segunda-feira, março 08, 2010

O trator da objetividade subverte a tradição petista


De forma acrítica e totalmente submisso ao trator pesado do presidente Lula, o PT referendou a candidatura de Dilma Roussef à presidência. Não houve a mínima contestação, nem a mínima discussão. Lula mandou, todo mundo abaixou a cabeça e aceitou sem chiar.

O PT completa 30 anos de existência um pouco menor, infelizmente. As tímidas manifestações do ano passado no diretório paulista contra as ordens “de cima para baixo, sem debate e sem prévias”, foram abafadas e caladas sem o menor pudor.

Não se ouvem mais as críticas de que Dilma é uma desconhecida, não tem carisma e currículo para uma disputa tão importante. Nem mesmo o maior dos pecados, o de não ser uma legítima petista, já que passou pelo PDT antes, é citado nas conversas. Lula mandou, todo mundo calou.

Como consolo de subjugados, dirigentes petistas “conseguiram” incluir entre os compromissos da candidata bandeiras históricas e estapafúrdias, que provavelmente a realidade política se encarregará de ignorar e enterrar.

É o caso de estultícies como o apoio incondicional ao atual texto do absurdo (e falecido) Programa Nacional de Direitos Humanos e a bobagem do “combate ao monopólio dos meios de comunicação”.

Há ainda o pedido de apoio à redução da jornada semanal de trabalho de 44 horas para 40 horas, uma bandeira histórica mas polêmica, já que sua eficácia é contestada - mas é uma discussão importante que tem de ser qualificada e divulgada.

Por fim, restou o decepcionante discurso de Dilma ao final do encontro petista, recheado de clichês, mesmo que em tom morno, mas temperado com um ranço estatizante inaceitável no século XXI.

Não faz diferença se isso ocorreu para agradar setores do partido mais à esquerda. Pegou muito mal. No dicionário retrógrado de parte da esquerda brasileira - e que Dilma parece, ao menos em público, aderir - estado forte significa intervencionismo na economia e estatização, conceitos sepultados pela história e jogados na lata do lixo pela realidade.

Um PT acuado e subjugado não é conveniente para o Brasil, e muito menos para a candidata do partido. O partido abriu mão de parte de sua história neste final de semana e vai precisar correr para recuperar a porção de estatura que perdeu.

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