amigo e o único parceiro que conseguia fazer com que eu me superasse na tela. Ele não podia ter feito isso (morrer de overdose), acabou com todos os nossos grandes projetos.” Existe uma dúvida a respeito das possibilidades de ressuscitar os Blues Brothers, já que Aykroyd está muito envolvido na criação do terceiro filme da série “Os Caça-Fantasmas”. Ele faria um bem a toda humanidade se deixasse de uma vez por todas os Irmãos Caras-de-Pau em paz.

quarta-feira, novembro 02, 2011

O pop rock sumiu do mercado

O pop rock brasileiro sumiu. Não há vestígios dele nas poucas lojas de CDs e DVDs que sobraram, nas lojas virtuais e nas emissoras de rádio – que são mais raras ainda na difusão de tal segmento. Quando muito, o que se vê no dial das FMs e no comércio são os velhos heróis dos anos 80, que ainda vendem razoavelmente bem. De resto, esterilidade total - não há nem mesmo mesmo uma única banda ou artista novo da área que chame a atenção. Mas a situação fica cada vez mais assustadora quando se observa a enorme lista de atrações do Rock in Rio 2011 é se tenta uma breve comparação com o evento inaugural, de 26 anos atrás: não existe mais pop rock nacional na segunda década do século XXI. A organização do megaevento decidiu apostar, nos vários palcos da edição de 2011, no tiro certo. Estão lá os ícones da geração dos anos 80, como Titãs, Roberto Frejat (Barão Vermelho), Capital Inicial, Jota Quest, Marcelo D2 (ex-Planet Hemp), Cidade Negra (??????) e Skank, entre outros – todos os citados com no mínimo 15 anos de carreira, na maior parte do tempo bem-sucedida. Tiveram que chamar até mesmo a nova reencarnação dos Mutantes, um grupo fundado há quase 45 anos. Pitty , Marcelo Camelo (ex-Los Hermanos) e Detonautas são atrações secundárias e também estão há uns bons dez anos na estrada – e já viveram dias bem melhores, tanto em termos de mercado como de criatividade. Ou seja, falta novidade no segmento pop rock para atrair público. O jeito foi chamar NX Zero e Gloria para tocar no palco principal – atrações que, por si só, não necessita maiores comentários e expõem de forma dramática a crise que assola o rock brasileiro. De novidade mesmo, digna de nota, temos o interessante Móveis Coloniais de Acaju e a banda de rock pesado Matanza, que não é novata, pelo contrário. Nada contra a participação de um grande número de bandas e artistas consagrados e com anos de carreira. A questão não é essa. O que chama a atenção é que a nova geração do pop rock, a rigor, está representada mesmo, para valer, apenas com NX Zero (que tem dez anos de carreira, mas despontou um pouco mais tarde) e Gloria, duas bandas que, gostem ou não, se encaixam no “perfil” emo. Cadê o rock nacional de qualidade que esteja despontando? A comparação com o Rock in Rio I, de 1985, é covardia. Havia todo um contexto político e social dos mais interessantes na época e, de certa forma, houve um despertar cultural jovem que teve a música como sua principal expressão. E os organizadores, à época, tiveram sensibilidade para perceber o momento e, dentro do possível, convocaram os principais expoentes daquela geração que nascia. Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho foram as grandes atrações do rock nacional emergente que se apresentaram naquela edição. Fizeram shows elogiados, dentro dos parcos limites técnicos e de tempo concedido aos artistas brasileiros. As duas bandas estavam no auge. Houve espaço até mesmo para o pop mais rasteiro e comercial, como nos casos de Blitz e Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, que também desfrutavam de sucesso na época e se tornaram parte importante da cena. E o que falar então do time de bandas importantes – boas ou ruins – que também faziam bastante sucesso, vendiam muito e tocavam bastante no rádio? Titãs, Ultraje a Rigor, Ira!, Inocentes, Plebe Rude, Capital Inicial, Lobão e os Ronaldos, Legião Urbana, Léo Jaime, Mercenárias, Metrô… Isso para não falar no rock pesado e no punk rock, como Dorsal Atlântica, Ratos de Porão, Garotos Podres… Não dá para comparar, tanto em qualidade como em quantidade. O pop rock sumiu em 2011 e está restrito, pelo menos aos olhos de parcela importante do mercado, às bandas emo, como Gloria, NX Zero, Fresno, Restart e os sumidos CPM 22. Os medalhões e os veteranos bons de vendas ainda reinam e deverão reinar por um bom tempo. Mas aí um amigo dono de selo musical me faz a provocação: se o Móveis Coloniais de Acaju conseguiu, por que os outros não conseguiram? A pergunta é pertinente, e deve ser respondida pelos integrantes do Móveis. Qual foi o segredo? A banda pertence a um circuito alternativo de pop rock e tem certo prestígio neste segmento, mas não muito mais do que bandas com trabalhos – interessantes ou não – que tiveram alguma repercussão, como Cachorro Grande, Vanguart, Macaco Bong, Anjo Gabriel, Ludov e mais algumas outras – para não falar no pequeno mas efervescente cenário do rock pesado em português, com Pedra, Carro Bomba, Tomada, Bando do Velho Jack, Baranga, Cracker Blues e Motorocker. Todas têm o mesmo cacife, mas apenas o Móveis e Matanza triunfaram. Boas bandas, mas sem espaço em rádios e incapazes de formarem uma “cena”, de formar um cenário digno de ser chamado de novo rock ou pop rock nacional. A menos que haja um cataclismo cultural, permanecerão no underground – e com cada vez menos chances de participar de um Rock in Rio. Estaremos condenados por mais um bom tempo a escutar nas rádios que sobraram as mesmas velhas canções de Legião Urbana, Paralamas, Skank e Cazuza…

