sábado, abril 02, 2011

Não é só nostalgia



Márcio Paula Moraes

Antigamente quando um colega comprava um disco era muito comum a turma se reunir na casa de um outro para todos passarem a tarde ouvindo o disco. Não só ouvindo, mas lendo os encartes, olhando os detalhes da capa, comparando as faixas, tentando identificar qual a melhor música, qual o melhor lado: A ou B, observando os solos de guitarra, o baixo, a bateria, as letras, o tamanho das faixas, enfim a cada sucro do disco havia uma conferência, um dessecamento em torno daquele ritual que nada mais era do que curtir um bom disco de vinil.

Era assim que as pessoas iam conhecendo as músicas, as bandas; compartilhando uns com os outros o prazer de curtir um som. O disco nunca foi um produto barato. Até por isso as descobertas se davam justamente nesses dias em que o pessoal se reunia para ouvir e conhecer. Enquanto um trazia um LP dos Led Zeppelin o outro colaborava com um do Deep Purple, o outro arriscava com um do Yes, e havia aquele que aparecia com um do tipo Roxy Music. Era interessante porque, embora tivesse um cara que não gostasse de um determinado estilo ou gênero, nunca deixava de ouvir e conhecer. Mais curioso ainda é perceber que, às vezes, quando ouvimos uma música, não gostamos pelo fato de não estarmos atentos à ela. Mas depois de um certo tempo aquela mesma música encaixa muito bem em nossos ouvidos. É como ler um livro sem estar pronto para entendê-lo.

A música assim como a literatura produz um efeito bastante peculiar a ambas: para gostar e entender de certos estilos e gêneros é preciso amadurecimento do conhecimento, isto é, sem ampliar o horizonte a pessoa fica limitada a mesmice de sempre.

Hoje, com a internet facilitando (?) tudo na vida, as pessoas se limitam a baixar arquivos MP3, infestar celulares ou iPods com uma quantidade absurda de músicas (estranhamente nunca ouvidas do início ao fim) e sem obter conhecimento de nada do que se está ouvindo. É incrível como tudo isso é perecível e não produz nada de conhecimento!

A música – especificamente mais o rock - perdeu o valor de sentido, de significado. Observe que é muito comum – e é bastante provável que o mesmo aconteça com você agora, que está lendo esse artigo - quando alguém na casa dos 40 anos (ou mais) ouve uma música dos Beatles ou do Pink Floyd ou do Black Sabbath ou do Queen etc. dizer que a tal música a faz lembrar dos “meus bons tempos...”

O rock n roll não produz mais seguidores porque perdeu o sentido da rebeldia, da transgressão. Mick Jagger, Keith Richards, Charles Watts, David Gilmour, Roger Waters, Fred Mercury, Janis Joplin, Jemi Hendrix, David Bowie, Brian Ferry, Brian Eno, Dio, Ozzy Osbourny, Tommi Iommi, Ian Gillan, Ian Anderson, John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr, Peter Gabriel, Phill Collins, Elton John, Bob Dilan, Elvis, Chuck Barry, Robert Plant, Jimmi Page… Nossa, são tantos! A maioria está na faixa dos 65 anos! E outros tantos até já se foram. Esses escreveram a história do rock que faz parte da memória de milhões de pessoas em todo o mundo.

Embora a internet possa dar (quase) tudo, chego a ter pena dessa nova geração que não conheceu toda aquela magia. Tudo bem que tudo isso é pura nostalgia. Mas não dá para aceitar que alguém escute a música de uma banda sem saber ao menos escrever o nome dela, quero dizer, da banda.

quinta-feira, março 31, 2011

Nem todo seguro cobre enchente ou desastres naturais



Enquanto as chuvas e desmoronamentos inundam e destroem casas na região Sudeste do País, muita gente que possui seguro do imóvel começa a se perguntar se um eventual prejuízo como o que afetou os moradores da região serra do Rio de Janeiro poderá ser amenizado com a indenização a receber. A questão é a seguinte: quem é que lê com atenção as malditas apólices com letrinhas miudinhas e cheias de páginas? Não tem jeito, só a leitura atenta previne os sustos costumeiros após as tragédias - não são todas as modalidades que dão cobertura para enchentes e fenômenos da natureza.

