segunda-feira, dezembro 31, 2001

Arbitragem prejudicou, mas Palmeiras foi incompetente

Nas retrospectivas esportivas de fim-de-ano, todos os cronistas esportivos de São Paulo ressaltam, no tópico a respeito da Libertadores 2001, que o Palmeiras foi roubado pelo árbitro paraguaio Ubaldo Aquino na primeira partida das semifinais contra o Boca Juniors, em Buenos Aires (2 a 2). Com isso, fazem crer que a arbitragem tirou a equipe da competição.
Isso é um completo absurdo, uma falta de caráter tamanha. É bem verdade que Aquino roubou a equipe paulistana, mas a desclassificação ocorreu por pura incompetência verde, e pior, dentro do Parque Antártica, seu estádio.
Mesmo com o assalto em La Bombonera, o Palmeiras saiu de lá com um empate, quando rezava para perder de pouco antes de o jogo começar (se o árbitro não inventa o pênalti para os argentinos no final do primeiro tempo e marcasse o pênalti claro em Fernando no segundo tempo, o placar poderia ser 2 a 0 ou 3 a 1 para o Palmeiras).
Ou seja, um resultado nada desprezível. Como o Boca mostrou ser um time medíocre (apesar do craque Riquelme), o otimismo tomou conta do time verde, já bastava uma vitória por um gol para ir à final. Só que o time do Palmeiras tinha jogadores muito limitados, ruins mesmo tecnicamente, e que ainda por cima sentiram o peso da responsabilidade (sem falar que os "craques" sumiram, como Alex, Felipe e Lopes). Tremeram.
O resultado: Boca 2 a 0 em 20 minutos de jogo dentro do Parque Antártica... O lateral Felipe deu um carrinho criminoso em seu companheiro de equipe Leonardo, um péssimo zagueiro, e deu o gol para os argentinos aos 4 min. No segundo, o outro zagueiro ruim, Alexandre, apenas assistiu com Galeano ao avanço de Riquelme para a área palmeirense. 2 a 0.
Quando parecia que o time medíocre do Palmeiras iria reagir com o o primeiro gol ainda no primeiro tempo, logo em seguinda o imbecil zagueiro Alexandre agride um adversário na frente do juiz. Foi expulso. Era bom demais para os argentinos acreditarem.
O Palmeiras perdeu a classificação porque quis. Se o Boca fosse um time decente não teria permitido o empate no segundo tempo com um homem a mais. Falaram que Riquelme acabou com o Palmeiras. Se isso tivesse ocorrido realmente, o Boca teria vencido no tempo normal e nao nos pênaltis.
O Palmeiras perdeu porque era um time ruim e ainda por cima mal treinado, com "pseudo-craques" com altos salários que esconderam na partida. A equipe, apesar de enfrentar um Boca medíocre, não merecia ser campeão.
Após a classificação na primeira fase da Libertadores 2001, o Palmeiras jogou seis partidas até as semifinais: derrota por 1 0 e vitória por 1 a 0 contra o São Caetano (vitória nos pênaltis); 3 a 3 e 2 a 2 contra o Cruzeiro (vitória nos pênaltis); e dois empates em 2 a 2 contra o Boca (derrota nos pênaltis). Ou seja, uma vitória, quatro empates e uma derrota, com as vagas nas três fases sempre sendo decididas nos pênaltis. Marcou 10 gols e tomou 10 em seis partidas, sendo que a defesa tomou 9 gols em quatro jogos. Não era para classificar mesmo desse jeito.
Cássia Eller era um pouco acima da média, nada mais


Claro que é sempre uma coisa chata quando um artista morre, ainda mais jovem, como foi o caso de Cássia Eller no dia 29 de dezembro (e como foi Marcelo Fromer, dos Titãs, no meio do ano). E é natural que se exagere na importância dele, mesmo quando ela é apenas mediana.
Cássia Eller não era a melhor das cantoras da geração dos anos 90. Marisa Monte e Zélia Duncan têm mais voz e sabem cantar, no sentido de interpretação. Já a diva roqueira era exatamente isso, uma roqueira que descambou para a podreira punk-hard rock, com voz poderosa mas não-educada (justamente por isso abusava dos berros e da voz rasgada meio blues, meio Janis Joplin). E aproveitou justamente a carência de vozes femininas no rock brasileiro propriamente dito, já que não dava para competir com as duas já citadas mais Adriana Calcanhoto e Ana Carolina, mais próximas do público comercial.
Os críticos dos grandes jornais e outros bicões ressaltam a "atitude" como a grande característica a ser louvada em Cássia Eller. Fazem crer que apenas ela tinha a chamada "atitude" (como se declarar homossexualidade e mostrar seios em públicos fosse grande novidade...)
Apesar desses gêneros dispensáveis de comportamento, musicalmente ela era relevante dentro da atual música brasileira, mas nada de excepcional. Era versátil e dedicada, nada mais, mas não dá para deixar de reconhecer que ela era um símbolo de uma geração de cantoras dos ano 90 com um público fiel.
R.I.P., girl.

sexta-feira, dezembro 28, 2001

Saudação ao Cabide D'Ashkalsa


Aqui vai um abraço a mais um cidadão da comunidade blogueira que tem coisas a dizer. Marcelo Soares é um jornalista gaúcho fanático por cinema e Deep Purple e que esteve por breve período no caderno Brasil da Folha de S. Paulo. Seu blog é o Cabide D'Ashkalsa é bem feito e bem escrito. Já está nos recomendados da coluna da esquerda.
Repercussão do ódio a São Caetano


Audiência qualificada é isso aí. O meu glorioso amigo Maurício Gaia, o piloto do blog Mauricéia Desvairada e inspirador deste Superball Express, reproduziu minhas considerações a respeito da cidade de São Caetano do Sul e de sua equipe de futebol, a A.D. São Caetano, vice-campeã brasileira de 2001.
Apesar da estranheza dele quanto ao tom cáustico e duro do texto "Porque odeio São Caetano", ele concordou comigo ao finalizar o comentário a respeito de meu texto: em sua época de ginásio, moradores de São Caetano se orgulhavam de morar lá devido ao fato de não haver favelas (e os milhares de cortiços?). Ou seja, preconceito puro de gente nojenta.
E, só para provocar, encontrei-o em uma festa de um amigo comum em Santo André. Fui devidamente fantasiado com uma camisa do E.C. São Bernardo, "rival"do São Caetano, assim como o E.C. Santo André (agora de volta à primeira divisão do Paulistão) e do Palestra de São Bernardo (série B-1 do Paulistão).
Tudo bem que o São Bernardo atualmente é um dos piores do mundo (neste ano, na série B-2 do Paulistão, que é a 5.a divisão, a equipe teve quatro vitórias, dois empates e 26 derrotas, sendo que 19 consecutivas...), mas valeu a provocação.
Stevie Ray Vaughan incendeia Montreux


O mito Stevie Ray Vaughan caminha a largos passos para o mesmo destino de outro mito (e seu mestre), Jimi Hendrix. Morto em um acidente de helicóptero após um show em agosto de 1990, o baú daquele que é considerado o maior bluesman dos anos 80 parece não ter fundo. Ano sim ano não aparece uma nova obra no mercado: a inédita gravação de um show, uma caixa com raridades nunca antes editadas e muito mais.
Por enquanto o que está vindo à tona 11 anos após a sua morte é de qualidade. Até quando? Com Hendrix aconteceu o oposto: o guitarrista norte-americano, o melhor de todos, morreu em 1970 e já no ano seguinte o mercado era inundado por milhares de lançamentos (piratas ou não), muitos de qualidade duvidosa, tudo isso fruto das encrencadas negociações de contratos e royalties levadas a cabo por empresários inescrupulosos e oportunistas (assim como Pelé, Hendrix era péssimo nos negícios e confiava nas pessoas erradas).
O baú do texano Vaughan nos brinda com mais uma pérola: “Live at Montreux 1982-1985” ém CD duplo recém-lançado que traz quase na íntegra os dois shows que ele realizou no famoso festival suíco de jazz. A produção é excelente e traz a assinatura do irmão Jimmie Vaughan, o responsável pelo legado.
Assim como “Live at the Carnegie Hall 1984”, lançado há três anos, o novo lançamento é primoroso, além de ser um registro histórico importantíssimo, já que pega Stevie Ray Vaughan em dois momentos distintos: em 1982, prestes a se tornar uma estrela de primeira grandeza do blues, e 1985, o auge de sua carreira, antes dos tratamentos para se livrar das drogas e do álcool.
As gravações dos dois shows mostram exatamente isso. O primeiro CD traz o show de 1982. Ainda uma atração de médio porte, Stevie Ray Vaughan e a Double Trouble (com Tommy Shannon no baixo e Chris Layton na bateria) tocaram menos de uma hora no bar principal do festival.
É verdade que o bar estava lotado, mas mesmo assim era um bar. Só que aquela apresentação foi tão marcante que emocionou uma então estrela da música pop, o guitarrista Jackson Browne, que fez questão de subir ao palco para uma jam.
Havia outra estrela da música pop na platéia, esta de muito maior grandeza e que não ficou nada emocionada. O inglês David Bowie ficou paralisado com a perfomance de Stevie e anteviu lucros se atraísse o texano. Dito e feito: o guitarrista participou do álbum de Bowie “Let’s Dance”, de 1983, e da turnê do disco no mesmo ano. A experiência desagradou a Stevie, mas foi fundamental para abrir as portas do estrelato.
Os principais destaques do CD 1 são “Pride and Joy”, “Texas Flood” e “Love Struck Baby”.
Já o segundo CD mostra Stevie Ray Vaughan e a Double Trouble (agora acrescida do tecladista Reese Wynans) sendo tratados como astros de primeira ordem, tocando no palco principal com uma platéia imensa que ali estava para vê-los. E o show foi fantástico (com três músicas registradas no álbum “Live Alive”, de 1986). Em sua plena forma e endiabrado, o guitarrista arrasa em “Voodoo Child”, de Hendrix, “Life Without You”, “Ain’t Gone N’ Give Up on Love”, “Texas Flood” e a magnífica “Tin Pan Alley”, que teve a participação do ótimo Johnny Copeland, guitarrista norte-americano.
Esse é um registro essencial para quem quer entender a evolução do blues nos ano 80. Agora é torcer para que o irmão Jimmie Vaughan não raspe o tacho e passe a colocar coisas indevidas de Stevie no mercado.

"Blow Up" vale pelos Yardbirds


Boa música não tem hora. Na madrugada de 28 de dezembro a TV Bandeirantes exibiu "Blow Up", filme cult de o italiano MIchelangelo Antonioni realizou em Londres em 1966 (com boas atuações de David Hemmings e Vanessa Redgrave). Esse filme é considerado como um dos cults mais importantes da história do cinema. Pessoalmente não acho nada de mágico nesse filme. Ele é bem chato, como todo filme cabeçudo europeu (só faltou Godard para dar palpites).
Entretanto, o filme é histórico por um motivo muito simples: é o único registro em imagem de uma apresentação do grupo de rock Yardbirds tendo em sua formação os guitarristas Jimmy Page e Jeff Beck. No filme o protagonista, David Hemmings, que interpreta um fotógrafo de moda, aparece em uma cena procurando a musa da foro onde ele teria flagrado um assassinato em um show de rock.
A cena foi gravada no lendário Marquee e a banda que toca é o Yardbirds. Em um dado momento, a guitarra e o amplificados de Beck começa a dar problema. Depois de vários chutes no amplificados, Beck, irado, destrói a sua guitarra e joga os pedaços para a platéia, até então comportada. Imediatamente um tumulto é iniciado, todos querendo um pedaço da guitarra, que acaba nas mão do fotógrafo, que foge do local.
A cena estava inicialmente reservada para o Who, já que Pete Townshend era mestre em quebrar os instrumentos em cena, mas dois fatos conspiraram contra a banda: a agenda do grupo estava carregada em 1966 e não havia tempo disponível para as filmagens; além disso, assessores de Antonioni o convenceram de que, como a destruição da guitarra era uma marca de Townshend, a presença do Who filme não seria "natural".
O fato é que é delicioso ver os Yardbirds tocando "Stroll On" (uma variação de "Train Kept a Rollin'") tendo Beck e Page nas guitarras. É a única imagem existente dos dois dividindo o palco na banda.
Para quem não sabe, rapidamente: Eric Clapton, cansado do comercialismo dos Yardbirds, sai da banda em 1965. O grupo rapidamente convida Jimmy Page para o lugar, que na época era importante músico de estúdio.
Page recusa por três motivos: ganhava mais no estúdio, era muito amigo de Clapton e tinha saúde debilitada para enfrentar turnês. Acaba indicando um amigo de escola, Jeff Beck, que fica com o posto e se torna o guitarrista da época de maior sucesso do grupo.
No ano seguinte. Page se enche de ficar enfurnado no estúdio e começa a procurar uma banda para tocar. Coincidentemente, Paul Samwell-Smith, baixista dos Yardbirds, briga com a banda e é demitido. Page se oferece para o lugar e fica com o emprego de baixista. Dois meses depois, ele troca de instrumento com o então guitarra-base Chris Dreja, formando uma dupla incendiária de guitarras com Beck.
Mas a alegria durou pouco. Beck era muito estrelinha e estava de saco cheio da banda e do fato de ter um guitarrista do mesmo nível para dividir as atenções com ele (mesmo que esse guitarrista fosse o muito amigo Page). Pouco mais de três meses depois da troca entre Dreja e Page, Jeff Beck anuncia sua saída do grupo para formar o Jeff Beck Group, com Rod Stewart e Ron Wood, no final de 1966. Assim sendo, existem pouquíssimas gravações onde os dois guitarristas participam e apenas uma imagem desse encontro histórico.
Rodox


