quinta-feira, outubro 08, 2009

A boa intenção sucumbiu à picaretagem


Um cidadão muito bem vestido e com uma namorada linda pretendia assistir a um filme em uma sala de cinema em Santo André. Sem corar de vergonha, apresentou uma carteira de estudante na hora de pagar. Queria a meia entrada. A carteira era de um curso de MBA, que costuma custar de R$ 15 mil a R$ 25 mil.

Cumprindo a sua função, a funcionária exigiu o comprovante de matrícula. Deu-se mal. O cidadão bem vestido transformou-se em um animal, humilhou a funcionária e disse ser promotor público.

Gritou, esbravejou e ameaçou prender todo mundo. Depois de muita gritaria e briga, o gerente cedeu e vendeu a meia entrada. Isso ocorreu em janeiro deste ano.

Ainda no primeiro semestre, uma espectadora ganhou na Justiça um processo contra uma empresa que promove shows por não conseguir comprar um ingresso pela metade do preço, mesmo sendo estudante e apresentando a carteirinha.

O artigo 2º da lei municipal nº 11.355/93 limita a 30% do total a carga destinada a estudantes em qualquer espetáculo.

Inconformada, a estudante comprou o ingresso inteiro, mas decidiu processar a empresa promotora pela limitação da carga de ingressos para estudantes, alegando a inconstitucionalidade da lei municipal. A garota ganhou em duas instâncias o direito de ser indenizada.

Os dois casos ilustram a dificuldade de aplicar e fiscalizar a lei da meia entrada. O espírito da lei é válido, mas foi corrompido. A medida foi elaborada com a melhor das intenções, como uma forma de facilitar o acesso à cultura aos estudantes carentes e estimulá-los a procurar os espetáculos e ir a museus, por exemplo.

Só que faltou cuidado na elaboração da lei, em todas as suas versões pelo país afora. Em nome de uma oportunista “igualdade”, o mesmo estudante carente que sempre esteve excluído do acesso à cultura é equiparado ao aluno abonado de colégios e faculdades particulares, que pagam mensalidades superiores a R$ 1 mil – e parte deles provavelmente gasta R$ 500 em qualquer balada por aí.

A lei tem de ser revista de forma urgente em todo país, com a consequente redução da emissão de carteiras e do estabelecimento de critérios muito mais rígidos sobre quem tem direito e quem não tem, levando-se em conta a situação financeira e a idade do estudante.

A lei penaliza o resto da população, já que os ingressos “normais” praticamente dobram de preço em alguns espetáculos para cobrir o rombo causado pela disseminação da meia entrada picareta – atitude que não pode ser condenada, infelizmente. Do jeito que é aplicada hoje, de forma equivocada, torna-se inaceitável.

domingo, outubro 04, 2009

O sonho da imunidade contra qualquer crítica


A tropa de choque que tenta defender Lula, o governo Lula e o petismo em geral por aí acha que está ajudando, mas só torna patética qualquer iniciativa nesse sentido. Criar um clima de arquibancada nas discussões analíticas sobre o legado do lulismo só serve de munição para os adversários, que andam em baixa neste segundo mandato.

Dividir o Brasil entre os contra e os favoráveis a Lula, como tenho visto ultimamente, é de uma pobreza de espírito e de uma indigência intelectual que chega a ofender.

Os supostos defensores do governo Lula são paranoicos, enxergam conspirações atrás de cada poste e não suportam ler ou ouvir críticas, sejam elas quais forem.

Alguém deve ter falado, de brincadeira, que Lula tinha ganho imunidade contra qualquer tipo de crítica, e tem gente que acreditou.

O mais estapafúrdio é que a pífia tropa de choque do governo Lula toma como ofensas pessoais ao presidente a enxurrada de críticas que a candidatura vitoriosa do Rio de Janeiro aos Jogos Olímpicos de 2016 vem recebendo. Críticas e reclamações que estão sendo feitas desde 2000, quando a cidade quis sediar a Olimpíada de 2004, 2008, 2012…

As bobagens da tropa de choque, na maioria das vezes, encobrem os bons argumentos de gente qualificada na imprensa e na blogosfera que apoia o governo federal. Eu sei que é difícil, inteligência não se acha na esquina, mas esse pessoal precisa, ao menos, se esforçar em pensar.

Decepções do fim de semana


Responsabilidade fiscal parece não ser um conceito muito difundido no Ministério da Fazenda. A troca de críticas entre o ministro Guido Mantega e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, só demonstra claramente que o primeiro não tem condições de permanecer no cargo. Na verdade, nunca deveria nem passar perto do ministério.

