sábado, agosto 29, 2020

Combater o fascismo dentro de nossas fileiras é um pesadelo dos mais cruéis

Marcelo Moreira

"Nos Estados Unidos as coisas se resolvem rapidamente. Basta um rifle e os baderneiros somem. Aqui no Brasil a Justiça é a favor do crime, da bagunça e da oposição."

As frases acima poderiam muito bem terem sido escritas em redes sociais de artistas descomprometidos com a sociedade e sedentos por medidas fascistas, como certo vocalista de banda engraçadinha dos anos anos 80 ou artista solo da mesma época com inclinações selvagens no nome. Isso não surpreenderia.

No entanto, foi proferida - e curtida por muita, mas muita gente - por um cidadão irascível, mas que não tinha mostrado inclinações para o extremismo. É um bom baixista e um guitarrista de bons recursos, de certo prestígio no meio roqueiro paulista, completamente equivocado em relação a tudo na vida.

Assim como em outros momentos em que identifiquei certas nojeiras em fóruns, chats, comentários em posts e mesmo textos nas redes sociais, não escancaro o(s) nome(s) do(s) imbecil(cis) para não dar palanque a essa gente nojenta. Uso essas "pesquisas", digamos assim, para refletir que tipo de rock nacional temos na segunda década do século XXI e como pensam esses supostos roqueiros.

É claro que, em caso de crime, como racismo, o autor seria denunciado às autoridades, mas ainda não tive o (des)prazer de me defrontar com algum caso nível.

A questão é que, quanto mais o governo nefasto de Jair Bolsonaro se esfarela na incompetência e nas abundantes denúncias de corrupção, autoritarismo e destruição de direitos e do meio ambiente, mais gente começa a sair do armário para defender o fascismo nos meios cultural e musical.

Não dá para saber se está aumentando o número de seguidores do bolsonarismo asqueroso (redundância) e ou se cresce, na verdade, q quantidade de gente que resolveu sair do armário, seja po desespero ou indigência intelectual, para se revelar apoiador de primeira hora.

O tal baixista/guitarrista não só surpreende por aderir publicamente ao extremismo de direita como por demonstrar apoio a causas indefensáveis.

Percebo, depois de muito tempo, que tal cidadão é evangélico, e de uma denominação das mais pútridas, nefastas, fisiológicas e criminosas que existem por aí - é o tipo de seita que queima o filme das agremiações sérias e respeitáveis desses espectro religioso.

FOTO: REPRODUÇÃO/YOUTUBE
Antiaborto e fervoroso defensor da violência praticada por religiosos contra a menina de dez anos que engravidou do tio no Espírito Santo - e que abortou com autorização da Justiça -, chamou a atenção neste final de semana por aplaudir o adolescente de 17 anos que matou dois manifestantes antirracismo nos Estados Unidos nesta semana.

Isso mesmo, o lixo humano postou links de notícias e fotos do garoto Kyle Rittenhouse, que portava um fuzil o local de uma manifestação contra o ataque de policiais brancos a um homem negro desarmado na cidade de Kenosha, no Estado de Wisconsin.

A polícia, depois de não detê-lo no dia do crime e "aconselhá-lo" a ir para casa, finalmente o prendeu no dia seguinte à manifestação e o indiciou pelo assassinato de dois manifestantes, com fartura de provas e testemunhas contra ele, que é um fanático apoiador do presidente Donald Trump.

Foram pelo menos três posts em redes sociais elogiando o assassino, tomando-o como um exemplo contra "baderneiros e arruaceiros" que querem gerar confusão e "atrapalhar governos). Por si só isso seria aterrador, mas assusta mesmo é a quantidade de curtidas em apoio a essa nojeira.

Há outros posts em que defende a liberação de armas para a população, políticos corruptos e criminosos ligados a Bolsonaro, grupos extremistas que disseminam fake news e ameaças generalizadas a "inimigos" porcarias generalizadas contra o Judiciário.

O post que obteve mais curtidas, em um texto claudicante recheado de erros de português, é um que desanca os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) por conta dos inquéritos contra fake news, contra as prisões dos apoiadores extremistas de Bolsonaro e contra a proibição de ações violentas da Polícia Militar do Rio de Janeiro nas comunidades enquanto durar a pandemia.

Numa rápida olhada no "público" que curtiu tais barbaridades, a imensa maioria tem alguma relação com o rock, seja por ser fã, profissional da área ou ligado, de alguma forma, a eventos/bares/casas de shows.

Ou seja, não é mera a impressão de que existe, nas grandes cidades do país, um contingente expressivo de roqueiros asquerosos que apoiam o fascismo e as medidas desse governo autoritário e inacreditável de Jair Bolsonaro.

é evidente que não temos, ainda, como dimensionar o tamanho do descalabro que é observar a existência de roqueiro fascista. Estão saindo das cavernas agora ou sempre foram desse jeito e nunca tínhamos percebido?

Como é possível existir roqueiro antidemocrático, do tipo que apoia a violência policial contra a população pobre, negra e,  última análise, contra os próprios roqueiros?

Então essa gente apoia, em tese, governos e políticos que os detestam, que sempre que possível jogarão o aparato repressivo para cima do rock?

Essa gente apoia políticos e governos que desprezam a democracia e a liberdade de expressão, ou seja, o direito de os roqueiros de se expressarem e de curtir em paz a sua música e seus shows?

Que tipo de música esse tipo de roqueiro admite? Aquela anódina, inodora e incolor, que só fala de carros, mulheres, cerveja, putaria, duendes e unicórnios?

E no metal? Só valem as letras de destruição e devastação no exterior ou em outros planetas? Ou apenas músicas sobre o "Senhor dos Anéis"?

O que será que tem a dizer o roqueiro imbecil que gosta de Pink Floyd sobre o conteúdo de letras dos álbuns "Animals" (uma fábula baseada no livro "A Revolução dos Bichos", de George Orwell e "The Wall" (um forte libelo contra o fascismo e o autoritarismo)?

Esqueçam a nojenta falácia de que "devemos respeitar as escolhas políticas dos outros". Mais do que eufemismo, isso é uma frase que embute um tremendo mau-caratismo de quem se diz isento e que, na verdade, é um omisso que esbarra nas raias da indecência.

Não dá para respeitar quem defende a violência contra minorias e segmentos da sociedade; quem defende o fascismo; quem defende políticas predatórias do meio ambiente; quem defende a supressão de direitos humanos, civis e trabalhistas; quem defende autoritarismo; quem defende governo incompetente inundado de denúncias de corrupção; que persegue adversários e opositores, ameaçando-os e intimidando-os com milícias físicas e virtuais.

Poucas pessoas imaginavam que teríamos tanto trabalho para resistir e combater o fascismo do nosso tempo, e que teríamos de começar, infelizmente, dentro do nosso meio roqueiro/musical.

Notas roqueiras: Kiko Loureiro, Armored Dawn, Pressive...




- Como parte da divulgação de seu quinto álbum solo instrumental, "Open Source", lançado no último dia 10 de julho, o renomado guitarrista brasileiro Kiko Loureiro lançou recentemente o vídeo playthrough da faixa “Vital Signs” - confira em https://www.youtube.com/watch?v=MesxR4FtSSkO álbum que foi produzido com apoio de um financiamento coletivo super bem sucedido tem participação de Felipe Andreoli no baixo e Bruno Valverde na bateria em todas as 11 faixas, além de contar com as participações especiais dos guitarristas Marty Friedman (ex-Megadeth) e Mateus Asato. Ouça "Open Source" em todas as plataformas digitais:
https://open.spotify.com/artist/5RmLUrjJz5bpP8dF4lYdy

- A banda Armored Dawn segue conquistando seu espaço no mercado da música mundial, criando uma base sólida de fãs por onde passa e consolidando-se como um dos grandes nomes do metal brasileiro na atualidade. O trabalho mais recente do grupo, o álbum "Viking Zombie", lançado mundialmente em outubro de 2019, é prova de que os caras não param de evoluir. Destaque para a versatilidade sonora, algo que todo fã de heavy metal tradicional e melódico, assim como de power metal, pode aproveitar ao máximo no trabalho atual do conjunto que ganhou versão deluxe nos Estados Unidos. Recentemente o grupo participou de um projeto solidário com uma versão ao vivo da música Ragnarok. A banda, já com a nova formação, gravou com os músicos em ambientes separados. Confira o vídeo completo: https://youtu.be/cd--0KeAJ6M

- Formada em 2005 na tradicional cidade de Guadalajara (México), o Pressive é uma banda de Rock Alternativo em ascensão internacional, caracterizada por seu som genuíno e viciante; o uso de sintetizadores e riffs agressivos de guitarra, aliados ao contraste de melodias limpas e gritadas, são as chaves para definir o som da banda que ganhou o mundo com seu novo single “Nightmare”. Assista ao vídeo clipe oficial: https://www.youtube.com/watch?v=H2ODrwlbtXU

Saiba como será a edição comemorativa dos 50 anos de 'Paranoid', do Black Sabbath

Do site Roque Reverso




Prestes a completar incríveis 50 anos de história, o clássico álbum “Paranoid”, do gigante Black Sabbath ganhará uma edição comemorativa repleta de presentes aos fãs do heavy metal. O denominado “Paranoid: Super Deluxe Edition” inclui o álbum original, box opcional que traz a opção de 4 CDs ou 5 LPs (ou tudo junto), com direito livro de capa dura e shows gravados ao vivo pela banda britânica no ano de chegada do disco em Montreux e Bruxelas.

