sexta-feira, outubro 05, 2001

Uma prece para ninguém - Capítulo 3




A caminhada até a praça central da cidade fora torturante. Em um estado de torpor, contemplava os edifícios e as ruas sem nada entender. Ninguém à vista, como se a cidade inteira tivesse sido evacuada. As pessoas sumiram. Não havia barulho. De vez em vez um aleve brisa batia-lhe no rosto, aliviando o calor do sol forte.
Parou na porta da cafeteria onde almoçava todos os dias. Teve medo de entrar. Apenas entreabriu a porta. Estava escuro. Ninguém lá dentro. Era quase meio-dia e a cafeteria estava vazia em uma sexta-feira. Isso é impossível, não existe. Os lugares ali eram disputados a tapa a partir das 11h. Onde estava a garçonete gorda e asquerosa que atendia a todos com um mau-humor terrível? Cadê o segurança mal encarado? Onde estava a balconista que havia sido sua amante por quatro anos?
O estabelecimento vizinho era uma loja de CDs. Espiou pela vitrine o interior e percebeu a luz acesa. Tomou coragem e entrou. Estava vazia. Viu na estante de lançamentos um título lançado no da anterior, com o melhor de um guitarrista de heavy metal. Colocou o CD no aparelho de demonstração e o escutou no último volume, imóvel, por mais de uma hora. Impulsivamente, colocou outro título de um artista barulhento e iniciou uam espécie de coleta nas prateleiras do que o interessava.
Estaria ele roubando? a cabeça doía novamente. Com quase quarenta CDs em uma sacola, deixou a loja com a música ainda tocando. Parou na esquina. Voltou e colocou a sacola na porta, do lado de dentro. Para que levar os CDs? Se o mundo não existia mais, ele poderia escutar o que quisesse na própria loja quando quisesse.
Será que ainda existiam alimentos? Checou o supermercado da avenida principal e lá havia comida de sobra. Os freezers e geladeiras funcionavam normalmente, abarrotados de produtos, mas não havia sinal de seres humanos. Enquanto comia algumas frutas, tentava imaginar o que estaria acontecendo. Descartou estar sonhando, pois aquela maçã que mordia era bem real. Evacuação em massa? Por quê? E como não percebeu a evacuação? Guerra química ou bacteriológica? Mas não havia mortos em lugar algum. Bomba de nêutrons, aquela que mata os seres vivos e preserva as edificações? Mas onde estavam os mortos?
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O sonho de consumo estava ali, na próxima esquina, na concessionária mais luxuosa da cidade. Era um Porsche Carrera 909. Ele procurou a chave por mais de meia hora em toda a loja até que achou-a no escritório do gerente. Não havia o menor vestígio de seres humanos por lá. Escolheu entre vários modelos e cores um Porsche preto com frisos dourados. Deu sorte, o tanque estava com meio tanque de combustível. Acelerou alto e devagar saiu da concessionária.
Passeou por toda a cidade e nada de seres humanos, ou melhor, nada de seres vivos. Ninguém para incomodá-lo. Ninguém para persegui-lo. Poderia passar à vontade pelos semáforos vermelhos e em alta velocidade sem receio de ter más surpresas.
Em vez de estar chocado, atônito com a situação, estava surpreendentemente alheio. Não se incomodava. e daí que o mundo tinha acabado. O problema não era dele. Sobreviver? Mas sobreviver a quê, com quem e para quê?
Passou no outrora movimentado aeroporto da cidade. Nem vestígio de nada. Ninguém. Nenhum barulho. Todos os aviões nos hangares. Todos os guichês vazios e inoperantes. Tentou mexer em um computador mas não acessava coisa alguma, muito menos internet. Conseguiu chegar a muito custo na torre de controle. Estava vazia. Todos os equipamentos estavam ligados, acesos, mas em nenhum deles via-se qualquer informação. No equipamento que deveria acusar tráfego aéreo na região, apenas uma tela vazia. O rádio estava silencioso. Não havia comunições. Não havia aviões nos céus do mundo. Que mundo?

