segunda-feira, janeiro 19, 2009

Desafio sindical para 2009



Época de crise econômica é época propicia para a choradeira de empresários em busca de salvação para seus problemas de gestão. Foi essa a impressão que ficou depois da reunião entre o ministro Guido Mantega e vários empresários de peso em Brasília, na última quarta-feira.

Enquanto isso, continuam céleres as demissões e as soluções mirabolantes para “evitar” os cortes, como suspensão de contratos de trabalho e extensão de férias coletivas.

A última agora é a exigência dos empresários de se implantar, de alguma forma, a redução da jornada de trabalho com a redução de salários, uma medida sempre e historicamente rechaçada pelos sindicatos de todas das categorias.

Entretanto, já existem líderes sindicais, que de forma moderada e sensata, até admitem discutir a questão para preservar empregos.

Mais uma vez a realidade acaba por suplantar ideologias e decisões de cúpula. E mais uma vez o mundo sindical se vê diante de um dilema que desafia a sua própria existência, como ocorreu bem no comecinho dos anos 90: largar, ainda que temporariamente, a luta pelos melhores condições de trabalho em favor da preservação dos empregos, ou insistir na ideologização das relações trabalhistas e rejeitar qualquer flexibilização dos benefícios conquistados?

Há muito tempo se discute entre os líderes dos trabalhadores o papel que os sindicatos devem assumir no século XXI, em tempos onde a globalização avança muito rápido e o sistema capitalista, mesmo com as suas crises cíclicas, se consolida cada vez mais.

Afinal, qual é o papel do sindicato nos anos 2000? Como enfrentar uma sociedade em que a competição é cada vez mais acirrada e onde a busca incessante por maior eficiência com custos cada vez menores é uma “lei” praticamente inviolável – o que incentiva cada vez mais a informalidade e a terceirização, ainda que ilegal?

Coube a Luiz Marinho, atual prefeito petista de São Bernardo e ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, lançar uma ideia bastante interessante quando assumiu a presidência da CUT nacional.

“Os novos desafios sociais do século XXI vão levar a uma reformulação no pensamento sindical. quem não se adaptar às novas demandas da sociedade ficará para trás. Acredito que os sindicatos, de alguma forma, deverão cada vez mais se comportar como verdadeiras ONGs (organizações não-governamentais), expandido seu campo de atuação além das negociações salariais e de benefícios trabalhistas”, disse Marinho.
Não é por outro motivo que Marinho é fruto de uma entidade que sempre foi considerada a vanguarda sindical do País. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC sempre foi um laboratório, onde o pensamento e análise são requisitos fundamentais para que seu líderes sindicais desempenhem suas funções.

E é justamente da entidade que se esperam novas ideias para que o trabalhador consiga entender e trafegar pelos próximos anos de crise econômica.

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Ano novo, guerra nova. Mesmo em tempos de crise econômica severa, a guerra parece ser um motor forte para movimentar a economia, mesmo que isso signifique sacrifícios financeiros para parte da sociedade. Isso não é problema para Israel, que empreende uma ofensiva avassaladora contra os palestinos do Hamas na Faixa de Gaza.

Israel está à beira de uma severa recessão, com inflação em alta e déficits fiscal e comercial. Ainda assim, responde de maneira desproporcional ás provocações do Hamas, uma facção terrorista dos palestinos que administra Gaza.

Não se discute o direito dos israelenses de responder militarmente às agressões palestinas – militantes do Hamas lançaram mais 100 foguetes contra a parte sul de Israel em dezembro passado, o que motivou a invasão como contra-ataque.

A questão, no entanto, é outra: ninguém quer uma solução para a crise, pois politicamente ela é interessante: na possibilidade de extinguir Israel, os palestinos se tornam uma importante “arma política” para os árabes. Esperemos a próxima guerra.

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