Raul Seixas continua sendo trilha sonora de anacronismos

O século XXI se tornou uma época bastante perigosa para certa caregoria de estudantes universitários, em especial para a aqueles que optam por áreas de ciências humanas – mais ”em especial” ainda para quem insiste em cursar história, filosofia e ciências sociais. O mundo mudou demais nos últimos 25 anos, e a própria história sepultou diversas crenças em todas as áreas do conhecimento, mas parece que isso não foi o suficiente para resgatar certos redutos da pré-história ideológica no Brasil. Resistem ainda em alguns botecos de quinta categoria ao lado de faculdades e centros acadêmicos inundados de irrelevância teses lidas somente em orelhas de livros ruins, mas que se transformaram e luzes da humanidade em pricas eras, mas que hje soam apenas como anedotas sem graça. E, como toda corrente de pensamento pseudo-intelectual tem sua trilha sonora, a desse povo citado anteriormente não poderia ser outra: o anacrônico Raul Seixas, com todos os seus anacronismos. Ainda é possível ver gente fantasiada de hippie nas escadarias da TV Gazeta, na avenida Paulista, no prédio onde funcionam uma unidade importante do cursinho Objetivo e a Faculdade de Comunicação Cásper Líbero, assassinando músicas de Raul (que no original já são geralmente ruins), tendo três ou quatro tontos em volta se deliciando com tal espetáculo bizarro amaldiçoando ter nascido na época errada. E também foi possível escutar a música de Raul Seixas no tumulto que envolveu a Polícia Militar e estudantes desocupados e irresponsáveis nas imediações da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Não poderia haver retrato melhor da confusão estapafúrdia promovida por um bando de desordeiros desconectados da realidade e sem a menor noção dos motivos e da validade de tal protesto: o anacrônico Raul Seixas como trilha de anacrônicas ideias, discursos distorcidos e mentes ocas. Quando um estudante foi morto durante assalto na FEA foram inúmeras as queixas de falta de segurança e solicitação de patrulhas da PM; na última quinta, o ‘enclave’ da USP, com suas ‘leis próprias’, quis impedir que três estudantes que fumavam maconha em público fossem presos, o que para muitos indigentes intelectuais é sinônimo de ‘repressão’ e ‘intromissão indevida do Estado’ (FOTO: TIAGO QUEIROZ/AE) A confusão na USP ocorreu porque os estudantes daquela faculdade de ciências humanas acham que a universidade é um enclave dentro do Brasil com leis próprias e costumes “diferenciados”, entre os quais fumar maconha em público, despreocupadamente e na frente de policiais. Para azar de três imbecis, a USP não é um enclave, seus costumes não são difrenciados e fumar maconha continua sendo crime. Portanto, é mais do que óbvio que os três foram presose flagrante. Só que houve uma movimentação surpreendente contra a ação legítima da polícia por parte de “comunidade” de equivocados, que agrediu PMs e jornalistas na tentativa de evitar a prisão, assim como houve depredação de carros de polícia. E como costuma ocorrer em situações parecidas, os policiais não ficaram parados e fizeram valer sua autoridade, com reforços, na base cacetadas, com todos os excessos previstos. E tudo isso ao som de Raul Seixas ao fundo, segundo relatos de quem esteve no local. Uma rápida lida nos relatos de jornais nos dias seguintes mostram como uma faculdade que já foi referência no ensino de ciências humanas virou um deserto de ideias e cérebros – sem contar a repetiçâo mântrica de conceitos e teses devidamente soterradas pelos escombros do Muro de Berlim, derrubado a marretadas em 1989. Esse bando de tolos