Derek Sherinian se desculpa


O tecladista norte-americano Derek Sherinian (ex-Dream Theater), que atualmente toca com Yngwie Malmsteen, publicou hoje em seu site pessoal um pedido de desculpas em relação às grosserias que despejou a respeito do Brasil e Porto Alegre e que foram publicadas ontem no mesmo site (www.dereksherinian.com).
O músico estava irado com o comportamento do público gaúcho no bar Opinião por ocasoão do show de Malmsteem no dia 3 em Porto Alegre e acabou desancando a cidade, chamando-a de "terceiromundista e cheia de mendigos e caipiras". O guitarrista sueco tocou um trecho do hino dos Estados Unidos ao final de uma música em homenagem aos mortos no atentado ao World Trade Center. Algumas idiotas na platéia não entenderam ou são mesmo completamente ignorantes e resolveram gritar "Brasil" em protesto quando da execução do hino.
A banda não entendeu nada e Malmsteen ainda tocou o mesmo trecho do hino ao final de outras músicas. O mesmo grupo de energúmenos, achando que estavam sendo provocados, começaram a gritar "Osama" e "Bin Laden", além de outras palavras ofensivas aos Estados Unidos. Inconformados, os músicos da banda resolveram encurtar o show e não voltaram para o bis. Apenas Malmsteen retornou ao palco para tocar uma música apenas com guitarra e, ao final desta, mais um trecho do hino dos Estados Unidos, aproveitando ainda para xingar o público.
Leia a carta de Sherinian se desculpando:

"Esta é uma carta aberta ao Brasil.

Primeiramente, gostaria de pedir desculpas à cidade de Porto Alegre por meus comentários agressivos.

Apesar de meu desapontamento pela reação do público em apoiar Osama Bin Laden e mostrar ódio ao meu país, meus comentários apenas adicionaram combustível a um incêndio que eu gostaria que nunca houvesse começado.

Eu toquei no Monsters of Rock do Brasil em 1996 com Alice Cooper, e em 1998 com o Dream Theater. EU AMO o Brasil. E EU AMO o povo brasileiro. Quero tocar aqui no futuro.

Peço que levem em conta que este é um momento extremamente delicado para o meu país. Pensem nas crianças e famílias que perderam seus entes queridos na tragédia do World Trade Center. A América NÃO FOI a única vítima. Muitos brasileiros, entre pessoas inocentes de muitos países, foram mortas neste ato inconseqüente de terror.

Eu não sou um político. A única coisa que me preocupa é tocar música e levar música para pessoas ao redor do mundo.

Eu não irei julgar o Brasil e nem mesmo a cidade de Porto Alegre apenas pelas ações daquele público.

Nós somos TODOS parte da raça humana, e a linguagem universal que nos une é a música.

Sinceramente,
Derek Sherinian"

Angra finaliza novo CD




Revigorado e renovado após uma temporada de gravaões na Alemanha, o Angra deve lançãr no começo de novembro seu novo CD, "Rebirth". Será o primeiro sem André Mattos (vocal), Luís Mariutti (baixo) e Ricardo Confessori (bateria), que saíram no ano passado para formar o Shaman. Veja os nomes das músicas abaixo:

1 - In Excelsis (Loureiro)
2 - Nova Era (Falaschi/Loureiro)
3 - Millennium Sun (Loureiro/Bittencourt)
4 - Acid Rain (Bittencourt)
5 - Heroes of Sand (Falaschi)
6 - Unholy Wars (Loureiro/Bittencourt)
Part I - Imperial Crown
Part II - The Forgiven Return
7 - Rebirth (Loureiro/Bittencourt)
8 - Judgement Day (Loureiro/Falaschi/Priester)
9 - Running Alone (Bittencourt)
10 - Visions Prelude (Loureiro, from Chopin, Opus 24 in C minor)

quinta-feira, outubro 04, 2001

Racistas asquerosos e nojentos


Veja só o site Pergaminho, de Santa Catarina, trazendo o tema racismo/nazismo. Eles colocam em debate as mensagens de um site da cidade de São Bento do Sul, de uma agremiação intitulada
Movimento São Bento do Sul Mach die Augen auf! (o termo em alemão significa "abra os olhos"), que instiga a população a se fechar e a hostilizar "forasteiros". O preconceito vai às alturas com o intuito de "preservar a nossa cultura milenar". É óbvio que o site é mantido por nojentos e asquerosos descendentes de alemães. A matéria no site é séria, mas as respostas de um cidadão não-identificado que mantém o site são hilárias...
Aqui você encontra o nojento Manifesto ao Povo de São Bento do Sul. Também é hilário...