Meirelles, com toda a razão, alerta para o crescente aumento dos gastos públicos, fato que tem impacto direto na inflação. Mantega estrilou.

O relatório de inflação do Banco Central, publicado na quinta-feira da semana passada, chamava a atenção para o aumento de gastos de custeio, especialmente para aquelas despesas dificilmente redutíveis, de acordo com os jornais O Estado de S. Paulo e O Globo.

O texto menciona o problema da rigidez do orçamento. Isso contribuiu para alimentar discussão sobre o risco de pressões inflacionárias causadas pelo gasto público crescente.

Segundo relato do jornal Folha de S.Paulo, Henrique Meirelles, teria dito ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que pode ser necessário elevar os juros antes do início do ano que vem.

Quem diria que sentiríamos saudades de Antonio Palocci no Ministério da Fazenda.


Contra todos os prognósticos, o Rio de Janeiro sediará a Olimpíada de 2016. Algumas estimativas sugerem que os gastos para receber o evento ficarão entre US$ 9 bilhões e US$ 14 bilhões.

Como se o Brasil pudesse dispor desse dinheiro para organizar um evento dispensável, caro e que dá prejuízo. O retorno não vale o investimento, como aconteceu com Montreal (Canadá, 1976), Atlanta (EUA, 1996) e Atenas (Grécia, 2000). Não foi à toa que a rejeição da população de Chicago foi grande, fato antes impensável em relação a uma finalista.

Assim como a Copa do Mundo de 2014, a Olimpíada do Rio é apenas um factóide, mas um factóide trágico, pois será uma farra de gasto público e uma festa para os corruptos que atuam livremente no Brasil, sem ser incomodados.

O Rio de Janeiro é uma das cidades mais violentas do mundo e dominada pelo crime organizado. A ausência do Estado é tamanha que prefeitura e governo estadual só conseguem governar Copacabana.

A escolha do Rio como sede da Olimpíada é uma irresponsabilidade internacional, assim como a decisão de se candidatar foi uma irresponsabilidade. Só vai servir de instrumento eleitoreiro a partir de 2010.


É incrível como tem gente que ainda dá espaço para pseudo-intelectuais ressentidos, rancorosos e paranoicos que adoram enxergar conspirações midiáticas contra os “amigos”, especialmente se esses “amigos” estão no poder. Menos mal que atualmente há cada vez menos espaço para esse tipo de gente escrever besteira.
O conhecimento jogado no lixo - parte 2


O valor que damos ao conhecimento será a referência que teremos para saber que tipo de futuro teremos. E que tipo de sociedade teremos. Sábias palavras do professor Péricles Eugênio da Silva Ramos, brilhante intelectual que deu aulas por muitos anos na Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, de São Paulo.

O desprezo pela comunicação e pela informação qualificada terá impacto direto nas próximas gerações. E não é um fenômeno exclusivo do Brasil ou do Estado de São Paulo. O europeus já detectaram a gravidade do problema.

A preocupação ganhou as páginas do jornal espanhol El País, em um artigo do escritor Rafael Argullol – e que mereceu citação também na coluna de Clóvis Rossi, na Folha de S. Paulo, no dia 8 de setembro.

Argullol reclama que os professores universitários das melhores faculdades da Espanha estão se aposentando precocemente por conta do “desinteresse intelectual da grande maioria dos alunos e pela asfixia burocrática da vida universitária”.

Cenário parecido já pode ser observado na USP, em seu campus principal, em São Paulo. Não são poucos os professores que reclamam da progressiva falta de interesse dos alunos, nos objetivos pouco edificantes de quem apenas busca um certificado e mais nada.

Argullol foi mais além. Afirma que os professores se sentem ofendidos com o desinteresse e que os identificavam como o grupo social com menos interesse cultural na sociedade.

O que explicaria, de certa forma, que “não lessem a imprensa escrita, a menos que fosse de graça, e que não buscassem livros fora das bibliografias oficiais ou não frequentassem conferências que não rendessem créditos para a aprovação”.

A opção pela ignorância está ganhando espaço em nossa sociedade e isso parece não constranger ninguém. Está passando despercebido por nossos gestores e nossos administradores.

E não é necessário fazer um estudo aprofundado sobre o assunto. É só tentar assistir a uma aula em uma faculdade privada qualquer na Grande São Paulo ou tentar acompanhar uma entrevista de emprego em uma empresa ou agência de empregos. O nível rasteiro é assustador.