Da série para rir: Rodolfo, ex-vocalista dos Raimundos e agora em carreira solo, mudou de nome artístico. Agora é Rodox e já gravou o seu primeiro CD solo, prestes a ser lançado. Ainda não foi divulgado se será um CD cim músicas "gospel"...

quarta-feira, dezembro 19, 2001

Racista é condenado no STJ


Até que enfim o STJ deu uma dentro. Condenou o editor gaúcho Siegfried Ellwanger Castan por racismo devido à publicação de livros e artigos anti-semitas. Leia aqui . Esse safado merece muito mais, com certeza. Ele é um revisionista, corrente de "historiadores" que contestam a ocorrência das atrocidades cometidas pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Esses seres, por exemplo, dizem que os massacres contra judeus e outros povos nunca existiu, são fruto da "propaganda judaico-norte-americana" Para eles, os campos de concentração são "ficção", "invenção" e "mentiras puras". É para rir...
Felipão zomba de nós


A mediocridade da seleção de Felipão recebe uma dura crítica do colunista político Villas-Boas Correa, que escreve no No. Com o título "Não Zombe de Nós, Felipão", ele arrasa a tática e o modo de jogar do técnico gaúcho. Resume muito bem o meu pensamento a respeito...

terça-feira, dezembro 18, 2001

Hastings - Por uma Segunda Chance - Capítulo 4





Foram duas horas de procura em Warthingham. Gandalf ficara na retaguarda para se proteger e preparar um possível contra-ataque ou algum tipo de defesa. Só que meu medo revelou-se verdadeiro. Ele não estava na aldeia, que parecia ter sido evacuada às pressas. Exatamente o contrário das minhas ordens e das do rei Haroldo. Aquele batalhão de guerreiros ligados a Sinfeld... eram eles os responsáveis. Sequestraram Gandalf e provavelmente saquearam os nossos suprimentos.
Numa das poucas cabanas que restaram de pé havia fumaça. Entrei com cuidado. Era o fim de uma fogueira que destruía diversos objetos. Em um canto achei uma espada de má qualidade e um escudo retorcido. Por hora serviriam.
Na cabana de Gandalf nada havia. Tudo destruído. Do lado de fora, mais temor. O colar de pedras de Stonehenge de nosso líder estava perto de um arbusto, como se tivesse sido arrancado. As marcas no solo denunciam algum tipo de movimentação, prtovavelmente luta. Não havia sangue, mas Gandalf não poderia resistir muito tempo, já que tinha mais de 70 anos.
Sem comida, com armas ruins e sem cavalo. Só me restava caminhar até Londres depois da feroz batalha de Hastings. Era o que me restava diante da derrota. Já começo a admitir que seria interessante encontrar uma coluna de normandos pelo caminho e lutar até a morte. Eu me recuso a ver o fim do reino, não poderia suportar a entrada triunfante de William em Londres. Pior, não suportaria as boas vindas que o Conselho lhe daria, com certeza.
Ainda havia uma chance: eu tinha de chegar até Cundrum para alcançar os lanceiros de Sussex, que ficaram encarregados de criar uma segunda linha de defesa no caminho para Londres. Talvez fosse possível construir algum tipo de resistência, já que muito provavelmente a notícia da derrota já corria pelo reino. O problema: resistência sem Gandalf... impossível de se imaginar. Eu preciso encontrá-lo, mas é vital que eu chegue a Cundrum.
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Foram dois dias de caminhada até que eu pusesse um alimento em meu estômago. Parei à beira de um riacho, com uma queda d'água para tentar descansar. Acabei desmaiando e acordei horas depois. Aquele me parecia o rio Rostil. Se eu seguisse para o norte, beirado o rio, talvez contornasse a planície de Murdon e chegasse a Cundrum mais rápido, ao anoitecer do dia seguinte.
Saí ileso da batalha, mas meu cansaço era enorme. Caminhei com muita dificuldade por uma espécie de trilha natural na beira do rio. Ultrapassei algumas elevações e alguns montes pedregosos. O que deveria durar mais um dia de viagem durou dois.
Cundrum também estava deserta. O acampamento dos lanceiros estava vazio, com as tendas abandonadas e alguns sinaisn de lta. Esranhamente, não havia cadáveres. Ou tinham sido recolhidos, ou queimados. Entretanto, eram poucos os pedaços de espada, lança e escudo. Se houve luta, ela foi bastante rápida. Vasculhando o campo, não havia vestígio de sangue. Não posso crer que os lanceiros tenham nos traído.
Os rastros dos cavalos em debandada apontavam para a face norte de Cundrum, na estrada que levava a Wickermouth. Eu teria de caminhar novamente e por muito tempo. NUnca pensei que isso aconteceria comigo, mas comecei a achar que era hora de desistir.
Porque odeio São Caetano


Fez sucesso na revista Placar de duas semanas atrás um texto de um fotógrafo a respeito da badalação em torno do time do São Caetano. O texto era intitulado "São Caetano é um saco!". Apesar dos argumentos frágeis, o texto ganhou a admiração de muita gente. Para quem vive no ABC, a questão é um pouco mais profunda. Quem mora na cidade adora-a, que não mora lá a detesta.
Quanto ao time de futebol da cidade não há o que reclamar. Está jogando um futebol melhor do que o da maioria dos grandes times do país, o que não quer dizer que seja bom. Não é.
É um timinho, com jogadores fracassados e encostados por outros times. São bem treinados, é verdade, mas nada de espetacular. No entanto, a badalação se justifica, o time fez a melhor campanha e merece estar na final do Campeonato Brasileiro, apesar do farto subvencionamento com dinheiro público, já que o prefeito Luiz Olinto Tortorello (PTB) fundou a equipe em 1989 (ela é quase sua propriedade).
Eu odeio São Caetano porque o provincianismo atinge níveis estratosféricos lá. A cidade apresenta índices sociais elogiáveis, tem uma população rica e endinheirada, só que isso nunca se reverteu em educação. A grande maioria dos sãocaetanenses é mal-educada, ignorante e preconceituosa, além de extremamente brega (ok, essa eu até relevo, pois é uma questão de gosto).
A maioria dos sãocaetanenses é grosseira, não respeita os forasteiros e age como se fosse o povo mais civilizado do mundo, ignorando os demais. São Caetano não passa de um subúrbio paulistano que sobrevive graças à fábrica da General Motors. Sem a fábrica a cidade jamais existiria.
Todos os jornalistas que passaram pelas extintas Folha ABCD (caderno reginal da Folha de S. Paulo que durou de 1990 a 1995) e sucursais do Estadão e do Diário Popular no ABC reclamaram da atenção dispensada pelas autoridades e empresários da cidade. Eles nunca se deram ao trabalho de retornar ligações e pedidos de entrevistas (isso ocorreu diversas, embora em menor número, com jornalistas do próprio Diário do Grande ABC). O desprezo à informação para outros veículos era ultrajante. Prefeitos ignoravam a imprensa, a mesma coisa ocorria com vereadores (exceto os do PT, que adoram aparecer).
Políticamente, é uma cidade retrógrada e reacionária, dominada por uma elite ultraconservadora ligada ao PTB, elite essa que domina o município há elo menos 20 anos. A administração pública de São Caetano é um acinte: vive alardeando que é a cidade mais rica do Brasil e que o dinheiro sobra.
Pois bem, os prefeitos que por lá passam preferem investir em esporte contratando os atletas mais importantes do país, mas não é capaz de manter um serviço público decente de saúde na cidade. Ruas inteiras permanecem na escuridão ou com iluminação pública deficiente, vários bairros sofrem ano após ano com enchentes devastadoras. A cidade não tem favelas? Não, mas tem os cortiços, que continuam sendo o maior problema social.
Por fim, a juventude endinheirada e sem limites. Retrógrados, conservadores e totalmente alienados, desprezam tudo o que passa dos limites da cidade e agem com se São Caetano fosse o centro do mundo. Pior, agem como se a cidade fosse deles: não respeitam leis de trânsito, dirigem de forma perigosa pela cidade e perturbam qualquer pessoa nas ruas por qualquer motivo. Isso acontece em outras cidades do Estado? Acontece, e bastante, mas não no nível preocupante com que os incidentes, brigas e outros delitos ocorrem entre os jovens sãocaetanenses. Para estes não há limites, a impunidade é total.
Ainda bem que não moro em São Caetano.

domingo, dezembro 16, 2001

Morre Chuck Shuldiner, do Death




Mais uma baixa no rock. Chuck Shuldiner, o grande guitarrista das bandas Death e Control Denied (a primeira de death metal e a segunda de thrash metal), morreu no dia 13 de dezembro na Flórida aos 33 anos. Ele estava com câncer no cérebro, diagnosticado em 1999 e chegou a apresentar alguma melhora neste ano. Shuldiner foi um dos maiores divulgadores do metal extremo nos Estados Unidos na década de 90 e era muito respeitado no meio musical daquele país. R.I.P., man...
P.S.: George Harrison, John Lee Hooker, Chuck Shuldiner, André Boragina (Fates Prophecy), Donald (Gritando HC)... que 2001 passe logo...

quarta-feira, dezembro 12, 2001

Hastings - Por uma Segunda Chance - Capítulo 3




Esse era o clima que Cedric encontrou para defender a batalha contra os noruegueses. Ele afirmava que era impossível manter duas frentes de batalha ao mesmo tempo, já que era dada como certa a ação militar de William contra as ilhas britânicas. Sveyn tinha de ser impedido ainda antes de desembarcar.
Para Sinfeld, não importava se as informações de iminente invasão escandinava fossem verdadeiras ou falsas. O que importava naquele momento era fazer oposição, qualquer oposição, para marcar a posição de seu grupo no Conselho contra a crescente ascensão do "conselho saxão informal", liderado por Gandalf e Cedric, que estava influindo demais nos negócios do reino.
A questão política acabou com todas as reservas morais que ele pudesse ter. Sinfeld sempre esteve perto poder e gostava demais daquilo. Quando ficou sabendo das primeiras conversas de conselheiros sob sua influência a respeito de alguma possibilidade de simpatia a William explodiu em ira e fúria, falando inclusive em traição.
Com o tempo, o apetite pelo poder e o seu aguçado institinto de autopreservação falaram mais alto, e passou a adotar uma visão mais pragmática. Ele não tinha simpatia com William e pelos normandos, na verdade ele tinha é pavor deles, com uma possível mudança total de status quo em um futuro reino normando.
Entretanto, o ódio ao "conselho saxão informal" transformou sua visão política e passou a incentivar as conversas a respeito de um eventual apoio a um hipotético governo normando. Esse "incentivo" passou a ser um estímulo e acabou dando seu aval para que se elaborasse um discurso e uma proposta para ser apresentada secretamente a William.
Mas os argumentos de Cedric foram mais fortes e Haroldo, depois de três horas de reflexão depois de uma reunião extaordinária do Conselho, decidiu pela batalha contra Sveyn, o norueguês, já que confiava demais em Cedric, um erudito e letrado nobre de origem celta e anglo-saxônica. Além do mais, tremia só de pensar na hipótese de perder a Mércia para os invasores escandinavos. Isso cortaria a comunicação com os recentes aliados escotos e escoceses, ao norte, e dividiria a ilha britânica ao meio.
Haroldo decidiu liderar pessoalmente a expedição ao norte da ilha, apesar de delegar o comando das tropas a Cedric. Este espalhou informantes e soldados por toda a costa norte e conseguiu saber de antemão onde os noruegueses desembarcariam. E o local não poderia ser melhor: o estuário de Stamford Bridge.
Os invasores foram atacados e surpreendidos no meio do desembarque. A batalha durou mais de seis horas e mais da metade dos noruegueses foi morta. O restante conseguiu voltar aos barcos que não foram incendiados e fugiram. Sveyn foi dado como desaparecido, já que seu corpo não foi achado e ele não retornou à Noruega.
Aliviados, apesar das pesadas baixas, os homens de Haroldo comemoraram muito em dois dias. No entanto, ainda no primeiro dia do longo retorno ao sul, o exército foi alcançado por um mensageiro. William estava iniciando os preparativos para sua campanha militar.
Cedric gelou. Não haveria tempo suficiente para chegar a Londres e organizar uma defesa decente, que incluía o recrutamento de novos soldados. Pior, não haveria tempo de surpreender o invasor na praia, como ocorreu contra os noruegueses. A carta confidencial que Gandalf lhe enviara era apocalíptica: se não voltassem em duas semanas, o reino deixaria de existir em breve.

