quinta-feira, junho 14, 2012

Uma nova opção de boleto para o consumidor

De vez em quando o consumidor recebe uma boa notícia de órgãos como o Banco Central (BC) e a Receita Federal. O BC criou o boleto de oferta, um novo tipo de título exclusivo para o pagamento opcional de serviços oferecidos ao cidadão, como assinaturas de revistas e contratações de seguros. A novidade pretende acabar com a confusão feita com os boletos de pagamento obrigatório (contas de luz e telefone, por exemplo), que, se não forem debitados, podem levar o nome do consumidor aos órgãos de restrição ao crédito, como SPC e Serasa. Agora todos os boletos de oferta terão a informação de que o seu pagamento é dispensável. Também terá de estar claro nos documentos que, caso não sejam pagos, não ocorrerão protestos, cobranças judiciais ou extrajudiciais, nem a inclusão do consumidor em cadastros de restrição ao crédito. Assim, o cliente vai saber decidir com mais facilidade se paga ou não pelo serviço oferecido pelas empresas. De acordo com o BC, a emissão dos boletos de oferta terá de, necessariamente, ser feita por meio de convênio com instituições financeiras autorizadas pela própria instituição. Com o pacote de mudanças, vêm novas regras para o velho boleto de cobrança, o que deve necessariamente ser pago. Outras instituições, como corretoras e financeiras, passam a ter permissão para emitir diretamente os boletos de cobrança correspondentes aos serviços executados por elas. Além disso, a partir de abril de 2013, boletos de valor superior a R$ 250 mil, quando pagos, vão remeter a quantia prevista diretamente ao recebedor, sem intermediação do sistema financeiro, segundo as novas normas fixadas pelo Banco Central. O consumidor que sofrer qualquer tipo de cobrança incorreta deve reclamar e exigir da empresa a devolução dos valores. A companhia deve entregar o dobro do dinheiro debitado do cliente, com juros e correção monetária. Caso a pendência não se resolva na negociação com a empresa, pode-se reclamar no Procon e solicitar indenização por danos morais, em especial se o consumidor não tiver pago o valor indevido. Na Justiça, o caminho é o Juizado Especial Cível para causas de até 40 salários mínimos (R$ 22,5 mil).

terça-feira, junho 12, 2012

Não há mais vestígios do finado pop rock nacional

O pop rock nacional continua solidamente enterrado e dá sinais de que jaz na sepultura para sempre. Totalmente ausente das paradas radiofônicas do Brasil, tem algum espasmo quando algum medalhão anuncia turnê comemorativa de alguma coisa, caso dos Titãs (que comemoram 30 anos de atividade) e de uns poucos que ainda conseguem algum espaço com trabalhos autorais inéditos, como Jota Quest e Capital Inicial. A edição nacional da revista Billboard, gigante norte-americano da área de mídia de entretenimento, traz mensalmente as “paradas de sucesso” pelo Brasil, em pesquisa comprovada, com dados confiáveis da empresa Crowley/Music Media, que criou uma metodologia abrangente para aferir a execução de músicas em emissoras de rádio (Mais informações em www.crowlwy.com.br). Hoje, no Brasil, não vejo levantamento com mais credibilidade do que esse. No último levantamento, publicado na edição de maio de 2012 da revista, o cenário é mais desolador do que a análise que o Combate Rock fez em outubro passado. O principal ranking da Billboard Brasil é o Brasil Hot 100 Airplay, que elenca as 100 músicas com maior execução entre 19 de março e 18 de abril, reunindo tanto músicas nacionais como internacionais. Apenas quatro artistas brasileiros de pop rock aparecem na lista – vamos desconsiderar Dinho Ouro Preto, que aparece em 80º lugar, porque seu mais novo recente trabalho só traz versões para hits internacionais, como “Nothing Compares 2 U”, de Sinead O’Connor, responsável por colocá-lo em tal posição. Em outubro passado, também eram quatro os brasileiros listados. O melhor grupo rankeado é Charlie Brown Jr, em 42º lugar, com a música “Céu Azul”; o Restart, com a música “Menina Estranha”, ficou em 58º lugar – o que já dá uma amostra do abismo profundo em que se encontra o pop brasileiro. Em 69º aparece a música “Não É Normal”, de NX Zero; em 70º, “Mais Perto de Mim”, de Jota Quest. Ou seja, as bandas de rock mais bem colocadas são duas bandas emos de qualidade altamente questionável. O cenário piorou também em relação ao posicionamento. O melhor brasileiro roqueiro em outubro passado estava em 50º – e era a mesma “Não É Normal”, do NX Zero. Ou seja, a música resiste nas paradas, e demonstra, por outro lado, que os artistas do gênero não conseguem entrar no ranking. O número de artistas diminui, e as músicas despencam na lista. A banda NX Zero continua resistindo na parada principal da Billboard Brasil – o que não quer dizer que isso seja bom Nas listas regionais das 10 mais, não existe rock de tipo nehhum, muito menos o nacional. Parece que o gênero nunca existiu ou foi extinto. A Billboard faz a pesquisa em 14 cidades – 11 capitais de Estados mais Campinas, Vale do Paraíba e Ribeirão Preto. Nas 14 listas o rock aparece somente com “Paradise”, do Coldplay, no Rio de Janeiro e em São Paulo. O cenário tétrico do pop rock nacional nas paradas brasileiras só não é definitivo porque, como consolo, o rock internacional também está ausente do Top 100 da Billboard Brasil. São apenas dois representantes: o chato e insosso Coldplay com a mesma “Paradise”, em 16º lugar, e o inexpressivo Maroon 5, com a música “Moves Like Jagger”. Sete meses atrás o rock estava na mesma, com dois artistas na lista – Coldplay aparece em 44º lugar com “Every Teardrop is a Waterfall”; Red Hot Chili Peppers é o 96º, com “The Adventures of Rain Dance Maggie.” E o que existe no topo da lista da Billboard? O pior cenário possível, com as piores coisas que se pode imaginar. A predominância absoluta é daquela coisa que se convencionou chamar de “sertanejo”, seja lá o que isso for. Michel Teló e Luan Santana são os líderes, seguidos Bruno & Marrone, Adele e Zezé di Camargo e Luciano. Ou seja, trevas totais, jogando por terra qualquer possibilidade de salvação do cenário musical brasileiro – e da cultura nacional, por tabela. O que sobra no cenário do pop rock nacional? Quando muito, o underground e o indie, e olhe lá. Vanguart, Cachorro Grande, Macaco Bong e mais uns poucos que ainda se aventuram nesta área. Há um abismo a partir de 2005, com a falta de artistas promissores no rock e o predomínio cada vez mais avassalador do lixo pop que tanta alegria anda dando a um mercado de entretenimento/fonográfico agonizante e quase moribundo. E não nos iludamos: a tendência é piorar muito até o final de 2012.

