quinta-feira, junho 10, 2010

Notícia excelente. Mas até quando?


Crescimento em ritmo chinês, mas com corpinho de país africano. A analogia é bastante exagerada, mas, de certa forma, traduz os problemas que a economia brasileira vai enfrentar no segundo semestre.

A notícia de que o PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre de 2010 é 9% maior que o mesmo período do ano passado e 2,7% maior que o do trimestre anterior, o último de 2009, mostra vigor e robustez de um país que soube navegar na crise financeira de 2008 com responsabilidade.

Nas palavras do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o Brasil fez tudo certo e sofreu menos. Já o ufanista Guido Mantega, ministro da Fazenda, disse que o país se livrou por completo da crise dos “países ricos”. Outro exagero, mas totalmente compreensível.

Se as previsões de especialistas se mantiverem, o PIB deverá crescer em 2010 entre 6% e 7%, possivelmente o segundo maior índice do mundo, atrás apenas da China. Crescer aceleradamente significa mais emprego, mais renda em todos os segmentos e mais investimento em todos os níveis.

A questão que fica agora é o que acontecerá no futuro próximo. Meirelles tem a resposta: problemas graves na condução da política econômica se o mesmo ritmo continuar.

Em outras palavras, o Brasil não aguenta essa velocidade de crescimento no segundo semestre. Analistas econômicos utilizar o termo “enfartar” ou “surtar” para uma economia que bate no teto.

Na vida cotidiana, isso se traduz em inflação alta por falta de produtos e consumo alto. A queda na produção que vem em seguida pode ser fatal para diversos setores produtivos.

O que vai acontecer é que, naturalmente, até pelos entraves e gargalos que a economia brasileira ainda revela, é uma diminuição gradual do ritmo de crescimento.

Aliado a isso, o Banco Central, de conduta irrepreensível durante o governo Lula, desde 2003, vai agir para puxar o freio e evitar que a inflação fuja do controle.
O aumento na taxa básica de juros, a Selic, deve continuar, assim como as isenções de impostos para bens de consumo não devem retornar tão cedo, justamente para frear o consumo e incentivar a poupança e aplicações financeiras.

As notícias são excelentes e devem ser comemoradas. E os condutores da economia têm de ser parabenizados, mas o jogo ainda não está ganho. Comemoração sim, mas com muita cautela e atenção para os próximos passos.

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