domingo, maio 31, 2009

Lição para o futuro


O fim de um jornal melhor que os seus donos



por Thales Guaracy

A imprensa anda de luto pela Gazeta Mercantil, o jornal que estertorou nas mãos da CBM, Companhia Brasileira de Multimídia, de Nelson Tanure. Seu fim não se dá pela crise da imprensa, que vai abalando grandes jornais do mundo, a começar pelo New York Times, nos Estados Unidos, com a prevalência crescente da internet sobre a mídia impressa. É apenas um caso de má administração e incompreensão da natureza de um negócio. Com a Gazeta, vai se encerrando parte da história do jornalismo brasileiro, mas ela ainda nos dá uma lição, sua última contribuição para o futuro.


Comecei a trabalhar na Gazeta em 1986, recém-saído da faculdade, depois de rápido estágio na TV Bandeirantes. Instalada num edifício da rua Major Quedinho, a Gazeta era um jornal venerável, considerado leitura obrigatória no mundo profissional. Sua circulação era menor que a da Folha de S. Paulo e de O Estado de S. Paulo, porém seu público era mais qualificado.

Possuía também um braço na TV, o programa Crítica e Autocrítica, capitaneado pelo seu diretor editorial, Roberto Muller, que ia ao ar no domingo à noite. Era uma alternativa para o público que queria ver uma conversa mais séria, ainda que às vezes meio sonolenta, em lugar das mesas redondas de futebol.

Na redação do jornal, havia uma constelação de estrelas do jornalismo, a começar pelo seu diretor, Matias Molina, o secretário de redação, Alexandre Gambirasio, e um time de repórteres tratados como primas-donas: Celso Pinto, José Casado, Getúlio Bittencourt, entre outros - todos premiados e com vasta folha de serviços prestados ao jornalismo brasileiro.

A Gazeta era não apenas um grande jornal de negócios, como uma escola de jornalismo. Isso incluía princípios como a imparcialidade e a honestidade absolutas; a obsessão pela informação correta, segundo elemento essencial para a credibilidade; a busca incansável pela notícia exclusiva, que fazia a diferença.

A disputa aberta e estimulada entre os repórteres pelo espaço da primeira página era uma forma de garantir a perseguição permanente pela qualidade, num mercado em que ainda não havia concorrentes importantes. A Gazeta valorizava o jornalista, que assinava todas as suas reportagens e era tratado como patrimônio da casa, a própria essência do negócio.

Parecia uma fortaleza inexpugnável, e teria sido, não fossem os seus proprietários: a familia Levy, cujo patrono, o deputado federal Herbert Levy, deixara a administração do jornal ao filho Luiz Fernando para cuidar de suas atividades políticas. A gestão fez da Gazeta Mercantil o único órgão de imprensa em que trabalhei a atrasar salário. Porto seguro para a publicidade de bancos e outras empresas que tinham no jornal um veículo perfeito, o uso dos recursos fazia com que volta e meia a empresa entrasse em dificuldades.

Por sorte, naquela época, havia um grupo de empresários que, nos momentos mais difíceis, socorriam o jornal. Sabiam que ele era melhor que os seus donos. Agiam não por amizade, compromisso, ou mesmo medo, mas pelo entendimento de que o serviço prestado pela Gazeta era importante e insubstituível para a comunidade de negócios e o país.

Assim, o jornal prosseguiu não por causa de seus criadores, mas apesar deles; pertencia não a uma família, mas à sociedade. Sempre foi respeitado muito graças ao espírito de corpo dos jornalistas que nele trabalhavam, enquanto seus proprietários eram tratados com reserva.
Lembro de certa tarde em que eu, ainda um repórter principiante, fui fazer uma entrevista com o então diretor do Banco Central, Wadico Bucchi, em São Paulo. Encontrei Luiz Fernando Levy já na ante-sala, à espera de uma audiência. Levy continuou esperando, enquanto eu entrei na sua frente, atendido primeiro.

Para Bucchi, o repórter principiante merecia preferência em relação ao dono do próprio jornal onde trabalhava. Ele sabia que eu estava ali em busca de notícia, fazendo meu serviço para uma publicação de prestígio. Levy estava lá para pedir alguma coisa.

Quando o mercado se torna mais difícil, uma má gestão fica mais evidente e faz a diferença, sempre para pior. Surgiu o Valor Econômico, um concorrente que tomou da Gazeta boa parte de seu principal ativo: os jornalistas. A empresa mergulhou em dívidas e mesmo os seus mais antigos defensores desistiram de salvá-la. Acossado pelos credores, Levy entregou o título a Nelson Tanure, empresário do ramo de transportes, que resolveu investir em comunicação e cobriu-lhe dívidas.

Tanure não tem a mesma familiaridade com as qualidades que fizeram da Gazeta um grande veículo e poderiam recuperá-la. E anunciou que fecharia o jornal por conta da cobrança na Justiça de dívidas trabalhistas anteriores à sua gestão e que, segundo explicou no próprio jornal, não lhe dizem respeito.

Há hoje uma onda de empresários que arriscam tornar-se editores sem compreender a dependência desse negócio de sua matéria-prima essencial – gente. A Gazeta teve seus quadros reduzidos, os salários aviltados. A qualidade do jornal era até miraculosa, dadas as condições de trabalho.