Quando se trata de residência, problemas causados por incêndio, raio e explosão são itens básicos de qualquer apólice. Já roubo e danos causados por enchentes, desmoronamentos e vendavais precisam ser contratados à parte. E eis a questão: cada uma dessas coberturas extras acrescenta em torno de 10% a 15% no valor total da apólice. O número a mais no valor total faz com que a maioria das pessoas desista das coberturas extras. O que é caro no momento da contratação pode ficar muito mais caro aos qualquer tragédia.

Portanto, o consumidor que não tiver contratado essas garantias extras não será contemplado pela indenização. Pior, até mesmo quem contratou cobertura contra fenômenos da natureza pode ficar sem o benefício, já que as seguradoras podem recorrer a cláusulas contratuais com termos bem específicos – e tudo dentro da lei, para desespero do consumidor. Se o dano foi causado por deslizamento de terra, a empresa pode se recusar a cobrir alegando que a apólice diz que cobre somente vendaval. Por isso, fique atento e, se possível, contrate o seguro com mais coberturas que existir, ou mesmo o total. É a única forma de exigir que esses itens não fiquem excluídos no contrato.

Dependendo da apólice, o consumidor pode ter direito até a aluguel de outro imóvel (enquanto as águas não baixam) e serviço de assistência 24 horas para limpeza e higienização da casa.

Já o motorista que tem uma apólice de seguro total do carro pode ficar tranquilo. A Superintendência de Seguros Privados (Susep) determinou, em 2004, que todos os planos que tenham cobertura total (contra colisão, incêndio, roubo e danos a terceiros) se responsabilizem também por submersão total ou parcial do veículo em água doce, inclusive se ele estiver estacionado no subsolo de uma casa ou edifício.

Não estão cobertos, em caso de enchente, as vítimas cujo veículo tem seguro é parcial (que dá cobertura contra roubo, incêndio e danos a terceiros), ou aqueles condutores que desafiam os riscos das enchentes e tentam atravessar inadvertidamente as áreas alagadas. E não pague para ver, pois as seguradoras sempre conseguem dar um jeito de provar que você “enfiou na água porque quis” o seu carro. Sempre é bom evitar uma batalha jurídica contra essa gente.

terça-feira, março 29, 2011

Reparando uma injustiça histórica: o resgate do Thin Lizzy


O baixista irlandês Phil Lynnot foi um músico tão talentoso quanto azarado e injustiçado. Poderia fazer uma banda com um conterrâneo injustiçado, Rory Gallagher, um dos maiores guitarristas que já fizeram rock e blues. Lynnot e sua banda Thin Lizzy são influência de qualquer banda de rock pesado dos anos 80 e 90, sendo que gente como Steve Harris (baixista do Iron Maiden) e James Hetfield (guitarrista e vocalista do Metallica).


O Thin Lizzy ficou famoso nos anos 70, mas nunca explodiu de verdade. Tudo bem que a concorrência era absurda na época, mas o quarteto que ora virava trio merecia mais atenção do público em geral.

Para amenizar essa falha, os três melhores álbuns do grupo serão relançados neste mês, marcando os 25 anos da morte de Phil Lynnot, com músicas extras, entre raridades e faixas ao vivo. Jailbreak (1976), Johnny the Fox (1976) e o ao vivo Live and Dangerous (1978) serão relançados em CDs duplos.

O trabalho de remixagem e remasterização foi feito por Scott Gorham, um dos integrantes que mais tempo ficaram no grupo, e Joe Elliott, vocalista do Def Leppard e outro fã confesso de Lynnot. Além do CD duplo, Live and Dangerous trará ainda um DVD bônus.

Nada mais justo para reverenciar a memória do baixista e da banda, que andou sendo vilipendiada nos anos 90 com diversas formações que nada mais eram do que arremedos de banda. Tudo obra do excelente guitarrista John Sykes (ex-Tygers of Pan Tang, Thin Lizzy, Whitesnake e Blue Murder).


Após o fracasso de seu trio de hard rock Blue Murder, e do sucesso restrito ao Japão de seus trabalhos solo, Sykes não teve pudor e "recriou" o Thin Lizzy em 1996, assumindo os vocais e tendo de vez em quando a companhia de algum ex-membro, como o baterista Brian Downey.

Nenhum álbum de material inédito foi lançado (ainda bem), mas as turnês entre 1996 e 201 renderam o duplo ao vivo One Night Only, de 2000, que seria um excelente álbum se não levasse a assinatura Thin Lizzy. Sykes liderou a retomada e decidiu congelar o grupo entre 2001 e 2004, quando reuniu alguns amigos e novamente vilipendiou o nome, saindo em várias turnês intermináveis.

