quinta-feira, setembro 08, 2011

Versões nacionais de lançamentos internacionais



Um grande presente para quem gosta de rock. O selo paulistano CD&DVD Factory adquiriu os direitos para lançar, em edições nacionais, CDs e DVDs recém-lançados ou que estão prestes a ser lançados na Europa e nos Estados Unidos. É hard rock e classic rock de altíssima qualidade.

A joia do pacote é “Live at Donington 1990”, do Whitesnake, a grande apresentação ao vivo da banda no festival Monsters of Rock daquele ano tendo Steve Vai e Adrian Vandenberg nas guitarras.

Um dos shows piratas mais procurados por fãs desde a época de seu lançamento, essa apresentação é histórica porque é a coroação de um momento de extremo sucesso da banda, que então divulgava o álbum “Slip of the Tongue”, do ano anterior.

É histórica também porque marcou o primeiro fim do Whitesnake meses depois, quando David Coverdale, o vocalista e dono do empreendimento, decidiu partir para uma parceria com Jimmy Page, ex-guitarrista do Led Zeppelin, no projeto Coverdale-Page, que durou apenas um álbum.

Para o lançamento, provavelmente em agosto, haverá uma edição especial, uma caixa com o CD duplo e o DVD, mas será apenas na primeira tiragem. Em seguida os produtos serão vendidos separadamente.

“Somos um selo independente e estamos apostando na qualidade musical de nossas aquisições, e é nossa meta continuarmos a trazer para o país trabalhos deste nível. É de extrema importância para o sucesso deste empreendimento e também para que uma empresa genuinamente nacional possa despontar e afirmar-se no cenário musical, que já existe um predomínio das grandes majors”, diz Márcio Silveira Reginnette, um dos diretores da CD&DVD Factory.

A segunda joia do pacote é “Fly From Here”, do Yes, gigante do rock progressivo britânico que lança um novo trabalho com músicas inéditas após dez anos – o último foi “Magnification”.

É um trabalho de boa qualidade, mas que vai causar polêmica, já que o vocalista Jon Anderson, um dos fundadores, já não está na banda desde 2008, quando adoeceu e foi substituído sem muita cerimônia pelo cantor canadense Benoit David, que integrava uma banda cover do próprio Yes.

Outra novidade na formação é a presença de Oliver Wakeman nos teclados. Ele é um dos filhos de Rick Wakeman, que fez parte do Yes em sua formação clássica, nos álbuns “Fragile” (1971) e “Close to the Edge” (1972).

Rick participou de várias turnês e álbuns desde 1991, quando o álbum “Union” reuniu oito dos integrantes que passaram pela banda. Entretanto, por questões de remuneração e de solidariedade a Anderson, não quis participar da reunião da banda para comemorar os 40 anos de fundação, em 2008. Surpreendentemente, seu filho mais velho, Oliver, foi convidado e aceitou substituir o pai.

“Mirror Ball – Live & More” é o mais novo álbum do Def Leppard, outro gigante do hard rock inglês. Duplo, traz gravações ao vivo das duas últimas turnês mundiais que a banda realizou. A edição brasileira será caprichada, com encarte muito bem feito. Também foram incluídas três músicas inéditas de estúdio, gravadas recentemente: A banda também acrescentou três novas faixas de estúdio: “Invicto”, “It’s About Believin” e “Kings of the World”.

A última pérola do pacotão da CD&DVD Factory é o mais recente trabalho de estúdio da banda norte-americana Journey, “Eclipse”, recém-lançado na Europa e nos Estados Unidos. A versão nacional também terá uma edição caprichada.

“Eu estou apaixonado por este disco”, diz o membro fundador e guitarrista Neal Schon. “É um disco de rock e sons incríveis, um grande disco que traz toda a energia do palco para dentro do estúdio”, disse o músico no material promocional distribuído pela excelente gravadora italiana Frontiers Records.

A banda, entretanto, não conta mais com Steve Perry, o vocalista que mais teve sucesso com o grupo e que cantou no Journey até meados dos anos 80. Recentemente, o vocalista Jeff Scott Soto (ex-Yngwie Malmsteen e Talisman, entre outros), foi substituído pelo filipino Arnel Piñeda.

Todos os lançamentos estão programados para chegar às lojas em agosto.

segunda-feira, setembro 05, 2011

Bootleg x pirataria: a diferença nem é tão grande assim



Bootleg não é pirataria. É comum vermos essa frase ser usada em diversos fóruns na internet e até mesmo em congressos de fãs de determinada banda como justificativa para a disseminação de conteúdo artístico e/ou intelectual sem a devida autorização do autor ou detentor dos direitos.

Os melhores argmentos de quem defende o bootleg são fracos: “não trazem prejupizo a ninguém” e “ajuda a divulgar o nome do artista, seja em qual ambiente for”. Pura balela.

A divulgação de material não autorizado, em última instância, lesa o artista na medida em que. obviamente, ele não recebe nada pela divulgação/disseminação; e também causa lesão ao permitir que material de qualidade inferior, descartado seja lá qual for o motivo, chegue ao ouvinte, causando “má impressão”.

Bootleg é sim pirataria, mas desde os anos 90 deixou de ser uma preocupação para os artistas. Geralmente esse tipo de material só interessa a fanáticos ou colecionadores, daqueles que querem ter tudo de um artista, mesm que seja uma conversa de camarim ou som do artista vomitando.