que participou da defesa dos maconheiros nem sequer conseguem identificar um inimigo para nortear suas pobres existências neste século XXI e ousam falar em repressão policial quando estes estão nada mais do que cumprindo a lei. E usam a palavra repressão tentando impregnar conceitos politicos atrasados em uma época de plena democracia que com certeza envergonharia os próprios pais, que viveram nos anos duros do regime militar. Tudo isso embalado, principalmente, por músicas de Raul Seixas, mesmo aquelas que nenhum significado tem. Os relatos do repórter Bruno Paes Manso, de O Estado de S. Paulo, não deixam dúvidas a respeito do discurso vazio e do pensamento totalmente embolorado e equivocado desta juventude: A reportagem tentava em vão algumas entrevistas, mas os estudantes evitavam conversar com a imprensa dizendo que suas palavras seriam distorcidas. Ele temiam que fossem chamados de maconheiros, em manchetes sensacionalistas. Meu argumento derradeiro foi que assim eu só teria a versão da PM e que precisava ouvir a narrativa dos alunos. Uma jovem de 18 anos aceitou me contar. Fomos para um canto mais calmo e ela pediu anonimato. Em vez de descrever os fatos que originaram a confusão, elucubrou sobre privatização e política estudantil: “O que aconteceu é uma decorrência da privatização do ensino neoliberal e blá, blá, blá”. Com uma mistura de inocência e arrogância, ela parecia acreditar que aquilo era realmente o que eu queria ouvir. Livros de Foucault e Walter Benjamin eram mostrados aos PMs, que assistiam a tudo com cara de quem estava se divertindo ao escapar da rotina do mundo criminal da zona oeste. Os policiais estavam claramente orientados a manter a calma, fato que depois foi confirmado pelo comandante geral. Tanto que alguns estudantes acenderam baseados e passaram a fumar tranquilamente nos jardins da História, mesmo com a presença das autoridades. Havia uma concentração de hormônios adolescentes buscando extravasar, uma atmosfera de pancadão sem funk. Jovens faziam discursos face a face com soldados, alguns segurando latinhas de cerveja. Falavam sobre ditadura, assassinatos na periferia. Sim, pareciam movidos a idealismo, um idealismo mal educado, como se fossem mudar o Brasil ao esculachar os “coxinhas”. Foi uma manifestação excitante, dionisíaca, mas sem causa. Dessas que você relembra saudoso aos quarenta anos, na mesa de bar com amigos, para mostrar como já foi ousado na adolescência. Mesmo que não tenha servido para muita coisa. É claro que se trata de mais um cas de uso indevido do legado de Raul Seixas, que jamais aprovaria que sua obra fosse emporcalhada por gente tão desprovida de recursos intelectuais e com manifesta indigência intelectual. Raul Seixas era antes de mais nada um artista antenado e uma pessoa inteligente, apesar de ser mais um entre tantos músicos brasileiros superestimados e alçados a gênio por uma certa camarilha cultural. Raul era bem humorado e abusava nao só da ironia como a da auto-ironia. Mas ter sua obra, ainda que não seja nada daquilo que dizem que é, usurpada por um bando de estudantes que não conseguem distinguir liberdade de expressão da proibição de fumar maconha, principalmente em lgares públicos, é um tremendo tapa da cara. Pior do que isso é a constatação, infelizmente, que a música de Raul Seixas é a trilha mais adequada para simbolizar o vazio intelectual que domina parcela expressiva dos estudantes da principal universidade do país, bem como mostra o tamanho do equívoco ideológico que persiste em tal ambiente escolar. Está mais do que explicado o avanço do execrável sertanejo universitário no Brasil.

