sexta-feira, novembro 23, 2001

Hastings - Por uma Segunda Chance - Capítulo 1





Consegui correr para a floresta quando a avalanche de normandos destruiu o nosso fanco esquerdo. A minha preocupação era com a brigada que tentava proteger o rei Haroldo, mas ela havia desaparecido. Em meio a toda a gritaria, pude escutar Mordred gritar paa que eu caísse para a esquerda, por trás do pequeno cume que se elevava bem no meio do campo de batalha. Lutando contra dois adversários e ferido no ombro esquerdo, Mordred procurava deter a penetração dos lanceiros.
A mim restava apenas seguir a ordem dele para tentar reorganizar as nossas defesas, mas foi impossível. Nem me dei conta de que havia matado três normandos quando tentava alcançar o meio do campo, à procura do rei.
Agora eu fazia parte do bando de soldados em frangalhos que tentava se refugiar no bosque de Dartmoor. Muitos de nós foram perseguidos como cães e assassinados sem piedade pelos mercenários sanguinários de William.
Ao longe, podia ouvir o clamor da corneta de Gandalf insistindo no avanço contra a bem postada infantaria dos normandos. POuco tempo depois veio o esperado toque de retirada. Na verdade, fuga, pois não havia mais o que fazer, não havia mais o que esperar daquele bando desorganizados de soldados derrotados naquele morticínio em que se transformou a planície de Hastings.
Meu coração estava dlacerado pela culpa. Mal consegui contornar o cume e os adversários caíram como águias sobre mim. Fui empurrado para perto do pântano acossado por uma coluna de normandos. Um a um meus companheiros de brigada caíam mortos, ora atingidos pelas flechas certeiras dos arqueiros, ora com as gargantas cortadas pelas pesadas espadas.
Cristand salvou minha vida ao saltar por cima de uma vegetação e empurrar dois inimigos prestes a cravar suas espadas em minhas costas, enquanto eu tentava golpear dois cavaleiros com meu machado. Mal tive tempo de me virar para ajudá-lo e ele estava caído, com um sabre enfiado no estômago, mas segurando firmemente a cabeça de um dos agressores. Um leve sorriso permanecia em seu rosto sem vida. O outro que atentava contra mim jazia com a cabeça enterrada em uma poça de água barrenta do pântano. O corpulento merciano Cristand salvara minha vida e nem ao menos pude olhá-lo nos olhos para agradecer.
Com a mesma rapidez que me virei para socorrer Cristand desviei-me de uma bola de aço lançada contra mim por dos cavaleiros, mas fui atingido por uma flecha no braço direito. Orin e Surgrath conseguiram bons resultados ao derrubar cavaleiros na entrada do bosque, mas foram abatidos logo em seguida por flechas. Toda a nossa linha de defesa fora quebrada e colunas de cavaleiros e lanceiros estavam prestes a nos cercar. Era o fim. Só me restava agora ir para a floresta.
E ali eu estava agora, atrás de uma pedra, escutando ao longe a selvageria da batalha que chegava ao fim. Exausto, Mondragon caiu ao meu lado, ao deslizar ferido por uma ribanceira. Já não tinha uma parte do rosto, arrancada por uma machadada.
- Acabou, meu amigo, acabou. Haroldo está morto.
- Como assim? Onde ele tombou?
- Na charneca perto da trilha de Ingram. Os lanceiros que o protegiam foram esmagados por uma das colunas que rompeu nossa linha à direita. Não tiveram chance.
Deixe-o recostado a uma relva e consegui atingir uma das árvores do lado norte da floresta. Mesmo ferido no braço, consegui subir e tentar vislumbrar algo do campo de batalha, a esta altura muito longe, lá embaixo na planície. O movimento estava cessando. Na parte alta da charneca, vi o que parecia ser simplesmente um massacre, com uma série de execuções sumárias.
Por mais que eu resistisse, não pude conter algumas poucas lágrimas. Nosso reino estava destruído por usurpadores. Anos de luta para consolidar a unificaão dos reinos de Mércia, Wessex e Northumbria destruídos por um exército de mercenários.
Quando voltei para ajudar Mondragon, algum tempo depois, apenas encontrei seu corpo sem a cabeça. Minha espada e meu machado haviam sumido. Eu só tinha agora uma saída: alcançar a aldeia de Warthingam antes dos normandos.
"Rock Star" é uma decepção