terça-feira, dezembro 11, 2001

Hastings - Por uma Segunda Chance - Capítulo 2




Cedric havia sido fundamental para a vitória do rei Haroldo contra o exército do norueguês Sveyn em Stamford Bridge, no norte da ilha. Informantes davam conta de que a armada escandinava era composta por 20 galeras, com cerca de mil soldados. A tentativa do invasor era conquistar uma longa faixa litgorânea das ilhas britânicas e ralizar os costumeiros saques.
Dois anos anos antes Cedric esteve na região com sua brigada de elite e viu o que os dinamarqueses do rei Knut haviam feito: crianças e mulheres assassinadas, aldeias saqueadas e destruição total de toda e qualquer plantação. ele chegara atrasado a Kalstar e não conseguiu nem sequer vestígios dos invasores. Ele jurou que se vingaria dos escandinavos.
A chance surgira no final de agosto, com a informação de chegada de Sveyn. O norueguês, que já havia destruído portos e aldeias na região dos escotos, ao norte da antiga Caledônia, vinha agora não apenas para saquear, mas para conquistar e forçar o rei Haroldo a negociar o pagamento de vultoso resgate para devolução das terras.
Os informantes de Cedric estavam na corte do rei dinamarquês Knut, antigo aliado de Sveyn. Quando os noruegueses zarparam do fiorde de Ostlund, um grande contingente de homens já os esperavam na região de Newcastle. Mesmo assim, o surpreendido Sveyn vendeu caro a derrota no estuário de Stamford Bridge e ainda conseguiu escapar com boa parte de sua frota intacta.
Mesmo com todas as informações à disposição, Cedric, um dos comandantes mais respeitados de Haroldo, teve de lutar contra todos os seus inimigos dentro do Conselho dos Nobres para convencê-los da necessidade de evitar a invasão ao norte.
Os boatos de uma possível invasão de William da Normandia cresciam assustadoramente e o Conselho temia desguarnecer Londres e a Mércia. Pior, influenciados por Sinfeld, notório inimigo de Cedric, colocavam em dúvida as informações coletadas na Dinamarca. Na verdade, era mais uma briga nos bastidores para minar as forças de Cedric.
William, o duque da Normandia, reivindicava a coroa dos reinos unidos britânicos de Essex, Mércia e Northumbria após a morte de Edward Confessor em 1066. Segundo William, a coroa lhe havia sido prometida por Edward seis anos antes, já que esse não tinha herdeiros. Como parente da mulher de Edward, William considerava-se o legítimo aspirante ao trono. No entanto, as tradições anglo-saxônicas nem sempre reconheciam os direitos de nascimento para a entrega da coroa. Um grupo de nobres não reconheceu o acordo entre Edward e William de Normandia e apoiaram imediatamente Haroldo, filho do nobre Godwin, como chefe supremo.
Com isso, o Conselho dos Nobres se dividiu, mas acabou apoiando a posse do novo rei, mesmo sabendo que a guerra contra os normandos de William seria inevitável. Haroldo Godwinson era um bom soldado, mas completamente inexperiente em política. O resultado é que muita gente começou a lutar arduamente nos bastidores de Londres para influenciar o novo governo. Consequentemente, houve vários rachas dentro do Conselho, que se dividiram em diversos grupos que se engalfinhavam na disputa pelo poder.
Haroldo rangia os dentes para essa movimentação e fingia manter-se alheio a essa briga de foice no escuro. Apesar da inexperiência, percebeu logo que não podia confiar no Conselho, onde as alianças eram frágeis e sempre movidas a interesses particulares. Resumindo, percebeu que não estava governando um país, mas sim um grupo torpe de nobres dispostos a conseguir cada vez mais poder, independente do ocupante do trono.
Assim sendo, cercou-se dos mais diletos e leais companheiros de luta nos tempos em que repeliam invasores em Essex. Era um grupo que o acompanhava havia muito tempo, muitos deles serviram seu pai. Esse grupo era execrado pelo Conselho, que o considerava um poder paralelo dentro do reino. Haroldo sempre pendia para o "seu conselho" e ignorava sempre que podia os norbres.
Ao mesmo tempo que os isolava na tentativa de neutralizar sua influência, Haroldo provocava a ira deles e lentamente os empurrava para uma oposição ferrenha, que fatalmente levaria a uma traição. Aos poucos, alguns membros começaram a trabalhar com a hipótese de uma possível composição com normandos, caso esses viessem realmente a conquistar a Inglaterra. Esse sentimento lentamente evoluiu para a conspiração pura e simples. Com o ódio crescente ao grupo saxão leal a Haroldo, membros mais radicais do Conselho consideravam abertamente entre seus grupos o apoio à retirada de Haroldo do trono em favor de William da Normandia. E isso significou o envio secreto de emissários à corte de William para iniciar as negociações.
Hastings - Por uma Segunda Chance - Capítulo 1





Consegui correr para a floresta quando a avalanche de normandos destruiu o nosso fanco esquerdo. A minha preocupação era com a brigada que tentava proteger o rei Haroldo, mas ela havia desaparecido. Em meio a toda a gritaria, pude escutar Mordred gritar paa que eu caísse para a esquerda, por trás do pequeno cume que se elevava bem no meio do campo de batalha. Lutando contra dois adversários e ferido no ombro esquerdo, Mordred procurava deter a penetração dos lanceiros.
A mim restava apenas seguir a ordem dele para tentar reorganizar as nossas defesas, mas foi impossível. Nem me dei conta de que havia matado três normandos quando tentava alcançar o meio do campo, à procura do rei.
Agora eu fazia parte do bando de soldados em frangalhos que tentava se refugiar no bosque de Dartmoor. Muitos de nós foram perseguidos como cães e assassinados sem piedade pelos mercenários sanguinários de William.
Ao longe, podia ouvir o clamor da corneta de Gandalf insistindo no avanço contra a bem postada infantaria dos normandos. POuco tempo depois veio o esperado toque de retirada. Na verdade, fuga, pois não havia mais o que fazer, não havia mais o que esperar daquele bando desorganizados de soldados derrotados naquele morticínio em que se transformou a planície de Hastings.
Meu coração estava dlacerado pela culpa. Mal consegui contornar o cume e os adversários caíram como águias sobre mim. Fui empurrado para perto do pântano acossado por uma coluna de normandos. Um a um meus companheiros de brigada caíam mortos, ora atingidos pelas flechas certeiras dos arqueiros, ora com as gargantas cortadas pelas pesadas espadas.
Cristand salvou minha vida ao saltar por cima de uma vegetação e empurrar dois inimigos prestes a cravar suas espadas em minhas costas, enquanto eu tentava golpear dois cavaleiros com meu machado. Mal tive tempo de me virar para ajudá-lo e ele estava caído, com um sabre enfiado no estômago, mas segurando firmemente a cabeça de um dos agressores. Um leve sorriso permanecia em seu rosto sem vida. O outro que atentava contra mim jazia com a cabeça enterrada em uma poça de água barrenta do pântano. O corpulento merciano Cristand salvara minha vida e nem ao menos pude olhá-lo nos olhos para agradecer.
Com a mesma rapidez que me virei para socorrer Cristand desviei-me de uma bola de aço lançada contra mim por dos cavaleiros, mas fui atingido por uma flecha no braço direito. Orin e Surgrath conseguiram bons resultados ao derrubar cavaleiros na entrada do bosque, mas foram abatidos logo em seguida por flechas. Toda a nossa linha de defesa fora quebrada e colunas de cavaleiros e lanceiros estavam prestes a nos cercar. Era o fim. Só me restava agora ir para a floresta.
E ali eu estava agora, atrás de uma pedra, escutando ao longe a selvageria da batalha que chegava ao fim. Exausto, Mondragon caiu ao meu lado, ao deslizar ferido por uma ribanceira. Já não tinha uma parte do rosto, arrancada por uma machadada.
- Acabou, meu amigo, acabou. Haroldo está morto.
- Como assim? Onde ele tombou?
- Na charneca perto da trilha de Ingram. Os lanceiros que o protegiam foram esmagados por uma das colunas que rompeu nossa linha à direita. Não tiveram chance.
Deixe-o recostado a uma relva e consegui atingir uma das árvores do lado norte da floresta. Mesmo ferido no braço, consegui subir e tentar vislumbrar algo do campo de batalha, a esta altura muito longe, lá embaixo na planície. O movimento estava cessando. Na parte alta da charneca, vi o que parecia ser simplesmente um massacre, com uma série de execuções sumárias.
Por mais que eu resistisse, não pude conter algumas poucas lágrimas. Nosso reino estava destruído por usurpadores. Anos de luta para consolidar a unificaão dos reinos de Mércia, Wessex e Northumbria destruídos por um exército de mercenários.
Quando voltei para ajudar Mondragon, algum tempo depois, apenas encontrei seu corpo sem a cabeça. Minha espada e meu machado haviam sumido. Eu só tinha agora uma saída: alcançar a aldeia de Warthingam antes dos normandos.
Poço sem fundo


O futebol de hoje mudou muito. Primeiro um jogador badalado na imprensa chora ao receber uma falta durante um jogo decisivo de Campeonato Brasileiro (Kaká, do São Paulo, contra o Atlético Paranaense). Depois, parte da torcida do São Caetano decide ir para casa no intervalo do jogo por causa da forte chuva no jogo semifinal contra o Atlético Mineiro no ridículo estádio Anacleto Campanella. Torcida que vai embora por causa da chuva... Esse é o retrato do futebol brasileiro em 2001, que "merece" a final de Campeonato Brasileiro que vai ter... Uma lástima.

segunda-feira, dezembro 03, 2001

Primeiro álbum do Who em estéreo




Boa notícia para quem gosta de rock de verdade e boa música em geral. A MCA, que detém os direitos de várias das músicas do Who, pretende colocar no mercado até o ano que vem as faixas remixadas em estéreo do primeiro álbum da banda inglesa, "My Generation", de 1965.
Em 1994, os produtores do "Thirty Years Of Maximum R&B", caixa com CDs contendo faixas raras e versões ao vivo de músicas da banda, incluíram músicas como o hino "My Generation", em sua versão mono, ao contrário das registradas anteriormente, quando a banda ainda se chamava The High Numbers, que além de vir em estéreo possuíam uma qualidade bem superior.
Esse fato ococorreu pela resistência do produtor norte-americano Shel Talmy, detentor das masters originais, em cedê-las para serem remixadas; inclusive Talmy, que produziu o The Who em 1965, tentaria posteriormente negociar estas fitas no Ebay (site de leilões virtuais), porém a preços abusivos, e acabou não encontrando comprador para as mesmas.
Finalmente, Talmy chegou a um acordo com a gravadora MCA, cujos valores não foram revelados, e todas as faixas que estão em seu poder serão finalmente remixadas em estéreo e relançadas numa edição especial do álbum "The Who Sings My Generation", que será editado até a metade do ano de 2002, e posteriormente também sairão em outros projetos, ainda não divulgados.
O produtor está em poder das masters originais e outtakes de estúdio das seguintes canções: "My Generation," "I Can't Explain", "The Kids Are Alright" "Anyhow, Anyway, Anywhere", "Anytime You Want Me", "Bald Headed Woman", "Circles", "Daddy Rolling Stone", "Heat Wave", "I Don't Mind", "I'm a Man", "Instant Party Mixture", "It's Not True", "Leaving Here", "La-La-Lies", "A Legal Matter", "Lubie", "Motor-vating", "Much Too Much", "Please Please Please", "Shout and Shimmy", "The Good's Gone", "The Ox" e "You're Going To Know Me".

sexta-feira, novembro 30, 2001

A vitória de Marivaldo Carvalho

As fotos abaixo são da comemoração da chegada à vida profissional plena do colega Marivaldo Carvalho, recém-formado jornalista da Folha de S. Paulo. Exemplo de dedicação e de superação de dificuldades, Marivaldo começou como contínuo e office-boy de redação. Anos depois, já cursando a faculdade de jornalismo Fiam, passou a responsável por serviços de atendimento ao leitor e consumidor na Agência Folha e no Cotidiano. Hoje integra o time de repórteres do Cotidiano. Parabéns ao baiano de Irecê que venceu em São Paulo e na Folha. Os bairros de Taipas e Jardim Damasceno (no extremo da zona norte) estão em festa. A comemoração ocorreu em 29 de novembro no bar Frangó, na Freguesia do Ó.