O lançamento oficial da edição comemorativa está previsto para o dia 9 de outubro. “Paranoid” é o segundo e, para muitos, o mais importante álbum do Black Sabbath e foi lançado em 18 de setembro de 1970.

A versão completa do “Paranoid: Super Deluxe Edition” traz 4 CDs e 5 LPs. O conjunto vem com o livro de capa dura, com extensas notas de apresentação, entrevistas com todos os quatro membros da banda, fotos raras e recordações, um pôster, além de uma réplica do livro vendido durante a turnê Paranoid.

O CD 1 traz a versão remasterizada de 2012 de “Paranoid”. No CD 2, é a vez da banda trazer a versão Quadrifônica Mix do álbum.

No CD 3, o presente é o show gravado em 31 de agosto de 1970 em Montreux, na Suíça, pouco antes do lançamento do “Paranoid”.

No CD 4, é a vez de aparecer um show foi gravado alguns meses depois, em Bruxelas, durante a apresentação da banda na televisão belga. As versões não oficiais desse show clássico já haviam circulado no passado, mas agora vem numa versão mais caprichada.

Quanto aos 5 LPs, o primeiro traz a versão remasterizada do álbum original (como no CD 1) e o segundo apresenta a versão Quadrifônica Mix do álbum (como no CD 2).

Os 3 LPs restantes trazem os shows em Montreux e Bruxelas. São as estreias em vinil destas apresentações de 1970.

Se no fã não optar pelo pacote completo com estes 4 CDs e 5 LPs somados, terá a opção de comprar apenas a versão comemorativa em CD ou apenas em LP.

“Paranoid: Super Deluxe Edition” já está em período de pré-venda neste link.

sexta-feira, agosto 28, 2020

Trinta anos sem Stevie Ray Vaughan, um dos gênios da guitarra blues

Marcelo Moreira

Stevie Ray Vaughan (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Deveria ser apenas mais show, embora aquele não era um show qualquer. Ao lado do irmão mais velho, Jimmie e dos ídolos e mestres Eric Clapton e Robert Cray, entre outros ases da guitarra, Stevie Ray Vaughan fizera um concerto memorável no meio do nada para muita gente.

Sóbrio como há muito tempo não ficava, saboreava o seu renascimento justamente com o seu maior incentivador, Jimmie Vaughan, que sempre esteve ao seu lado nos piores momentos. O sucesso voltara e ele mal poderia espero pelo lançamento, dentro de alguns meses, de "The Family Style", o tardio primeiro álbum lado do irmão querido.

A sobriedade, no entanto, trouxe a necessária mudança de hábitos. Tinha perdido a vontade de confraternizar após os fim do festival, por mais que estivesse emmeio a muitos amigos.

A alegria de estar no palco recheado de astros deu lugar, nos bastidores a uma impaciência para ir embora e voltar para casa - um longo caminho que incluía um rápido voo de helicóptero até um aeroporto próximo de Alpine Valley, onde tinha acabado de tocar.

Eram pelo menos três helicópteros, por volta da 1h de 27 de agosto de 1990, à disposição dos músicos, técnicos de som e palco das estrelas e dos promotores do evento.

O tempo estava muito feio, mas assim mesmo pilotos de dois aparelhos decidiram decolar para não atrasar demais o cronograma. Um se recusou.

Sem perder tempo, Stevie largou os dois companheiros de banda e a equipe e embarcou onde deu, com muita pressa, depois de pedir autorização para Clapton e o empresário deste - o helicóptero em questão estava agendado para aquele horário para a equipe do guitarrista inglês.

Com chuva e névoa os aparelhos decolaram de Alpine Valley, no entorno da cidade de East Troy, em Wisconsin, em direção ao aeroporto mais próximo. Só um conseguiu chegar, a duras penas, ao destino. O outro se chocou contra as montanhas próximas ao local do festival. Ninguém sobreviveu. Há 30 anos o mundo perdia um dos maiores g\ênios da guitarra blues.

Lenda e magia

O guitarrista Eric Clapton costuma dizer que, quando tocava ao lado do texano Stevie Ray Vaughan, ficava muito preocupado, já que era impossível acompanhar e entender o que o mágico guitarrista de blues fazia, graças à genialidade e ao virtuosismo. Para Clapton e para a lenda do blues Buddy Guy, ninguém chegou tão perto de Jimi Hendrix como Stevie Ray.

Com sua banda de apoio, a Double Trouble – Tommy Shannon (baixo), Chris Layton (bateria) e Reese Wynans (teclados) -, Stevie Ray Vaughan passou como um furacão nos anos 80, revolucionando o jeito de tocar guitarra e resgatando o blues de mais um período de estagnação.

Foram apenas cinco álbuns de estúdio e um ao vivo, além de três vídeos obrigatórios. Apesar da genialidade, começou gravar tarde, e lançou seu primeiro álbum, “Texas Flood”, em 1983, aos 29 anos de idade.

Todo guitarrista de blues relevante do século XXI bebeu na fonte texana muito conhecido pela sigla SRV - Eric Gales, Joe Bonamassa, John Mayer, Kenny Wayne Shepherd, Derek Trucks, Jonny Lang, Gary Clark Jr, Anthony Gomes, Chris Duarte, Mitch Laddie, Nuno Mundelis e muitos outros.

“Stevie era um cara tímido, mas muito bacana. Era difícil encontrar alguém que não gostasse dele. Falava pouco, preferia se comunicar por meio da guitarra. Não há forma mais elegante e eficiente para um cara como ele.” As palavras são de Jimmie Vaughan, irmão mais velho, e endossadas por Eric Clapton. Ele comentava para a Guitar Player norte-americana nos anos 90 o legado deixado precocemente pelo mestre.

Stevie Ray Vaughan era tido como um gênio do instrumento que agregava e aglutinava. Todo mundo queria tocar com ele. Santana, Buddy Guy, B.B. King, Albert King, Eric Clapton, Steve Lukather, Jeff Beck, Johnny Winter, Davi Bowie e mais uma infinidade de artistas de primeira linha tiveram o privilégio de dividir o palco ou o estúdio com o guitarrista, que adorava essas jams.

Alguns dos melhores encontros envolveu Stevie com Jeff Beck em diversos shows no ano de 1989. Os dois gigantes haviam tocado juntos cinco anos antes em Honolulu, no Havaí. Stevie Ray fazia um show incendiário e recebeu Beck no palco com fúria nos olhos e nos dedos.

Em 1989, os dois voltariam a se cruzar pelos Estados Unidos, ambos em turnês solo. As datas entre os giros coincidiram algumas vezes e resolveram unir-se em 34 datas no segundo semestre daquele ano, quando se revezaram como atração principal.

Foi mais de uma vez ao fundo do poço nos excessos do álcool e das drogas, foram várias as internações para reabilitação, mas os mergulhos no inferno foram proporcionais às vezes em que atingiu o topo como músico, ganhando a veneração dos pares e do público.

Morto aos 36 anos de idade, não chega a ser tão cultuado como Hendrix, mas é venerado dentro meio musical. Deveria tocar em um festival de blues em Ribeirão Preto em setembro de 1990, embora ainda não tivesse assinado o contrato. Seus discípulos diretos na atualidade não hesitam: ele foi um gênio da guitarra.




Notas roqueiras: A banda Que Nunca Existiu, Augusto Licks, Spades Vandall, Lavage...







FOTO: DIVULGAÇÃO
A Banda Que Nunca Existiu (ABQNE), projeto dos compositores paulistanos Humberto Lyra e Pissutto, convidou o guitarrista gaúcho Augusto Licks, ex-Engenheiros do Hawaii, para cantar e tocar a canção “Só Uma Vez” (veja em
https://www.youtube.com/watch?v=jqCMd_GpdcM). Participaram da gravação a banda que acompanha Zeca Baleiro, padrinho do projeto, com o baterista Kuki Stolarski (Funk Como Le Gusta/Karnak) e o baixista Fernando Nunes (Cassia Eller), além de Adriano Magoo no piano e muitas guitarras em overdub de Augusto. Os guitarristas Tuco Marcondes e Augusto se juntaram ao time, assim como Jonas Moncaio (Ira!/Milton Nascimento) nas cordas. O projeto tem uma causa social, já que parte da renda será revertida para uma instituição destinada a pessoas com câncer, em memória às mães dos compositores.

Spades Vandall (da banda Savannah) acaba de lançar seu novo disco solo. Gravado no Estúdio Hurricane e produzido por Sebastian Carsin, "The Hardcore 50's" é um tributo do cantor aos pioneiros do Rock And Roll. O instrumental foi captado ao vivo no estúdio, com a adição posterior dos vocais e dos solos de guitarra. A arte da capa ficou a cargo de Ricardo Lopes e as fotos são de Marcelo Sciortino. São dez versões punk rock para clássicos da década de 1950, como "Hound Dog", "Tutti Frutti", "Come On, Let's Go", entre outras. Spades Vandall gravou bateria e voz em todas as faixas e foi acompanhado por Lee Wills (Desert) no baixo e Pery Rodriguez (Gueppardo) na guitarra. Além das participações especiais de CJ Rebel Son (Sin Avenue) e Jacques Maciel (Rosa Tattooada) dividindo os vocais com Spades na música "Good Golly, Mis Molly". O lançamento físico é uma parceria dos selos Trepada Records, Hurricane Records e Doctor Rock.
Confira a faixa "Come On, Let's Go":https://youtu.be/vAAs0sq1kec

-  O sétimo álbum da banda Lavage, de Fortaleza (CE), 'Punk/HC', foi lançado recentemente de forma independente. 'Punk/HC' é composto por oito músicas inspiradas na poesia urbana, crítica social e existencialismo de impacto. A sonoridade transita pelo rockabilly, punk e hardcore, ska e rock alternativo. Escute em https://lavage.bandcamp.com/album/punk-hc


As memórias musicais de Suricato


Nelson Souza Lima - especial para o Combate Rock/Superball Express

Rodrigo Suricato, cantor, compositor e instrumentista, resolveu viajar na pandemia. Contudo não foi uma viagem literal. O vocalista do Barão Vermelho mergulhou em seu passado rumo à infância na qual memórias afetivas e musicais afloraram.

