terça-feira, dezembro 20, 2011

Rock pesado em português, uma nova e bem-vinda tendência

Enquanto artistas nacionais que fazem heavy metal em inglês estrebucham contra a suposta falta de público em seus shows – o que rendeu uma patética e rasteira entrevista de Edu Falaschi, cantor do Angra, recheada de palavrões –, começa a ganhar corpo um movimento de bandas que fazem rock pesado em português, apesar do preconceito dos puristas. Entre esses abnegados, as reclamações são poucas, e o público está crescendo ano a ano. A banda paulistana Carro Bomba desponta, por enquanto, na liderança dos metaleiros que cantam em português. O recém-lançado álbum “Carcaça”, pela Laser Company, traz tudo o que não existe mais quase desaparecido no pop rock nacional: qualidade, espontaneidade e garra. “Carcaça” é uma pedrada na cabeça do headbanger nacional. Nunca uma banda brasileira que canta em português tinha atingido um peso tão grande nas músicas e tinha alcançado uma timbragem tão forte e limpa nas guitarras, que estão na cara. E tudo isso sem recorrer tanto aos manjados temas de sempre no hard rock brasileiro – mulheres, bebidas, zoeira, bebidas, carros, bebidas, mulheres… “O som pesado sempre foi a nossa característica, sempre buscamos aprimoramento e pesquisamos novos timbres. ‘Carcaça’ é resultado de muito trabalho em estúdio, mas principalmente também de muita pesquisa para achar exatamente o que queríamos”, diz o baixista Fabrizio Micheloni, um dos fundadores. Estão ainda na formação o vocalista Rogério Fernandes, o guitarrista Marcello Schevano e o bateria Heitor Shewchenko. Os mineiros do Uganga preferem um som mais moderno e mais calcado no hardcore dos anos 90, apesar dos ecos de clássicos como AC/DC e Motorhead, as principais influências do Carro Bomba. O som pesado era o caminho natural para a banda, que tem em sua formação Manu “Joker” Henriques, ex-baterista da lendária Sarcófago, que teve bastante prestígio no metal dos anos 80. “São mais de 2o anos tocando rock pesado e passando por várias situações. Não dá para ficar reclamando de falta de público. Temos de ralar e trabalhar”, diz o músico. O Uganga lançou no primeiro semestre o álbum “Vol.3: Caos, Carma e Conceito”, também lançado na Europa, e prepara para 2012 um álbum ao vivo gravado no Razorblade Festival em 2010, na Alemanha. “Nossa primeira turnê internacional, com 18 shows em dez países, mostrou que o rock pesado em português é uma alternativa mais do que válida”, afirma Henriques. Merecem menção ainda no “movimento” o Baranga (hard rock) e o Muqueta Na Oreia (punk/harcore).

segunda-feira, dezembro 19, 2011

Pink Floyd: obra-prima inspirada em ‘fantasma’

As semanas que antecederam o começo das gravações de Wish You Were Here começaram tensas em meados de 1974. A pressão sobre o baixista e vocalista Roger Waters era enorme por conta do sucesso estrondoso de The Dark Side of the Moon, o álbum anterior, e a gravadora queria uma obra-prima do mesmo calibre. Em uma tarde, Waters chegou irritadíssimo ao estúdio: as ideias não saíam e o seu Arsenal havia perdido mais uma no Campeonato Inglês no dia anterior. Ele nem percebeu um cara gordinho e careca na recepção, empunhando uma guitarra. Um pouco mais tarde soube que era Syd Barrett, ex-companheiro de Pink Floyd que ficou pelo caminho por distúrbios mentais. Estava ali para “gravar as suas partes”. Waters chorou ao vê-lo novamente e finalmente conseguiu a inspiração para continuar os trabalhos – a faixa-título de Wish You Were Here e a longa suíte “Shine on You Crazy Diamond” foram inspiradas em Barett. A nova versão do álbum lançando em 1975, assim como a de The Dark Side of the Moon, melhorou o que já era excelente. As opções Immersion e Experience recolocam a obra em um patamar merecido: um álbum poderoso e versátil, que indicava os novos caminhos do Pink Floyd, que jamais fora um apêndice do multiplatinado antecessor. Além de todo um tratamento de mixagem e remasterização primoroso, a versão nacional Experience traz um CD extra com raridades e versões ao vivo dos temas presentes em Wish You Were Here. O destaque é uma versão de Shine On You Crazy Diamond com a participação especial de do violonista de jazz belha Stéphane Grapelli, um dos gênios europeus do gênero. “Não foi barato contratá-lo. Mas, por mais que eu tente, não sei o porquê de não termos usado essa versão”, disse recentemente o baterista da banda. Nick Mason.