O que assusta hoje na imprensa não é a mudança da mídia impressa para a digital. A verdadeira ameaça ao negócio é a entrada de gente com dinheiro e ousadia, mas sem conhecimento do riscado – sobretudo, da importância da separação entre Igreja e Estado. Para mercadores vindos de outras áreas, é difícil aceitar que não se barganha conteúdo jornalístico por dinheiro, e que a credibilidade, que exige o sacrifício do ganho fácil, é a fonte do sucesso duradouro nesse tipo de negócio.

A Gazeta virará agora uma embrulhada jurídica para que se saiba quem pagará as contas, se Levy ou se Tanure – um tipo de disputa à qual ambos, por sinal, estão habituados. Esse, porém, não é o verdadeiro fim da história. Jornal que sempre analisou em suas reportagens as causas do sucesso e do fracasso empresarial, a Gazeta fez de sua própria trajetória uma parábola do assunto que explorava.

Em sua agonia, a Gazeta deixa como ensinamento o que é capaz de levantar e também derrubar um negócio de comunicação, não importa qual seja sua plataforma – o papel, a TV ou o mundo virtual. E, nesses tempos tão cheios de dúvidas sobre o futuro do negócio da informação, reafirma a convicção de que, enquanto os bons princípios do jornalismo forem praticados, sempre haverá uma imprensa livre e economicamente forte para proteger a sua e a nossa liberdade.
Ozzy Osbourne processa Tony Iommi por direitos de uso do nome Black Sabbath


do site Whiplash


OZZY OSBOURNE está processando seu companheiro de Black Sabbath Tony Iommi, alegando que ele teria ilegalmente reivindicado ser o único proprietário da marca Black Sabbath junto ao U.S. Patent and Trademark Office (Escritório de patentes dos EUA).

Ozzy decidiu tomar esta atitude para ter 50% da marca "Black Sabbath", igualmente com uma porção dos lucros de Iommi com o nome.

A corte federal da Manhattan alega também que os "vocais característicos" de Osbourne são em grande parte responsáveis pelo "extraordinário sucesso" da banda, notando a queda livre de popularidade do grupo no período entre 1980 e 1996, na ausência de Ozzy.

Em uma declaração lançada na tarde do dia 29 de maio, Ozzy falou sobre sua decisão de processar Iommi: "É com grande pesar que tive que recorrer à essa ação legal contra meu companheiro de longa data Tony Iommi, mas depois de três anos tentando resolver esse problema amigavelmente não tive outra escolha".

"No meio da década de 90, depois de constantes e numerosas mudanças na formação do grupo, a marca Black Sabbath estava literalmente no fosso, e Iommi (fazendo turnês com o nome BLACK SABBATH) foi reduzido à tocar em clubes. Desde 1997, quando Geezer (Butler, baixo), Bill (Ward, bateria) e eu nos juntamos novamente à banda, o SABBATH retornou à sua antiga glória e nós tocamos em arenas e anfiteatros lotados para mais de 50 mil pessoas em show por todo o mundo. Trabalhamos coletivamente para restaurar a credibilidade e trazer dignidade novamente ao nome Black Sabbath, o que levou a banda a conquistar uma posição no Rock and Roll Hall of Fame do Reino Unido em 2005 e dos EUA em 2006".

"Ao longo dos últimos 12 anos, foram meus representantes que supervisionaram o marketing e o controle de qualidade da marca Black Sabbath durante a Ozzfest, turnês, merchandising e re-lançamentos de álbuns. O nome Black Sabbath hoje tem prestigio no mundo inteiro e um valor de mercado que não teria se continuasse na estrada antes da turnê de reunião em 1997".

"Tony, estou muito triste que isso tenha chegado neste ponto, de tomar esta ação contra você. Eu não tenho o direito de falar por Geezer e Bill, mas eu sinto que moralmente e eticamente a marca deveria pertencer a nós quatro de maneira igual. Eu espero que este primeiro passo termine de uma vez por todas com isto. Nós todos trabalhamos muito em nossas carreiras para deixar que você venda merchandise que apresenta a cara de todos nós, capas de álbuns antigos do Black Sabbath e logotipos da banda, e então você nos diz que os direitos autorais lhe pertencem".

"Estamos todos nós com mais de 60 anos agora, o legado do Black Sabbath irá viver depois que todos nós tivermos ido, por favor, faça a coisa certa".

Osbourne adicionou em um outro post em separado: "Estou muito triste que eu tenha que tomar ações legais contra Tony. Isto é algo que eu tentei desviar por anos. Não sou a voz de Geezer ou Bill, porém, até o dia que eu morrer não irei mudar de ideia sobre isto. A marca Black Sabbath deveria pertencer igualmente à Geezer, Bill, Tony e eu, pois a formação verdadeira do Black Sabbath é Tony, Geezer, Bill e eu. Somos todos companheiros desde a escola, eu sempre disse que havia uma linha invisível que nos mantinha juntos".

"Tony, vamos deixar este negócio ridículo de lado e continuar com nossas vidas. Você tem 61, eu tenho 60. Eu espero que ainda tenhamos uns bons 20 anos pela frente. Mas se não, Deus me livre que aconteça algo contigo, o que irá acontecer com a marca BLACK SABBATH? Quem irá olhar por ela? Você não acha que depois que nós formos deste mundo os direitos devam ficar com sua família, a minha, de Bill e Geezer?"

O processo de Ozzy se segue a outro arquivado por Iommi em dezembro de 2008 contra a Live Nation. Neste arquivo, Iommi alega que a gigante vendia merchandises com o logotipo da banda, mesmo após o contrato ter expirado em 2006, em algo que valia em torno de 80 milhões de dólares. Depois deste acordo ser concluído, Iommi requisitou os direitos da banda.