O resultado dessa trip é o álbum virtual "Suricateando", que traz sete canções disponíveis nas plataformas digitais. Gravadas em fita de rolo num estúdio doméstico, apenas com voz e violão, são pérolas da música popular brasileira revelando um Suricato muito além do blues e do rock. 

Segundo ele, é legal perceber o quanto a memória das pessoas não é dividida em subgêneros. "Tudo que nos emociona faz parte do mesmo compartimento. Foi uma surpresa até pra mim com origem no blues e rock, me pegar no flagra emocionado por uma canção do Raça Negra (Cigana). Todas emolduraram nosso cotidiano e tenho boas lembranças, ainda mais nesse momento onde nossa mente foi revirada do avesso", diz. 

Falando nisso, "Suricateando" é como se fosse um afago em quem está quarentenado. "Foi intencional. Tecnicamente queria que as pessoas sentissem que estava cantando dentro da casa delas. Não é fácil chegar nesse som. É uma forma de estarmos próximos. Sinto falta de tudo. A intenção foi realmente dar um presente pras famílias, principalmente os mais velhos. É o momento mais difícil da nossa geração e minha profissão será a última a voltar. Então sigo fazendo projetos e engordando", conclui. 

Outras canções que integram o álbum são "Deslizes" (Fagner), "Volta Pra Mim" (Roupa Nova) e "Faltando um Pedaço", do Djavan que virou um blues emocional.

Rodrigo Suricato (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Confira abaixo a entrevista com o carioca feita por e-mail:

As canções escolhidas para "Suricateando" são patrimônio da música brasileira remetendo à sua infância e que você deve ter tomado conhecimento pelo gosto dos seus pais. Como foi mergulhar nestas lembranças? Voltar ao passado e se rever ouvindo as canções em família.

Rodrigo Suricato -
É muito legal perceber que nossa memória afetiva não é dividida em subgêneros. Tudo que nos emociona faz parte do mesmo compartimento. Foi uma surpresa até para mim, artista com origem no blues e rock, me pegar no flagra emocionado por uma canção do Raça Negra. Todas elas emolduraram nosso cotidiano e tenho boas lembranças, ainda mais nesse momento onde nossa mente foi revirada do avesso.

O repertório vai da MPB do Fagner e Djavan, passando pelo pop do Roupa Nova, sertanejo e samba. Você as gravou só no violão e voz. Como foi dar a sua personalidade pras canções? "Cigana" tem um assovio que convida a assoviar junto e "Faltando um Pedaço" é instrumental e virou um lamento blues.

RC -
Muito do meu exercício de composição vem da apropriação do repertório alheio. Tocar canções de outros artistas diversos me ajuda como compositor. Baixo os tons, mudo tudo até perceber que poderia ser uma canção minha.

"Suricateando" é um afago no ouvinte nestes tempos sombrios com a pandemia aquartelando as pessoas em casa. É como se você falasse diretamente pra quem tá em casa. É um set list que de certa forma serve como antiestresse. O que tá achando dessa situação terrível que atravessamos?

RC -
Que bom que você percebeu isso, obrigado. Foi intencional. Tecnicamente queria que as pessoas sentissem que estava cantando dentro da casa delas, não é fácil chegar nesse som. É uma forma de estarmos próximos, sinto falta de tudo. A intenção foi realmente dar um presente para as famílias, principalmente os mais velhos. É o momento mais difícil da nossa geração e minha profissão será a última a voltar. Então sigo fazendo projetos e engordando.

SBE - "Deslizes" e "Talismã" são composições de Michael Sullivan e Paulo Massadas (que escreveram pra todo mundo nos anos 80). Eles gostaram das suas versões. Pode ser um alento pra uma futura parceria?

RC-
O Sullivan se emocionou e me escreveu. É uma honra. Esse cara, por exemplo, conseguiu um canal direto de comunicação com a emoção das pessoas de uma geração inteira. Temo muita admiração pelo que ele realizou.

A pandemia teve inúmeras consequências para o setor cultural. Paralisou shows, exposições, peças teatrais. Enfim, jogou um cenário tenebroso na classe artística. O que espera pra cultura pós-pandemia?

RC -
Estou tanto tempo fora dos palcos que nem parece mais uma parte imensa da minha profissão. Parece que me aposentei. Por outro lado, os artistas se viram forçados à pensar em outras soluções digitais. Enquanto os youtubers cresceram e aprenderam as ferramentas, muitos de nós estávamos na estrada. Estamos atrasados. Infelizmente não tenho uma boa esperança à curto prazo para o ambiente offline, nos shows.

Além do trabalho solo você é vocalista do Barão Vermelho. Como o Barão ta fazendo na pandemia para se manter ativo?

RC -
Barão fez uma live e estudamos maneiras de ter uma presença maior online. Eu acabei de fazer uma mega live que virará disco ao vivo, no formato One Man Band que desenvolvo há anos. Será lançado pela minha gravadora, Universal Music. É um formato bem inovador de performance.

"Suricatenado" será lançado em formato físico ou somente nas plataformas digitais? Pensa em futuramente tornar este repertório maior e quem sabe fazer shows?

RC-
Adoraria que virasse vinil. Por enquanto está em todas as plataformas digitais e sim, certamente esse repertório irá se expandir. Quem sabe um show só dele? Estou aberto pra tudo.

Um recadinho pros seus fãs e do Barão Vermelho.

RC -
Queridos incentivadores e amigos, muito obrigado pelo carinho, cuidem-se e em breve estaremos juntos. A vida é urgente!

quinta-feira, agosto 27, 2020

Notas roqueiras: Mahmundi, Beto Lani, Inner Caligula...




Mahmundi faz live neste sábado, 29 de agosto, às 21h30, no Festival #CulturaEmCasa. O show faz parte da programação veiculada durante o Mês do Orgulho e da Visibilidade Lésbica pela plataforma #CulturaEmCasa (http://www.culturaemcasa.com.br). Todos os conteúdos podem ser assistidos gratuitamente por televisão, computador, tablets e celulares. A plataforma foi criada em abril pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e é gerida pela Organização Social Amigos da Arte. Nos quatro primeiros meses, já atingiu 1,5 milhão de acessos. Na live deste sábado, Mahmundi estará acompanhada do músico Bruno Cunha na guitarra e violão. O setlist terá canções como Qual é a sua?, Alegria e Tempo pra Amar.

Serviço - Festival #CulturaEmCasa - 29 de agosto (sábado) às 21h30 - Site: www.culturaemcasa.com.br

- O guitarrista mineiro Beto Lani segue trabalhando em seu segundo álbum e lança mais uma faixa inédita, intitulada “Redemption”, mais uma vez contando com Samuel Chacon (baixo) e Bruno Souza (bateria), além de mixagem e masterização a cargo de Noel Fernandes. Assista ao vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=vKf6_MjRyNs

- Após a mudança de formação entre março e abril deste ano, a banda gaúcha Inner Caligula¸ agora um quinteto, estreará esse novo line-up na quinta edição do Quarentena Rock Online Fest, no canal do Youtube Heavy Talk (https://youtube.com/heavytalkvideos), comandado por Lucas Steinmetz (mais conhecido como Moita) onde apresentará, neste sábado (29 de agosto), diversas bandas brasileiras, que a partir das 20h mostrarão seus trabalhos direto de casa para o canal. A exibição do evento será gratuita no final de semana, e a partir de segunda será restrita apenas para os membros que assinam o canal. Vinicius Colombo (vocal), Daniel Cardoso e Andy Furtado (guitarras), Igor Natusch (baixo) e Filipe Telles (bateria) apresentarão as música “Inner Caligula”, single lançado em janeiro e a inédita “The Curse that Will Be”, que deverá ser lançada no álbum de estreia. Ouça “Inner Caligula” no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=RUTVQ_NSYIA; Ouça “Lost Cosmonaut” no Spotify: https://open.spotify.com/album/2xwd6outa03f6jnTMjy41f

Riley Gale, vocalista da banda Power Trip, morre aos 35 anos

Do site Roque Reverso

Riley Gale (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Morreu na segunda-feira, 24 de agosto, o vocalista Riley Gale, da banda norte-americana de thrash metal Power Trip. Ele tinha 35 anos e a causa da morte não foi divulgada.

A confirmação foi feita pela família do músico. A banda, por sua vez, divulgou o comunicado oficial da morte na terça-feira, 25.

Formado em 2008 em Dallas, no Texas, o grupo Power Trip é tido como uma das boas bandas atuais mais novas do thrash metal.

A banda lançou dois álbuns de estúdio. O primeiro foi “Manifest Decimation”, de 2013. O segundo foi “Nightmare Logic”, de 2017.

