terça-feira, agosto 25, 2020

Detonautas resumem em clipe alegórico a tragédia social e política brasileira

Marcelo Moreira


Detonautas em ação no Rock in Rio (FOTO: DIVULGAÇÃO/ROCK IN RIO)
Tristeza, melancolia e nem um pouco de esperança. As tradicionais canções da banda Detonautas Roque Clube, repletas de críticas sociais e de questionamentos, mas sempre com um fundinho de otimismo, ao menos, parecem guardadas em uma gaveta à espera de dias melhores.

"Carta ao Futuro", o mais recente single da banda, é uma animação funesta e sombria, com zumbis vestidos com camisas da seleção brasileira dominando a paisagem e muito pouco a esperar em relação a dias melhores. Provavelmente, é o libelo mais contundente do rock nacional sobre os preocupantes tempos em que vivemos.

A letra é do vocalista Tico Santa Cruz, um dos artistas brasileiros mais engajados na luta pelos direitos humanos e pela preservação de avanços sociais. 

Formado em ciências sociais, é um músico que tem uma visão bem abrangente sobre os graves problemas econômicos brasileiros e é um incansável defensor da democracia, por mais que, paradoxalmente, seja uma "vítima" dela, pois e alvo constante de discursos de ódio e de ameaças diversas, inclusive da esquerda, campo ideológico onde costuma ser incluído.

Com produção do vocalista, de Phil e Renato Rocha, "Carta ao Futuro" tem participação especial do
multi-instrumentista e produtor Marcelo Sussekind, que toca guitarra na faixa e assina a mixagem.

O clipe de animação é simples e bem feito e transmite alguns sentimentos manifestados por parte da população que não compactua com os desmandos do presidente nefasto Jair Bolsonaro e sua trágica gestão que minimiza a pandemia do coronavírus e endossa a destruição do meio ambiente, entre outros "crimes".

Em resumo, está tudo lá, na canção e no vídeo: o desastre na gestão da saúde, em plena pandemia, as alegorias fascistas e as tentativas de golpear e enfraquecer a democracia.. As trevas que caem sobre nossa sociedade são retratadas e simbolizadas por meio de zumbis que aterrorizam Brasília, acompanhados de um forte aparato repressivo e seitas obscurantistas.

"Desejamos que a música seja uma carta em defesa da democracia e do social do nosso país", diz Tico Santa Cruz de uma forma um pouco pretensiosa, mas necessária. Será que terá a força necessária para provocar algum tipo de reflexão?

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