segunda-feira, agosto 15, 2011

A sua saúde pode piorar ainda mais...




Você que depende de planos de saúde para tentar cuidar da saúde, prepare-se: médicos paulistas de 53 especialidades decidiram no final de junho, em assembleia, suspender temporariamente o atendimento a usuários de dez operadoras de planos de saúde que se recusaram a negociar o reajuste dos valores pagos por consulta. O cronograma da paralisação deve ser divulgado dentro de 20 ou 30 dias.


Segundo os “líderes” do protesto, cada especialidade vai parar por 72 horas de forma alternada. A ideia é manter a pressão sobre as empresas sem prejudicar os usuários. Como se isso fosse possível. O mentor da estratégia é Florisval Meinão, da Associação Médica Brasileira.


Serão atingidos usuários da Gama Saúde, Porto Seguro, Intermédica, Greenline, Notredame, Abet (funcionários das empresas de telecomunicações) e também os funcionários da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e Embratel.


Pesquisa divulgada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) revela a insatisfação dos médicos paulistas. Dos 58 mil que atendem planos, 74% consideram ruim ou péssima a relação com as operadoras. Em 2007, o índice era de 43%.


Ao avaliar sua relação com o Sistema Único de Saúde (SUS), 59% se disseram insatisfeitos. Foram ouvidos 649 médicos pelo Instituto Datafolha.


O presidente do Cremesp, Renato Azevedo Júnior, disse ao Jornal da Tarde que o relacionamento com as operadoras piorou muito nos últimos dez anos, principalmente pela falta de reajuste nos honorários.


A FenaSaúde, entidade que congrega as 15 maiores operadoras, limitou-se apenas a informar, por meio de nota distribuída à imprensa, que está “participando dos debates sobre honorários liderados pela ANS”.


Que os convênios pagam muito pouco aos médicos é um fato que está mais do que comprovado. A remuneração é baixa e acaba provocando um efeito colateral: médicos que precisam fazer um volume grande de consultas mensais para que sua remuneração atinja um patamar razoável – pelo menos na visão dos profissionais. O resultado disso: consultas que raramente ultrapassam 10 ou 15 minutos, comprometendo o diagnóstico.


Por outro lado, é inaceitável que médicos se recusem a atender pacientes, seja qual for o motivo – especialmente em um país onde parcela expressiva da população é obrigada a recorrer à saúde privada porque o Estado é incapaz de atender minimamente a população.


Assim como determinadas categorias profissionais, os médicos estão impedidos de fazer qualquer manifestação ou protesto que implique a piora no atendimento aos pacientes/clientes/consumidores.


O mais estarrecedor é que, até o momento, a repercussão sobre essa questão é quase nula. Nem ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), nem o Ministério Público e muito menos os órgãos de defesa do consumidor se manifestaram sobre a questão.

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