Decepcionante o filme "Rock Star", em cartaz em vários cinemas do país. O filme tem a pretensão de contar a história de um fã de uma banda que canta em um grupo cover, imitando em tudo seus ídolos. Com a saída do vocalista do famoso grupo, uma fita com uma apresentação do fã em um pardieiro chega às mãos dos empresários e o fã é convidado para fazer um teste, sendo imediatamente aceito.
A história é inspirada na vida de Tim Owens, que era vocalista de uma obscura banda norte-americana chamada Winter's Bane, que tinha material próprio mas fazia shows cover do Judas Priest. Na procura por um novo vocalista, os músicos do Priest receberam uma fita de vídeo com um show do Winter's Bane e resolveram convidar Owens para uma série de testes e ensaios em 1995. Acabou sendo contratado e oficializado como vocalista em 1996.
Esse bom argumento foi desperdiçado pelo roteiro, que é muito ruim. O filme investe mais nos clichês do heavy metal do que na música em si (a trilha sonora é muito boa por sinal, tanto as músicas compostas especialmente para banda fictícia do filme como a trilha original, a cargo do ex-Yes Trevor Rabin).
Fica claro que o roteirista nada entende de música e desconhece totalmente o mundo do heavy metal, fazendo com que a história não decole, tornando tudo muito artificial, tornando patéticas as cenas dos chamados "exageros" dos artistas com álcool, drogas e sexo que acompanhavam a fama das bandas de rock pesado dos anos 80. Ou seja, exageraram nas cenas dos "excessos".
Mark Wahlberg, o protagonista, até que convence como o fã-vocalista, já que ele foi músico (era o rapper Marky Mark), mas é só. Músicos importantes como Jeff Pilson (Dio, Dokken), Zakk Wylde (Ozzy Osbourne) e Jason Bonham, que interprertaram a banda Steel Dragon, aquela idolatrada pelo fã, funcionam bem nas cenas de palco (shows), é óbvio, mas naufragam nas demais.
Enfim, um dos poucos filmes que tentam retratar o mundo do heavy metal cai na vala comum dos clichês e da desinformação pura e simples. Tudo isso sem contar a direção igualmente ruim.
Para quem gosta de rock, há outras opções nas locadoras de vídeo. Há "Na Estrada do Rock" (1999), que conta a história da desconhecida banda Sweetwater, que chegou a tocar em Woodstock, que mistura ficção e documentário. "Almost Famous" (Quase Famosos, 2000), sucesso nas telas deste ano, chega em breve às locadoras e conta a história de um garoto de 16 anos que é contratado surpreendentemente para acompanhar a turnê de uma banda de rock iniciante que começa a fazer sucesso e escrever uma grande reportagem para a revista Rolling Stone durante os anos 70.
Essa história é fielmente baseada na história do próprio diretor do filme, Cameron Crowe, que tinha 16 anos quando, a pedido da Rolling Stone, viajou dois meses com o Led Zeppelin pelos Estados Unidos em 1973. O filme é bom porque retrata com mais verossimilhança e fidelidade o mundo do rock dos anos 70, mostrando de forma crível as loucuras movidas as drogas, sexo e álcool das turnês dos superstars (e não exagerando o que já era exagero por natureza). A direção é firme e consistente (o diretor sabia do que estava falando) e os personagens foram bem construídos.
Mas o melhor filme mesmo é "Still Crazy" (Ainda Muito Loucos, 1998), um misto de comédia e drama inglês que conta a história de um antológico grupo de hard rock dos anos 70 que decide voltar à ativa em 1997 após 20 anos de separação. A grande sacada do filme é a sua verossimilhança com o cenário de duas décadas a´trás e com a onda de retornos de bandas antigas nos anos 90. Não há exageros e o roteiro é inteligente e bem feito.
Dark Avenger volta com tudo




Uma das boas surpresas deste ano no heavy metal brasileiro é "Tales of Avalon - The Terror", da banda brasiliense Dark Avenger. Um trabalho surpreendente pela produção (excelente para os padrões brasileiros) e pelo conceito do álbum, totalmente baseado nas histórias da Távola Redonda e do rei Arthur. Os arranjos das músicas também chamam a atenção pela riqueza de detalhes. Com a formação totalmente modificada, a banda mostra vigor e maturidade, sempre sob o comando do autoritário e genioso voclaista Mário Linhares, agora tendo como fiel companheiro de composições o guitarrista e produtor Leonel Valdez.