“Queridos fãs da Power Trip em todo o mundo, é com a maior tristeza que anunciamos que nosso vocalista e irmão Riley Gale faleceu na noite passada”, diz o texto do Power Trip que lamenta a perda do músico. “Riley era um amigo, um irmão, um filho. Riley era muito mais que um rock star e um amigo humilde e generoso, que tocou a vida de tantos através de suas letras e seu grande coração. Tratava a todos como amigos e sempre cuidou de todo mundo. Vamos celebrar sua vida e nunca esquecer seus grandes trabalhos na música, caridade e amor.”

No comunicado, a banda também convidou os fãs para compartilharem suas memórias sobre o vocalista e pediu privacidade neste momento.

No mundo do heavy metal, várias bandas, como os grandes Anthrax e Kreator, foram alguns dos representantes do thash que lamentaram profundamente a morte de Gale.

Morre Arnaldo Saccomani, produtor musical e compositor

Marcelo Moreira


Arnaldo Saccomani (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Homem de rádio e música com comportamento irascível. Pode dar certo? Arnaldo Saccomani é a prova de que sim, um ranzinza e rabugento do bem pode se tornar um nome importante do entretenimento sendo muito competente e do bem.

O produtor musical morreu nesta quinta-feira (27) em São Paulo aos 71 anos, vítima de insuficiência renal complicada pela diabetes.,

Mais recentemente ficou conhecido como um jurado durão e mal humorado de programas de calouros e realities shows musicais, mas essa era apenas uma de suas atividades - que lhe rendia reconhecimento e dinheiro, mas certamente não muito prazer. Homem da música, seu trabalho de vida era produzir divulgar.

O prazer era tanto nesta área que não deixava os preconceitos aflorarem. Trabalhou com pesos pesados como Rita Lee e Tim Maia, mas também produziu coisas descartáveis (para não dizer execráveis) como Mamonas Assassinas.

O ouvido era privilegiado e seu conhecimento, vasto. Também compunha e arranjava músicas, salvando carreiras de grandes artistas e impulsionando grandes nomes ao estrelato.

Respeitadíssimo, trabalhou no rádio e ajudou a formatar programas de sucesso em todas as faixas etárias, sobretudo na rádio Jovem Pan FM. Leia aqui a repercussão da morte do produtor.

Notas roqueiras: Ameslari, Vinhos & Flores, LS Jack, Vinny...




- O cantor e compositor Ameslari acaba de liberar o clipe de "Start", faixa presente em seu álbum "City Stories", já disponível nas plataformas digitais. Com todas as medidas de segurança e respeitando o distanciamento social, o vídeo foi gravado pelo próprio cantor, com a câmera do celular durante a quarentena. Assista aqui: https://youtu.be/AG4NiNztbIA. Editado por Rafael Vilas Boas, o vídeo bem-humorado mostra o artista no dia a dia dentro de casa na quarentena, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. O artista dança, come um hambúrguer, joga videogame e toca piano, entre outras atividades.

- A banda Vinhos & Flores acaba de lançar em todas as plataformas digitais, seu primeiro álbum de estúdio. “A Vida é um Jogo” conta com seis faixas autorais.O trabalho que marca a estreia oficial da banda no Brasil, pode ser conferido nas plataformas Spotify (link abaixo), Deezer, Apple Music, Tidal, Google Play, Napster, Music Amazon e vários outros. Confira:
https://open.spotify.com/album/2q5oJT4sFKBeiIrmYhuMm2?si=Trf7ibTxT1iJBfE77Ruiyw

- A banda LS Jack e o cantor Vinny lançam o clipe de ‘No que depender de mim’ (https://youtu.be/fGTbRCoHM0M). Em março eles lançaram o primeiro single em parceria “Esquece a solidão e sai”. Depois de muita troca de ideias – e músicas -, ‘No que depender de mim’, composta por Vinny, chamou a atenção do baterista Bicudo, que fez um arranjo mais pesado, dando forma à canção. A nova música, com essa pegada mais roqueira do que a anterior, surge de um processo de composição no qual, em tempos de isolamento social, a banda se utilizou de redes sociais (WhatsApp etc.), como ferramenta para conectar os músicos e desenvolver a criação das canções.

Programa Combate Rock destaca grandes nomes da produção musical

Carlos Eduardo Miranda (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Nesta edição do Combate Rock abrimos o programa homenageando o guitarrista de blues Bryan Lee, o baterista Frankie Banali (Quiet Riot) e Jack Sherman (Red Hot Chilli Peppers), todos mortos na semana passada.

Nos demais blocos, falamos sobre produtores brasileiros com grandes álbuns de responsa em seus currículos: Pena Schmidt, Liminha, Carlos Eduardo Miranda, Tom Capone, Rafael Ramos e Marcello Pompeu.

Clique non player e divirta-se:

A polícia apresenta as suas armas, e a reação 'resgata' uma canção emblemática

Marcelo Moreira

Vidas negras importam e devemos lutar encarniçadamente como cidadãos. Não poderia ser mais explícita a mensagem que os atletas negros do basquete norte-americano a respeito das ações assassinas da polícia racista de quase todos os Estados que compõem os Estados Unidos da América.

O atletas se recusaram a jogar nesta quarta-feira (26) por conta de mais uma tentativa de assassinato de cidadão negro inocente e desarmado, desta vez no Estado de Wisconsin.

É um protesto sem precedentes na história dos Estados Unidos. A milionária NBA, a liga norte-americana de basquete masculino, com ampla predominância de atletas negros, é um soco no estômago da América racista, supremacista, religiosa (no pior sentido) e dominada pela cultura branca.

Nos últimos dias, explodiram as procuras, nos meios digitais e virtuais, por músicas identificadas com o protesto negro e de afirmação das comunidades afro-americanas, indo desde os viscerais discursos dos nomes mais importantes do rap até artistas importantes desde sempre, como James Brown, Isaac Hayes, Otis Redding, Sly and Family Stone e muitos outros.

Surpreendentemente, uma canção polêmica foi resgatada para acirrar ainda mais os ânimos: "Cop Killer", o manifesto antirracista e violento da banda de heavy metal Body Count, um combo de músicos negros liderado pelo rapper e ator Ice-T.

A canção, lançada lá em 1992, coincidiu na época com os protestos violentos que assolaram Los Angeles por conta da agressão sofrida por um caminhoneiro negro chamado Rodney King.

Álbum de estreia do Body Count, uma banda formada por músicos engajados de rap mas que amam o heavy metal sob a liderança do ator e cantor Ice-T
Flagrados por câmeras, os policiais agressores foram temporariamente afastados, mas, inacreditavelmente, foram absolvidos em julgamento espúrio onde o júri era majoritariamente branco. A cidade ardeu em chamas por dias, assim como outras cidades norte-americanas.

Mais do que um manifesto, "Cop Killer" foi uma declaração de guerra diante de um morticínio deliberado e injustificado da população negra e pobre nas periferias miseráveis das metrópoles americanas.

A canção foi banida das rádios e das lojas, e a própria gravadora da banda sinalizou que enterraria o single. Nada disso, no entanto, foi o suficiente para estancar a disseminação da canção, que até hoje é um hino antivolência policial e antiestablishment.

O resgate da música belicista, mas que na verdade é um grande grito de basta à violência que parte dos agentes repressivos do Estado, é tudo o que o racista e mentiroso Donald Trump não queria em plena campanha eleitoral pela reeleição.

O atual presidente está bem atrás na corrida eleitoral, segundo as pesquisas. O democrata Joe Biden é o favorito para vencer as eleições de novembro.

Mesmo diante de um cenário pavoroso de distúrbios sociais e civis por conta dos seguidos casso de violência policial contra negros, Trump mantém seu estímulo a discursos racistas e intolerantes por parte de seus apoiadores, alguns deles negros.

Foi o caso de um deputado federal republicado e trumpista que, durante a convenção de seu partido, repudiou os protestos contra mais uma agressão policial.

Afirmou em discurso que os distúrbios são impulsionados por "comunistas", que os manifestantes são "terroristas e criminosos" e que querem "manchar o passado e enlamear as glórias americanas ao destruir símbolos da nação", referindo-se aos casos de de estátuas de escravocratas e líderes racistas. O detalhe é que tal deputado é negro.

Para os esquerdistas, as manifestações são um grito contra a violência e as constantes violações de direitos humanos. Para os direitistas extremados, os distúrbios são crimes que têm objetivos políticos e eleitorais, ignorando que há pessoas mortas no meio da crise.

A questão é que o lamentável governo Trump está esfarelando nesta eleição e guarda muitas semelhanças, em termos de aberrações e incompetência, com a administração do brasileiro Jair Bolsonaro.

São duas figuras nefastas e estúpidas, que apostam no ódio e nas divisões sociais e políticas para garantir punhados de votos e destruir anos de construções democráticas em todos os sentidos.

"Coincidentemente", são dois presidentes que repudiam "manifestações antifascistas", com constantes acenos a grupelhos extremistas e supremacistas que agem como milícias físicas e digitais cometendo toda a sorte de crimes.

Desafortunadamente, "Cop Killer" é uma música perfeita para ilustrar as diárias violações dos direitos civis de brasileiros que moram em periferias de grandes cidades e que, na esmagadora maioria, são negros.

O hediondo crime mais recente e que virou escândalo internacional foi o do policial militar paulistano que pisou em um pescoço de mulher negra durante uma ação na periferia da capital paulista.

Já debilitada e com uma perna quebrada, foi vítima da violência e do escárnio desse ser nojento que representa o que há de mais odioso no aparato repressivo oficial de inspiração autoritária e fascista.

