segunda-feira, junho 21, 2010

Dunga finalmente enfureceu o Olimpo


E finalmente o técnico Dunga tirou a TV Globo do sério. Desde a sua estreia no comando da seleção brasileira ele entra atritos periódicos com a imprensa e com a emissora carioca, que paga muito caro pelos direitos de transmissão internacional dos jogos e competições internacionais – o que não garante exclusividade na cobertura jornalística, o que seria absurdo.

O técnico, aparentemente, elegeu a imprensa como inimiga como estratégia pensada e premeditada. Criou inimigos para justificar uma suposta “união” de seus convocados e uma exigência de maior comprometimento com sua “família”.

A postura intransigente e azeda com a imprensa teve, no início, um único ponto positivo: o fim dos privilégios que a CBF concedia à TV Globo na cobertura da seleção, seja com entrevistas exclusiva, seja com acesso total às concentrações.

A medida enfureceu o comando esportivo da emissora, que desde sempre teve dificuldades para separar entretenimento, jornalismo sério e exclusividade ilimitada.

Entretanto, em nome das boas relações comerciais entre a emissora e a CBF, executivos e jornalistas da TV Globo engoliram as provocações, malcriações e restrições impostas por Dunga – outros veículos do grupo, como o portal GloboEsporte e o jornal O Globo, foram liberados para bater à vontade no técnico.

A postura intransigente e belicosa acabou se estendendo a todo e qualquer jornalista. O mal-estar foi crescendo desde 2006 e chegou aos limites do insuportável em 2009, na Copa das Confederações, na mesma África do Sul.

A crise foi contornada temporariamente, com Dunga maneirando e até aceitando sem rosnar algumas perguntas. Mas tudo azedou de novo no Qatar, após o jogo contra a Inglaterra, no final do ano passado.

Dunga odeia os jornalistas. Se criou uma guerrinha de forma premeditadamente, parece que agora ele acredita piamente na lenda que inventou.

As provocações ironias e xingamentos que ele proferiu na entrevista coletiva após o jogo contra a Costa do Marfim constrangeram todos, de técnicos de TV a companheiros de comissão técnica.

Distribuiu patadas e respostas atravessadas aos montes e balbuciava palavrões o tempo todo fora do microfone, como uma “terapia” para conseguir ouvir as perguntas nem tão ofensivas assim.

Só que o microfone da mesa captou os palavrões. A indignação foi geral. Foi tão grande que a TV Globo fez questão de levar ao ar um editorial dentro do “Fantástico” na noite de domingo com críticas duras a Dunga, condenando seu comportamento e exigindo respeito.

Jamais a emissora fez tal coisa, fosse quem fosse o técnico ou celebridade esportiva ou do mundo do entretenimento.

Dunga aparentemente é inteligente, mas parece incapaz de entender a função de um jornalista – justo ele, que foi comentarista da TV Bandeirantes em 2006, na Copa da Alemanha.

Jornalista até pode torcer, mas relata fatos e os comenta, antes de mais nada. E o técnico conhece a maioria dos jornalistas brasileiros há quase 20 anos, desde a Copa de 1994.

Vai conseguir deixar a seleção brasileira pela porta dos fundos, mesmo que seja campeão do mundo. Nada mais justo.

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