sexta-feira, agosto 14, 2020

Morre Pete Way, baixista do UFO que influenciou gerações

Marcelo Moreira
Pete Way, do UFO (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Pense em um baixista eclético, malemolente, provocador e extremamente hábil. Só um cara desses para tocar em uma banda podreira que virou um ícone do hard rock setentista britânico.

Pete Way, que morreu hoje na Inglaterra aos 69 anos, era esse cara, um precursor do que se tornaria moda nos anos 80, especialmente na Califórnia, com os graves mais bem trabalhados e um groove contagiante.

Way, infelizmente, segue o caminho de um ex-companheiro de banda, Paul Raymond, que morreu meses atrás. Segundo o comunicado oficial nas suas redes sociais, a morte se deu em consequência de um acidente grave que sofreu há dois meses, embora a natureza do acidente não tenha sido informada.

O baixista era o coração da banda UFO, e comandava, enquanto permaneceu no grupo, ao lado do cantor Phil Mogg, fundador e único que esteve em todas as formações nos 50 anos de carreira.

Por outro lado, liderava também os excessos em álcool e drogas - e nisso também serviu de espelho s de bandas os exageros de integrantes de bandas como Motley Crue.

Não foram poucas as vezes em que Way quase morreu por conta das consequências dos excessos - seus problemas no fígado, no pâncreas e nos pulmões era crônicos. Em 2016, resistiu a um ataque cardíaco.

Compositor talentoso e criador de riffs respeitado, também tocou em um projeto paralelo que manteve com Mogg, o Mogg/Way, e o Waysted, nos anos 80, que era quase que uma banda solo - para não falar no trabalho ao lado de Fast Eddie Clark na banda Fastway.

Revezando-se entre o baixo, a guitarra e os vocais, às vezes, formou várias bandas na escola até que surgisse o UFO, que fundou com Mogg, o baterista Andy Parker e o guitarrista Mick Bolton.

Depois de dois álbuns com o guitarrista original, a banda sofreu para acertar com um novo integrante.
Parecia que Bernie Marsden (futuro Whitesnake e Moody-Marsden) iria se fixar, mas simplesmente não apareceu um show na Alemanha, em 1972. Tinha perdido o ista da avião e o próximo não adiantaria pr que chegasse a tempo.

Foi Way quem sugeriu usar o guitarrista da banda de abertura, uma tal de Scorpions, para dar uma enrolada e não perder o cachê e a viagem. 

O moleque de 18 anos, guitarra base do Scorpions, era Michael Schenker, que precisou de menos de duas horas para pegar algumas das músicas tocadas pelo UFO. 

Quando o show acabou, o baixista passou por cima de todo mundo e decidiu convidar Schenker para retornar a Londres e assumir as seis cordas - e, por tabela, escantear e demitir Marsden.

Schenker aceitou e dias depois já era o guitarrista do UFO e ajudou a construir um monstro do hard rock. Foi assim até 1979, quando saiu para a carreira solo - voltaria algumas vezes, mas sempre por pouco tempo.

Se bancou a entrada do alemão, por outro lado teve uma relação bastante tumultuada com o guitarrista, quase sempre de ódio. Way tomava todas, mas aguentava o tranco, enquanto Schenker frequentava dava "perda total".

Não era só isso. Way era mandão e líder e se exasperava quando o alemão desobedecia e ignorava suas orientações. Dois ególatras, até que trabalharam muito tempo juntos se tolerando.

Mesmo com a saída do alemão, as coisas não estavam boas no UFO e ele saiu depois, azedando a amizade com Mogg. 
 
Descontente com a direção mais melódica do UFO no início dos anos 80, saiu para formar o Fastway com Fast Eddie Clarke. 

O Fastway fico conhecido no Brasil pela canção "Say What You Will", tema de abertura do programa Armação Ilimitada exibido pela Rede Globo nos anos 80.
Depois, com o Waysted, enveredou por um hard rock um pouco mais pesado, com boas críticas, mas sem grande popularidade.

A importância de Pete Way é tão grande que foi ídolo de Steve Harris, baixista do Iron Maiden - há muito tempo a banda de metal coloca "Doctor, Doctor", do UFO, como trilha de abertura de seus shows.


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