Não há dúvidas de que "Cop Killer" é uma canção muito forte e com um conteúdo que certamente incita a violência - ou, dependendo do ponto de vista, a reação a uma violência sistemática e sistêmica do Estado dominado por uma elite branca contra a população periférica, pobre e negra.

Se tivesse sido composta por brasileiros, de qualquer gênero musical, teria sido banida mesmo em tempos democráticos e por determinação judicial.

Entretanto, a censura e a perseguição não mudariam a realidade: é um relato cru e pesado de um cotidiano que permeia as vidas de brasileiros e norte-americanos negros pobres há mais de um século.

Considero que é uma reação, violenta e dramática, ao permanente estado de tensão que vigora nas áreas mais pobres , como bem expressou um imigrante jamaicano agredo e preso legalmente em Londres em 2001 durante uma manifestação.

Em declaração à agência Reuters, reproduzida por sites de música, o músico e artesão Jimmy foi detido e espancado durante uma manifestação contra policiais que investiram contra manifestantes negros e indianos que reivindicavam, de forma pacífica, a regularização de seus vistos de permanência.

"Se alguém tinha dificuldades na Inglaterra de entender sobre o que 'Cop Killer' denunciava, então agora não restam dúvidas do que se trata e de como o poder trata minorias e os mais desfavorecidos", reclamou dias depois de ser preso.

A canção é bastante pertinente para servir de trilha sonora para uma juventude negra perseguida em São Paulo e no Rio de Janeiro.

O que não quer dizer que devamos estimular o que a letra prega. É consenso nos Estados Unidos que, se o lançamento da música ocorreu em um "timing perfeito", por outro lado não ajudou me nada no combate à violência policial.

Em vez de apaziguar, acirrou os ânimos em todo o país, especialmente em Nova York, onde começava a vigorar diversas diretrizes do que se convencionou, tempos depois, no que veio a ser a política de "tolerância zero", implantada pelo prefeito Rudolph Giuliani, que visou principalmente a população negra, hispânica e pobre, identificada como "umbilicalmente ligada" aos pequenos delitos que, supostamente, levavam ao cometimento de crimes mais graves.

O acirramento das tensões, geralmente, ou desembocam em revoluções violentas e revanchistas ou em endurecimento do cotidiano das vidas precárias de sempre. Muitos pacifistas e teóricos da não violência acreditam que "Cop Killer" não só não ajudou como piorou as coisas em muitas circunstâncias.

Uma das formações do Body Count, com Ice-T à frente e no centro (FOTO:DIVULGAÇÃO)

É bem possível que isso tenha acontecido, mas não é possível e aceitável não reconhecer que a música foi um grito reativo necessário contra as constantes violações de direitos nos Estados Unidos. foi uma reação esperada e necessária.

Os gritos pacifistas contra essa letra e as mais duras ainda que forma lançadas no rap e no hip hop nos últimos 30 anos soam deslocados do mesmo modo que as declarações que condenaram as ações terroristas dos diversos grupos de resistência na Europa Ocidental e na Rússia na Segunda Guerra Mundial.

Os atos de sabotagem e de violência contra as tropas nazistas eram seguidos imediatamente de represálias, sempre com o fuzilamento de população civil inocente. Só que são cada vez menos os estudiosos que não reconhecem a importância dos grupos de resistência para a vitória contra os nazistas, dos franceses aos iugoslavos, dos gregos os noruegueses.

Com o tempo consegui perceber as nuances e o contexto da criação e divulgação da canção. Aqui no Brasil sempre houve algo semelhante desde sempre, no rap, mas de forma mais velada e dissimulada.

A contundência e a incitação escancarada incomodavam, o que me fez escutar a música com muitas reservas, assim como em relação a certas canções de Racionais MCs e Pavilhão 9. Quem não se lembra do título do CD "Se Deus Vier, Que Venha Armado", do Pavilhão, que tanto chocou incautos e fez a festa dos engajados?

Se percebi a importância e a necessidade de "Cop Killer" ao longo dos anos, isso não quer dizer que eu endosse a mensagem explícita, mesmo reconhecendo todo o contexto.

Portanto, por mais que reconheçamos a incitação à violência e a provocação temerária, que esbarra em contravenções e estímulos ao crime - passíveis até de punição, dependendo da legislação -, o fato é que "Cop Killer" se tornou um clássico do metal e do rock de protesto, queiram ou não os agentes da lei.

 E estes estão cada vez mais em dificuldades para reverter esse ódio por conta dos tantos e tantos assassinatos e agressões policiais contra negros e pessoas pobres inocentes em vários locais do mundo, mas principalmente no Brasil e nos Estados Unidos.


Cop Killer

Yeah!

I got my black shirt on
I got my black gloves on
I got my ski mask on
This shit's been too long
I got my twelve guage sawed off
I got my headlights turned off
I'm 'bout to bust some shots off
I'm 'bout to dust some cops off

I'm a

Cop killer, better you than me
Cop killer, fuck police brutality!
Cop killer, I know your family's grievin'... Fuck 'em!
Cop killer, but tonight we get even

I got my brain on hype
Tonight'll be your night
I got this long-assed knife
And your neck looks just right
My adrenaline's pumpin'
I got my stereo bumpin'
I'm 'bout to kill me somethin'
A pig stopped me for nuthin'!

Cop killer, it's better you than me
Cop killer, fuck police brutality!
Cop killer, I know your family's grievin'... Fuck 'em!
Cop killer, but tonight we get even

Die, die, die, pig, die!
Fuck the police!

Cop killer, it's better you than me
Cop killer, fuck police brutality!
Cop killer, I know your family's grievin'... Fuck 'em!
Cop killer, but tonight we get even

Fuck the police!

Fuck the police, for daryl gates
Fuck the police, for rodney king
Fuck the police, for my dead homies
Fuck the police, for your freedom
Fuck the police, don't be a pussy
Fuck the police, have some mothafuckin' courage
Fuck the police, sing along!

Cop killer!

I'm a motherfucker cop killer!

Cop killer!

Matador de Polícia
Yeah!

Eu ponho minha camisa preta
Eu ponho minhas luvas pretas
Eu ponho minha toca preta
Essa merda já durou demais
Eu pego minha doze de cano serrado
Eu desligo os faróis do carro
Estou prestes a dar uns tiros
Estou prestes a mandar uns tiras para a vala

Eu sou um

Matador de polícia, antes você do que eu
Matador de polícia, foda-se a brutalidade policial!
Matador de polícia, eu sei que a sua família está sofrendo... Fodam-se eles!
Matador de polícia, mas essa noite vamos acertar as contas

Eu estou loucão
Hoje à noite será sua noite
Eu tenho essa faca de cabo comprido
E seu pescoço parece no ponto certo
Minha adrenalina está aumentando
Meu som está estourando
Estou prestes a matar alguém
Um porco me parou por nada!

Matador de polícia, antes você do que eu
Matador de polícia, foda-se a brutalidade policial!
Matador de polícia, eu sei do luto da tua família... Foda-se eles!
Matador de polícia, mas hoje vamos acertar as contas

Morre, morre, morre, porco, morre!
Foda-se a polícia!

Matador de polícia, antes você do que eu
Matador de polícia, foda-se a brutalidade policial!
Matador de polícia, eu sei que a sua família está sofrendo... Fodam-se eles!
Matador de polícia, mas essa noite vamos acertar as contas

Foda-se a polícia!

Foda-se a polícia, em nome de Darryl Gates
Foda-se a polícia, em nome de Rodney King
Foda-se a polícia, em nome de todos os meus manos
Foda-se a polícia, em nome da sua liberdade
Foda-se a polícia, não seja uma bicha
Foda-se a polícia, tenha um pouco de coragem, porra
Foda-se a polícia, cante junto!

Matador de polícia!

Eu sou um puta de um assassino de policiais!

Matador de polícia!

(Reprodução do site Letras - https://www.letras.mus.br/)

quarta-feira, agosto 26, 2020

Notas roqueiras: Válvera, BloodHunter, Diva Satanica, Rock in Rio, Lvna Fest...




- "Cycle Of Disaster", novo álbum dos paulistas do Válvera, está prestes a ser oficialmente no dia 28 de agosto via Brutal Records (EUA e Canadá), Proper Music (Europa) e Voice Music (Brasil), e nada mais oportuno do que lançar mais um single antes dessa data. O primeiro lançado foi "Glow Of Death" e agora a banda solta "Born In A Dead Planet". Confira Lyric Video de "Born In A Dead Planet" em https://youtu.be/j9a0Vm5Pz54

A segunda edição do festival LVNA FEST vai acontecer online, dia 29 de agosto (sábado), no canal do YouTube do LVNA Art. O cast do evento reúne grandes nomes da música pesada nacional e a atração internacional BloodHunter, da Espanha. A vocalista do grupo é Diva Satanica, atual frontwoman da Nervosa. Todas as bandas participantes desta edição contam com mulheres na sua formação. Online - YouTube LVNA Art - www.youtube.com/lvnaartfest

- Na quinta-feira (27), pela primeira vez no Brasil, serão sorteados 10 pares de ingressos vitalícios, um benefício exclusivo para os membros do Rock in Rio Club, da categoria Rock Star. O sorteio será exibido ao vivo da Cidade do Rock, e comandado pelo CEO do festival, Luis Justo, que também responderá a perguntas previamente enviadas pelos membros do Rock in Rio Club Rock Star. O evento acontecerá a partir das 17h30 e, para assistir, basta acessar club.rockinrio.com.br/rockstar.