quarta-feira, novembro 21, 2001

O CD beneficente para Nova York



Já tem data para chegar às lojas o CD duplo "Concert For a New York", que traz o show comandado por Paul McCartney em 20 de outubro com um elenco multiestrelado. O CD estará nas prateleiras em 4 de dezembro. Aí vai a lista de músicas:
CD 1:
1 - America - David Bowie.
2 - Heroes - David Bowie.
3 - Livin' On A Prayer - Bon Jovi.
4 - Wanted Dead Or Alive - Bon Jovi.
5 - It's My Life - Bon Jovi.
6 - Izzo (H.O.V.A.) - Jay Z.
7 - Iris - Goo Goo Dolls.
8 - Miami 2017 - Billy Joel.
9 - New York State Of Mind - Billy Joel.
10 - Emotion - Destiny's Child.
11 - Gospel Medley - Destiny's Child.
12 - I'm Your Hoochie Coochie Man - Eric Clapton.
13 - Operaman - Adam Sandler.
14 - Quit Playing Games With My Heart - Backstreet Boys.
15 - Come To My Window - Melissa Etheridge.
16 - Born To Run - Melissa Etheridge.

CD 2:

1 - Who Are You - Who.
2 - Baba O'Riley - Who.
3 - Won't Get Fooled Again - Who.
4 - Salt Of The Earth - Mick Jagger e Keith Richards.
5 - Miss You - Mick Jagger e Keith Richards.
6 - With A Little Help From My Friends - Macy Gray.
7 - Fire And Rain - James Taylor.
8 - Up On The Roof - James Taylor.
9 - Peaceful World - John Mellencamp e Kid Rock
10 - Pink Houses - John Mellencamp.
11 - Superman (It's Not Easy) - Five For Fighting.
12 - Mona Lisas And Mad Hatters - Elton John.
13 - I'm Down - Paul McCartney.
14 - Yesterday - Paul McCartney.
15 - Let It Be - Paul McCartney.
16 - Freedom - Paul McCartney.



Mais dois CDs ao vivo de Pete Townshend



O mito Pete Townshend, guitarrista e figura máxima do Who, iniciará no dia 23 de novembro através de seu site oficial a venda de dois CDs ao vivo, registrados em duas apresentações predominantemente acústicas ocorridas no La Jolla Playhouse de San Diego nos dias 22 e 23 de junho passados, e que conterão as seguintes músicas:

22/06/2001: (aprox.89 minutos)

CD 1: Pinball Wizard/ Let My Love Open The Door/ Heart To Hang Onto Cut My Hair/ Slit Skirts/ Drowned/ Greyhound Girl/ Tattoo/ The Sea e Refuses No River.

CD 2: St James Infirmary/ Eminence Front/ Won’t Get Fooled Again/ Behind Blue Eyes e Won’t Get Fooled Again (versão 'elétrica')

23/06/2001: (aprox.98 minutos)

CD1: Pinball Wizard/ Let My Love Open The Door/ Heart To Hang Onto Cut My Hair/ Slit Skirts/ Drowned/ Greyhound Girl/ Tattoo/ Collings e Eminence Front.

CD2: Sheraton Gibson/ Won’t Get Fooled Again/ I’m One/ Behind Blue Eyes/ Driftin’ Blues/ Eyesight To The Blind e Won’t Get Fooled Again (versão 'elétrica').

Com isso, o velho guitarrista de 56 anos incrementa o esquema que implantou há dois anos de venda de material exclusivo apenas por seu site. Além dos dois trabalhos ao vivo acima mencionados, o site já tem disponíveis outros três CDs duplos com shows gravados entre 1996 e 2000.
São os seguintes trabalhos ainda disponíveis no site:

Live at Fillmore East, 1996 (semi-acústico), coma s seguintes músicas: Let My Love Open The Door, English Boy, Drowned, The Shout, I Put A Spell On You, Cut My Hair, Sheraton Gibson, I'm One, Heart To Hang Onto, O'Parvardigar, A Legal Matter, A Friend Is A Friend, I Am An Animal, All Shall Be Well, Slit Skirts, Eyesight To The Blind, Driftin' Blues, Now And Then, Rough Boys, I'm A Boy, Magic Bus.

Live on the Shepherd's Bush, London, 1998: On The Road Again, A Little Is Enough, Pinball Wizard, Drowned, Anyway Anyhow Anywhere, You Better You Bet, Behind Blue Eyes, Baby Don't You Do It, English Boy, Three Steps To Heaven, Mary Anne With The Shaky Hand, Sheraton Gibson, Substitute, I Am An Animal, North Country Girl, (She's A) Sensation, A Friend Is A Friend, Now And Then, Let My Love Open The Door, Who Are You, The Kids Are Alright, Acid Queen, Won't Get Fooled Again, Magic Bus, I'm One.