terça-feira, novembro 01, 2011

Agressor de Monalisa Perrone é “muito politizado” e sustentado pela mamãe

Flavio Morgenstern O portal iG entrevistou o futuro do Brasil – o rapaz que invadiu o link da Globo transmitido ao vivo e agrediu pelas costas, praticamente com uma chave de jiu-jitsu, a repórter Monalisa Perrone, que passava informações justamente sobre o estado de saúde do ex-presidente Lula. O futuro do Brasil tem a cara que segue: Eu sou você amanhã. O meninão é militante do movimento Acampa Sampa. Sabe-se que o país chegou ao fundo do poço quando ninguém faz nada contra ONGs com nomes que rimam. 26 anos de Ministério da Cultura e ninguém pra pensar nas criancinhas. Diz o meliante, identificado como Thiago de Carvalho Cunha, que o movimento não tem nada a ver com seu ato, que foi pessoal: “Na verdade, foi uma ação independente e individual. Um amigo meu, que tem um canal no Youtube, me avisou que a Globo estaria lá. Escolhi a Globo de propósito porque tinha a Rede TV!, o SBT e a Record. Escolhi a Globo porque teria mais visibilidade. A Globo nasceu na época da ditadura e manipula as pessoas. Quero provar para as pessoas que todo mundo tem voz.” A Globo nasceu na época da ditadura, entenderam? O Chico Buarque também. O núcleo que viraria o PT também é dessas épocas. Aliás, até os Beatles são da época da ditadura. Quero saber se o futuro do país agrediria todos pelas costas. E se quer provar que todos têm voz, por que a sua se resume a algo próximo de um “Ya!” de karetè. Ademais, para conhecer tão bem a programação da Globo, indaga-se seriamente se o que o gênio faz nas horas NÃO-vagas. Ele afirma que sua intenção era apenas divulgar o curta-metragem que está escrevendo, “Merda no Ventilador”. “Só queria divulgar o filme, não queria falar nada demais”, afirma. Eu também estou só tentando divulgar um filme que estou escrevendo. Chama-se “O Que Aconteceria Se O Exterminador do Futuro Fosse Mandado ao Passado e Matasse Seu Próprio Avô Antes de Engravidar Sua Avó”. Ainda não terminei de escrever, e o estúdio do James Cameron ainda não aprovou de todo o roteiro, mas quero divulgá-lo também. Posso invadir o programa do PCO (que não nasceu na época da ditadura e nem manipula ninguém) e, numa chave de braço pelas costas em alguma repórter, divulgá-lo, nada demais? Sobre a possibilidade de Monalisa registrar um boletim de ocorrência, Thiago não demonstrou arrependimento. “Eu não tenho medo, eu não quero dinheiro. Eu quero mesmo que ela faça o boletim de ocorrência e que venha a Polícia Federal agora me pegar”. Existia uma excelente comunidade no orkut chamada “Sonho liderar turba enfurecida”. De fato, é o sonho de toda a esquerda. Mas por que isso me lembra a FFLCH, em que armam uma porradaria pra PM, só para ela ser obrigada a pedir reforços, e depois reclamarem que houve “repressão” por parte da polícia? Se afirmamos isso, somos considerados conspiracionistas. Mas quando um intelectual de alto gabarito como o Thiago de Carvalho Cunha afirma que quer mesmo é que a Polícia Federal o torne um “perseguido político”, ninguém lembra de que já afirmamos que esse é o modus operandi desse tipo de militonto. Ainda resta dúvida? Ele ainda afirmou que não agrediu a jornalista, mas se disse agredido. O militante contou que os seguranças fizeram um cordão de isolamento e começaram a agredir os rapazes. Quando eles conseguiram se livrar, apareceram em frente à TV. “Se a Globo quiser me processar, temos uma equipe de 40 advogados apoiando o movimento”, afirmou Thiago. Apesar de citar os advogados do movimento para sua defesa pessoal, ele ressalta mais uma vez que sua atitude foi em causa própria. Ignorando as contradições com os advogados, isso só completa o modus operandi do que rola na pancadaria dos maconheiros da USP. Você vê que fizeram um cordão de isolamento para filmar algo (nada mais natural, se é que fizeram mesmo). Vai lá e tenta furá-lo. Quando tentam te impedir, diz que você é que “foi agredido”. É como impedir PM de levar pra delegacia pra autuar 3 maconheiros (ou seja, para impedir que os policiais os fichem, liguem