sábado, junho 26, 2010

Humor não é jornalismo, mas não pode sofrer agressão


Humor não é jornalismo. Portanto, integrantes de programas ruins como “CQC” e “Pânico na TV” podem ser qualquer coisa, menos jornalistas, independente do tipo de ação que pratiquem.

O “CQC” tenta ser um pouco mais sério, mas o que faz está longe de ser jornalismo, é humor de gosto duvidoso, é um programa inteiro dedicado a sacanear os outros, a fazer rir diante do constrangimento alheio - embora muito políticos mereçam ser ridicularizados, como ocorre frequentemente no prgrama.

O baixo nível predomina neste programa da TV Bandeirantes. Apenas um quadro merece respeito, por ser realmente de prestação de serviços, que é o “Proteste Já”, que tenta resolver e obter compromisso de autoridades a repseito de problemas prosaicos e cotidianos, com falta de ônibus, mau estado de escolas, etc.

O programa que fizeram em Barueri, retratando o sumiço de uma TV nova doada pelo programa a uma escola da prefeitura, teve repercussão nacional.

Por isso tudo é que a prefeditura de São Bernardo precisa ter muito cuidado para não ser alvo de chatota - com razão - ao ser abordada pela equipe do “CQC” que faz o quadro “Proteste Já”.

Uma dessas equipes acusa a Guarda Civil da cidade de agressão e abordagem desrespeitosa. Leiam em http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/755450-danilo-gentili-diz-que-foi-agredido-por-guardas-em-gravacao-do-cqc.shtml.

Se realmente houve a agressão aos humoristas travestidos de jornalistas quando faziam gravações a respeito de uma escola localizada em área de risco, é caso de demissão sumária dos guardas envolvidos, além de uma investigação interna.

É caso também para uma cobrança forte ao comando da Guarda Civil de São Bernardo e ao secretário municipal responsável pela corporação.

O prefeito Luiz Marinho é sério e não pode passar pelo mesmo constrangimento que Rubens Furlan, de Barueri, que foi ridicularizado nacionalmente ao proferir impropérios e passar por bobo ao desancar para a câmera todos os integrantes do programa.

Que essa questão seja tratada de forma madura e profissional, por mais que os humoristas não sejam jornalistas.

sexta-feira, junho 25, 2010

Exército dunguista é paranoico e não tem bom senso


Primeiro foi Dunga se comportando de forma vexatória na coletiva após o jogo contra a Costa do Marfim, xingando jornalistas. Agora é Kaká que se acha perseguido pelo jornalista Juca Kfouri “porque sigo Jesus Cristo”.

A imprensa em geral já despreza os rompantes de má educação de Dunga e considera seus “soldados” apenas como um bando de jogadores mimados. E Kaká, em entrevista nesta terça-feira, comprovou isso, ao choramingar respondendo a uma pergunta de André Kfouri, da ESPN e filho de Juca.

O camisa 10 demonstra cada vez mais que é desqualificado. É incapaz de entender a função de um jornalista. Se fosse um moleque de 18 anos, era compreensível, mas Kaká é profissional há dez anos e um dos mais importantes da atualidade no mundo.

Se não é capaz de compreender o que significa o trabalho jornalístico, então não há salvação: não passa de um analfabeto funcional.

Na falta de conteúdo e de inteligência, Kaká se apega à única muleta que sobra, a paranoia de que é perseguido porque é evangélico, porque “segue Jesus Cristo”. Atribui a sua incapacidade de ouvir críticas ao fato de ser religioso. Patético.

Juca Kfouri apenas mencionou em sua coluna o que ouviu de suas fontes dentro da seleção ou no entorno: que Kaká ainda sente dores e que corre risco de encerrar a carreira prematuramente por conta de problemas no púbis e no quadril, como o tenista Gustavo Kuerten.

A falta de conteúdo de Kaká é assustadora, assim como seu fanatismo religioso. Esse tipo de gente, e especialmente os evangélicos, acreditam que são especiais e superiores apenas e tão somente por serem religiosos, por “seguirem Jesus”.

É claro que não são - aliás, para mim são exatamente o contrário, não são melhores do que ninguém, são bem piores, mas essa é outra discussão.