Panorâmica do lado esquerdo da mesa.


Panorâmica do lado direito da mesa.


Marivaldo Carvalho ao lado da ex-chefe e uma de suas benfeitoras, Tereza Rangel.


Marcelo Moreira (esq.) e Marivaldo Carvalho.


Rubens Valente (esq.), Jairo Marques e Tereza Rangel.


Marivaldo Carvalho com Fabiana Pereira.


Fabio Zanini (esq.) e Estanislau Maria, o homem-forte da Secretaria Municipal do Trabalho.

George Harrison



Musicalmente George Harrison era o mais talentoso músico dos Beatles, tecnicamente. Era o responsável pelas texturas finas e pelas melodias precisas de quase todas as músicas da banda. Bom guitarrista, ótimo compositor, representou o que de melhor o rock britânico produziu. Obcecado pela espritualida de e pela privacidade, acabou subjugado pela briga de egos dentro dos Beatles e nunca teve seu talento e sua disposição reconhecidos por John Lennon e Paul McCartney. Quando ele realmente se impôs, os Beatles praticamente não existiam mais. Mesmo assim, "Something" e "Here Comes the Sun" são obras-primas da história da música, gravadas em 1969 em "Abbey Road", o verdadeiro último disco dos Beatles. O rock ficou mais pobre.

sexta-feira, novembro 23, 2001

Hastings - Por uma Segunda Chance - Capítulo 1





Consegui correr para a floresta quando a avalanche de normandos destruiu o nosso fanco esquerdo. A minha preocupação era com a brigada que tentava proteger o rei Haroldo, mas ela havia desaparecido. Em meio a toda a gritaria, pude escutar Mordred gritar paa que eu caísse para a esquerda, por trás do pequeno cume que se elevava bem no meio do campo de batalha. Lutando contra dois adversários e ferido no ombro esquerdo, Mordred procurava deter a penetração dos lanceiros.
A mim restava apenas seguir a ordem dele para tentar reorganizar as nossas defesas, mas foi impossível. Nem me dei conta de que havia matado três normandos quando tentava alcançar o meio do campo, à procura do rei.
Agora eu fazia parte do bando de soldados em frangalhos que tentava se refugiar no bosque de Dartmoor. Muitos de nós foram perseguidos como cães e assassinados sem piedade pelos mercenários sanguinários de William.
Ao longe, podia ouvir o clamor da corneta de Gandalf insistindo no avanço contra a bem postada infantaria dos normandos. POuco tempo depois veio o esperado toque de retirada. Na verdade, fuga, pois não havia mais o que fazer, não havia mais o que esperar daquele bando desorganizados de soldados derrotados naquele morticínio em que se transformou a planície de Hastings.
Meu coração estava dlacerado pela culpa. Mal consegui contornar o cume e os adversários caíram como águias sobre mim. Fui empurrado para perto do pântano acossado por uma coluna de normandos. Um a um meus companheiros de brigada caíam mortos, ora atingidos pelas flechas certeiras dos arqueiros, ora com as gargantas cortadas pelas pesadas espadas.
Cristand salvou minha vida ao saltar por cima de uma vegetação e empurrar dois inimigos prestes a cravar suas espadas em minhas costas, enquanto eu tentava golpear dois cavaleiros com meu machado. Mal tive tempo de me virar para ajudá-lo e ele estava caído, com um sabre enfiado no estômago, mas segurando firmemente a cabeça de um dos agressores. Um leve sorriso permanecia em seu rosto sem vida. O outro que atentava contra mim jazia com a cabeça enterrada em uma poça de água barrenta do pântano. O corpulento merciano Cristand salvara minha vida e nem ao menos pude olhá-lo nos olhos para agradecer.
Com a mesma rapidez que me virei para socorrer Cristand desviei-me de uma bola de aço lançada contra mim por dos cavaleiros, mas fui atingido por uma flecha no braço direito. Orin e Surgrath conseguiram bons resultados ao derrubar cavaleiros na entrada do bosque, mas foram abatidos logo em seguida por flechas. Toda a nossa linha de defesa fora quebrada e colunas de cavaleiros e lanceiros estavam prestes a nos cercar. Era o fim. Só me restava agora ir para a floresta.
E ali eu estava agora, atrás de uma pedra, escutando ao longe a selvageria da batalha que chegava ao fim. Exausto, Mondragon caiu ao meu lado, ao deslizar ferido por uma ribanceira. Já não tinha uma parte do rosto, arrancada por uma machadada.
- Acabou, meu amigo, acabou. Haroldo está morto.
- Como assim? Onde ele tombou?
- Na charneca perto da trilha de Ingram. Os lanceiros que o protegiam foram esmagados por uma das colunas que rompeu nossa linha à direita. Não tiveram chance.
Deixe-o recostado a uma relva e consegui atingir uma das árvores do lado norte da floresta. Mesmo ferido no braço, consegui subir e tentar vislumbrar algo do campo de batalha, a esta altura muito longe, lá embaixo na planície. O movimento estava cessando. Na parte alta da charneca, vi o que parecia ser simplesmente um massacre, com uma série de execuções sumárias.
Por mais que eu resistisse, não pude conter algumas poucas lágrimas. Nosso reino estava destruído por usurpadores. Anos de luta para consolidar a unificaão dos reinos de Mércia, Wessex e Northumbria destruídos por um exército de mercenários.
Quando voltei para ajudar Mondragon, algum tempo depois, apenas encontrei seu corpo sem a cabeça. Minha espada e meu machado haviam sumido. Eu só tinha agora uma saída: alcançar a aldeia de Warthingam antes dos normandos.
"Rock Star" é uma decepção


Decepcionante o filme "Rock Star", em cartaz em vários cinemas do país. O filme tem a pretensão de contar a história de um fã de uma banda que canta em um grupo cover, imitando em tudo seus ídolos. Com a saída do vocalista do famoso grupo, uma fita com uma apresentação do fã em um pardieiro chega às mãos dos empresários e o fã é convidado para fazer um teste, sendo imediatamente aceito.
A história é inspirada na vida de Tim Owens, que era vocalista de uma obscura banda norte-americana chamada Winter's Bane, que tinha material próprio mas fazia shows cover do Judas Priest. Na procura por um novo vocalista, os músicos do Priest receberam uma fita de vídeo com um show do Winter's Bane e resolveram convidar Owens para uma série de testes e ensaios em 1995. Acabou sendo contratado e oficializado como vocalista em 1996.
Esse bom argumento foi desperdiçado pelo roteiro, que é muito ruim. O filme investe mais nos clichês do heavy metal do que na música em si (a trilha sonora é muito boa por sinal, tanto as músicas compostas especialmente para banda fictícia do filme como a trilha original, a cargo do ex-Yes Trevor Rabin).
Fica claro que o roteirista nada entende de música e desconhece totalmente o mundo do heavy metal, fazendo com que a história não decole, tornando tudo muito artificial, tornando patéticas as cenas dos chamados "exageros" dos artistas com álcool, drogas e sexo que acompanhavam a fama das bandas de rock pesado dos anos 80. Ou seja, exageraram nas cenas dos "excessos".
Mark Wahlberg, o protagonista, até que convence como o fã-vocalista, já que ele foi músico (era o rapper Marky Mark), mas é só. Músicos importantes como Jeff Pilson (Dio, Dokken), Zakk Wylde (Ozzy Osbourne) e Jason Bonham, que interprertaram a banda Steel Dragon, aquela idolatrada pelo fã, funcionam bem nas cenas de palco (shows), é óbvio, mas naufragam nas demais.
Enfim, um dos poucos filmes que tentam retratar o mundo do heavy metal cai na vala comum dos clichês e da desinformação pura e simples. Tudo isso sem contar a direção igualmente ruim.
Para quem gosta de rock, há outras opções nas locadoras de vídeo. Há "Na Estrada do Rock" (1999), que conta a história da desconhecida banda Sweetwater, que chegou a tocar em Woodstock, que mistura ficção e documentário. "Almost Famous" (Quase Famosos, 2000), sucesso nas telas deste ano, chega em breve às locadoras e conta a história de um garoto de 16 anos que é contratado surpreendentemente para acompanhar a turnê de uma banda de rock iniciante que começa a fazer sucesso e escrever uma grande reportagem para a revista Rolling Stone durante os anos 70.
Essa história é fielmente baseada na história do próprio diretor do filme, Cameron Crowe, que tinha 16 anos quando, a pedido da Rolling Stone, viajou dois meses com o Led Zeppelin pelos Estados Unidos em 1973. O filme é bom porque retrata com mais verossimilhança e fidelidade o mundo do rock dos anos 70, mostrando de forma crível as loucuras movidas as drogas, sexo e álcool das turnês dos superstars (e não exagerando o que já era exagero por natureza). A direção é firme e consistente (o diretor sabia do que estava falando) e os personagens foram bem construídos.
Mas o melhor filme mesmo é "Still Crazy" (Ainda Muito Loucos, 1998), um misto de comédia e drama inglês que conta a história de um antológico grupo de hard rock dos anos 70 que decide voltar à ativa em 1997 após 20 anos de separação. A grande sacada do filme é a sua verossimilhança com o cenário de duas décadas a´trás e com a onda de retornos de bandas antigas nos anos 90. Não há exageros e o roteiro é inteligente e bem feito.
Dark Avenger volta com tudo




Uma das boas surpresas deste ano no heavy metal brasileiro é "Tales of Avalon - The Terror", da banda brasiliense Dark Avenger. Um trabalho surpreendente pela produção (excelente para os padrões brasileiros) e pelo conceito do álbum, totalmente baseado nas histórias da Távola Redonda e do rei Arthur. Os arranjos das músicas também chamam a atenção pela riqueza de detalhes. Com a formação totalmente modificada, a banda mostra vigor e maturidade, sempre sob o comando do autoritário e genioso voclaista Mário Linhares, agora tendo como fiel companheiro de composições o guitarrista e produtor Leonel Valdez.

quarta-feira, novembro 21, 2001

O CD beneficente para Nova York



Já tem data para chegar às lojas o CD duplo "Concert For a New York", que traz o show comandado por Paul McCartney em 20 de outubro com um elenco multiestrelado. O CD estará nas prateleiras em 4 de dezembro. Aí vai a lista de músicas:
CD 1:
1 - America - David Bowie.
2 - Heroes - David Bowie.
3 - Livin' On A Prayer - Bon Jovi.
4 - Wanted Dead Or Alive - Bon Jovi.
5 - It's My Life - Bon Jovi.
6 - Izzo (H.O.V.A.) - Jay Z.
7 - Iris - Goo Goo Dolls.
8 - Miami 2017 - Billy Joel.
9 - New York State Of Mind - Billy Joel.
10 - Emotion - Destiny's Child.
11 - Gospel Medley - Destiny's Child.
12 - I'm Your Hoochie Coochie Man - Eric Clapton.
13 - Operaman - Adam Sandler.
14 - Quit Playing Games With My Heart - Backstreet Boys.
15 - Come To My Window - Melissa Etheridge.
16 - Born To Run - Melissa Etheridge.

