sábado, julho 14, 2012

Joe Bonamassa surpreende e lança mais um ótimo álbum

O workaholic Joe Bonamassa não quer perder tempo. Se não está nos palcos, está no estúdio gravando seus álbuns solo ou com quem for. Além de produzir muito e bem rápido – com bastante qualidade –, encontra tempo para fazer turnês mundiais e fazer participações especiais em shows e CDs de amigos e ídolos. “Driving Towards the Daylight” consegue a proeza de ser melhor do que “Dust Bowl”, de 2011, que já era excelente. Menos blueseiro, tem uma pegada roqueira menos pesada do que o seu trabalho com a superbanda Black Country Communion. Passeia com desenvoltura por gêneros tão diferentes como o country e o folk, além de brincar com o soft rock quase blues em algumas canções. O grande destaque é a faixa-título, que é um épico nos moldes de “Mountain Time”, “Dust Bowl”, “A New Day Yesterday”,“Heartbreaker”, esta com a participação do grande amigo Glenn Hughes (ex-Deep Purple e Black Sabbath, companheiro de Black Country Comunion), além do parentesco com as excelentes “Song for Yesterday” e “Battle of Hadrian’s Wall”, de sua banda com Hughes. Lenta e densa, “Driving Towards the Daylight”tem um refrão bem construído e uma levada bluesy contagiante. Aos 35 anos, se tornou o principal nome do blues rock da atual geração, superando os então gênios precoces Jonny Lang, Kenny Wayne Shepherd e Derek Trucks, que apareceram com tudo nos anos 90, mas não estouraram como se esperava, e nem perto chegaram de aranhar o legado de Stevie Ray Vaughan. Bonamassa é o que mais chega perto disso. “Driving Towards the Daylight”, faixa e álbum, serão os destaques dos dois shows que o guitarrista norte-americano fará no Brasil em 31 de maio e 2 de junho, no Rio e em São Paulo. A se lamentar apenas que este álbum, recém-lançado nos Estados Unidos e na Europa, ainda não tenha data para ganhar uma edição nacional. Por outro lado, há boa notícia neste pacote: a Som Livre, que está dando suporte para a vinda do guitarrista ao Brasil, acaba de colocar no mercado nacional mais um álbum antigo de Bonamassa jpa havia lançado por aqui “Dust Bowl” e “Live at Royal Albert Hall”. “The Ballad of John Henry” é de 2009 e traz o músico mais introspectivo e sombrio, orientado para um blues mais soturno e o folk tradicional. Não é exagero dizer que foi esse álbum que o transformou em uma estrela de primeira grandeza na música pop, extrapolando o cenário do blues. Ficou seis meses no topo das paradas da revista norte-americana Billboard, no segmento blues, embasado em canções ótimas como “From the Valley”, “Happier Times”, “Lonesome Raod Blues” e a faixa-título, e serviu de base para a pedrada que veio em seguida, “Black Rock”, de 2010, mais orientado para o hard rock e para o blues pesado. Foi “Black rock” o ponto de partida para a criação do Black Country Communion, com Glenn Hughes, Derek Sherinian (teclados, exDream Theater) e Jason Bonham (filho de John Bonham, do Led Zeppelin, na bateria). Os últimos dois anos foram intensos para o guitarrista: seis lançamentos com o seu nome chegaram ao mercado. Na carreira solo, lançou “Black Rock” em 2010, “Dust Bowl” no começo de 2011 e o excelente “Don’t Explain” em agosto do mesmo ano, em parceria com a cantora de pop/blues Beth Hart revisitando clássicos do jazz, do próprio blues e da música gospel. Enquanto gravava alucinadamente seus dois álbuns solo mais recentes conheceu o mestre Glenn Hughes. A identificação foi imediata, com o baixista participando dos dois álbuns solo do guitarrista norte-americano. A parceria foi mais além e Hughes o convenceu a montar uma banda de hard rock com pegada dos anos 70, mesclando Led Zeppelin (uma paixão de Bonamassa), blues pesado à la Humble Pie e soul music e funk bem ao gosto de Glenn Hughes. Nascia o Black Country Communion, que gravou dois álbuns entre 2010 e 2011. O sexto lançamento, ocorrido em abril deste ano, é “Live at the Beacon Theatre”, em CD e DVD. “Workaholic? Não, apenas gosto de tocar. Não gosto de desperdiçar tempo jogando golfe ou olhando a paisagem em uma fazenda qualquer. Tempo é música”, disse Bonamassa antes de um show histórico em Nova York, no ano passado. E ele tem toda a razão.