Aprovei a decisão de Dunga de trancar a seleção e de cortar privilégios de certas emissoras de TV e de certos jornalistas. Entretanto, é lamentável a falta de conteúdo, inteligência e discernimento revelada pelo exército dunguista.

quinta-feira, junho 24, 2010

Fim dos direitos autorais e estímulo à pirataria


O governo brasileiro pode dar um passo importante para legalizar a pirataria de obras de arte, ou pelo menos abrandar a intensidade do crime. É o que disse o ministro da Cultura, Juca Ferreira, a um repórter da Folha.com, antiga Folha Online,o braço da internet do jornal Folha de S. Paulo.

Ao falar sobre as bases de uma nova lei de direito autoral, Ferreira acena com a possibilidade de descriminalizar o ato de copiar um CD ou DVD. “Queremos um sistema mais aberto. Porque mesmo que não houvesse o mundo digital, a internet, a nossa lei seria muito ruim. Ela não é capaz de garantir o direito do criador porque o sistema de arrecadação de direitos é obscuro, sem nenhuma transparência.”

“Além disso, a lei tem aspectos caricaturais”, continua o ministro. “ A cópia individual, por exemplo, não é permitida. Quem compra um cd não pode, pela lei, copiá-lo para o próprio ipod. Uma editora que não queria reeditar um livro, algo normal, torna o livro indisponível porque nem alunos nem professores podem fazer cópia. Isso contraria a tendência do mundo inteiro."

A íntegra da entrevista está no seguinte link: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/750740-copiar-cd-deixa-de-ser-crime-de-acordo-com-nova-lei-de-direito-autoral.shtml.

Discordo das ideias do ministro contidas na entrevista. Se do jeito que está a pirataria já engoliu o mercado, praticamente dizimando o setor musical e colocando em extinção as videolocadoras, com o fim da criminalização da cópia os produtos piratas tomarão conta do que resta e os artistas-autores vão sumir.

terça-feira, junho 22, 2010

Higienização social em Santa Cecília



A repercussão foi mínima, apesar de o assunto ser estapafúrdio. Estampado no caderno Cotidiano, da Folha de S. Paulo, na semana passada, eis que comerciantes do bairro de Santa Cecília, em São Paulo, querem que entidades assistenciais parem de alimentar moradores de rua no bairro.

Como já é tradicional, várias entidades, sobretudo no inverno, realizam uma nobre atividade de servir sopa gratuitamente no centro da cidade, naquela região, que fica entre Santa Cecília e Barra Funda, na zona oeste. Geralmente a fila da sopa fica sob o Minhocão ou próximo à igreja de Santa Cecília.

A alegação dos comerciantes: cada dia chegam mais mendigos, expulsos das áreas da Luz e de Campos Elíseos, a chamada Cracolândia, devido à “ação firme da polícia e da prefeitura para revitalizar a área”.

Sem o menor pudor, os tais comerciantes e representantes do Conseg (Conselho de Segurança) do bairro pedem o fim das ações humanitárias e a presença mais constante de viaturas da Polícia Militar.

As pobres vítimas empresariais afirmam que os moradores de ruas espantam os clientes, sujam as calçadas das lojas e praticam pequenos furtos. Estão exigindo o que já acontece de fato na Luz e em Campos Elíseos, a higienização das áreas, sem a menor preocupação com os moradores de rua e com as vítimas do crack.

E lamentavelmente ocorre o que o padre Júlio Lancelotti, que considero um homem inteligente, íntegro e prestativo, mas bastante equivocado, apregoava: a gestão tucano-demo de José Serra e Gilberto Kassab pratica a higienização do centro da cidade, expulsando moradores de rua da área da Cracolândia, que supostamente estaria sendo revitalizada, e negando-lhes qualquer assistência.

Os planos de revitalização daquela área, independente da qualidade – se são bons ou não – precisam ser implantados, mas a custo social zero.

O equívoco de Lancelotti foi se opor de forma radical a qualquer tipo de obra ou programa de reforma urbana. Prefere que os mendigos permaneçam eternamente nas ruas, como se isso fosse um “direito”. Será que perguntaram aos mendigos se eles querem ter o direito de ficar na miséria absoluta e total?

O fato que é a atitude dos comerciantes de Santa Cecília revela a falência da administração Kassab como um todo, já que nunca foi capaz de oferecer um mínimo de assistência social a moradores de rua.