segunda-feira, junho 11, 2012

U2 completa 35 anos em cima dos placos, mas sem perspectivas

Um baterista enfezado e com cara de mau queria porque queria ser punk aos 16 anos de idade e decidiu montar uma banda na cozinha da sua casa. E decidiu que ele seria o líder e que mandaria em tudo, escreveria as músicas, letras e escolheria o figurino. Colocou cartazes na escola procurando guitarristas, baixista e cantor. Só três atenderam ao chamado. Para seu azar, aquele moleque feio e com cara de mais enfezado ainda decidiu naquela cozinha minúscula que ele seria o líder e que definiria o conceito da banda. Os outros dois concordaram. “Fui líder da minha banda por aproximadamente cinco minutos”, costuma dizer com uma ponta de sarcasmo Larry Mullen Jr, o baterista do U2. Foi na cozinha da casa dele, em Dublin, em 1976, que Paul Hewson assumiu as rédeas do pretenso grupo punk irlandês qiue se tornaria um gigante do mercado musical dez anos depois e a única banda a rivalizar em venda de ingressos e megalomania com os Rolling Stones 20 anos depois. Hewson logo em seguida o nome artístico de Bono Vox. Em 1977, o quarteto finalmente estrearia nos palcos e começaria a se tornar profissional. O quarteto completa 35 anos de atividade ininterrupta nos palcos e sem mudança de formação de forma discreta. Não há nada programado para lembrar a data – pelo menos nada anunciado até agora. O baú de preciosidades aos poucos vem sendo esvaziado desde 2000 com o lançamento de coletâneas com material inédito e reedições de álbuns dos anos 80 com CDs bônus. O que esperar então da banda para este ano. Jornais irlandeses especulam sobre a possibilidade de lançamento de shows raros da banda nos anos 80 e 81 em áudio e DVD. Sabe-se que esse matrial existe e que é praticamente inexplorado, justamente a fase mais “punk” e raivosa do U2. Ainda que as apresentações daquela época retratem o quarteto com muita energia, mas ainda sem aquela identidade que faria do U2 um monstro do rock após “War” e “Unforgettable Fire”, são registros históricos valiosos. Ali os garotos tentavam superar a decadência do movimento punk elevando o volume dos amplificadores e buscando uma alternativa às letras de contestação sem perspectivas de algumas das bandas da época. Estava claro para eles que o Clash era o caminho, em termos líricos, e foi nas extensas turnês daquele biênio que o U2 moldou o som e os temas que viriam a predominar nos três álbuns após “October”. Os colecionadores e fãs mais ardorosos já sabem que pelo menos duas apresentações de 1981 – em Amsterdã, na Holanda, e em Toronto, no Canadá – têm qualidade ótima de áudio, mas a dúvida é se há imagens decentes destes shows. Outra alternativa seria lançar, de forma oficial, em CD, com qualidade digital, o LP pirata “2 Sides Live”, gravado ao vivo no Paradise Theatre, em Boston, nos Estados Unidos, em 6 de março de 1981. Dessa época, é o melhor bootleg, com qualidade boa de áudio. Mas a dúvida persiste: foi registrado em vídeo? Se foi, esse vídeo, tem qualidade? Alheia a isso, a banda está oficialmente de férias neste momento, embora Bono tenha afirmado à revista Rolling Stone norte-americana em dezembro passado que logo os trabalhos de composição para um eventual novo álbum começariam, mas que também haveria a possibilidade de a banda chegar ao fim por “falta de perspectivas”.