quarta-feira, julho 11, 2012

Pen card, uma alternativa interessante ao CD

Uma notícia importante para quem gosta de músic a teve pouco destaque na grande imprensa. Uma forma alternativa ao CD e a outras mídias físicas de se ouvir/adquirir/armazenar álbuns foi apresentada no final de maio em São Paulo. O texto abaixo é do site da revista Black Card Lifestyle: Adriana Farias – revista Black Card Lifestyle Em um momento em que o mercado fonográfico, os artistas e os fãs se debatem para se ajustar a novas formas de consumo de música na era digital, a companhia brasileira Neo Idea entra na briga e traz uma forma inovadora de se experimentar música. Trata-se do lançamento de um software inteligente que é armazenado em um pen drive em formato de cartão, apelidado de pen card, com 8 cm de comprimento por 5 cm de largura. Ao conectar o sistema em qualquer entrada USB bastará ao usuário fazer um registro online e desfrutar de uma série de opções vantajosas no universo musical. O fã poderá anexar ao seu portfólio a discografia completa do artista que aderir ao software, terá contato direto com ele e com sua agenda de trabalho, além de conseguir atualizar as novidades em música e vídeo ao mesmo tempo em que elas são finalizadas em um estúdio de som, antes mesmo de serem disponibilizadas no mercado. O pen card também terá a funcionalidade de um ingresso magnético, facilitando a compra e a entrada do fã ao show do seu ídolo preferido. Outras vantagens e operacionalidades do produto serão divulgadas em breve e prometem impressionar o futuro usuário desse software. Apresentado em São Paulo, o produto recebeu o aval de Bruno Gouveia, vocalista da banda de rock Biquini Cavadão, do aclamado Dieter Wiesner, manager de Michael Jackson (entre 1996 e 2009) e do cantor luso-francês Lucenzo, e da banda sertaneja Jorge & Matheus. Eles foram os primeiros nomes oficiais a aderirem ao projeto. O pen card do Biquini Cavadão, por exemplo, virá com os discos “1987/2007 – O Melhor” e o novíssimo “Roda Gigante”, além de uma variedade de videoclipes. A ideia é que a discografia completa da banda carioca esteja disponível no software. O mesmo acontecerá com o pen card dos músicos Lucenzo, autor do hit “Danza Kuduro”, e Jorge & Matheus. FOTOS: Divulgação/Vira Comunicação Segundo Alcir Abuchaim, CEO do Neo Idea, antes do produto ser lançado em larga escala ele será distribuído de forma institucional. “Primeiramente vamos entregar os pen cards a um público selecionado – imprensa, rádios e contratantes – com a finalidade de testar a receptividade e fazer possíveis reajustes”, explicou o CEO durante a coletiva. “Na sequência pensaremos na distribuição em massa”. Cada pen card será moldado com os pedidos do artista que aderir ao projeto. A banda Biquini Cavadão, por exemplo, já estima vender o seu software por cerca de R$ 10 a R$ 15 com uma capacidade que pode chegar a 120 GB. “Nós fomos uma das primeiras bandas a entrar na internet e a transmitir as nossas gravações na rede, por isso abraçamos essa ideia”, vibrou o vocalista na coletiva. O pen card trará os arquivos de música e vídeo, respectivamente, no formato MP3, com 320 Kbps, e em HD (high definition). A qualidade dessas extensões é ainda superior as mídias convencionais em CD e DVD. “Essa será até uma maneira de diminuir a pirataria, deixando as pessoas terem essas músicas em um só espaço e com alta qualidade de áudio e imagem”, garantiu Abuchaim. O Neo Idea estuda a possibilidade de um protótipo especial de dois grandes reis: Roberto Carlos, que poderá vir com 67 discos do músico entre ao vivos e raridades, bem como um especial de Michael Jackson. Na coletiva a sensação era de que a ideia poderia logo sair do papel. “Fechamos o pen card do Lucenzo, já o do Michael Jackson estamos pensando em aceitar ou não. Vamos tentar!”, confidenciou Dieter Wiesner, manager do rei do pop. A discussão de novos caminhos para a música ainda é uma batalha que está longe do fim. A chegada decisiva da internet, no começo dos anos 90, quebrou paradigmas e instigou o mercado fonográfico a pensar em novas possibilidades de consumo de música. Qual produto virá ou não a substituir os meios convencionais de experiência musical só o tempo e a volatilidade da era digital poderá dizer.

