terça-feira, janeiro 05, 2010

Criminosos no seu rádio


Para quem gosta de rock, a única opção decente na Grande São Paulo é a Kiss FM (102,1 Mhz). Especializada ao extremo, abriu o leque antes restrito ao classic rock (músicas de artistas que gravaram entre 1960 e 1995) e passou a tocar canções mais recentes.

Quem gosta de ouvir a emissora em São Bernardo e, inadvertidamente, esbarra no botão de mudança de estação, é surpreendido por uma série de zumbidos e gritos.

Se por curiosidade o ouvinte tentar sintonizar antes dos 102,1 Mhz, vai se deparar com uma espécie de culto evangélico de uma tal de Igreja do Nosso Senhor das Almas, aparentemente radicada no Jardim Detroit.

É uma rádio pirata, chamada Deus é Tudo – ou algo assim, já que não tive paciência de me estender, seja pelo conteúdo, que desagradou profundamente, seja pela sintonia, que era bem ruim.

Se o ouvinte esbarrasse o botão para frente dos 102,1 Mhz, imediatamente cairia na Bandeira Branca FM, ou algo parecido. Um contador de causos do bairro, que supus ser o Montanhão ou Sabesp, em São Bernardo, contava piadas e narrava acontecimentos da vizinhança, com um pagode de fundo musical. A sintonia era igualmente ruim.

Um pouco mais à frente, antes dos 102,5 Mhz, um rap estridente, no que eu supus ser a Total Hip Hop FM. Não deu para saber de qual bairro era. A sintonia era melhorzinha, só tocava música, e da pior qualidade.

Na casa de um amigo em Santo André, em um churrasco de tarde de sábado, fiz a mesma experiência. E sintonizei a Tangará FM, especializada em música evangélica e, ao que tudo indicava, estava irradiando da Vila Luzita. Todas rádios piratas.

A tecnologia atual permite que se faça uma emissora de rádio pela internet apenas com um notebook. Mas as emissoras clandestinas têm mais apelo, até porque é nas regiões mais pobres que está o público-alvo desse tipo de empreendimento. Infelizmente, na periferia e nas favelas, o acesso à internet é um sonho ainda.

O fato é que a evolução e o barateamento de equipamentos proporcionados pela tecnologia facilitam a clandestinidade das “emissoras”. Com pouco dinheiro, é possível comprar aparelhos e fazer transmissões do quarto de casa.

A questão é que rádio pirata é crime. Os dials de AM e FM estão superlotados e as emissoras piratas buscam espaços e acabam interferindo na comunicação das polícias, do Corpo de Bombeiros e no tráfego aéreo. Rádio pirata é crime e temd e ser combatida.

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