terça-feira, junho 12, 2012

Não há mais vestígios do finado pop rock nacional

O pop rock nacional continua solidamente enterrado e dá sinais de que jaz na sepultura para sempre. Totalmente ausente das paradas radiofônicas do Brasil, tem algum espasmo quando algum medalhão anuncia turnê comemorativa de alguma coisa, caso dos Titãs (que comemoram 30 anos de atividade) e de uns poucos que ainda conseguem algum espaço com trabalhos autorais inéditos, como Jota Quest e Capital Inicial. A edição nacional da revista Billboard, gigante norte-americano da área de mídia de entretenimento, traz mensalmente as “paradas de sucesso” pelo Brasil, em pesquisa comprovada, com dados confiáveis da empresa Crowley/Music Media, que criou uma metodologia abrangente para aferir a execução de músicas em emissoras de rádio (Mais informações em www.crowlwy.com.br). Hoje, no Brasil, não vejo levantamento com mais credibilidade do que esse. No último levantamento, publicado na edição de maio de 2012 da revista, o cenário é mais desolador do que a análise que o Combate Rock fez em outubro passado. O principal ranking da Billboard Brasil é o Brasil Hot 100 Airplay, que elenca as 100 músicas com maior execução entre 19 de março e 18 de abril, reunindo tanto músicas nacionais como internacionais. Apenas quatro artistas brasileiros de pop rock aparecem na lista – vamos desconsiderar Dinho Ouro Preto, que aparece em 80º lugar, porque seu mais novo recente trabalho só traz versões para hits internacionais, como “Nothing Compares 2 U”, de Sinead O’Connor, responsável por colocá-lo em tal posição. Em outubro passado, também eram quatro os brasileiros listados. O melhor grupo rankeado é Charlie Brown Jr, em 42º lugar, com a música “Céu Azul”; o Restart, com a música “Menina Estranha”, ficou em 58º lugar – o que já dá uma amostra do abismo profundo em que se encontra o pop brasileiro. Em 69º aparece a música “Não É Normal”, de NX Zero; em 70º, “Mais Perto de Mim”, de Jota Quest. Ou seja, as bandas de rock mais bem colocadas são duas bandas emos de qualidade altamente questionável. O cenário piorou também em relação ao posicionamento. O melhor brasileiro roqueiro em outubro passado estava em 50º – e era a mesma “Não É Normal”, do NX Zero. Ou seja, a música resiste nas paradas, e demonstra, por outro lado, que os artistas do gênero não conseguem entrar no ranking. O número de artistas diminui, e as músicas despencam na lista. A banda NX Zero continua resistindo na parada principal da Billboard Brasil – o que não quer dizer que isso seja bom Nas listas regionais das 10 mais, não existe rock de tipo nehhum, muito menos o nacional. Parece que o gênero nunca existiu ou foi extinto. A Billboard faz a pesquisa em 14 cidades – 11 capitais de Estados mais Campinas, Vale do Paraíba e Ribeirão Preto. Nas 14 listas o rock aparece somente com “Paradise”, do Coldplay, no Rio de Janeiro e em São Paulo. O cenário tétrico do pop rock nacional nas paradas brasileiras só não é definitivo porque, como consolo, o rock internacional também está ausente do Top 100 da Billboard Brasil. São apenas dois representantes: o chato e insosso Coldplay com a mesma “Paradise”, em 16º lugar, e o inexpressivo Maroon 5, com a música “Moves Like Jagger”. Sete meses atrás o rock estava na mesma, com dois artistas na lista – Coldplay aparece em 44º lugar com “Every Teardrop is a Waterfall”; Red Hot Chili Peppers é o 96º, com “The Adventures of Rain Dance Maggie.” E o que existe no topo da lista da Billboard? O pior cenário possível, com as piores coisas que se pode imaginar. A predominância absoluta é daquela coisa que se convencionou chamar de “sertanejo”, seja lá o que isso for. Michel Teló e Luan Santana são os líderes, seguidos Bruno & Marrone, Adele e Zezé di Camargo e Luciano. Ou seja, trevas totais, jogando por terra qualquer possibilidade de salvação do cenário musical brasileiro – e da cultura nacional, por tabela. O que sobra no cenário do pop rock nacional? Quando muito, o underground e o indie, e olhe lá. Vanguart, Cachorro Grande, Macaco Bong e mais uns poucos que ainda se aventuram nesta área. Há um abismo a partir de 2005, com a falta de artistas promissores no rock e o predomínio cada vez mais avassalador do lixo pop que tanta alegria anda dando a um mercado de entretenimento/fonográfico agonizante e quase moribundo. E não nos iludamos: a tendência é piorar muito até o final de 2012.

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