CD 2:

1 - Who Are You - Who.
2 - Baba O'Riley - Who.
3 - Won't Get Fooled Again - Who.
4 - Salt Of The Earth - Mick Jagger e Keith Richards.
5 - Miss You - Mick Jagger e Keith Richards.
6 - With A Little Help From My Friends - Macy Gray.
7 - Fire And Rain - James Taylor.
8 - Up On The Roof - James Taylor.
9 - Peaceful World - John Mellencamp e Kid Rock
10 - Pink Houses - John Mellencamp.
11 - Superman (It's Not Easy) - Five For Fighting.
12 - Mona Lisas And Mad Hatters - Elton John.
13 - I'm Down - Paul McCartney.
14 - Yesterday - Paul McCartney.
15 - Let It Be - Paul McCartney.
16 - Freedom - Paul McCartney.



Mais dois CDs ao vivo de Pete Townshend



O mito Pete Townshend, guitarrista e figura máxima do Who, iniciará no dia 23 de novembro através de seu site oficial a venda de dois CDs ao vivo, registrados em duas apresentações predominantemente acústicas ocorridas no La Jolla Playhouse de San Diego nos dias 22 e 23 de junho passados, e que conterão as seguintes músicas:

22/06/2001: (aprox.89 minutos)

CD 1: Pinball Wizard/ Let My Love Open The Door/ Heart To Hang Onto Cut My Hair/ Slit Skirts/ Drowned/ Greyhound Girl/ Tattoo/ The Sea e Refuses No River.

CD 2: St James Infirmary/ Eminence Front/ Won’t Get Fooled Again/ Behind Blue Eyes e Won’t Get Fooled Again (versão 'elétrica')

23/06/2001: (aprox.98 minutos)

CD1: Pinball Wizard/ Let My Love Open The Door/ Heart To Hang Onto Cut My Hair/ Slit Skirts/ Drowned/ Greyhound Girl/ Tattoo/ Collings e Eminence Front.

CD2: Sheraton Gibson/ Won’t Get Fooled Again/ I’m One/ Behind Blue Eyes/ Driftin’ Blues/ Eyesight To The Blind e Won’t Get Fooled Again (versão 'elétrica').

Com isso, o velho guitarrista de 56 anos incrementa o esquema que implantou há dois anos de venda de material exclusivo apenas por seu site. Além dos dois trabalhos ao vivo acima mencionados, o site já tem disponíveis outros três CDs duplos com shows gravados entre 1996 e 2000.
São os seguintes trabalhos ainda disponíveis no site:

Live at Fillmore East, 1996 (semi-acústico), coma s seguintes músicas: Let My Love Open The Door, English Boy, Drowned, The Shout, I Put A Spell On You, Cut My Hair, Sheraton Gibson, I'm One, Heart To Hang Onto, O'Parvardigar, A Legal Matter, A Friend Is A Friend, I Am An Animal, All Shall Be Well, Slit Skirts, Eyesight To The Blind, Driftin' Blues, Now And Then, Rough Boys, I'm A Boy, Magic Bus.

Live on the Shepherd's Bush, London, 1998: On The Road Again, A Little Is Enough, Pinball Wizard, Drowned, Anyway Anyhow Anywhere, You Better You Bet, Behind Blue Eyes, Baby Don't You Do It, English Boy, Three Steps To Heaven, Mary Anne With The Shaky Hand, Sheraton Gibson, Substitute, I Am An Animal, North Country Girl, (She's A) Sensation, A Friend Is A Friend, Now And Then, Let My Love Open The Door, Who Are You, The Kids Are Alright, Acid Queen, Won't Get Fooled Again, Magic Bus, I'm One.

Live at the Sadler's Wells, London, 2000 (The Lifehouse Show): One Note, Purcell, Teenage Wasteland, Time Is Passing, Love Ain't For Keeping, Goin' Mobile, Greyhound Girl, Tragedy, Mary, I Don't Even Know Myself, Bargain, Gettin' In Tune, Pure And Easy, Baba O'Riley (orchestral), Baba O'Riley, Hinterland Rag, Behind Blue Eyes, Let's See Action, Sister Disco, Relay, Who Are You, Join Together, Won't Get Fooled Again, Tragedy Explained, The Song Is Over, Can You Help The One You Really Love?

Todo esse material está disponível ao preço de 15 libras cada CD duplo (cerca de R$ 40,00). Lamentavelmente, essa prática só reforça o comodismo de Townshend, reconhecidamente um dos maiores compositores pop de todos os tempos. Ele agora se contenta em gravar shows solo ou caça-níqueis do Who para editar e gannhar uma graninha, passando longe da gravação de material novo e inédito.
O último CD com material original e inédito de Townshend foi "Psychoderelict", de 1993. O último CD do Who com músicas originais foi "It's Hard", de 1982 (a banda gravou duas músicas inéditas em 1989 para o CD "The Iron Man", de Pete Townshend, em 1989). Até quando isso continuará?

segunda-feira, novembro 19, 2001

O crime da apresentadora Soninha


Um assunto que vai render muito debate e muita polêmica, envolvendo a descriminação da maconha e a liberdade de expressão. A capa da revista Época desta semana traz quatro personalidades públicas com o título "Eu fumo maconha", entre aspas. Em razão disso, a TV Cultura decidiu rescindir o contrato de Sonia Francine, a Soninha, apresentadora do programa para adolescentes "RG" e ex-MTV. Ela aparece como a principal personalidade a ser entrevistada pela revista. Leia aqui as justificativas da TV Cultura, em matéria da Folha Online.
A questão é complexa. Em última análise, a TV Cultura está correta ao despedir Soninha. A apresentadora aparece na capa de uma revista nacional afirmando que pratica um ato ilegal, um ato criminoso, que é usar drogas. Pior, Soninha apresenta um programa para adolescentes. Ou seja, uma infratora da lei fala a adolescentes, podendo se transformar "numa má influência".
Que a apresentadora foi totalmente inconsequente e infeliz ao aparecer como principal personagem de uma reportagem como essa está fora de questão. Por mais que os padrões atuais de moralidade e mesmo de legalidade sejam mais tolerantes em relação á maxonha, ainda é crime o seu porte e a sua venda, bem como o seu uso.
O que se coloca aqui é o seguinte: a TV Cultura foi truculenta e retrógrada ao despedir Soninha? A apresentadora teve o seu direito de expressão cerceado ao ser punida por suas declarações à revista Época?
Na primeira questão, embora reconhecendo o direito da emissora de demitir uma pessoa "que assume cometer violações da lei", a truculência da medida chocou. Na segunda questão, Soninha teve sim a liberdade de expressão cassada, já que hoje há um debate amplo e público sobre a questão da descriminação da maconha. No entanto, parece que ela não atentou para as consequências de seu "crime".
Se a Gazeta Mercantil é assim, imagine o país


Uma das maiores contradições do capitalismo brasileiro está terminando de se materializar atualmente, mostrando ainda como é regra neste infeliz país o desrespeito às leis e aos trabalhadores. O "maior e mais respeitado jornal de economia da América Latina", a Gazeta Mercantil, demitiu mais de 500 pessoas nas últimas duas semanas (há cerca de 15 anos está mal das pernas) e simplesmente informou aos demitidos que não vai pagar indenização e verbas rescisórias; que os demitidos recorram a Justiça se quiserem receber seus direitos.
Ou seja, como acreditar em um jornal especializado em economia e que se arroga o direito de ser uma das balizas do pensamento econômico do país se a empresa a qual o edita é administrada como um botequim de fim de feira? Como acreditar em um jornal que se diz a maior influência enconômica do mercado financeiro e do meio empresarial sendo que a empresa que o edita desrespeita de forma vil e nojenta as leis trabalhistas? E tudo isso com a anuência da Justiça em todas as suas instâncias...
Os empresários brasileiros são os piores que podem existir, apoiados por um governo cretino, elitista e claramente neoliberal ao extremo. O meio empresarial brasileiro é nojento, assim como a Justiça em todas as suas instâncias, principalmente a trabalhista, coalhada de ratos vigaristas e trambiqueiros. Gente como Almir Pazzianotto, ministro do TST, que é um dos seres mais desprezíveis da face da terra.

sexta-feira, novembro 16, 2001

Crise injustificada na imprensa brasileira


A imprensa brasileira está sendo dizimada por cortes absurdos em quase todas as redações do país. É uma prática comum de jornais, rádios e TVs fazerem demissões às vésperas do dissídio coletivo dos jornalistas (1º dezembro, com proibição de dispensas antes após 1º de novembro. São os chamados "ajustes" para equilíbrio de contas, mas são ajustes burros, pois as contratações sempre são retomadas a partir de março.
Já houve situações muito complicadas no mercado jornalístico, como os cortes que ocorreram logo após o anúncio do PLano Collor, em 1990 (confisco da poupança) e 1992 (crise séria no mercado publicitário). Mas nada que se compare com os cortes violentos de 2001. Antes o máximo que as redações cortavam era 20 jornalistas. Agora o número médio passa de 50.
A Gazeta Mercantil demitiu quase 300 de seus 760 jornalistas em todo o país, com o fechamento de cadernos e jornais locais (tudo bem, é uma empresa pré-falimentar, mas mesmo assim foi um exagero); Estadão cortou 40 jornalistas, Folha/UOL cortaram outros 25, JB e Globo extinguiram suas sucursais paulistas, vários jornais de Belo Horizonte cortaram 10% de suas folhas de pagamento, a Abril cortou 15% (sendo que já havia feito outro corte de 10% em junho). Isso sem falar na falência quase total da Inernet no Brasil no final de 2000 e primeiro semestre de 2001.
É muita coisa e não se justifica, o mercado não está ruim dessa maneira. As empresas alegam retração do mercado publicitário, crise argentina, alta do dólar, crise causada pelo terrorismo e várias outras coisas para fazerem esses cortes drásticos. Mesmo com tudo isso a crise não é tão feia assim que justificasse o envio de mais de 500 jornalistas em todo o país para rua.
As empresas de comunicação desse país são dirigidas, em sua grande maioria, por incompetentes e safados, que não estão preocupados com a qualidade de seus produtos. Se os cortes são necessários, que se enxugue em outras áreas primeiramente. Demitir os responsáveis diretos pelos principais produtos das empresas é uma burrice gigantesca.
Homenagem a John Lee Hooker


Um tributo fantástico está sendo gravado nos Estados Unidos em homenagem a John Lee Hooker, um dos cinco mais importantes artistas de blues do mundo. O bluesman norte-americano morreu no começo deste ano aos 82 anos de idade, mas estava em plena atividade.
O tributo, com título de "The Greatest Blues Man Of All Time", contará com Gary Moore, Jack Bruce, Mick Taylor, Peter Green e membros do Little Feat, Canned Heat e LLC. Duas músicas já foram gravadas: "I'm In The Mood" e "It Serves Me Right To Suffer", com Gary Moore nas guitarras e vocais, Jack Bruce no baixo e vocais e Gary Husband na bateria.
Jogadores argentinos nojentos


Nojeira nas eliminatórias da Copa 2002 na América do Sul. A Reuters colheu depoimentos após o jogo Uruguai 1 x 1 Argentina de jogadores argentinos afirmando que resolveram "aliviar" no segundo tempo para "facilitar" a vida do Uruguai. A alegação? "Coisas estranhas estavam acontecendo nas eliminatórias", afirmou o péssimo goleiro Burgos, endossado pela anta chamada Sorín, lateral-esquerdo. Eles se referiam à "estranha" derrota do Paraguai por 4 a 0 ante a Colômbia em Assunção. Verón, o craque do time, disse que a Argentina parou de atacar deliberadamente no segundo tempo. Lamentável sob todos os aspectos.

quarta-feira, novembro 14, 2001

Algumas noções de economia

E-mail interessante que está circulando pela Internet (cortesia do brother Maurício Gaia):


Feudalismo - Voce tem duas vacas. Seu senhor pega parte do leite para ele. S

Socialismo - Voce tem duas Vacas. O governo as tira de voce e as coloca
num curral, juntamente com as vacas de todo mundo. Voce tem que cuidar de
todas as vacas. O governo lhe da um copo de leite.