- Neste sábado, dia 29 de agosto, acontece a segunda edição online do Lvna Fest, a partir das 20h. O Final Disaster estará entre as 22 bandas que compõem o cast do festival.
Para mais informações, acesse a página do evento no Facebook:
https://www.facebook.com/events/1556475684557400/
O evento reúne bandas de várias vertentes do rock e metal e o destaque nesta edição é que todas as bandas participantes contam com mulheres na sua formação com o objetivo de mostrar a força e união femininas na cena. Também por esse motivo, o evento será beneficente, em prol da ONG Mulheres da Luz, um coletivo que busca promover cidadania e garantia de direitos humanos para mulheres em situação de prostituição na cidade de São Paulo. As bandas que farão parte do festival, são Able to Return, Abstracted, Anama, BloodHunter, BrightStorm, Dark Valley, Divine Pain, Endigna, Fenrir's Scar, Final Disaster, FlowerLeaf, Flowers to the Ground, Hamen, Inanimalia, INRAZA, Lasting Maze, Lia Kapp, No One Spoke, Quantum, Sacrificed, Sinaya, Voccatus. A transmissão do festival será realizada no canal do festival no YouTube:
www.youtube.com/lvnaartfest

Corey Taylor, vocalista do Slipknot, lança clipe de música de seu primeiro álbum solo

Do site Roque Reverso

Corey Taylor (FOTO: DIVULGAÇÃO)
O vocalista do Slipknot, Corey Taylor, lançou nesta quarta-feira, 19 de agosto, o clipe da música “Black Eyes Blue”. É uma amostra do primeiro álbum solo que chegará aos fãs no último trimestre de 2020.

“CMFT”, que é uma abreviação de “Corey Mother Fucking Taylor”, é o nome do disco, que será lançado mundialmente em 2 de outubro pela Roadrunner Records.

Taylor, que também é vocalista do Stone Sour, finalmente se arriscou com um trabalho solo, sem deixar as bandas de longa data de lado.

O clipe de “Black Eyes Blue” contou com direção de DJay Brawner.

A música vem num estilo muito mais para Stone Sour do que para o sempre pesado Slipknot.

O primeiro clipe ligado ao disco de Taylor foi o da música “CMFT Must Be Stopped”, que contou com várias participações especiais, como as de Marilyn Manson, Lars Ulrich (Metallica), Rob Halford (Judas Priest) e Scott Ian (Anthrax), entre outros.

“CMFT Must Be Stopped” traz mais peso do que “Black Eyes Blue”, mas também caminha por um lado mais ligado ao hip hop, sem deixar o rock de lado.

O álbum “”CMFT” foi gravado no Hideout Studio em Las Vegas, com o produtor Jay Ruston.

A banda que acompanha Taylor traz Christian Martucci (guitarra), Zach Throne (guitarra), Jason Christopher (baixo) e Dustin Robert (bateria).

Notas roqueiras: Black Fate, Sepulchral Voice, Resist...




- A banda grega Black Fate acaba de lançar o single “Savior Machine”, de seu novo álbum “Ithaca”, que será lançado no próximo dia 23 de outubro pela gravadora italiana Rockshots Records.
Escute “Savior Machine”: YouTube - https://youtu.be/UPLtmcqVtDM. Formada por Vasilis Georgiou (vocal), Gus Drax (guitarra), Vasilis Liakos (baixo) e Tsintzilonis Nikos (bateria), o Black Fate tem como influência bandas como Dream Theater, Fates Warning, Kamelot, Nightwish, Iron Maiden, Dio e outros. Os músicos esperam apresentar sua mistura de power metal progressivo no próximo álbum e que agrade os fãs ao redor do mundo.

- Os mineiros do Sepulchral Voice, junto com outras grandes bandas nacionais e internacionais, confirmou a presença na 3º Edição do Metal com Batata Stay Home Festival. Esse evento online será realizado dia 21 de agosto, das 21h às 23h, no canal oficial do programa Metal com Batata no YouTube (https://www.youtube.com/c/METALCOMBATATA) e terá transmissão simultânea da web rádio Rádio Baixada Santista, de Santos/SP.

- Na sexta-feira, 21 de agosto, será oficialmente lançado o EP de estreia da banda Resist, “Existencial”. De forma diferente da grande maioria, os dois músicos do projeto, apresentam o novo registro de estúdio ao vivo via live de YouTube. O EP contará com quatro músicas autorais, onde muita técnica, destreza, versatilidade desta dupla, poderão ser conferidas nas canções criadas por Paulo Chiguara (Baixo/Voz) e Lucas Medeiros (bateria). Assista pelo link
https://www.youtube.com/channel/UCkKQh3RWrclP7a2Vi1pfc7w

Primeiros trabalhos do Samson, com Bruce Dickinson, chegam em CD ao Brasil

Marcelo Moreira



O Samson é uma banda daquelas que deveriam ter estourado e influenciado milhões de seguidores. Na onda do renascimento do heavy metal britânico, estava destinada a brilhar e a liderar aquele novo movimento, mas acabou sucumbindo ao maior radicalismo e peso do Iron Maiden. Como punição maior, perderia para os rivais até mesmo o seu segundo maior trunfo, o vocalista.

Liderada por um ótimo guitarrista, Paul Samson, mas não carismático, a banda estava mais próxima, em termos sonoros e estéticos, do Judas Priest. 

Samson resistiu a chamar um segundo guitarrista e assistiu atordoado o atropelamento do próprio Priest, do Maiden e do Def Leppard, todos com duas guitarras, gêmeas ou não.

É essa banda controversa que terá seus três primeiros CDs lançados no Brasil pela primeira vez pela Hellion Records, selo paulistano que já foi uma importante loja de CDs na Galeria do Rock.

"Survivors", "Head On" e "Shock Tactics" mostram um grupo vigoroso em seu hard'n'heavy temperado por solos furiosos e bons riffs baseados no blues e no classic rock, lembrando levemente alguns momentos do Whitesnake daquela época.

Paul Samson já chamava a atenção no circuito mais pesado de Londres, mas era muito mais cultuado pelos músicos do que propriamente pelo público em si, tanto que "Survivors", o primeiro álbum, de 1979, não chamou a atenção, embora já trouxesse, em algumas músicas , um novato de voz poderosa, Bruce Dickinson. A versão brasileira, remasterizada, terá nove faixas bônus.

Um vocalista bom de garganta e de palco era o que faltava para a banda, diziam amigos e jornalistas ao guitarrista que se sentia desconfortável como líder e dono. 

Dickinson caiu perfeitamente no cargo e a banda deu um salto de qualidade. As letras melhoraram um pouco e o som ficou mais pesado. 

"Head On", o segundo álbum, de 1980, apresenta algumas canções importantes e colocam o Samson entre as principais bandas novas da Inglaterra. 

Observando hoje, 40 anos depois, fica claro que faltava alguma coisa para o quarteto, que demorou a descobrir o que faltava, mesmo com um cantor ótimo. A demora foi fatal, e contribuiu para isso a relutância de Samson de entender o momento e abraçar o tal do heavy metal. Ficou para trás.

O segundo álbum era melhor do que o primeiro, mas oscilava na indecisão entre o hard rock setentista e os timbres mais pesados necessários que a concorrência impunha. 

Quando a NWOBHM (New Wave of British Heavy Metal), a nova onda do metal britânico, chegou de forma avassaladora, o Samson ainda estava indeciso, mesmo com o bom "Head On" para divulgar. 

Indecisão que não ocorreu com o Saxon, que fazia sucesso no norte do país com seu primeiro álbum e com um som mais encorpado e pesado, com duas guitarras rugindo. Era uma banda de hard, assim como o Def Leppard, e as duas não hesitaram em mergulhar no heavy.

Quando entraram no estúdio para gravar "Shock Tactics", em 1981, havia tensão no ar e insatisfação artística. O Iron Maiden, desprezado pelos integrantes do grupo, e o Saxon já estavam voando, carregando consigo gente como Tygers of Pan Tang, Angel Witch e Raven. Precisariam ralar para a aproveitar a onda.

O terceiro álbum é o melhor e mais consistente dos três, mas já era tarde para mergulhar na nova onda. Samson ainda relutava em adicionar peso e mais guitarras e a falta de canções memoráveis, coisa que nunca faltou ao Judas Priest, ajudaram a pregar o rótulo de cult ao Samson. A edição brasileira terá três bônus e uma remasterização que vai ressaltar a boa guitarra de Paul, ainda agarrado ao som hard da década anterior.

O som quase punk do Iron Maiden desagradava a muitos músicos das "antigas" na cena e não encantava Bruce Dickinson, mas o vocalista não pestanejou quando, surpreendentemente, foi abordado por Steve Harris, o baixista do Iron Maiden, e o empresário Rod Smallwood ao final de um festival com o convite para assumir s vocais do Iron.

Semanas depois, o Samson, com a perda irreparável, quase implodiu e entrou em um período sabático. Prosseguiu por alguns anos, meio cambaleante, mas conseguindo se segurar com a aura cult, mas nunca explodiu, infelizmente. O guitarrista morreu em agosto de 2002, aos 49 anos, em consequência de um câncer.

Em um ano pavoroso para o mea em arcado musical, em todos os sentidos, é uma boa notícia a chegada em CD, pela primeira vez no Brasil, dos mais importantes trabalhos do Samson.


terça-feira, agosto 25, 2020

The Killers libera para audição a música ‘Dying Breed’

Do site Roque Reverso


The Killers (FOTO: DIVULGAÇÃO)
O grupo The Killers liberou no dia 14 de agosto mais uma amostra do novo álbum que lançará ainda em 2020. A bola da vez é a música “Dying Breed”.