E também revela como São Paulo há muito tempo deixou de ser uma cidade acolhedora e gentil, como ainda se propagandeia no Brasil e no exterior.

segunda-feira, junho 21, 2010

Dunga finalmente enfureceu o Olimpo


E finalmente o técnico Dunga tirou a TV Globo do sério. Desde a sua estreia no comando da seleção brasileira ele entra atritos periódicos com a imprensa e com a emissora carioca, que paga muito caro pelos direitos de transmissão internacional dos jogos e competições internacionais – o que não garante exclusividade na cobertura jornalística, o que seria absurdo.

O técnico, aparentemente, elegeu a imprensa como inimiga como estratégia pensada e premeditada. Criou inimigos para justificar uma suposta “união” de seus convocados e uma exigência de maior comprometimento com sua “família”.

A postura intransigente e azeda com a imprensa teve, no início, um único ponto positivo: o fim dos privilégios que a CBF concedia à TV Globo na cobertura da seleção, seja com entrevistas exclusiva, seja com acesso total às concentrações.

A medida enfureceu o comando esportivo da emissora, que desde sempre teve dificuldades para separar entretenimento, jornalismo sério e exclusividade ilimitada.

Entretanto, em nome das boas relações comerciais entre a emissora e a CBF, executivos e jornalistas da TV Globo engoliram as provocações, malcriações e restrições impostas por Dunga – outros veículos do grupo, como o portal GloboEsporte e o jornal O Globo, foram liberados para bater à vontade no técnico.

A postura intransigente e belicosa acabou se estendendo a todo e qualquer jornalista. O mal-estar foi crescendo desde 2006 e chegou aos limites do insuportável em 2009, na Copa das Confederações, na mesma África do Sul.

A crise foi contornada temporariamente, com Dunga maneirando e até aceitando sem rosnar algumas perguntas. Mas tudo azedou de novo no Qatar, após o jogo contra a Inglaterra, no final do ano passado.

Dunga odeia os jornalistas. Se criou uma guerrinha de forma premeditadamente, parece que agora ele acredita piamente na lenda que inventou.

As provocações ironias e xingamentos que ele proferiu na entrevista coletiva após o jogo contra a Costa do Marfim constrangeram todos, de técnicos de TV a companheiros de comissão técnica.

Distribuiu patadas e respostas atravessadas aos montes e balbuciava palavrões o tempo todo fora do microfone, como uma “terapia” para conseguir ouvir as perguntas nem tão ofensivas assim.

Só que o microfone da mesa captou os palavrões. A indignação foi geral. Foi tão grande que a TV Globo fez questão de levar ao ar um editorial dentro do “Fantástico” na noite de domingo com críticas duras a Dunga, condenando seu comportamento e exigindo respeito.

Jamais a emissora fez tal coisa, fosse quem fosse o técnico ou celebridade esportiva ou do mundo do entretenimento.

Dunga aparentemente é inteligente, mas parece incapaz de entender a função de um jornalista – justo ele, que foi comentarista da TV Bandeirantes em 2006, na Copa da Alemanha.

Jornalista até pode torcer, mas relata fatos e os comenta, antes de mais nada. E o técnico conhece a maioria dos jornalistas brasileiros há quase 20 anos, desde a Copa de 1994.

Vai conseguir deixar a seleção brasileira pela porta dos fundos, mesmo que seja campeão do mundo. Nada mais justo.

domingo, junho 20, 2010

Um poeta brasileiro negro na mira do Nobel da Paz


Uma grata surpresa na última segunda-feira, dia 14 de junho, nas páginas da Folha de S. Paulo: uma interessante entrevista com o poeta, dramaturgo e artista plástico brasileiro Abdias Nascimento.

Aos 96 anos de idade, este paulista de Franca é um dos mais respeitados militantes do movimento negro do Brasil e foi indicado para concorrer ao Prêmio Nobel da Paz de 2010.

Pouco conhecido do grande público, é considerado um dos pioneiros da luta contra o preconceito racial no Brasil e é responsável pela criação, entre outras coisas, do Teatro Experimental do Negro, em 1944, com fortes críticas ao racismo então predominante na sociedade. Não bastasse isso, ainda foi senador por duas vezes pelo PDT.

Vale a leitura, pela importância e pela mensagem de alguém que dedicou a vida a uma causa. Discordo veementemente do radicalismo dele, além de sua defesa intransigente da política de cotas para negros, mas a sua classe, a sua inteligência e a sua lucidez são um exemplo para qualquer pessoa que se importa com o Brasil e com a redução das desigualdades por aqui.

E também é um exemplo para os pseudointelectuais nacinais que vivem pendurados nas sinecuras do Estado e nada produzem.