Comunismo Russo - Voce tem duas vacas. Voce tem que cuidar delas, mas o
governo fica com o leite todo. Voce rouba o maximo possivel do leite e o
vende no mercado negro.

Comunismo Cambojano - Voce tem duas vacas. O governo pega as duas e fuzila
voce, acusando-o de ser um capitalista criminoso centralizador dos
recursos de producao da Nacao e fomentando a fome de seu Povo.

Ditadura Iraquiana - Voce tem duas vacas e e fuzilado por suspeita de
serem instrumento do imperialismo americano com o objetivo unico de contaminar todos os rebanhos do pais.

Democracia Representativa Britanica - As duas vacas estao loucas, mas a familia real mantem as aparencias perante a imprensa.

Capitalismo Norte Americano - Voce tem duas vacas. Voce vende uma delas e
compra um touro, que usa para inseminar a outra vaca e tambem as demais
vacas do pedaco (cobrando pela cobertura, naturalmente). Depois, comeca a
exportar esperma bovino para mercados emergentes. Apos varios anos de
expansao, sua empresa lanca uma oferta publica inicial para ser
apresentada na Bolsa de Valores de Nova York. A Comissao de Valores Mobiliarios abre
um processo contra voce e sua mulher por negociacao com informações privilegiadas.
Depois de uma longa e cara briga nos tribunais, voce e considerado culpado
e condenado a 10 anos de prisao, dos quais acaba cumprindo sete semanas.
Quando sai da cadeia, voce compra duas galinhas. Ai voce vende uma delas,
compra um galo.

Capitalismo de Hong Kong - Voce tem duas vacas. Voce vende tres delas a
sua empresa de capital aberto, usando cartas de credito abertas pelo banco de
seu cunhado, depois executa um swap de divida por credito com uma oferta
global associada, de modo a receber todas as suas vacas de volta, com
reducao de impostos por manter cinco vacas. Os direitos ao leite de seis
vacas sao transferidos, via uma holding panamenha, a uma empresa com sede
nas Ilhas Cayman, de propriedade secreta do acionista majoritario, que
revende os direitos do leite de todas as sete vacas a empresa de capital
aberto, enquanto adia o pagamento do produto da venda. O relatorio anual
diz que a empresa possui oito vacas, com opcao para aquisicao de mais uma.
Enquanto isso, voce vende suas duas vacas para uma nova seita recem
fundada na Índia por seu cunhado, ao preco unitario de US$ 1 milhao por
tratarem-se de animais sagrados realizadores do milagre da multiplicacao.

Capitalismo Maicrosoftiano ( Mercado de "Livre Concorrencia") - Voce tem
duas Vacas. Seu vizinho - Biu Gueites - faz uma oferta para comprar as
duas de Voce, que nao tem interesse no negocio. Apos meses de tentativas
infrutiferas, o Sr. Biu Gueites compra duas cabras e inicia uma campanha
de marketing na Regiao demonstrando as vantagens do leite de cabra em relacao
ao de vaca. Apos algum tempo, os consumidores acostumam-se com o leite de
cabra - vendido diretamente pelo Sr. Biu Gueites - e passam a exigir tal
produto nos pontos de vendas tradicionais. Um reduzido grupo de nao
consumidores de leite de cabra, apos varios desarranjos intestinais ao
experimentarem o novo padrao em leite nao se convence com os argumentos do
produtor, "que o problema nao esta no leite de cabra e sim na configuracao
do seu aparelho digestivo, recomendando fazer um "upigreide" de seu figado
para uma versao peintiummmm 32 bitis". Mas felizmente sao uma minoria.
Pressionados pelos consumidores locais, os laticinios aceitam os termos do
acordo para compra de leite de cabra do Sr. Biu Gueites: nao deverao mais
comprar mais leite de vaca. Apos alguns poucos anos, a empresa do Sr. Biu
passa a trabalhar secretamente com vacas anas, convencendo o publico que
trata-se de uma nova linhagem de cabras, denominadas WinCabras95. Parte
dos consumidores - que ainda recordavam do paladar do leite de vaca - acham o
gosto do leite destas "novas cabras" muito parecido com o de vaca, mas
certamente deverao estar equivocados. O resto da historia talvez voce ja
conheca.

>>Democracia Burocratica Brasileira - Voce tem duas vacas. Primeiro, o
governo federal traca normas para determinar como voce vai poder
alimenta-las e quando vai poder tirar leite delas. Depois, ele lhe paga
para nao tirar leite delas em determinadas epocas do ano, sob o argumento
do controle de precos (pois leite com excesso de oferta fara cair o preco
no mercado interno e externo, podendo oscilar perigosamente a balanca de
pagamentos). Nos demais meses que lhe e permitida a ordenha, o Congresso
institui o IOL - Imposto sobre a Ordenha do Leite - que abocanha 24,3% do
valor da Venda sobre um faturamento medio projetado - mesmo que Voce nao
consiga vender o leite, pois a base tributaria incide sobre uma estimativa
de produtividade. O governo estadual, sabendo da existencia das duas
vacas,
institui o ICVDL - Imposto de Circulacao de Vacas e Derivados de Leite -
com a aliquota de 27,8% calculados sobre o valor de aquisicao venal das
vacas e/ou sobre o preco minimo venal estipulado para o leite e derivados
naquela Regiao. Logicamente que, tendo sido vendido o leite a preco
superior ao preco venal fixado, a base de calculo sera a maior das duas.
Entrementes, o governo municipal, sabendo da existencia de um "boom"
bovino na cidade, institui o IPTURAVDB - Imposto Predial Territorial Urbano e
Rural sobre Abrigos de Vacas e demais Bovinos - calculados a base de
318,9876435 UFMs por metro quadrado da propriedade. Lei Municipal
Complementar, proibe a criacao de Vacas e Demais Bovinos em outros tipos
de propriedades moveis ou imoveis nao abrangidas pelo IPTURAVDB. Apos poucos
meses, um acordo entre os governos municipais e estaduais com a bencao do
governo federal, e instituido o rodizio de vacas e demais bovinos nas ruas
de cada cidade, com o nobre proposito de reduzir a poluicao estercal das
ruas. O desrespeito implicara na multa de US$ 100,00 por vaca por dia de
autuacao. Voce, Cidadao, esmagado pela carga tributaria, doa uma vaca para
uma instituicao de caridade e abate a segunda, oferecendo um churrasco
para amigos e vizinhos. Ao receber no exercicio seguinte - todos os carnes dos
impostos federal, estadual e municipal incidentes sobre as duas vacas,
alega que ja nao as possui mais ha meses. Mas como os computadores do
SERPRO nao foram atualizados voce tem que recolher todos estes impostos -
ou deposita-los em juizo - ate provar que nao e mais proprietario das
bovinas. Diante da sua insistencia em "sonegar" os impostos, estranhamente voce e
denunciado a receita federal, que o convoca a apresentar as declaracoes de
imposto de renda dos ultimos cinco exercicios. Como voce nao declarou nem
as vacas compradas nem a origem do capital utilizado para esta aquisicao,
voce torna-se devedor do fisco. Ao chegar em casa, vindo da delegacia da
receita federal, dois fiscais da vigilancia sanitaria estao te aguardando
com uma intimacao para depor no abate nao autorizado de animais para
consumo alimentar.
DVD tenta ressuscitar o Genesis


O quase extinto Genesis aposta no passado para faturar ainda uns trocados. No dia 26 de novembro, a banda, agora reduzida a Mike Rutherford (guitarra e baixo) e Tony Banks (teclados), lançará o DVD duplo "The Way We Walk Live". A gravação foi feita num show do grupo realizado em 1992, no Earl's Court, em Londres, quando ainda contava com Phil Collins.
Alista das músicas: Land of Confusion/ No Son Of Mine/ Driving The Last Spike/ Old Medley (Dance On A Volcano, The Lamb Lies Down On Broadway, The Musical Box, Firth Of Fifth, I Know What I Like, That's All, Illegal Alien, Follow You, Follow Me)/ Fading Lights/ Jesus He Knows Me/ Dreaming While You Sleep/ Home By The Sea/ Hold On My Heart/ Domino (The Domino Principle, In The Glow Of The Night, The Last Domino)/ The Drum Thing/ I Can't Dance/ Tonight, Tonight, Tonight/ Invisible Touch e Turn It On Again.
O vocalista Ray Wilson, substituto de Collins a partir de 1996 e que gravou o fraquíssimo "Calling All Stations" em 1997, ainda não definiu a sua continuidade no grupo. Por isso, são fortes os boatos na Inglaterra de que Phil Collins poderia retornar ao grupo. Todos os envolvidos mantêm silêncio a respeito disso.
Rush prepara novo lançamento para março




O fantástico trio canadense Rush volta à ativa em março de 2002 com o lançamento de novo CD e uma nova turnê pela América do Norte. O CD ainda não tem nome, mas deverá ser mais pesado e menos experimental que "Test for Echo" (1997). Para aqueles que ainda não adquiriram, corram até a Galeria do Rock, em São Paulo, para comprar as poucas cópias de "Different Stages" (1999), o último lançamento do rush, um CD triplo ao vivo. É possível encontrar cópias importadas por R$ 55,00 e cópias usadas por R$ 40,00.
Blaze toca no Brasil em janeiro


Blaze Bayley, ex-vocalista do Iron Maiden, prepara sua primeira turnê pelo Brasil para o mês de janeiro. ele tocará em São Paulo no dia 26 de janeiro, ainda sem local definido. Um dia antes ele toca em Curitiba. Ele aproveita para lançar a versão brasileira de "Silicon Messiah", seu primeiro CD solo (muito bom por sinal).

segunda-feira, novembro 12, 2001

Venezuela não é páreo


Na boa, pessoal. Qualquer resultado que não for uma vitória por mais de três gols contra a Venezuela é inadmissível. A Venezuela não existe. E tem gente ainda duvidando da classificação para a Copa do Mundo. Se houver empate, aí a coisa vai ser pesadíssima mesmo...
Sagrado Coração da Terra em inglês