O novo disco “Imploding the Mirage” deveria ter chegado ao público no dia 29 de maio, mas teve lançamento adiado por causa da pandemia de covid-19 que afetou o planeta.

A data exata agora é o dia 21 de agosto.

Antes da faixa “Dying Breed”, a banda havia lançado as faixas “My Own Soul’s Warning”, que contou com clipe, além das músicas “Fire In Bone” e boa “Caution”, esta também com o lançamento de um clipe.

“Imploding the Mirage” será o sexto álbum de estúdio do grupo.

O disco sucederá “Wonderful Wonderful”, que foi lançado em 2017.

A produção é de Shawn Everett e de Jonathan Rado.

Notas roqueiras: Broken & Boned, Evilcult, Mississippi Delta Blues Festival...




- Depois de o lyric video de 'Fútil' ter ido ao ar pelo YouTube no dia 31 de julho, a faixa chega às plataformas digitais e é uma prévia do álbum 'Lies Inside Delusion', que a banda Broken & Boned produz desde 2019. 'Fútil' é um death metal melódico criado por Carlos Nava (guitarrista e vocalista), Marcelo "Marshall" Alencar (guitarrista), Lúcio de Paula (baixista) e André Cecim (baterista). A canção ainda conta com o ex-vocalista Rômulo Portela, que deixou a banda recentemente para cuidar de projetos pessoais. O single foi gravado e produzido pela própria banda no Legacy Studio, em Belém/PA, onde os músicos produzem o próximo full length. A riqueza de climas e o groove sempre presente na música do Broken & Boned, ganharam uma pegada mais agressiva, neste que é o primeiro registro de André no grupo. Confira a canção pelo Spotify em https://spoti.fi/2PLRbKt

- Acaba de ser lançado o primeiro vídeo clipe oficial da banda gaúcha Evilcult para a faixa "At the Darkest Night". Presente no CD “At the Darkest Night”, a música foi escolhida por ser empolgante e que demonstra as diversas influências de Lucas “From Hell” (guitarra/vocal) e Mateus “Blasphemer” (bateria). O vídeo foi produzido por Maicon Benato da Nitro Sound & Vision, com o apoio do estúdio Cosmic Music e do bar Ferrovia Live. Assista ao vídeo clipe de “Drunk by Goat's Blood”: https://www.youtube.com/watch?v=x8GP5_VbP7s
- O Mississippi Delta Blues Festival (MDBF) chega à sua 13ª edição em 2020 com novidades. Além da confirmação do evento presencial, previsto para ocorrer entre os dias 19 e 22 de novembro, o maior festival de blues da América Latina agora também terá uma nova casa - o Parque de Eventos da Festa da Uva. Com cerca de 35 mil m² de área, a remodelação do MDBF ocupará os espaços das Réplicas, Som e Luz e Espaço Multicultural do complexo, em Caxias do Sul (RS). A mudança de local já vinha sendo analisada desde a última edição do MDBF e foi baseada em requisitos como acessos, transporte, estacionamento, possibilidade de remodelação do evento, entre outros (ver lista completa abaixo). Além disso, o Parque de Eventos da Festa da Uva também representa o berço da colonização italiana na cidade, servindo como homenagem à cidade que acolheu o festival de blues há 12 anos. A mudança de local também vai de encontro às necessidades requeridas para o atual momento, segundo os organizadores: serão cerca de 16m² por pessoa, haverá ampliação do número de palcos, demarcação de lugares nas arquibancadas e a realização de um evento totalmente ao ar livre. Em caso da não realização do festival em novembro, os ingressos já adquiridos continuarão válidos para o evento, independentemente da data a ocorrer. Os ingressos para a 13ª edição do Mississippi Delta Blues Festival seguem à venda, com preços promocionais. Interessados em adquirir seu passe para podem fazê-lo pelo link bit.ly/mdbf2020. Em 2020, o MDBF promove a Clarksdale Edition, em homenagem à cidade considerada berço do Blues. Clarksdale é uma localidade cercada por plantações de algodão, e está localizada no Delta do Mississippi. Conhecida como terra natal de muitos músicos do Blues, Clarksdale é famosa pelo cruzamento da Highway 61 com a Highway 49. Essa encruzilhada supostamente seria a "Crossroads", conhecida pela lenda que envolve Robert Johnson — no local Johnson teria vendido sua alma em troca do dom para tocar violão.

Detonautas resumem em clipe alegórico a tragédia social e política brasileira

Marcelo Moreira


Detonautas em ação no Rock in Rio (FOTO: DIVULGAÇÃO/ROCK IN RIO)
Tristeza, melancolia e nem um pouco de esperança. As tradicionais canções da banda Detonautas Roque Clube, repletas de críticas sociais e de questionamentos, mas sempre com um fundinho de otimismo, ao menos, parecem guardadas em uma gaveta à espera de dias melhores.

"Carta ao Futuro", o mais recente single da banda, é uma animação funesta e sombria, com zumbis vestidos com camisas da seleção brasileira dominando a paisagem e muito pouco a esperar em relação a dias melhores. Provavelmente, é o libelo mais contundente do rock nacional sobre os preocupantes tempos em que vivemos.

A letra é do vocalista Tico Santa Cruz, um dos artistas brasileiros mais engajados na luta pelos direitos humanos e pela preservação de avanços sociais. 

Formado em ciências sociais, é um músico que tem uma visão bem abrangente sobre os graves problemas econômicos brasileiros e é um incansável defensor da democracia, por mais que, paradoxalmente, seja uma "vítima" dela, pois e alvo constante de discursos de ódio e de ameaças diversas, inclusive da esquerda, campo ideológico onde costuma ser incluído.

Com produção do vocalista, de Phil e Renato Rocha, "Carta ao Futuro" tem participação especial do
multi-instrumentista e produtor Marcelo Sussekind, que toca guitarra na faixa e assina a mixagem.

O clipe de animação é simples e bem feito e transmite alguns sentimentos manifestados por parte da população que não compactua com os desmandos do presidente nefasto Jair Bolsonaro e sua trágica gestão que minimiza a pandemia do coronavírus e endossa a destruição do meio ambiente, entre outros "crimes".

Em resumo, está tudo lá, na canção e no vídeo: o desastre na gestão da saúde, em plena pandemia, as alegorias fascistas e as tentativas de golpear e enfraquecer a democracia.. As trevas que caem sobre nossa sociedade são retratadas e simbolizadas por meio de zumbis que aterrorizam Brasília, acompanhados de um forte aparato repressivo e seitas obscurantistas.

"Desejamos que a música seja uma carta em defesa da democracia e do social do nosso país", diz Tico Santa Cruz de uma forma um pouco pretensiosa, mas necessária. Será que terá a força necessária para provocar algum tipo de reflexão?

segunda-feira, agosto 24, 2020

DVD 'russo' do Noturnall é a ponta de lança da internacionalização da banda

Marcelo Moreira




Uma banda brasileira com aspirações internacionais, com instabilidade na formação e três CDs na bagagem, decide gravar um show no exterior para virar um DVD. Muita ousadia para um grupo que não é Sepultura, Angra ou Krisiun?

Até pode ser, mas não poderíamos esperar nada diferente do Noturnall, uma banda que filmou o seu primeiro show da carreira e o transformou em um poderoso DVD, passando por cima do nervosismo e do desentrosamento.

"Made in Russia" é um trabalho requintado e de qualidade ótima gravado durante a turnê russa de 2019 ao lado dos americanos do Disturbed. Uma estratégia arriscada, já que os russos estavam ali para ver os americanos.

O grupo fez shows em Moscou, Yekaterineburgo e São Petesburgo. A receptividade surpreendente reforçou a convicção de que era uma boa ideia lançar comercialmente as filmagens. 

"A situação inteira foi um verdadeiro sonho pra gente! Excursionar com uma das maiores bandas do mundo, num país com uma cultura tão diferente e sermos recepcionados pelo público daquela forma incrível, como se estivéssemos em casa? Foi um dos momentos mais mágicos de nossas carreiras!", relembra o vocalista Thiago Bianchi.

A plateia estava na expectativa de saber do que se tratava aquele quarteto brasileiro que, de antemão, sabia-se que fazia um som completamente diferente do que o Disturbed faz. Mistura de power metal com som extremo mais moderno, quase metalcore. Pode dar certo em uma turnê?

Foi um batismo de fogo para uma banda quase que totalmente reformulada e contando definitivamente com o norte-americano Mike Orlando como guitarrista, um músico tarimbado e veterano que também integra o Adrenaline Mob, por enquanto em férias prolongadas. 

Com Henrique Pucci na baterial e Saulo Xakol no baixo, o grupo fica mais pesado e cru sem os teclados de Junior Carelli, que saiu em 2018 junto com o fundador Fernando Quesada, que é baixista.

"É um som diferente, com nova pegada e outro horizonte. E devo dizer que sou abençoado, porque a nova formação se entrosou de tal forma que ampliou as nossas possibilidades", comenta Bianchi bastante animado.
O Noturnall nunca teve medo de arriscar, e a ideia de abrir para os americanos deu certo. Os russos aparentemente se entusiasmaram com a música agressiva, mas melódica, dos brasileiros e curtiram bastante.

Sempre em busca da inovação, a decisão de liberar o DVD na íntegra na internet surpreendeu de certa forma, mas tem a ver com o grave momento em que vivemos, com a pandemia incontrolável de coronavírus que castiga o Brasil. São quase 110 mil mortos e 3,3 milhões de infectados.