Aqui está a página do tal movimento. Lixo total.
Público gaúcho estraga apresentação de Malmsteen


Nota zero para o comportamento do público portoalegrense durante o show do guitarrista sueco Yngwie Malmsteen no bar Opinião no dia 3 de outubro. O guitarrista tocou na segunda parte do show um trecho do hino nacional norte-americano ao final de uma música, evidente homenagem aos mortos do atentado ao World Trade Center, em Nova York (apesar de sueco, Malmsteen mora desde 1983 em Los Angeles).
O público gaúcho não se conformou e começou a gritar "Brasil" em protesto contra a execução do hino ianque. Os músicos, evidentemente, não gostaram. Malmsteen é reconhecidamente arrogante, pedante e egocêntrico e não tolea vaias ou contestações. Ele se acha um Deus (é um esxcelente guitarrista, um dos melhores da história, mas humildade faz bem a qualquer pessoa). Irritado com a manifestação do público, ele repetiu trechos do hino ao final de mais cinco músicas e encerrou o show com o hino inteiro. O público, irado, começou a gritar "Osama", "Bin Laden" e outros impropérios contra os Estados Unidos. Os músicos ficaram horrizados.
Veja um relato anônimo de um espectador do show:

O show do guitarrista sueco Yngwie Malmsteen acabou em um incidente preocupante ontem à noite no Bar Opinião, em Porto Alegre. Faltando seis músicas para o final do que previa o roteiro da apresentação, o músico encerrou um solo com um trecho de "Star Spangled Banner", o hino nacional norte-americano. A citação era parte habitual dos shows do guitarrista, mas foi saudada aos gritos de "Brasil! Brasil!". Incomodado com a reação, Malmsteen, que mora nos EUA, insistiu em repetir frases do hino nas músicas que se seguiram. "Você sabe como o Malmsteen é... Ele não gostou e fez questão de tocar de novo", conta o guitarrista gaúcho Frank Solari, que estava na platéia.
No bis, Yngwie voltou sozinho e avisou que a platéia teria de ouvir o hino mais uma vez. Tocou a música "Black Star" e emendou com o "Star Spangled Banner" novamente, dessa vez na íntegra. Várias pessoas começaram a gritar "Bin Laden! Bin Laden!" e, ao fim da música, Yngwie vociferou contra a platéia: "Açougueiros, assassinos!" Antes de sair, arrematou: "God bless America and fuck you all!"

O trecho a seguir está publicado no site www.dereksherinian.com. É o relato do tecladista Derek Sherinian (ex-Alice Cooper, Dream Theater, enre outros) sobre o acontecimento, ditado ao seu webmaster para publicação em seu site:

"Atualmente sou o único americano na banda de Yngwie Malmsteen. O que aconteceu no show passado em Porto Alegre foi chocante. Lá pelo meio do set, Yngwie terminou seu solo com "Star Spangled Banner".O público presente, cerca de 1.500 pessoas, começou imediatamente a vaiar muito ruidosamente e jogando porcarias no palco.
A multidão começou a cantar "Osama! Osama!" Então, depois do solo de Yngwie, tínhamos cinco outras músicas para tocar ainda. Todo o meu espírito tinha se ido. Terminei o set com desgosto e sem sequer olhar para a platéia durante todo o restante do tempo. Depois da última música, a banda foi para o camarim e eu disse para Yngwie: "Eu me recuso a voltar para o bis sob quaisquer circunstâncias. Foda-se essa gente!" Yngwie voltou ao palco e tocou "Star Spangled Banner" de novo, diante de um coro de vaias. Ele então disse no microfone "God Bless America, and FUCK YOU ALL" e saiu. A platéia começou uma confusão e começou a jogar porcarias no palco. Nós imediatamente voltamos às pressas para o hotel.
Eu gostaria de agradecer Yngwie por nos defender, e por defender os EUA. Para o pessoal de Porto Alegre, vocês deveriam estar envergonhados de si mesmos. Não estou nem aí se nunca mais tocar nessa cidade de terceiro mundo infestada de mendigos! Deus abençoe a América."