pra mamãe e pro papai pra avisar que o menino gênio da família que passou na USP estava era fumando bagulho com os amiguinhos no carrão que deram de presente pra ele e depois liberem os 3 como se nada tivesse ocorrido) e, depois que a PM chama reforços para conseguir levar os 3 para a delegacia, dizer que “foram agredidos”. Por que o futuro Emir Sader não vai pra delegacia prestar B.O. se está se dizendo vítima de agressão? O que o impediria? Nem mesmo o iG, um portal rigorosamente governista (e envolvido em umas muitas e boas maracutaias), teve falta de vergonha na cara pra dar uma de Record tentando agredir a Globo: Não foi bem o que testemunhou a reportagem do iG, presente no local para cobrir o primeiro dia do tratamento do ex-presidente Lula. O repórter afirma que o que ele viu foi uma agressão covarde de dois homens contra uma mulher, e pelas costas. Segundo relato, o amigo dele (de Thiago) deu uma joelhada nas costas da repórter numa atitude violenta, sem que ninguém os tivesse cercado, ameaçado ou encostado um dedo neles. Eles agrediram a Monalisa e saíram correndo. Ou seja: aquela imagem que vemos, de dois grandalhões aparecendo correndo de longe (depois de passar por um “cordão de isolamento”?) e derrubando uma repórter pelas costas são… dois grandalhões aparecendo correndo de longe e derrubando uma repórter pelas costas. Cadê o movimento feminista nessas horas? Quando afirmei que feminismo é apenas uma vertente radicalíssima do marxismo, e não “defesa das mulheres”, reclamaram. Pois até agora as feministas padrão da blogosfera não se pronunciaram a favor da mulher agredida com uma joelhada nas costas. Lola Aronovich, uma espécie de porta-voz da ala radical do movimento radical na internet, está preocupada com fantasias de Halloween de Sex Shop. Não faz mal: quando Polanski dopou e estuprou anal e vaginalmente uma menina de 13 anos, sua grande preocupação foi defender… Polanski, ainda lembrando que só o defende porque ele é um bom cineasta (a mesma que também defende o espanca-mulheres Netinho de Paula só porque é negro e do PC do B). O Túlio Vianna, aquele fala mal do Estadão 2 tweets depois de divulgar seu texto no mesmo jornal, que dá apoio a maconheiros da USP contra a “repressão” da PM, que acha que mulher tirar foto de lingerie é machismo, mas acha que seqüestrar, estuprar até destruir o corpo e matar degolada por faca é apenas luta de classes, também ainda não defendeu a repórter agredida, afinal, se trabalha para a Globo, tem mais é que tomar porrada, mesmo. Segue a conclusão do delinqüente: Responsável pelo Comitê de Arte e Cultura do Movimento Acampa Sampa, Thiago, que largou a faculdade de Psicologia no primeiro ano, informou que o movimento é pacífico e politizado. “Sou muito politizado, tenho 23 anos e, no momento, sou sustentado pela minha mãe”. “Comitê de Arte e Cultura” costuma significar “Comitê Para Pedir Dinheiro do Governo e Dar Para Vagabundo Torrar em Filmes Chamados ‘Merda no Ventilador’”. Nenhum Shakespeare, nenhum Kubrick, nenhum Heidegger, nenhum El Greco saiu de um “Comitê de Arte e Cultura”. Mas então o rapaz tem o despautério de afirmar sem papas na língua que é “muito politizado” (o que é isso? O Maluf também não é “muito politizado”?!), e atira as fauces do incréu leitor que largou a faculdade para ser sustentado pela mamãe?! Corre o sério risco de virar muso dos blogueiros progressistas – esses odeiam “burguês”, mas só o que trabalha e é obrigado a ir de ônibus pra faculdade. Se largar o trabalho para virar guerrilheiro que dá porrada em mulheres que trabalham pra Globo, vira ídolo. E que raio de história é essa de “acampar” ser sinal de maturidade e atividade política? Se me confirmarem a regra, vou voltar a dormir para tentar conseguir meu doutorado. Inicio imediatamente uma campanha para que essa sumidade da Filosofia seja admitido na FFLCH mesmo sem prestar Vestibular. O país precisa de cultura. Flavio Morgenstern é redator, tradutor e analista de mídia. Nunca viu os filmes que a Petrobras financia por aí. É seu segredo pra ter QI acima da média. No Twitter, @flaviomorgen