"Com tudo parado, tivemos de repensar uma série de estratégias e adiar planos. Pareceu-nos necessário criar alternativa para manter o nome em evidência e mostrar que as coisas estão acontecendo e que podem acontecer. De certa forma, foi uma necessidade", diz Bianchi.

Reclamar é algo que não passa pela cabeça do vocalista, que é um especialista em enfrentar desafios e questões delicadas. Venceu duas graves doenças e evitou o fim do Noturnall três vezes quando do desmantelamento das formações - isso para não falar na rápida decisão de mudar tudo quando houve a cisão da segunda formação do Shaman, entre 2011 e 2012, dando origem ao Shaman.

Com a preciosa ajuda de Mike Portnoy (ex-baterista do Dream Theather), Bianchi formatou vários projetos em 2019, que incluíram uma turnê de sucesso pelo Brasil tendo-o como convidado especial e lançando um single/clipe - "Scream! For!! Me!!!", que estará no próximo CD, "Cosmic Redemption" - em que ele participa de forma magistral. 

 "Todos aprendemos demais com Portnoy, que virou quase que um produtor de nossos shows, um mentor mesmo. Ao fim de cada apresentação, ele reunia todo mundo e fazia uma reunião de avaliação. O cara tinha filmado o show e, na boa, dizia onde poderíamos melhorar e onde tínhamos detonado. É de um profissionalismo extraordinário. Ele faz parte, de forma integral, de nosso universo", finaliza Bianchi.
  

Notas roqueiras: Escombro, Me Chama de Zé, Climatic Terra...

Escombro (FOTO: DIVULGAÇÃO)
- O quarteto hardcore Escombro lança "Cicatrizes", EP de cinco músicas já nas principais plataformas de streaming via Canil Records. Com sonoridade encorpada, moderna e letras desafiadoras, mas também contestadoras e otimistas, a banda de São Paulo eleva o gênero a outro patamar e, claro, com muitos riffs, coros, breakdowns e linhas vocais faladas. Ouça aqui: https://bit.ly/CicatrizesEP. O título é a síntese do debate que o Escombro sempre propõe. “Não deixe que as dores, feridas e cicatrizes tomem conta de você, elas têm que servir de aprendizado, te construir como pessoa. São marcas que te fazem crescer e chegar ao lugar onde se encontra hoje”, fala o vocalista Jota. Como em lançamentos anteriores (o single ‘O Peso de Sobreviver’ e o EP ‘Eutanásia Social, além do álbum homônimo, de 2017), o Escombro em Cicatrizes é um rolo compresso político, crítico da censura e do cerceamento de qualquer liberdade, da violência, da desigualdade social e da corrupção, mas é também uma banda que propõe reflexões pessoais em cima de temas atuais.

- O Me Chama de Zé segue firme fazendo a divulgação de seu EP autointitulado, e nessa tarefa, acaba de anunciar que disponibilizou para audição completa em seu canal no YouTube, o single da faixa “São Paulo”. Você pode fazer a audição da música no link https://youtu.be/xE9VC1brYY8

- A 3ª edição do Armageddon Metal Fest acaba de confirmar a banda argentina Climatic Terra no line-up do evento que está agendado para o dia 29 de maio, no Joinville Square Garden. Formada em 2003, os hermanos estão promovendo o seu quarto elogiado álbum "Anatomy of Despise". No entanto, por conta da pandemia, o grupo está aproveitando este momento para produzir um novo disco, ou seja, existe uma grande possibilidade de eles mostrarem material inédito durante a performance no festival. Com Leonardo Báez (baixo), Lisandro Elzegbe (bateria), James Crowley (vocal), Nahuel Soto (guitarra) e Leonel Di Stefano (guitarra), o Climatic Terra traz uma sonoridade bastante atual, apostando em um thrash metal moderno com boas influências do death metal sueco.

O racismo que 'cancela' negros no rock: a saga de Derrick Green, do Sepultura

Axe of God* e Marcelo Moreira

O relato que fiz no último final de semana a respeito do "cancelamento" de artistas negros no rock por uma gama de fãs brasileiros e até estrangeiros chamou a atenção para vários casos corriqueiros que ainda ocorrem.

O texto repercutiu, e um dos leitores, que é negro e um dos comandantes deste Combate Rock temporariamente hospedado no Superball Express, nos alertou a respeito de Derrick Green, o vocalista do Sepultura.

Mauricio Gaia jogou luz sobre uma lamentável omissão de minha parte ao "vomitar" minha indignação com uma série de "cases" que insistem em tentar mostrar que o rock não é um ambiente agregador para artistas negros.

Se, de forma surpreendente, o Body Count, banda de metal liderada pelo ator e rapper Ice-T, tem grande aceitação entre o público branco no Brasil e nos Estados Unidos - graças, em grande parte, ao endosso de grandes nomes do rock pesado que adoram banda de músicos negros -, Green ainda continua penando em alguns ambientes para mostrar o seu valor.

Integrante oficial do Sepultura há 22 anos, Derrick Green, ex-cantor underground nos Estados Unidos e ex-segurança de casas noturnas, enfrentou esperadas resistências por substituir o que era considerado o líder da banda brasileira, o vocalista e guitarrista Max Cavalera. Sofreu o mesmo tipo de rejeição que Blaze Bayley teve no Iron Maiden e Tim "Ripper" Owens no Judas Priest.

As críticas sempre foram diretas - cantava mal, não tinha postura de palco, a voz era muito diferente e inadequada, não morava no Brasil, nunca aprendeu o português direito, torce para o Palmeiras porque puxava o saco do amigo Iggor Cavalera, ex-baterista da banda...

No fim do rosário, vinha, de forma velada, a restrição de ser negro cantando heavy metal, um feudo considerado branco até a medula até na Europa.

Saem os descendentes de italianos Cavalera, brancos e quatrocentões paulistanos (apesar de os irmãos terem nascido em Belo Horizonte, em Minas Gerais) e entra um "gigante de ébano" de dois metros de altura que "mais grita do que canta", que não toca instrumentos e que (supostamente) não compõe.

Felizmente, fui poupado diretamente dos comentários racistas explícitos a respeito da chegada de Derrick ao Sepultura. Tentei puxar pela memória, mas lembro apenas de amigos comentarem, horrorizados, que escutaram e leram declarações de "amigos" criticando a escolha de um "negro" para ser a voz da maior banda brasileira.

"De quem banda nojenta de rap resgataram esse cara?", me disse nesta semana um bom amigo, que ouviu isso daquele que o ensinou tudo sobre rock, o seu mentor, um dos irmãos mais velhos.

Derrick Green (extrema esquerda) com o Sepultura (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Nos grupos que frequento nas redes sociais tentei vasculhar alguma referência racista a Derrice k Green, mas não encontrei. Já houve tempo suficiente para uma acomodação e o público nacional já se acostumou com o "negrão" deu nova vida ao Sepultura.

Mas foi só perguntar a alguns amigos mais velhos e conhecedores da banda para que histórias de racismo contra o cantor do Sepultura ressurgissem.

Dou o devido desconto por conta do tempo e de eventuais falhas de memória, mas dos seis caras com quem falei nestes dias, todos se lembram de ter lido ou presenciado, ao menos uma vez, referências racistas a Derrick Green nos primeiros anos de sua trajetória no Sepultura.

Muitas vezes, os comentários eram feitos em tom de indignação mesmo sem que os autores tivessem ouvido o cara cantar. Ser negro incomodava, e as referências estéticas risíveis - "não combina com a banda, negro não tem nada a ver com heavy metal", ouviram esses amigos nos primórdios da internet e nos primeiros shows com a nova formação.

O vocalista do Sepultura é um cara muito inteligente, gentil e boa gente. Tem uma casca duríssima por ter sofrido na pele o racismo nojento norte-americano e ter um jogo de cintura admirável por suportar o conservadorismo e os preconceitos inerentes a um gênero musical que se fossilizou com o tempo. E sabia exatamente o que iria encontrar quando aceitou cantar mo Sepultura.

 Não deve ter sido agradável ter que lidar com um racismo originado de um ressentimento esdrúxulo de fãs inconformados, mas sua firmeza de caráter e sua resistência foram recompensadas pelos 22 anos de carreira ao lado dos brasileiros.

Curiosamente, abordando um outro espectro do rock nacional, nunca ouvi nada racista contra Clemente Nascimento, dos Inocentes e da Plebe Rude.

Nome fundamental do punk brasileiro, até onde ouvi e sei, sempre foi respeitadíssimo no rock, apesar de sua origem punk e na periferia, ambientes onde onde os negros roqueiros circulavam sem grandes problemas e podiam desfrutar, de certa forma, de uma maior fraternidade e solidariedade.

* Axe of God é um pseudônimo esdrúxulo escolhido pelo executivo de uma empresa de tecnologia da informação que trabalha em São Paulo. Pediu para não ser identificado por temer represálias nos grupos físicos de que participa e também nas redes sociais. Apesar de repudiar o que lê e o tipo de conversa que rola nestes ambientes, pretende continuar participando até para que possa estudar o comportamento dessa gente e constatar, de forma triste e abjeta, como o rock no Brasil está se tornando cada vez mais preconceituoso, cheio de ódio e racista. De forma relutante, concordou em dar esse depoimento ao Combate Rock/Superball Express por considerar importante explicitar os rumos que nossos ambientes estão tomando.