Malmsteen ainda toca com sua banda no Rio e em São Paulo. Na capital paulista o show ocorrew dia 5 de outubro no via Funchal. Apenas um adendo para fechar. O comportamento dos metaleiros gaúchos foi deplorável, sem a menor justificativa. A banda tem o direito de tocar o hino de quem quiser e ninguém pode reclamar da reação dos músicos.
Malmsteen sempre declarou que adora o público brasileiro (tanto que gravou seu segundo CD ao vivo em São Paulo, em 1998). A banda merece a solidariedade, mas que Sherinian pegou pesado ao final de sua carta, pegou. Ele que suma do Brasil e nunca mais volte aqui. Não precisamos de um tecladista meia-boca, que foi despedido por incompetência do Dream Theater, tocando por aqui. ele que n unca mais toque em cidades de terceiro mundo cheia de mendigos...

quarta-feira, outubro 03, 2001

Torcida em treino da seleção é um absurdo


A seleção brasleira de futebol é a única do mundo que permite torcedores em seus treinos. É antiga essa prática. Abrem-se os portões e se permite que a galera assista aos treinos táticos, aos treinos físicos e aos coletivos. Que graça tem ver Rivaldo fazendo abdominal. Mas o pior é o fato de que a torcida assiste aos coletivos como se fosse uma partida oficial, gritando e vaiando.
Vaiar treino coletivo é o fim da picada. E isso tem acontecido sistematicamente há anos. Será que a CBF nâo percebeu que isso é prejudicial à equipe? Treino é treino, jogo é jogo. É a mesma coisa que o público assistir aos ensaios de ma peça ou de uma novela, podendo se manifestar, gritar e vaiar. É óbvio que isso atrapalha. É legal o França, o Élber, o Rivaldo azerem um simples treino de chutes a gol com 5.000 torcedores e desocupados gritando "Romário", "Edmundo", "Marcelinho Carioca"? É legal o técnico ser chamado de burro durante o coletivo.
Lugar de torcedor é na arquibancada em jogos oficiais. Treinos devem ser fechados para que se realmente treine alguma coisa.
Uma prece para ninguém - Capítulo 2


Ele não se conformava com a sua dificuldade de locomoção. Demorou muito tempo para chegar a sua cama. Deitado, esperava a dor de cabeça passar. Ela diminiui e permitiu que ele tentasse ordenar os pensamentos. O quarto estava escuro. Tinha de ser assim. Qualquer facho de luz o incomodava. Sua sorte é que o silêncio era total. Estranho. Morava no centro da cidade e imaginava que deveria estar agora no meio da manhã.
Quanto mais tentava se lembrar do que teria ocorrido, menos as coisas faziam sentido. Bebera bastante? Sim, como sempre. Ficara bêbado? Sim, como sempre. Drogas? Nunca as usou com frequência. Havia anos que estava limpo. Onde era a festa? Não se lembra. O que tinha bebido? O de sempre.
Logo percebeu que a cama estava encharcada de sangue. Estava com um corte não muito profundo na cabeça, atrás da orelha direita. Percebeu também que o chão do corredor que liga o quarto ao banheiro estava tomado de sangue. No entanto, só agora percebeu que, ao se arrastar nu de volta ao quarto após o banho, tinha mergulhado nas poças de sangue. Estava imundo.
A idéia era tomar outro banho. Tentou se levantar. Não conseguiu. Algum tempo depois (horas, talvez?), fez nova tentativa. A cabea pesa toneladas, mas doía mais. Lentamente levantou-se e, passo a passo, chegou na porta do banheiro. Antes de entrar no box, resolveu olhar no espelho da pia. Não se reconheceu. Tentou fixar a imagem. Era ele mesmo? Passou as mãos no rosto. Foi seu último gesto naquele momento, pois nada mais enxergou. Entretanto, teve ainda a desagradável surpresa de ter ouvido o barulho do choque de seu corpo com o chão.
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A confusão mental parecia estar indo embora. Ele já conseguia andar sem ter de se escorar nas paredes. Ele conseguiu sentar e se levantar diversas vezes de sua poltrona preferida, aquela com manto cinza por cima do estofado barato. Depois da enésima tentativa de entender o que estava acontecendo, percebeu que o silêncio estava insuportável. Nenhum barulho na rua. Nada.
Ligou a TV. nenhum canal sintonizava. Todos estavam fora do ar. Não havia chuviscos na tela, apenas uma imagem azul, como se não houvesse qualquer sintonia. A antena externa estava com defeito, pensou. Foi para a cozinha. A TV de lá era portátil e com antena própria, desvinculada da antena do edifício. O mesmo fenômeno ocorria. Ok, a TV principal não sintonizava nenhuma emissora, mas a portátil também não?
Surpreendeu-se ao praguejar violentamente. Que bom, estava voltando ao normal. Foi ao enorme aparelho de som e tentou sintonizar uma emissora FM, a sua preferida, aquela que tocava heavy metal em suas variações mais extremas o dia inteiro (e que tanto foi motivo de conflitos e confrontos com todos os moradores do edifício. Nada. O aparelho estava ligado mas nao sintonizava nada. Rodou o botão do dial e nada. Nenhuma emissora pegava.
Sem perder muito tempo em buscar explicações, colocou um CD de uma banda de black metal. O barulho agora era uma necessidade. Queria mastigar algo, mas só conseguiu engolir uma maçã.
Pela janela da área de serviço, fechada, observou frestas de sol. Respirou fundo e decidiu encarar o dia. Foi até a sacada da sala e de uma vez abriu as portas inteiriças. Demorou um tempo para se habituar à forte luminosidade. Saiu, pé ante pé, e apoiou-se na mureta. O silêncio era enervante. Olhou para baixo. A rua estava vazia. Ninguém na calçcada, nenhum carro passava. Esperou para observar algum movimento. Passado algum tempo, implorou por algum movimento. Inexplicavelmente, começou a tremer. E viu-se chorando mais uma vez, sem saber o porquê.