Aparentemente, John Sykes largou de vez o osso em 2009, mas nem isso foi suficiente para que chacais largassem os despojos. Notas em duas revistas britânicas há dois meses dão conta de que uma nova encarnação do Thin Lizzy prepara uma turnê europeia para meados de 2011.

A nova formação teria a liderança de dois guitarristas, Scott Gorham e Vivian Campbell (atualmente no Def Leppard), contando ainda com o vocalista Ricky Warwick (Almighty), o baterista original, Brian Downey, o tecladista Darren Wharton (outro ex-Thin Lizzy) e o baixista Marco Mendoza.

Quanto a Lynnot, o baixista morreu em janeiro de 1986 devido a complicações respiratórias e pulmonares por conta dos anos de excesso no álcool e nas drogas.

Anualmente, no dia da morte de Phil, 4 de Janeiro, acontece um espetáculo em sua homenagem, o Vibe for Philo, com a presença de antigos membros do Thin Lizzy, bandas covers e convidados.

Sua mãe, Philomena Lynnot, mantém até hoje a Fundação Roisin Dubh (Black Rose em gaélico, o idioma antigo da Irlanda, e que deu nome a um dos discos da banda) que ajuda no tratamento de dependentes químicos.


Jailbreak (1976)

CD 1
1. Jailbreak
2. Angel From The Coast
3. Running Back
4. Romeo And The Lonely Girl
5. Warriors
6. The Boys Are Back In Town
7. Fight Or Fall
8. Cowboy Song
9. Emerald

CD 2
1. Jailbreak (Re-mixed Version)
2. The Boys Are Back In Town (Re-mixed Version)
3. Jailbreak (BBC Session 12/02/1976)
4. Emerald (BBC Session 12/02/1976)
5. Cowboy song (BBC Session 12/02/1976)
6. The Warrior (BBC Session 12/02/1976)
7. Fight Or Fall (Extended Version – Rough Mix)
8. Blues Boy (Unreleased Studio Track)
9. Derby Blues (Early Version – The Cowboy Song)





Johnny the Fox (1976)

CD 1
1. Johnny
2. Rocky
3. Borderline
4. Don’t Believe A Word
5. Fools Gold
6. Johnny The Fox Meets Jimmy The Weed
7. Old Flame
8. Massacre
9. Sweet Marie
10. Boogie Woogie Dance

CD 2
1. Don’t Believe A Word (Re-Mixed Version)
2. Borderline (Re-Mixed Version)
3. Johnny The Fox Meets Jimmy The Weed (Re-Mixed Version)
4. Don’t Believe A Word (BBC Sessions 11/10/1976)
5. Johnny The Fox Meets Jimmy The Weed (BBC Sessions 11/10/1976)
6. Fools Gold (BBC Sessions 11/10/1976)
7. Johnny (BBC Sessions 11/10/1976)
8. Fools Gold (Instrumental Run Through)
9. Johnny The Fox Meets Jimmy The Weed (Instrumental Run Through/Extended)
10. Rocky (Instrumental Run Through)
11. Massacre (Instrumental Take With Lynott Directions To Band)
12. Scott’s Tune (Unreleased Scott Gorham Composition)
13. Don’t Believe A Word (Studio Outake- Different Lyrics)


Live and Dangerous (1978)

CD 1
1. Jailbreak
2. Emerald
3. Southbound
4. Rosalie – Cowgirls Song
5. Dancing In The Moonlight (It’s Caught Me In A Spotlight)
6. Massacre
7. Still In Love With You
8. Johnny The Fox Meets Jimmy The Weed

CD 2
1. Cowboy Song
2. The Boys Are Back In Town
3. Don’t Believe A Word
4. Warriors
5. Are You Ready?
6. Suicide
7. Sha La La
8. Baby Drives Me Crazy
9. The Rocker
Bonus Tracks
10. Opium Trail (Wild One-L & D Outake)
11. Bad Reputation (Wild One-L & D Outake)

DVD
1. Introduction / Rosalie
2. The Boys Are Back In Town
3. Emerald
4. Dancing In The Moonlight (It’s Caught Me In A Spotlight)
5. Massacre
6. Call On Me
7. Don’t Believe A Word
8. Are You Ready?
9. Sha La La
10. Baby Drives Me Crazy
11. Finale / Me And The Boys