Desvalorizar o conhecimento e a informação é a melhor forma de abortar o futuro – qualquer futuro.
Comentários esparsos



Meia hora debaixo de um sol chato para ir do km 18 da via Anchieta, em São Bernardo, até o km 10, o início do trecho urbano paulistano da mesma estrada, às 14h de uma quinta-feira. Nas últimas duas semanas, essa situação foi constante a partir das 13h. Pela manhã, entre 7h e 11h, o mesmo trecho às vezes demora mais de 40 minutos para ser percorrido.

O tráfego indecente e insano ameaça transformar a via Anchieta e até a via Imigrantes em imensas avendias 23 de Maio, que liga o centro de São Paulo à zona sul: filas imensas e inertes de veículos em congestionamentos intermináveis - é bom lembrar que isso jpa acontece na via Dutra pela manhã, na chegada a São Paulo.

Essa é só mais uma face do indecente descaso com a infraestrutura nos governos do PMDB e PSDB desde 1982, ano em que André Montoro assumiu o Palácio dos Bandeirantes.

Se houve investimento em estradas como a Bandeirantes, Ayrton Senna, Carvalho Pinto e a sgunda pista da Imigrantes, houve omissão criminosa em relação à pífia extensão do metrô paulistano e à inexistência até hoje de um rodoanel rodoviário. Já passou da hora de o povo expulsar os tucanos encastelados no Palácio dos Bandeirantes.


O cancelamento do Enem por suspeita de fraude evidencia duas coisas. A primeira é que, por mais que haja sigilo sobre provas de concursos públicos diversos, por mais que sejam bem feitos e haja transparência, sempre há a possibilidade de vazamentos, justamente porque não se pode ter evitar que um vagabundo com acesso ao material roube e tente ganhar dinheiro com a “informação privilegiada”.

A segunda coisa que merece destaque é o estupendo trabalho de reportagem realizado pelos jornalistas do jornal O Estado de S. Paulo. Conseguiram uma informação exclusiva que provocou o cancelamento do maior aparato de avaliação já realizado no Brasil.

E tem gente bque ainda diz que o jornal impresso está acabado. Em diferentes estágios, a grande imprensa esbanja vitalidade, para desespero dos coitados que anseiam por um Estado autoritário, partido único e censura à imprensa.

É verdade que ainda ocorrem erros imperdoáveis - assim como nos Estados Unidos, na França, na Inglaterra. Mas os grandes jornais mostram que estão fortes, para o bem da nação. E mesmo que não estivessem, é preferível uma imprensa ruim a nenhuma imprensa ou uma imprensa amordaçada e tutelada por um Estado autoritário.


Outro dia li em um vidro traseiro de um veículo em Santo André: “Motoqueiro no chão, vitória da civilização”. Por mais engraçado que seja, e por mais espírito de porco que seja o autor, não dá para ao menos refletir sobre isso.

Os motoqueiros, principalmente os motoboys, fazem questão de desrespeitar todas as regras de trânsito e de hostilizar quem “obstrui o seu caminho”. O mesmo comportamento tem a molecada descerebrada que adora apostar corridas e “empinar” suas 125 cc em avenidas movimentadas.

Diante dos inúmeros absurdos diários cometidos pelos motociclistas, não consigo sentir pena daqueles que vejo caídos pelas ruas em consequência de acidentes.
A minha democracia é melhor do que a dos outros


A minha democracia é melhor que a dos outros, já dizia, de forma jocosa, um importante sindilicalista do ABC que alcançou fama nacional. Uso a mesma frase para qualificar a forma como está sendo discutida a trapalhada absurda em que a diplomacia brasileira se meteu - de forma involuntária ou não.

O que mais vemos são palpites, meros palpites, mesmo nos grandes jornais. Só dá palpiteiro em todos os lugares, especialmente aqueles que se julgam radicais de esquerda, mas que não passam de revoltadinhos de boteco e de centro acadêmico.

Se o presidente é supostamente de “esquerda” e é tirado do poder, mesmo que tenha violado a lei e a constituição, então é vítima de golpe.

Se o presidente supostamente é de direita e cai, não se fez mais do que Justiça, com a “vitória das forças democráticas e populares” restabelecendo a ordem. Curioso - e ridículo - esse tipo de comportamento.

Manoel Zelaya, o presidente deposto, foi ou não vítima de um golpe? Quem o apeou do poder é ou não golpista, mesmo que a Constituição hondurenha permita que a Suprema Corte (o STF de lá) intervenha quando o presidente da República subverte a ordem e atropela as regras democráticas?