Uma prece para ninguém - Capítulo 1



As imagens não estavam muito claras. Muitas luzes, muito barulho. Ele não conseguia levantar a cabeça. Tentava se escorar nas paredes. Tentava falar com os vultos que o assombravam no meio do recinto. Não conseguia emitir som. Tentou andar. Não dava, parecia que sua perna estava presa, pregada ao chão. Tentou esticar a mão. Não alcançava nada. Na verdade, sequer cosenguia distinguir o que queria alcançar, o que queria segurar. No imediato momento seguinte, sentiu vertigem e se preparou para desabar ao chão.
A queda parecia lenta, bem lenta. Esboçou um leve sorriso, ao perceber que estava demorando muito para atingir o solo. Não soube precisar quanto tempo pareceu flutuar, mas o fato é que o chão não chegava. E o curioso é que os vultos que passavam ao seu lado, ou perto dele, pareciam ignorá-lo. Ninguém o fitava. Nem de longe. Ele queria gritar. Não ouvia a própria voz. Só barulhos, só ruídos. Música alta? Não. Gritaria? Não.
Tentou fechar os olhos. As imagens difusas e coloridas continuavam a atormentar-lhe.Teve a impressão de ter cerrado os olhos, mas as luzes e as imagens, agora mais velozes continuaram. Mesmo com os olhos fechados, percebeu que algo, ao longe, à frente, ia muito rápido em sua direção. Ou será que era ele que ia em direção à coisa? Não sabia o que era e nem teve tempo para tentar descobrir. Tudo acabou de imediato.
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Acordou completamente encharcado de suor e algo pastoso. Parecia sangue. Com muito custo, percebeu que estava no corredor que dava acesso ao banheiro. A cabeça explodia de dor. Latejava. Rastejou até a porta do sanitário e tentou mirar o chuveiro. Parecia um esforço sobre-humano. A distância parecia muito longa. Não sabe quanto tempo demorou, mas conseguiu ultrapassar a divisória de vidro. Estava dentro do box. Mais um esforço grande para abrir a torneira. Inútil. Tentou de novo escalar a lisa parece de azulejos. Quase não acreditou quando a água gelada começou a cair na sua testa. Desabou no chão novamente e ficou provavelmente horas caído, recostado na parede, recebendo o jato gelado de água ora no rosto, ora na cabeça. Por um momento, pensou que estivesse chorando. Ele estava chorando.