A idéia de escrever sobre o Sagrado Coração da Terra, banda mineira que é a melhor do rock progressivo brasileiro em toda a sua história, nasceu de dois fatos sem a menor ligação entre si. No domingo, dia 11 de novembro, encontrei o velho amigo Maurício Gaia, a figura por trás do ótimo Mauricéia Desvairada em uma festa e fui obrigado a ouvir reclamações dele sobre os meus textos sobre o rock progressivo, que ele "quase odeia". O segundo fato foi a audição propriamente dita de "Sacred Heart of Earth", o primeiro trabalho do grupo totalmente voltado para o mercado internacional, com músicas cantadas em inglês.
Esse trabalho, o sexto na discografia da banda, é na verdade uma compilação das melhores músicas dos cinco CDs anteriores, só que remasterizadas e com letras vertidas para o inglês - os vocais dessas músicas foram regravados, assim como alguns alguns arranjos. O CD apresenta ainda duas músicas inéditas, gravadas pela atual formação do grupo. Há ainda entre as 14 músicas algumas mantidas com a gravação original (gravadas em inglês à época).
O líder do grupo, o violinista e publicitário Marcus Vianna, considera "Sacred Heart of Earth" uma coletânea com letras vertidas para imglês para satisfazer o público internacional, já que o Sagrado é famoso e muito cultuado na Europa, sobretudo na Inglaterra, França e Alemanha.
Eu discordo. Esse trabalho é importante e merece figurar como "disco oficial" por ser o primeiro voltado para o mercado internacional e por conter elementos inéditos, como novos arranjos para músicas antigas e por conter material inédito nunca antes lançado.
"Sacred Heart of Earth" é ótimo e tem tudo para emplacar no exterior. A qualidade da produção é surpreendente, já que a tradição brasileira no rock progressivo é pequena. As músicas antigas ganharam mais fôlego e o inglês mostrou-se o idioma adequado para o tipo de som feito pelo grupo. Isso sem falar na qualidade musical em si, já músicos de primeiríssimo time participaram das várias formações do Sagrado, como o guitarrista Augusto Rennó e o vocalista Bauxita (mais conhecido pelo seu trabalho ligado ao blues).
Em linhas gerais, esse trabalho do Sagrado reúne as principais influências de Vianna: Genesis e Yes. Em menor escala, temos ecos de King Crimson, Emerson Lake and Palmer, Jethro Tull e até o experimental Gentle Giant. O violino de Marcus Vianna é a peça condutora das inúmeras suítes, e às vezes acaba por soterrar as guitarras, que aparecem pouco nesse trabalho. Além de Vianna, outros 36 músicos e cantores passaram pela banda em 22 anos de carreira.
O Sagrado Coração da Terra foi criado em 1979 pelo multiinstrumentista Marcus Vianna após a frustrada tentativa de se fazer rock progressivo experimental no Brasil com a banda mineira Saeculum Seculorum (criada em 1976 e abortada menos de dois anos depois; em 1998 Vianna reuniu gravações antigas e demos para lançar o CD "Saeculum Seculorum", em homenagem à banda).
Escaldado nas dificuldades de se fazer rock no Brasil, e principalmente rock progressivo, Marcus Vianna transformou o Sagrado Coração da Terra em um projeto particular, mas ele insiste que é uma banda. Ele toma conta de tudo, compõe todas músicas, quase todas as letras e faz questão de ser o produtor, cuidando de cada detalhe. Para isso, criou em 1980 o estúdio Sonhos e Sons em Belo Horizonte. Como a vida de músico não dava dinheiro, virou publicitário e especialista na crianção de jingles. Essa virou sua ocupação principal, enquanto que o Sagrado virou quase como um hobby.
Quase, porque algumas cópias dos trabalhos do grupo chegaram ao exterior, agradando em cheio os amantes do estilo. É citado em centenas de enciclopédias de rock progressivo como uma das principais bandas de rock progressivo das Américas e tem o mesmo prestígio de ícones como Solaris (Hungria), Premiata Fornieri Marconi (Itália), Pendragon e Camel (Inglaterra), entre outros.
Por causa disso, Vianna nunca pôde deixar o Sagrado dormindo por muito tempo. Tempo, aliás, que não lhe sobra mais desde que o sucesso na propaganda o empurrou para a composição de trilhas sonoras para novelas e filmes. Em 1992, assinou as várias trilhas sonoras de "Pantanal", da rede Manchete, fazendo desde a música incidental até composições gravadas por nomes importantes da MPB gravarem especialmente para a novela.
O sucesso foi tão grande que o músico acabou deixando os jingles por conta de sua equipe e mergulhou de cabeça nas trilhas para novelas. Isso aconteceu por dois motivos: a sua tendência para ser um workaholic e a uma certa "pressão" da Rede Globo, que o contratou impressionada pelos resultados de "Pantanal".
Os resultados: as elogiadíssimas trilhas sonoras de novelas como "Terra Nostra" e as minisséries "Chiquinha Gonzaga" e "Aquarela do Brasil", além das músicas da nova novela da Globo, "O Clone".

Jagger ressurge com novo CD



Está sendo aguardado com destaque exagerado o novo álbum solo de Mick Jagger, o quarto de sua carreira. "Visions of Paradise" é a primeira música do CD "Goddess in the Doorway" a chegar às rádios e sites especializados, uma balada romântica com um pouco de modernidade.
O líder dos Stones apostou um pouco na fórmula seguida por Santana no clássico álbum "Supernatural", quando contou com convidados ilustres em cada uma das faixas. Jagger usa como chamariz medalhões da atualidade como Bono (U2), Lenny Kravitz e Wyclef Jean, mas realmente quem segura mesmo o CD são os veteranos amigos Pete Townshend (The Who), Joe Perry (Aerosmith) e Matt Clifford (tecladista que acompanha os Rolling Stones), que tocam nas melhores faixas.
O último CD de Jagger, "Wandering Spirit", de 1993, até que não decepcionou, apesar de ser muito parecido com o que os Stones estavam fazendo na época. No novo álbum ele promete se distanciar um pouco de sua banda, mas sem mergulhar fundo nas "modernidades" eletrônicas.

domingo, novembro 11, 2001

Mais uma para rir com a extrema (ultra)-direita


Da série de sites humorísticos, temos um que provoca espamos e lágrimas de tanto riso. É o site da Editora Revisão, capitaneada pelo engenheiro gaúcho Siegfried Ellwanger, também conhecido como S.E. Castan. Pelo nome, é possível se supor que ele seja descendente direto de alemães, o que ele realmente é.
Ellwanger deixou um pouco de lado a profissão original para fundar a Revisão, destinada a divulgar livros trabalhos de autores revisionistas e negacionistas, principalmente a respeito da 2.a Guerra Mundial (é o caso dele próprio).
Revisionistas e negacionistas foram termos que começaram a ser empregados para definir historiadores europeus e norte-americanos que negavam, relativizavam ou amenizavam as atrocidades cometidas pelos nazistas na guerra de 1939-1945. Alguns autores, como Ellwanger, chegam ao disparate e ao cúmulo de questionar até mesmo a existência do holocausto judeu, com a morte de 6 milhões de pessoas na Europa nazista. Chegam a dizer que todas as informações a respeito são falsas ou exageradas, fruto da propaganda norte-americana e sionista. Uma autêntica piada.
Há também revisionistas e negacionistas na Rússia atual, saudosos dos tempos da extinta União Soviética, que negam ou amenizam os crimes de Stálin e Lenin.
No entanto, os termos geralmente são aplicados, em sua imensa maioria, a autores e historiadores de extrema-direita e ultra-direita, com ligações ou simpatias a correntes-grupos-tendências nazistas e racistas. É o caso de Ellwanger, que é o mais conhecido (talvez o único) revisionista brasileiro.
O site de sua editora divulga os livros que ele escreve e publica alguns artigos publicados em micropublicações gaúchas. Não passa de uma excrescência da sociedade brasileira, um fascista perturbado perdido em seus delírios, digno de fazer companhia a outro nojento chamado Irton Marx, aquele que um dia pensou em lutar pela independência do Rio Grande do Sul (!!!!!!!!!!).
Os artigos são risíveis e hilários, com argumentação pífia, mas é bem menos extremista do que realmente são os pensamentos de Ellwanger. Mas isso tem motivo: a editora e seu proprietário foram acossados algumas vezes por processos pesados em que eram acusados de racismo e de difusão de idéias nazistas.

sexta-feira, novembro 09, 2001

Novo lançamento do Violeta de Outono




Boa notícia também para o rock progressivo brasileiro. Chega às lojas brasileiras o CD "The Early Years", o mais recente lançamento da banda paulistana Violeta de Outono, uma das mais importantes do Brasil. Liderada pelo guitarrista e vocalista Fábio Golfetti, a banda esteve fora de circulação entre 1989 e 1995 devido ao que os músicos do trio chamaram de "incompreensão" do mercado. Traduzindo: estavam pagando para gravar e lançar seus álbuns e não estavam tendo retorno.
"The Early Years" foi gravado em 1988 mas nunca foi lançado. É o registro definitivo das influências que marcaram o desenvolvimento da banda, incluindo quatro covers clássicos do psicodelismo além de uma faixa gravada ao vivo. As músicas são Citadel (Rolling Stones), Interstellar Overdrive (Pink Floyd), Blues For Findlay (Gong), Within You Without You (Beatles) e um medley com Echoes (Pink Floyd) e No Quarter (Led Zeppelin). O trabalho mostra o trio no auge da forma, mostrando que, tecnicamente, era o "Rush" brasileiro.
Yes e Transatlantic mantêm o progressivo em alta




Reforçando ainda mais a tese de que o rock progressivo volta a ganhar espaço dentro do cenário musical, dois lançamentos recentes merecem a atenção de quem prima pelo bom gosto. O primeiro lançamento é um dos mais importantes dentro do rock progressivo dos últimos anos: "Magnification", do Yes, que já está nas lojas do Japão e chega à Europa e Estados Unidos em dezembro.
Esse CD é histórico por um motivo muito simples: pela primeira vez em seus 33 anos de história a banda grava um álbum sem tecladista. Os teclados foram simplesmente substituídos por uma orquestra inglesa completa. O resultado é magnífico, já que havia pelo menos 15 anos (desde o fraco "Big Generator", de 1986), que a banda não compunha músicas de qualidade. Os dinossauros ingleses ressurgem em novo formato e com formação diferente, um quarteto: Jon Anderson (vocais), Chris Squire (baixo e vocais), ambos fundadores do grupo, Alan White (bateria) e Steve Howe (guitarra).
De acordo com uma recente entrevista de Jon Anderson a uma revista inglesa na semana retrasada, o grupo vinha tendo problemas com tecladistas desde 1996, quando Rick Wakeman participou de uma turnê norte-americana e gravou na Inglaterra as músicas de estúdio incluídas nos dois volumes de "Keys to Ascension" (CDs duplos gravados ao vivo nos Estados Unidos mas que continham faixas inéditas gravadas pouco depois da turnê de 1996; foram lançados em 1997 e 1998).
Wakeman estava afastado da banda desde 1991, quando gravou o álbum "Union". Após a turnê de 1996, ele decidiu abandonar as longas turnês por absoluto cansaço e falta de estímulo para tal. De acordo com o mesmo Anderson, "Rick estava de saco cheio de ficar viajanado pelo mundo. O negócio dele agora é fazer shows de vez em quando e compor trilhas para cinema".
Para gravar os teclados de "Open Your Eyes", de 1997, tinha o produtor e guitarrista Billy Sherwood fazendo os teclados. Para a turnê de divulgação do CD, que passou pelo Brasil, Sherwood atuou apenas como segundo guitarrista, deixando os teclados para o pouco carismático russo Igor Khoroshev. Efetivado como músico permanente, atuou no fraco "The Ladder", de 1999, mas já não constava da formação oficial no final de 2000.
De qualquer forma, pela primeira vez a banda grava em quarteto e sem teclados Merece ser conferido sem preconceitos.
Outra pérola progressiva é "Bridge Across the River", terceiro trabalho do Transatlantic. A banda é na verdade é um projeto envolvendo gente da pesada do rock progressivo: Neal Morse (vocais, guitarra e teclados, da banda norte-america Spock's Beard), Pete Trewavas (baixista do Marillion), Mike Portnoy (baterista do Dream Theater) e Roine Stolt (guitarrista do Flower Kings).
Recriando o melhor espírito de bandas como Emerson, Lake and Palmer, Yes e King Crimson, as composições do Transatlantic são complexas e quilométricas, mas prevalecem o bom gosto e a qualidade técnica fantástica dos integrantes. O CD foi lançado em duas versões, uma simples e outra em versão dupla, com um CD bônus trazendo ensaios, demos e covers para músicas do Pink Floyd e dos Beatles.

quarta-feira, novembro 07, 2001

Lançamento imperdível do Iced Earth


A gravadora Century Media da Alemanha está preparando um lançamento especial para os fãs do ICED EARTH. Trata-se de um box-set chamado "Dark Genesis", que vai conter 5 CDs; entre eles os 3 primeiros álbuns da banda (Iced Earth, Night Of The Stormrider e Burnt Offerings), remixados e remasterizados, a demo "Enter The Realm" (gravação que levou a banda a assinar o contrato com a Century Media) e um CD batizado de "Tribute To The Gods", contendo covers para bandas que influenciaram os integrantes do Iced Earth. A caixa, que contém ainda um livreto com 32 páginas, estará à venda a partir de dezembro. O CD "Tribute To The Gods" começará a ser vendido separadamente no primeiro semestre de 2002.
Confira o track list dos dois CDs inéditos da caixa:
Enter The Realm: Enter The Realm/ Colors/ Nightmares/ Curse The Sky/ Solitude e Iced Earth.
Tribute To The Gods: Creatures Of The Night (KISS)/ Number Of The Beast (Iron Maiden)/ Highway To Hell (AC/DC)/ Burnin' For You (Blue Oyster Cult), God Of Thunder (KISS)/ Screaming For Vengeance (Judas Priest)/ Dead Babies (Alice Cooper)/ Cities On Flame (Blue Öyster Cult), Long Way To The Top (AC/DC)/ Black Sabbath (Black Sabbath) e Hallowed Be Thy Name (Iron Maiden).
George Harrison volta ao hospital

O ex-Beatle George Harrison foi internado em estado grave na clínica universitária de Staten Island, em Nova York. Segundo o jornal britânico Daily Telegraph, informações fornecidas pelo hospital atestam que o tratamento ao qual Harrison está sendo submetido faz parte de um último esforço para mantê-lo vivo. O músico, de 58 anos, convive há três com câncer na laringe, nos pulmões e no cérebro.
Segundo o jornal londrino, Harrison teria sido registrado na clínica com o nome de George Arrias (sobrenome de solteiro de sua mulher, Olivia), e está sendo submetido a uma forte bateria de radioterapia, coordenada pelo diretor de radioterapia oncológica do hospital, Gil Lederman. Esse tratamento, como apontou o Telegraph, só é sugerido aos pacientes em estágio avançado.