domingo, julho 08, 2012

O ano dos cinquentenários do rock inglês

Os Rolling Stones não estão fazendo muita questão de comemorar os 50 anos de criação da banda neste ano, tanto é que inventaram uma conversa de que o cinquentenário tem de ser comemorado em 2013, a data verdadeira – Charlie Watts entrou na banda somente no começo de 1963. Mas o fato é que Jagger, Richards, Watts e Wood continuam sendo a banda de rock mais antiga em atividade ininterrupta. Se os Stones fingem não dar boa para a data, outras bandas pretendem comemorar. É o caso do Status Quo, gigante britânico dos anos 60 e 70 que mistura rock pesado e o típico boogie woogie norte americano. Com apenas uma interrupção das atividades entre 1984 e 1986 – a banda chegou a acabar –, o Quo decidiu comemorar seu cinquentenário com a reunião da formação original: Francis Rossi e Rick Parfitt (guitarras e vocais), Alan Lancaster (baixo) e John Coglan (bateria). A última vez que os quatro tocaram juntos foi em 1981, quando do lançamento e turnê do álbum “Never Too Late”, de 1981. A formação atual, no entanto, continuará a coexistir com o agrupamento nostálgico, que vai gravar CD com músicas inéditas e realizar uma turnê inglesa ainda neste ano. Parfitt (esq.), Lancaster e Rossi em ação na Inglaterra no final dos anos 70 Por outro lado, quem tem pouco a comemorar em seu cinquentenário são os Kinks. Outra instituição britânica e também gigante do rock – bem maior do que o Quo –, o grupo está parado desde 1996, depois de mais uma interminável desavença entre os irmãos Ray e Dave Davies. Entretanto, parece que desta vez a coisa é bastante séria, pois desde então os irmãos não se falam. Ray Davies lançou apenas três álbuns nos últimos 15 anos e sempre que pode descarta qualquer tipo de reformulação da banda. Não bastasse isso, diz ignorar o cinquentenário de fundação. Gestado em 1962 e moldado definitivamente em 1964, os Kinks se tornaram os principais cronistas e críticos do cotidiano inglês dos anos 60 e 70. Ray e Dave, acompanhados do baterista Mick Avory (que chegou a tocar por muito pouco tempo no início dos Rolling Stones, para ajudar o amigo Brian Jones até que Charlie Watts decidisse entrar para a banda) e do baixista Pete Quaiffe, eram mestres em criar melodias grudentas e harmonias complexas em composições que mesclavam o pop das emissora de rádio com as tradições folk da canção típica inglesa. As letras de Ray desde cedo se tornaram o diferencial da banda em relação aos então concorrentes diretos – Stones, Who e Animals, todos bebendo direto na fonte do blues e do rhythm and blues. Formação dos Kinks em 1964; Ray Davies é o último à direita; Dave é o segundo da esq. para a dir. Ele foi o primeiro compositor britânico a investir pesada e prioritariamente em pequenas histórias, ora dramáticas, ora irônicas, tudo sempre temperado com um humor tipicamente inglês. Tal fato leva muitos historiadores da música a afirmar que a banda nunca foi tão grande quanto seus concorrentes diretos por ser “excessivamente inglesa”. Apesar disso, Ray Davies e os Kinks criaram uma penca de clássicos dos mais importantes do rock, como “You Really Got Me”, “All Days and All of the Night”, “Tired of Waiting for You”, “Lola”, “Where Have All the Good Times Gone”, “Celluloid Heroes” e muitos outros. Outro monstro inglês também está completando 50 anos da data de sua gestação, embora tal fato cause irritação em seu líder. The Who começou a surgir em 1962 quando o guitarrista Pete Townshend entrou para a banda The Detours, liderada por um guitarrista baixinho e briguento chamado Roger Daltrey. Townshend chegou a tocar em algumas bandas de jazz e em uma delas conheceu um garoto chamado John Entwistle, que tocava instrumentos de sopro e eventualmente guitarra e baixo. Diante da indigência musical dos Detours, Townshend foi tomando conta do pedaço e dois meses depois convidou Entwistle para ser o baixista, após ter convencido Daltrey a muito custo. Tanto Townshend como Daltrey desconversam sobre o assunto cinquentenário em 2012. Ambos consideram 2014 o ano verdadeiro e “oficial” dos 50 anos. Formação original do Who: da esq. para a dir., Daltrey, Moon, Entwistle e Townshend Foi naquele ano que os Detours se tornaram The Who, depois High Numbers para se decidirem por The Who assim que acertaram a gravação do primeiro single e a entrada do baterista Keith Moon, então às vésperas de completar 18 anos, no lugar do cansado e pouco entusiasmado Doug Sanden, que era bem mais velho que os outros integrantes. No meio musical de Londres, dá-se como certa a existência de planos em andamento pelo Who para comemorar com estilo o cinquentenário da banda em 2014, planos esses mantidos em sigilo – daí o mau humor dos integrantes em comentar o suposto cinquentenário neste ano. Seja como for, aparentemente nada indica que o Who esteja planejando algo. Townshend está às voltas com o lançamento de sua autobiografia, adiado para o segundo semestre, e com a ópera-rock “Floss”, que ele não sabe ainda se vai lançá-la em 2013 como obra solo ou da banda. Daltrey, por sua vez, irritado com a parada proposta por Townshend, se uniu a Simon, irmão de Pete e guitarrista de apoio do Who, para estender a turnê europeia e norte-americana que reproduz na íntegra a ópera-rock “Tommy”, clássico do Who de 1969.