As músicas do show de Eric Clapton


Uma das coisas mais chatas que existem é ir a um show de rock já com o set list (lista de músicas) na mão. Perde-se um pouco da magia e da expecativa no espetáculo quando isso acontece. Às vezes vamos assistir a um artista que está fazendo uma turnê extensa e o show a que presenciamos é um dos últimos do giro. Aí é natural que os shows sejam semelhants e que as pessoas saibam a maioria das músicas a serem executadas.
No caso do show de Eric Clapton, a empresa que está organizando a vinda, a Mediamania, fez uma coisa inédita: divulgou a lista de músicas, acabando um pouco com o charme do evento. No entanto, como se sabe, nenhum set list é definitivo e é possível que ocorram surpresas.
Para abrir o show, Clapton deverá "Key To The Highway", um dos maiores clássicos do blues norte-americano e já gravada por ele em "Layla and Other Assorted Songs", de 1970. Clapton executou-a algumas vezes nas turnês de 1990-1991 e 1994. Em seguida toca as "Reptile" e "Got You on My Mind", ambas do mais recente álbum do artista.
Em seguida é a hora das babas, como as baladas pop açucaradas e hits como "Tears In Heaven", "Bell Bottom Blues", "Change The World", "Father's Eyes", "Rivers of Tears", "Goin' Down Slow" e "She's Gone". Dessas, a única clássica é "Bell Bottom Blues", também do álbum "Layla".
Depois dessas para agradar aos fãs de ocasião e menos exigentes. começa a parte boa. "Want a Little Girl" é do último CD ("Reptile") e é passável e depois vem a mágica "Badge", do Cream, uma parceria de Clapton com George Harrison, dos Beatles. Os clássicos ganham força em seguida com "Hoochie Coochie Man", clássico de Willie Dixon, e "From The Cradle", um bluezaço do CD de mesmo nome, de 1994. "Cocaine", um dos cinco maiores sucessos da carreira solo de Clapton, não poderia faltar.
Para fechar o show, virão "Wonderful Tonight" e "Layla". No bis, Clapton vai despejar "Sunshine of Your Love", outra do Cream, e a versão blues inédita de "Somewhere Over The Rainbow", do filme "O Mágico de Oz".
E com isso teremos um show com um repertório previsível, nada excepcional. Será que ele vai surpreender, tocando algo como "Ramblin' on My Mind", da época de John Mayall? "I Feel Free", do Cream? "Presence of the Lord" e "Can't Find My Way Home", do Blind Faith?

Música inédita do Pink Floyd



Echoes - The Best of PINK FLOYD", coletânea da banda com lançamento previsto para o dia 6 de novembro, cuja capa mostramos aqui no último dia 30/09, conterá uma música inédita em CD, intitulada "When The Tigers Broke Free", editada somente num compacto no final da década de 70.
A canção se trata de uma composição de Roger Waters, que aparece na atual versão do filme, porém dividida em duas partes, intituladas respectivamente "The Enemy Bridge Was Held" e "The High Command", onde o ex-membro da banda fala sobre a dor da perda de seu pai.
"Echoes - The Best Of Pink Floyd" será um CD duplo de mais de 140 minutos de duração, contendo vinte e sete faixas mixadas continuamente, como se as músicas fossem parte da mesma obra, e trará um livreto de 32 páginas contendo a letra de todas as faixas. E no mesmo dia do seu lançamento, será inaugurado o primeiro website oficial da banda, que ficará no link www.pinkfloyd.co.uk.

terça-feira, outubro 02, 2001

Clube dos Canalhas na Internet



Senhoras e senhores, o Clube dos Canalhas está na Internet desde 30 de setembro de 2001 com informações diversas sobre a irmandade e sobre assuntos relevantes a todos os canalhas e ordinárias. A foto acima reúne os sete fundadores do clube, que existe desde setembro de 1991.
Da esquerda para a direita, Mário, Miranda, Jorge, Gilmar e Paulão. Agachados, Marcelo Moreira e Marcelo Cardoso. Essa foto foi tirada na reunião de abril de 2001.
Longa vida ao Clube dos Canalhas e a seu mentor, o pai Naddeo, o maior dos Canalhas...





Essa é mais uma da festa dos dez anos do Clube dos Canalhas, com as lindas moçoilas oridnárias abrilhantando a celebração...




No lado da parede de nossa imensa mesa no Alemão, da esquerda para a direita, as jovens Ilana, Kelly Ortiz e Andreia, com seus sorrisos radiantes....