Nos anos 70 e 80, o 'Black Album' foi considerado o LP (e depois CD) pirata mais caçado do mundo. Traz sobras de estúdio, ensaios e takes alternativos das gravações de 'The White Album', o LP duplo lançado em 1968. Entre outras coisas, traz versões 'bêbadas' para 'The House of the Rising Sun', dos Animals, e 'A Quick One', do Who. A lenda diz que só foram confeccionados 1,5 mil cópias em vinil.

O grande problema para o mercado cultural, para artistas e para as gravadoras, é a pura e simples clonagem de um CD/DVD/livro, sempre em qualidade inferior. Isso sim lesa o produtor de cultura.

Os bootlegs chegaram a preocupar as gravadoras no período entre 1985 e 1995, quando o CD ficou popular. Muitos bootlegs – a esmagadora maioria gravações de shows nunca lançados, sobras de estúdio, gravações alternativas de músicas de sucesso ou tediosos ensaios – foram produzidos em escala quase industrial em países como Itália e União Soviética (depois Rússia).

Nos dois países, a legislação a respeito de direitos autorais continha brechas que acabavam por estimular a criação e comercialização de tais produtos. Ficaram famosos no Brasil e na Argentina os “italianos” com um cachorro como “selo musical” contendo shows de artistas dos mais variados. As quantidades de cada um dos produtos eram sempre pequenas, nunca ultrapassando mil cópias.

Esse ficou bem popular em CD nos anos 90, e foi um dos mais procurados nas duas décadas anteriores. A capa, em prensagem de CD italiano, identifica o que seriam as gravações completas da sessão dos Beatles ao vivo feitas no telhado da gravadora Apple, em 30 de janeiro de 1969. É considerada a última e verdadeira apresentação ao vivo da banda. Surgiu no mercado em versões simples e dupla em CD.

Esse material geralmente era vendido às gravadoras piratas italianas, russas e até japonesas geralmente por intgrantes de fã-clubes ou até mesmo de equipes que faziam som nos shows, gravando muitas vezes o áudio direto da mesa.

A pirataria bootleg do tipo italiana perdeu força na segunda metade da década de 90 com o apert na legislação e fiscalização na Itália e na Rússia. A internet virou o paraíso para esse tipo de conteúdo, disseminado de graça, mas chamando a atenção somente dos fanáticos.


Contracapa de um dos CDs da série 'Unsurparred Masters', a mais famosa série de álbuns pitaras dos Rolling Stones, ao lado da série 'Ultra Rare Trax' (que também lançou gravações alternativas e não autorizadas de Beatles, Deep Purple e Led Zeppelin, entre outros).

Os artistas detestam, pois consideram que todo bootleg não passa de material ruim, sem qualidade necessária para se tornar um produto oficial. As gravadoras idem, porque bootleg em tese canibaliza um eventual lançamento de CD ao vivo.

Alguns artistas tentam tirar vantagem do fanatismo e aderem, até certo ponto, à estratégia: The Who e Pearl Jam, por exemplo, chegaram a colocar à venda mais de 130 shows, em CD e en DVD, diretamente em seus sites oficiais. Tiveram vendas satisfatórias, mas insuficientes para justificarem tal investimento. Fizeram u=isso por apenas uma turnê e depois abandonaram a ideia.

A prática mais comum no combate aos bootlegs, mas que não passa de oportunismo barato e imoral, é a reedição de CDs ou de discografias inteiras em CD com a inclusão de “bônus” – grava~ções ao vivo ou músicas gravadas mas nunca lançadas oficialmente. Quem tem todos os discos de uma banda e é fanático acaba por comprar novamente os álbuns com as “novidades”.

'Cabala' é considerado o melhor e mais cobiçado do Led Zeppelin. Traz músicas inéditas descartadas, ensaios, takes alternativos de sucessos da banda e colagens sonoras. Na versão mais conhecida, surgida no meio dos anos 80, é vendida em uma caixa com oito CDs.

Seja como for, o bootleg é pirataria sim, msmo que seja considerada por muitos do “bem”, já que normalmente não causa lesão financeira ou artística ao artista e muito menos às gravadoras.

O mercado tem é de combater a pirataria verdadeira, que é a clonagemgrosseira e barata de originais, essa sim lesiva em todos os sentidos. Em tempos de todo tipo de download na internet, os bootlegs são os menores problemas para artistas, produtores e empresários do meio.


Outra raridade nos anos 70 e 80, 'Tommy Demos' traz as primeiras gravações das composições que viriam integrar o álbum duplo 'Tommy', de 1969. A maioria das músicas tem apenas Pete Townshend tocando todos os instrumentos, em gravações realizadas em seu estúdio caseiro entre novembro de 1968 e fevereiro de 1969. Muitas das faixas ainda nem traziam as letras definitivas.

Um dos mais famosos bootlegs do Iron Maiden, 'Secret Gig', como é popularmente conhecido, traz um show de uma banda de amigos liderada por Adrian Smith e Nicko McBrain. Em 19 de dezembro de 1985, com Smith nos vocais na maior parte do tempo, a banda executou diversos clássicos do rock, como 'Tush', do ZZ Top. Bruce Dickinson, Dave Murray e Steve Harris subiram ao palco somente ao final do show, no bis. O grande destaque é a música 'Reach Out', um dueto entre Smith e Dickinson, que acabou sendo lançada como lado B pelo Iron pouco tempo depois, com Adrian Smith cantando.