terça-feira, novembro 06, 2001

Bizarras campanhas contra Congonhas


Outra coisa bizarra são os inúmeros pedidos de mudança do tráfego aéreo de Congonhas e até mesmo o fechamento do aeroporto. Até a Câmara Municipal entrou na história, instigada por associações de moradores dos bairros de Campo Belo, Moema, Jabaquara e outros. O aeroporto é parte importante do motor da economia de São Paulo e do Brasil. Ele é indispensável para o bom funcionamento econômico e cotidiano da cidade. Essa gente que reclama do barulho, entre outras coisas, chegou aos bairros dos arredores depois da construção do aeroporto. Portanto, não tem direito de reclamar. Estão com problemas? Com medo? Mudem-se.
Julgamento bizarro


O caso do assassinato do índio Pataxó Galdino dos Santos é bizarro por si só. Filhinhos de papai atearam fogo ao índio como se queima lixo e ainda choram no julgamento, dizendo que não tinham intenção de matar. Qualquer pena menor do que 20 anos é um acinte à sociedade. Esses vagabundos merecem ser condenados por homicídio triplamente qualificado.
A dispensável vinda de Cat Power


Cat Power é um dos nomes mais incensados do cenário musical independente universitário norte-americano. Chan Marshall é o seu verdadeiro nome e aposta numa vertente à la Joan Baez: seus shows são semi-acusticos, apenas voz e, guitarra e violão. Nada de novo, nem tão pouco surpreendente, apesar de ter toda a sua discografia editada redentemente no Brasil pela Trama. Nada contra a onda retrô, mesmo que o formato e os temas abordados pela menina - ela tem 25 anos e aposta no bichogrilismo hippie e nas lamúrias feministas - estejam pelo menos 30 anos atrasados. O problema da garota é que a música dela é ruim. Melhor ouvir as divas Baez, Patti Smith e Carole King, que são bem melhores.

segunda-feira, novembro 05, 2001

Deep Purple reaparece com outro CD ao vivo



O bom e velho Deep Purple está colocando no mercado mais uma pérola, apesar do excesso de lançamentos dos
últimos anos. E mais uma vez é um álbum duplo. "Live a the Amsterdam Ahoy, October 2000" é a gravação de uma apresentação baseada no álbum "Concert for Group and Orchestra", de 1969, e que foi regravado em 1999 no Royal Albert Hall de Londres, gerando um CD duplo com convidados.
O novo CD, gravado na Holanda, apresenta poucas diferenças do CD gravado em Londres. A primeira parte é a execução da peça orquestral composta pelo tecladista Jon Lord. A segunda parte mostra músicas da carreira solo de cada um dos integrantes e a participação de convidados como Ronnie James Dio e Miller Anderson. As diferenças ficam por conta da execução de músicas do Deep Purple como "Black Night", "Fools" e "Highway Star", que não estavam presentes no CD anterior.
De acordo com Lord, a decisão de gravar o show de Amsterdam deveu-se à opinião geral da banda de que aquela foi a melhor de toda a turnê 2000/2001 (que passou pelo Brasil em setembro do ano passado, com participação da Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo).
O lançamento do novo CD, porém, vem cercado de polêmica quanto à permanência do tecladista na banda. Jon Lord, fundador da banda ao lado do baterista Ian Paice, decidiu realizar uma cirurgia no joelho esquerdo durante a turnê européia marcada para este segundo semestre.
De acordo com fontes ligadas à produção do Deep Purple, Paice, o baixista Roger Glover e o vocalista Ian Gillan não gostaram do fato, pois acreditavam que Lord devia ter marcado a cirurgia antes do início da turnê. Caso isso tivesse acontecido, é possível até que os novos shows nem fossem marcados. Eles até desconfiam que o tecladista resolveu marcar a cirurgia para o meio de turnê de forma deliberada.
Com isso, Don Airey, amigo de longa data e que já tocou com muitas bandas importantes do rock, como o Rainbow e na banda de Ozzy Osbourne, foi chamado às pressaas para cobrir a ausência "forçada" de Lord e entre os roadies (equipe de apoio) já é dada como certa a efetivação do músico-tampão no lugar do veterano e fundador do Deep Purple.

Show fantástico das Vozes do Rock Clássico



Teve muita nostalgia e muita coisa brega, mas o show Voices of Classic Rock, nos dias 3 e 4 de novembro, valeu e muito a pena para quem se dispôs a deixar o feriadão de lado. Músicas que marcaram época e perfomances excelentes de músicos veteranos mostraram que a qualidade independe da idade. Pena mesmo o pouco público para prestigiar gente de talento como Glenn Hughes, Joe Lynn Turner, Jimi Jamison )ex-Survivor) e outras feras.
Apesar dos esforços dos demais músicos, o show foi dominado por Hughes e Turner, com suas interpretações de clássicos do Deep Purple, onde ambos já tocaram. Destaques para "Hush", "Highway Star" (um dueto de arrepiar entre os dois), "Smoke on the Water", "Burn" e a grande supresa da noite, uma versão fantástica de "Mistreated" na voz privilegiada de Hughes. Turner ainda nos brindou com uma interpretação bastante interessante de "Stone Cold", do Rainbow. Veja mais sobre o Voices of Classic Rock aqui.

Mais de Stevie Ray Vaughan


O baú de despojos de Stevie Ray Vaughan, o maravilhosos bluesman texano morto em 1990, não tem fundo. Neste mês chega ao mercado "Live At Montreaux 1982 & 1985", CD duplo que traz duas apresentações do guitarrista no famoso festival suíço. Ese lançamento é simplesmente fantástico, pois registra perfomances de Vaughan no começo do auge de sua carreira. Resta saber até quando vão brotar do baú coisas de qualidade. Eis o tracklist completo: CD 1: Hide Away/ Rude Mood/ Pride And Joy/ Texas Flood/ Love Struck Baby/ Dirty Pool/ Give Me Back My Wig e Collins' Shuffle. CD 2: Scuttle Buttin/ Say What! / Ain't Gone N' Give Up On Love / Pride And Joy / Mary Had A Little Lamb / These Blues Is Killing Me/ Tin Pan Alley (conhecida como Roughest Place In Town) / Voodoo Chile (Slight Return)/ Texas Flood / Life Without You/ Gone Home e Couldn't Stand The Weather.

Dead Kennedys no Brasil


O ícone punk Dead Kennedys toca no Brasil entre 2 e 4 de dezembro. Na verdade é uma grande picaretagem, já que o líder Jello Biafra não faz mais parte da banda. Ou seja, a banda não existe, pois Biafra era praticamente toda a banda. Criado na Califórnia em 1978, a banda acabou em 1986 após quatro álbuns fantásticos e hinos como "California Uber Alles" e "Holiday in Cambodja".
Artista multmídia, Biafra é cantor, poeta, escritor, político e dono da gravadora Alternative Tentacles, sua ocupação principal.Todos os direitos do Dead Kennedys e seus discos eram da Alternative Tentacles e os antigos membros da banda descobriram em 1997 que Biafra não estava pagando-lhes os direitos autorais. Entraram na Justiça e ganharam não só a indenização da gravadora como dos direitos sobre a banda. O resultado é que resolveram reconstruir o Dead Kennedys ao final de 1999 sem Biafra. Ou seja, sem Biafra não existe Dead Kennedys.

sábado, novembro 03, 2001

Como destruir um país


Uma aula de como destruir um país. Assim vai ficar na história a série interminável de pacotes e trapalhadas que os governos argentinos estão praticando desde a década 90. Toda a empáfia e a arrogância dos vizinhos estã afundando junto com a economia. Aquela velha anedota de que os argentinos não passam de "italianos que falam espanhol e pensam que são ingleses ou suíços" já perdeu a graça. Mais adequado seria afirmar, na atual pindaíba, que hoje o argentino se sente como um "boliviano que pensa que é nivaraguense ou hondurenho".
O novo pacote editado em 1. de novembro só reforça essa agonia. Diminuir os prêmios para a reestruturação de uma dívida de US$ 132 bilhões é o mesmo que dizer ao mercado que nãovai pagar os compromissos da dívida em futuro próximo. Calote, não há outra palavra.
Tanto lá como aqui, pensa-se que o fim da inflação foi também o fim da penúria e da falta de dinheiro. O fim da inflação foi apenas um pré-requisito para colocar o país nos eixos. Essa frase é muito óbvia para uma criança, mas não parece aos olhos dos sucessivos governos e ministros da Economia da Argentina e do Brasil. Reformas? Para quê? Está bem assim sem inflação. Assim garantiremos nossos cargos, nossos salários, nossas comissões e nossas reeleições.
A Argentina foi destruída por uma elite burguesa burra, sem caráter e espoliadora. Essa elite se acomodou na prosperidade do fim dos século 19 e do crescimento dos 30 primeiros anos do século passado. Toda a base industrial estabelecida até meados dos anos 50 passou a servir aos interesses políticos de gente desclassificada como Perón e sua quadrilha, que inauguraram uma era de pilhagem sobre a economia nacional. Getúlio Vargas, que fazia parte da mesma escória, pelo menos estabeleceu uma política de base industrial que possibilitou a megalomania de Juscelino e dos governos militares. Os peronistas, ao contrário, se locupletaram à base do então moderno e poderoso parque industrial argentino e nunca se preocuparam com o progresso. Progresso para a elite burguesa argentina, somente de suas contas bancárias.
O país vizinho está à beira da bancarrota pela enésima vez. Para brasileiros acostumados com as favelas de nossas grandes cidades, abarrotadas de nordestinos em sua maioria, e de pele escura, é um choque observar as favelas de Buenos Aires coalhadas de garotinhos e garotinhas de pele e olhos claros É, de certa forma, ultrajante verificar que um economista com mestrado ganha a vida nas ruas do elegante bairro de Palermo engraxando sapatos nos cafés.
A Argentina foi destruída aos poucos, entre 1950 e 1982, ano da Guerra das Malvinas. Esse evento histórico foi a gota d'água que jogou o vizinho no inferno. Sem base industrial confiável, sem reservas cambiais suficientes e com equipamentos obsoletos, o governo militar argentino perdeu em dois meses de conflito o pouco que o país conseguiu economizar nos 12 anos anteriores.
Alfonsín e sua UCR só fizeram agravar a situação, com uma política suicida de subsídios fartos a uma indústria em frangalhos, apesar de fortemente protegida. Os juros foram parar em Marte para tentar conter a hiperinflação, as exportações caíam ano a ano e o funcionalismo público foi sendo gradativamente arrochado. Como resgatar um país de um buraco desses?
Para completar, um falastrão messiânico do porte de Ménem cai no conto da paridade fixa do peso com o dólar elaborado pelo equino Cavallo. A estratégia de transformar a paridade em lei, para evitar que a inflação voltasse ao sabor do mercado do dólar, serviu para dar um pouco de ordem à economia. No entanto, o que deveria ser o primeiro passo de uma série de importantes e profundas medidas moralizadoras e modernizadoras acabou se transformando na base de um modelo econômico frágil e manco. Achavam que a paridade peso-dólar era a solução de todos os problemas.
Com isso, a elite burguesa burra da Argentina sentiu-se segura para manter o status quo e continuar o butim nas contas do Estado. Reformas? Para quê? Mantemos nossos privilégios e assunto encerrado. O mundo vai melhorar...
Bastou o Mercosul engrenar e os produtos brasileiros invadirem o vizinho para que todo o atraso e a obsolescência da infra-estrutura argentina ficassem evidentes. As dificuldades aumentaram, as exportações ficaram mais caras e a competitividade desabou. Sem o truque mágico da desvalorização do peso, proibido por lei, a economia do vizinho foi sendo asfixiada aos poucos. A arrecadação despencou e as reservas também. A solução? Cortar salário de funcionários públicos. É o fundo do poço.
A conclusão: nenhum dos exemplos da destruição da Argentina parece estar sendo assimilado no Brasil. O governo FHC não está comprometido com o futuro nem com a modernidade, está comprometido em manter o poder e os privilégios da atual elite nacional. O destino da Argentina é o nosso destino.