Isso tudo não tem a menor importância para nós, brasileiros. Honduras é um país insignificante internacionalmente, uma republiqueta de banana, como está demonstrado. E o caso está tendo a devida repercussão na imprensa brasileira: crítica, mas beirando a galhofa.

Levar a sério o que ocorre em Honduras é só reforçar o terdceiromundismo de uma diplomacia perdida e incompetente, que leva rasteiras seguidas de Morales e Correias da vida.

Todo golpe de Estado tem de ser condenado e execrado, onde quer que aconteça. O mesmo precisa ser aplicado quando a democracia corre perigo e as leis são atropeladas.

Parece ser o caso de Zelaya, como foi comChávez, Morales, Ortega e Correia, loucos para se eternizarem no poder usando as “regras” da democracia para isso. Assim como no futebol, não existem mais bobos no mundo. Uma hora alguém reage.
O conhecimento jogado no lixo - parte 1


Qual é o valor do conhecimento? A pergunta anda frequentando os horários comerciais de televisão em campanha publicitária do jornal O Estado de S. Paulo. É uma questão pertinente, que está no centro da discussão sobre a sobrevivência dos veículos de comunicação impressa e o futuro das mídias eletrônicas.

A pergunta serviu de pretexto para pelo menos dois professores de duas faculdades e cursos distintos tentarem exercitar em seus alunos a curiosidade pela informação e pelo conhecimento em si. Uma das faculdades, de direito, fica em São Paulo. A outra, de jornalismo, no ABCD. As duas instituições são privadas.

Como aulas, as experiências foram ótimas, os debates foram intensos e pelo menos forçou os alunos a pesquisar um pouco antes de partir para a discussão em si. Os resultados, entretanto, foram desapontadores e preocupantes: predominaram os palpites estapafúrdios, a completa confusão de conceitos e a total falta de informação.

Esse comportamento está disseminado pela maioria das instituições de ensino superior paulistas, e tudo leva a crer que o mesmo quadro se repete no ensino médio. A desvalorização do conhecimento e da informação cresce na proporção inversa da proliferação indiscriminada de faculdades pelo país.

A chamada universalização do ensino superior, que começou no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso – e que privilegia a quantidade em detrimento da qualidade – foi reforçada no governo Lula.

A frouxa fiscalização do Ministério da Educação estimulou a criação de cursos de fundo de quintal e produziu uma situação bizarra: a explosão de cursos superiores esbarrou nos próprios critérios de aprovação do ministério.

O resultado é que milhares desses cursos desqualificados acabam não sendo reconhecidos, que leva outros milhares de estudantes a terem um diploma que vale menos do que nada. São consumidores lesados que devem processar não só a faculdade de fundo de quintal, mas também o governo federal, que permitiu o surgimento de tais arapucas.

A proliferação indiscriminada dessas instituições levam a crer que basta ter um diploma para “melhorar de vida”. O resultado é explosivo: milhões de recém-formados analfabetos, sem a menor condição de atuar em qualquer mercado de trabalho.
O Estado continua avançado em nossa vida e no nosso bolso


Não é de hoje que o Estado, nas três esferas, aumenta o intervencionismo na vida privada dos brasileiros. Os exemplos ocorrem aos montes. Primeiro foi a autoritária, desastrosa e inconstitucional lei paulistana que baniu cartazes, letreiros e outdoors, em um flagrante absurdo. Depois veio o governo do Estado de São Paulo determinando onde e quando as pessoas podem fumar, se é que podem fumar.

Na esfera federal, o governo estende seus tentáculos agora no pré-sal, com o argumento discutível de que se trata de reserva estratégica. Aproveita o mesmo argumento e aparelha a Petrobrás com apaniguados incompetentes, fruto de indicações políticas, que em breve, certamente, comprometerão o bom desempenho empresiarial e industrial da multinacional.

Por fim, o mesmo governo federal, por meio de ministros mal intencionados e deputados federais loucos para agradar o Palácio do Planalto, começam a invetar projetos para aumentar a já intolerável carga tributária que pesa nos ombros do brasileiro. Uma carga tributária de níveis escandinavos para uma pretsação de serviços digna de países paupérrimos como Ruanda e Haiti.

O Estado é a raiz da organização da sociedade moderna, não só em termos de gerenciamento de máquina pública, mas como indutor (e não condutor) do desenvolvimento econômico e social.