Live at the Sadler's Wells, London, 2000 (The Lifehouse Show): One Note, Purcell, Teenage Wasteland, Time Is Passing, Love Ain't For Keeping, Goin' Mobile, Greyhound Girl, Tragedy, Mary, I Don't Even Know Myself, Bargain, Gettin' In Tune, Pure And Easy, Baba O'Riley (orchestral), Baba O'Riley, Hinterland Rag, Behind Blue Eyes, Let's See Action, Sister Disco, Relay, Who Are You, Join Together, Won't Get Fooled Again, Tragedy Explained, The Song Is Over, Can You Help The One You Really Love?

Todo esse material está disponível ao preço de 15 libras cada CD duplo (cerca de R$ 40,00). Lamentavelmente, essa prática só reforça o comodismo de Townshend, reconhecidamente um dos maiores compositores pop de todos os tempos. Ele agora se contenta em gravar shows solo ou caça-níqueis do Who para editar e gannhar uma graninha, passando longe da gravação de material novo e inédito.
O último CD com material original e inédito de Townshend foi "Psychoderelict", de 1993. O último CD do Who com músicas originais foi "It's Hard", de 1982 (a banda gravou duas músicas inéditas em 1989 para o CD "The Iron Man", de Pete Townshend, em 1989). Até quando isso continuará?

segunda-feira, novembro 19, 2001

O crime da apresentadora Soninha


Um assunto que vai render muito debate e muita polêmica, envolvendo a descriminação da maconha e a liberdade de expressão. A capa da revista Época desta semana traz quatro personalidades públicas com o título "Eu fumo maconha", entre aspas. Em razão disso, a TV Cultura decidiu rescindir o contrato de Sonia Francine, a Soninha, apresentadora do programa para adolescentes "RG" e ex-MTV. Ela aparece como a principal personalidade a ser entrevistada pela revista. Leia aqui as justificativas da TV Cultura, em matéria da Folha Online.
A questão é complexa. Em última análise, a TV Cultura está correta ao despedir Soninha. A apresentadora aparece na capa de uma revista nacional afirmando que pratica um ato ilegal, um ato criminoso, que é usar drogas. Pior, Soninha apresenta um programa para adolescentes. Ou seja, uma infratora da lei fala a adolescentes, podendo se transformar "numa má influência".
Que a apresentadora foi totalmente inconsequente e infeliz ao aparecer como principal personagem de uma reportagem como essa está fora de questão. Por mais que os padrões atuais de moralidade e mesmo de legalidade sejam mais tolerantes em relação á maxonha, ainda é crime o seu porte e a sua venda, bem como o seu uso.
O que se coloca aqui é o seguinte: a TV Cultura foi truculenta e retrógrada ao despedir Soninha? A apresentadora teve o seu direito de expressão cerceado ao ser punida por suas declarações à revista Época?
Na primeira questão, embora reconhecendo o direito da emissora de demitir uma pessoa "que assume cometer violações da lei", a truculência da medida chocou. Na segunda questão, Soninha teve sim a liberdade de expressão cassada, já que hoje há um debate amplo e público sobre a questão da descriminação da maconha. No entanto, parece que ela não atentou para as consequências de seu "crime".
Se a Gazeta Mercantil é assim, imagine o país


Uma das maiores contradições do capitalismo brasileiro está terminando de se materializar atualmente, mostrando ainda como é regra neste infeliz país o desrespeito às leis e aos trabalhadores. O "maior e mais respeitado jornal de economia da América Latina", a Gazeta Mercantil, demitiu mais de 500 pessoas nas últimas duas semanas (há cerca de 15 anos está mal das pernas) e simplesmente informou aos demitidos que não vai pagar indenização e verbas rescisórias; que os demitidos recorram a Justiça se quiserem receber seus direitos.
Ou seja, como acreditar em um jornal especializado em economia e que se arroga o direito de ser uma das balizas do pensamento econômico do país se a empresa a qual o edita é administrada como um botequim de fim de feira? Como acreditar em um jornal que se diz a maior influência enconômica do mercado financeiro e do meio empresarial sendo que a empresa que o edita desrespeita de forma vil e nojenta as leis trabalhistas? E tudo isso com a anuência da Justiça em todas as suas instâncias...
Os empresários brasileiros são os piores que podem existir, apoiados por um governo cretino, elitista e claramente neoliberal ao extremo. O meio empresarial brasileiro é nojento, assim como a Justiça em todas as suas instâncias, principalmente a trabalhista, coalhada de ratos vigaristas e trambiqueiros. Gente como Almir Pazzianotto, ministro do TST, que é um dos seres mais desprezíveis da face da terra.