segunda-feira, outubro 31, 2011

Banda Tomada resgata o peso e a psicodelia setentistas

A banda Carro Bomba ganhou um concorrente de peso na disputa do melhor álbum brasileiro de rock cantado em português neste ano. “O Inevitável” é o mais novo álbum da banda Tomada, de São Paulo, e mostra que antes de tudo o peso é fundamental para se distanciar de tudo o que lembre o atual pop rock do país, – se é que isso ainda existe. O rock básico dos anos 60 e 70 é a matéria-prima do terceiro trabalho do grupo, que completa 11 anos de carreira em dezembro. Não espere algo heavy metal na cara como “Carcaça”, do Carro Bomba. A pegada de “O Inevitável” é mais hard e mais datada, no bom sentido. Puxado pela ótima “Ela Não Tem Medo”, que virou um clipe bem feito e bem sacado, o álbum transita entre o mergulho fundo na psicodelia e rápidas passadas por soul e blues, sempre tendo a levada de guitarra de Marcião Fernandes como o fio condutor. E aqui não há outro jeito a não ser repetir: não há nada parecido no pop rock brasileiro da atualidade. Os arranjos são outro destaque do trabalho. Nada fica fora do lugar, tudo foi pensado exatamente para dar uma sonoridade moderna a temas que pedem acentos característicos de outras eras, com resultado surpreendente. “Ela Não Tem Medo” tem uma letra bem humorada e um ritmo rápido e marcante. “(Quero Ter) Uma Música Forte” também é rápida e mais pesada que o restante, mostrando diversas influências de um rock setentista mais pesado. “Catarina” e “Blá Blá Blá, Blá Blá Blá” são rocks básicos e cativantes, resgatando um pouco da atmosfera de certa ingenuidade da primeira metade dos anos 60 – e remetendo, de certa forma, aos primórdios da Jovem Guarda. Já “Calor de Abril” é a que mais se parece com o que é feito atualmente no Brasil, o que erroneamente pode levar o ouvinte a colocar a Tomada em uma seara onde transitam bandas queridinhas do cenário alternativo, como Cachorro Grande e Vanguart. Não se engane: Tomada é rock’n roll dos bons e consegue oxigenar um segmento engessado e estagnado, com trabalhos voltados cada vez mais para um pop forçado e de baixa qualidade. A formação atual conta com Ricardo Alpendre (voz), Pepe Bueno (baixo), Alexandre Marciano (bateria), Marcião Gonçalves (guitarra) e Lennon Fernandes (guitarra e teclados). Cometeram um trabalho de ótimo nível, que conseguiu se destacar da mesmice que domina o pop rock brasileiro desde a década passada. “O Inevitável” é o álbum mais maduro e coeso da carreira do grupo e coloca a Tomada em um patamar habitado pelas melhores bandas de rock brasileiras que cantam e português – e que cada vez mais dão destaque às guitaras.