Mas o que vimos desde sempre no Brasil, começando com Getúlio Vargas, passando por Juscelino Kubitschek, pelos nefastos governos militares, por Sarney, Collor e FHC, é um Estado voraz, pesado e vampiresco, louco para interferir cada vez mais na vida privada, na sociedade privada, no mundo privado.

Com juros altíssimos e carga tributária proibitiva para novos e velhos investimentos, ainda há quem defenda mais impostos. Qual a finalidade? Aparelhar ainda mais a máquina pública, nos três níveis?

Governo não gera riqueza e frequentemente gerencia pessimamente os recursos - o caso do Brasil é emblemático neste tópico, seja em governos do PT, PSDB, MDB, Arena ou militar.

Comendo 40% de toda a riqueza produzida pelos brasileiros, o Estado brasileiro mantém o Legislativo inchado, a saúde cada vez pior, a educação permanece mais e mais sucateada e a infraestrutura esfarela a olhos vistos - é só passear pelas “estradas” mineiras, baianasm goianas, pernambucanas, matogrossenses…

Para que então mais impostos, se o Estado, em suas várias encarnações políticas, joga dinheiro fora ou joga no colo da corrupção. Menos Estado, menos imposto, e já.
Trapalhada hondurenha humilha o Brasil


De forma involuntária, e sem que o governo Lula tivesse o controle da situação, o ex-presidente de Honduras Manoel Zelaya ajudou a colocar mais terra na sepultura da equivocada política externa terceiromundista brasileira.

E não se trata apenas de uma simples discussão de arquibancada, de quem é conmtra ou a favor. É tãosomente a constatação de que a política externa brasileira é nula, pífia, insignificante, que é incapaz de se precaver das ações de um lunático como Zelaya.

E que tem a capacidade suprema de se tornar refém de pseudo-ditadores de republiquetas de banana, como Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador) - sem falar nas inúmeras concessões à Argentina do casal populista Kirchner sem ao menos dicutir o mérito das questões.

Por tudo isso, fica cada vez mais patética as tentativas frutradas (ignoradas pelo mundo) de tornar o Brasil um “líder político” mundial, como reivindicar uma cadeira permanente no conselho de segurança da ONU.

As bobagens e trapalhadas em relação aos problemas dos vizinhos só reforçam a tese de que a política externa do Brasil está esquivocada ao privilegiar nações terceiromundistas insignificantes.

Se quer mesmo ter algum tipo de influência e liderança, o Brasil precisa se voltar para o mundo desenvolvido, incrementar cada vez mais sua economia, que é forte, e mostrar que tem como peitar as nações ricas em discussões relevantes, como as questões de subsídios agrícolas no mundo e a questão ambiental.

Entretanto, o fato de Zelaya ser lunático e de ter exposto a política externa brasileira mais uma vez ao rid[iculo, uma coisa precisa ser ficar muito clara: sua deposição do governo hondurenho foi abjeta, absurda e inaceitável.

Provocado pelor Antonio Sena, essa questão é fundamental para qualquer debate a respeito da democracia no continente. A democracia é a melhor das formas de governo, entre outras coisas, porque permite contradições.

Permite que projetos políticos consigam, por meio do voto, chegar ao poder e acabar com a própria democracia.

O caso de Honduras é complexo e remete ao que ocorreu na Venezuela, na Bolívia, que pode ocorrer no Equador e também na Colômbia: caudilhos tentam se eternizar no poder.

Em Honduras a situação é indecente porque houve golpe de Estado e golpe contra a democracia. Por mais que o jeitão político de Zelaya seja desprezível, apoiar golpe de qualquer tipo é execrável. Democracia acima de tudo.

Por outro lado, é mais do que preocupante essa tendência de eternização no poder. O que ocorre na América Latina é a implantação de ditaduras plebiscitárias e personalistas usando a democracia como instrumento. Chávez, Morales e Correa se enquadram nessa tendência. Essa tendência precisa ser contida.

Por exemplo, o governo Chávez está levando a Venezuela ao buraco, mas assim mesmo, mesmo que ele tenha provocado algumas rupturas institucionais, apoiar um golpe contra ele é algo inaceitável.

Os próprios venezuelanos precisam entender os riscos sérios de destruição do país. Se for o caso, que Chávez seja apeado do poder pelo voto, e não por com a ajuda de interferências externas - o que não significa que as provocações dele e de seus fantoches da Bolívia e do Equador não tenham de ser respondidas à altura, coisa que infelizmente o Itamaraty se recusa a fazer.