segunda-feira, julho 13, 2020

Rolling Stones e Deep Purple: longe do brilhantismo, mas bem perto da eficiência

Marcelo Moreira

Rolling StOnes (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O Dia Internacional do Rock não vai salvar o mundo de hoje, atolado em uma pandemia assustadora, mas certamente vai tornar muito melhor o dia de muita gente. E os Rolling Stones e o Deep Purple se encarregaram de fazer disso uma verdade.

O segundo single dos Stones deste ano, "Criss Cross", poderia vem estar estar no primeiro disco de inéditas da banda em 15 anos, ainda sem nome definido. No entanto, com bom acabamento e parecendo coisa nova, é uma música antiga, sobra de sessões de estúdio de 1973 e 1974. Será um dos três bônus inédito da versão "deluxe" do álbum "Goat's Head Soup", de 1973. O primeiro do novo álbum, "Living in the Ghost Town", é um mergulho no passado, relembrando a estética da segunda metade dos anos 70.

Apesar do tema e dos arranjos, "Criss Cross" não é uma música tão datada. As guitarras ferozes e grooveadas comandam tudo, em uma levada que poderia encaixá-la em "Some Girls", por exemplo, o interessante álbum de 1978. A faixa traz um Mick Jagger mais entusiasmado, abusando de falsetes e firulas vocais para narrar a história de uma mulher avassaladora, avançada e assustadora, além de maluquinha, como fica bem explícito no clipe que a acompanha.

Já o Deep Purple prepara para este mês o lançamento de "Whoosh", o álbum sucessor do bom "Infinite". A terceira música divulgada, "Nothing At All", segue o padrão de "Man Alive" e "Throw the Bones": guitarras menos pesadas e mais técnicas e um predomínio cada vez maior dos teclado de Don Airey."

Não deixa de ser um pouco decepcionante, já que "Now What?" e "Infinite" pareciam direcionar a banda para um caminho que recuperasse, em parte, o espírito hard dos anos 70.

"Nothing At All" é interessante, quase um boogie rock na linha de Status Quo e Foghat, mas os arranjos de guitarra de Steve Morse fazem toda a diferença, conduzindo a melodia em dedilhados de tirar o fôlego. Mas cadê o peso? E o baixo marcado e instigante?

Deep Purple (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Se não são brilhantes na comparação com alguns dos melhores momentos das duas bandas, ao menos mostram um sopro de criatividade e bom gosto em um mercado roqueiro diluído e pouco ambicioso cde artistas surgidos neste século.

Não é à toa que alguns dos destaques do século XXI no rock estão recorrendo ao rock nostálgico, como a banda sueca Blues Pills, o o blueseiro Joe Bonamasssa, que encharca seu trabalho com doses maciças de referências do rock britânico setentista e do hard rock.

Rolling Stones e Deep Purple são duas bandas cinquentenárias e, de certa forma, exalam todo esse arcabouço em suas novas canções. Sem aquela necessidade de ficar provando tudo a cada canção, podem abusar de certos experimentos e enveredar por outros caminhos.

Poderia ser melhor? Sempre pode, mas essa não é a questão. As novas músicas das duas bandas são a prova de que ainda é possível escutar coisa boa vinda do classic rock.

Com seus integrantes com mais de 75 anos de idade e outros beirando os 80, saudemos esses surtos de criatividade que resultam em músicas interessantes. Sem mau agouro, mas apenas constatando a realidade, talvez sejam os últimos trabalhos autorais das duas bandas.

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