As radiantes Kelly, Francine e a recém-chegada ordinária Valéria fazem pose com belos sorrisos, mas sempre tem um bicão para aparecer na foto...

segunda-feira, outubro 01, 2001

Novo tributo ao Aerosmith


Bob Kulick e Bruce Bouillet (ex-Racer X) estão organizando um segundo tributo ao AEROSMITH, intitulado "Let The Tribute Do The Talking". Entre os participantes, já estão confirmados: Joe Lynn Turner, John Corabi, Bobby Kimball, Jeff Scott Soto, Glenn Hughes, Ripper Owens, Doug Pinnick, Jack Russell, Robin McAuley, Steve Lukather, Al Pitrelli, Jeff Pilson, Carmine Appice, Pat Torpey, Reb Beach, Craig Goldy, Jason Scheff, Paul Taylor e David Glenn Eisley.
Eis as músicas que estarão presentes: "Eat The Rich", "Let The Music Do The Talking", "Round And Round", "Cryin'", "Kings And Queens", "Rats In The Cellar", "One Way Street", "Living On The Edge", "What It Takes", "Lord Of The Thighs" e "Angel".
Dream Theater não pára e prepara novo CD


O DREAM THEATER finalizou a mixagem de seu novo álbum de estúdio, intitulado "Six Degrees of Inner Turbulance" (sim, é "Turbulance" e não "Turbulence", assim foi informado no site oficial de Mike Portnoy - http://www.mikeportnoy.com). O trabalho virá em CD duplo, contendo seis músicas, sendo cinco no primeiro disco e apenas uma, com 40 minutos de duração, no segundo. As faixas presentes no primeiro CD são: "The Glass Prison", "Blind Faith", "Misunderstood", "The Great Debate" e "Disappear". No segundo CD estará a faixa título, "Six Degrees Of Inner Turbulance". O lançamento é previsto para janeiro de 2002.
Metal Rules... Up the Metal!



O quarteto acima são os companheiros velhos de guerra do metal. Faltou apenas o Carão Gordo, que no dia referido, 6 de abril, o show do Dio no Credicard Hall, assistia à mulher que estava no quinto mês de gravidez das gêmeas Juliane e Gabrielle. Da esquerda para a direita: Kaneco, Carlão Preto, Gérson Grecco e Marcos Brandi.

"Sabbath Bloody Sabbath", uma porrada na cabeça




Essa eu capturei do meu amigo Maurício Gaia, do Mauricéia Desvairada (link na barra do lado). Não sou nuito afeito a ficar colocando letras de músicas no site, mas "Sabbath Bloody Sabbath", do imortal Black Sabbath, veio a calhar. A letra é ótima e o álbum, de mesmo nome, melhor ainda. Lançado em 1973, obrigou os críticos de rock da época a maneirarem nas pancadas. Quem desprezava o Sabbath parou de fazê-lo com esse álbum, que tem a participação especial de Rick Wakeman (sob o pseudônimo de Spock Wall). O tecladista do Yes era (e ainda é) amicíssimo de Ozzy Osbourne e Tony Iommi, mas nunca escondeu que não gostava das músicas dos amigos...

Sabbath Bloody Sabbath


You see right through distorted eyes, you know you had to learn,
The execution of your mind, you really had to turn.
The race is run, the book is read, the end begins to show.
The truth is out, the lies are old, but you don't want to know.


Nobody will ever let you know,
When you ask the reasons why.
They just tell you that you're on your own,
Fill your head all full of lies.


The people who have crippled you, you wanna see them burn.
The gates of life have closed on you and there's just no return.
You're wishing that the hands of doom could take your mind away.
And you don't care if you don't see again the light of day.


Nobody will ever let you know,
When you ask the reasons why.
They just tell you that you're on your own,
Fill your head all full of lies.
You bastards!


Where can you run to? What more can you do?
No more tomorrow; life is killing you.
Dreams turn to nightmares, heaven turns to hell.
Burns out confusion, nothing more to tell.
Yeah.


Ev'rything around you, what's it coming to?
God knows as your dog knows; (bog/god) blast all of you.
Sabbath, Bloody Sabbath, nothing more to do.
Living just for dying, dying just for you
Yeah.


A força das torcidas organizadas

A revista Placar traz interessante reportagem em seu último número (capas com Luizão e Viola/Marcelinho) sobre a influência das torcidas organizadas nos clubes de futebol. A conclusão não é surpreendente, mas pode chocar alguns. Gaviões da Fiel e Mancha Alviverde têm um poder intimidatório sobre diretoria e jogadores de Corinthians e Palmeiras. São as torcidas organizadas mais influentes do país. A revista constatou que não existe nada semelhante em outros Estados do país ou mesmo dentro do Estado de São Paulo.
Mais do que respeitados, os integrantes das duas quadrilhas são temidos por uns e manipulados por outros, por mais que digam que tenham independência em relação aos clubes. A Mancha tem até programa de rádio na Imprensa FM. A Gaviões tem um jornal impresso mais importante do que muito jornal de bairro. E, para variar, a influência é maléfica.
Em sua grande maioria, dos diretores das duas torcidas são desocupados e quase sempre bandidos,marginais, que incentivam a violência nos estádios e que mantêm relações amistosas com o mundo do crime. Muitas vezes "gentilmente" pedem dinheiro a diretores, jogadores e comissão técnica para os mais variados fins e são capazes de transformar a vida de atletas em um inferno. A reportagem narra exemplos dessa nefasta influência e, indiretamente, acaba por explicar e revelar muita coisa que ocorre rotineiramente no Corinthians e no Palmeiras.
O surgimento das organizadas na década de 70 foi um fator positivo nos estádios brasileiros, mesmo que surgindo no auge da euforia do tricampeonato mundial. No entanto, em pouco tempo se transformaram em pequenas gangues mafiosas coordenadas por gente desqualificada, cujo interesse apenas era se beneficiar da proximidadede atletas e dirigentes para extorquir dinheiro.
No começo de 1980 começaram a ficar famosas pelas brigas e arruaças que promoviam (Gaviões, TUP, as são-paulinas TUSP e Independente e a santista Força Jovem; a Mancha Verde surgiu somente em 1983 de uma dissidência da TUP, que era considerada "muito mansa" pelos radicais). O resultado disso tudo foram as verdadeiras batalhas que ocorreram por toda a cidade nos anos 80 culminando com assassinatos nos anos 90.
Tive a infelicidade de frequentar por algum tempo os círculos da Mancha Verde nos ano 80 e presenciei cenas lamentáveis de provocação explícita, agressões e vandalismo gratuitos e outras baixarias mais. O intuito era brigar e arrumar confusão. Se o Palmeiras perdesse, tudo isso em dobro. A coisa era tão selvagem que ultrapassava os limites da cidadr. Torcedores de Flamengo e Ponte Preta eram jurados de morte, numa demonstração de rivalidade sem o menor sentido.
As duas agremiações são dirigidas por gente perigosa, amadora e disposta a tudo para não perder o controle e as benesses que conquistaram às custas das mensalidades dos sócios incautos e das contribuições "espontâneas" de jogadores e dirigentes medrosos ou oportunistas.

Ninfetão 2001


O Campeonato Paulista de Futebol Feminino do próximo é uma piada. O Ninfetão-2001/2002 vai ser disputado por meninas que fixeram uma "peneira"observadas por gente como Basílio, Wladimir (ambos ex-Corinthians) e Clodoaldo (ex-Santos). Só que um dos mentores dessa balbúrdia, uma besta chamada Renato Duprat (aquele mesmo, da Unicor, que patrocinou o Santos), andou declarando por aí que a escolha das atletas para os 12 times a serem formados estava recaindo no critério "estético", ou seja, a beleza era o que contava, de acordo com reportagens do Estadão e da Folha de S. Paulo. Muita menina boa de bola, mas feia, foi preterida por menininha de shopping center e que nem correr sabe. Ridículo.
O futebol feminino já tem uma resistência enorme no Brasil e também no exterior. Não pega e nem vai pegar. O esporte é tão desprestigiado que o maior contingente de praticantes é o dos Estados Unidos, país sem a menor tradição em futebol. As mulheres ainda não se adaptaram ao esporte, que cada vez mais se mostra inadequado para elas.
Lamentavelmente, as que mais se adaptam ao esporte têm biótipo masculino. São homens jogando. É o caso de quase toda a seleção da Noruega, da seleção alemã e da seleção chinesa. Na seleção dos Estados Unidos são poucas as que mantêm as feições femininas, o mesmo em relação ao Brasil.
Com tudo contra, ainda vem um empresário disposto a organizar um torneio feminino de futebol e acaba entregando sem cerimônias os critérios estapafúrdios de "escolha" das integrantes das equipes. Não poderia ser pior para a modalidade.