segunda-feira, julho 12, 2010

Insanidade tributária


De tempos em tempos emergem na imprensa alternativa expoentes da extrema esquerda resgatando conceitos há muito em desuso, esquecidas das páginas dos principais veículos.

Nada contra o ressurgimento desses personagens, até porque quanto mais debate, melhor. O que me espanta e me preocupa é a disseminação de conceitos equivocados e erros cometidos em excesso ao longo da história, mas que, para alguns desavisados, acabam se tornando “verdade histórica”. São conceitos, em sua maioria, fora de moda e enterrados pela história.

Na atual edição impressa do ABCD Maior temos na página 2 um artigo assinado pelo jornalista Altamiro Borges, que é filiado ao PCdoB e editor de vários veículos de esquerda.

Não o conheço pessoalmente, mas sei que é um profissional capaz e inteligente, mas é evidente que a ideologia e a militância contaminam seus textos - o que não os invalida.

Ele defende em seu artigo que a carga tributária brasileira não é excessiva e defende com veemência a implantação imediata do Imposto sobre Grandes Fortunas, em especial nos termos observados no projeto da deputada federal Luciana Genro (PSOL-RS).

O texto é equivocado do começo ao fim, e custo a crer que Borges seja desinformado ao ponto de querer fazer o leitor crer que o brasileiro paga pouco imposto e que o esquema atual em vigor é injusto porque não taxa como deveria taxar parte da sociedade. Sim, por incrível que pareça, o jornalista do PCdoB escreveu isso.

Não há tese, texto, estudo ou numeralha com alguma credibilidade que sustente o que prega Altamiro Borges. E a realidade é a primeira a derrubá-lo.

É só fazer uma rápida consulta a qualquer dono de boteco que circunde a casa do jornalista, ou o seu trabalho, para saber o peso da carga tributária brasileira. Se ele preferir, olhe o próprio contracheque, se for assalariado, e observe a quantidade de descontos nos seus vencimentos.

Ignorar a carga tributária monstruosa que recai na cabeça da sociedade não só é insano, como irresponsável. E não adianta usar os adjetivos antiquados de sempre contra os supostos inimigos de sempre - a mídia, a poderosíssima entidade capaz de transformar a realidade no que quiser e de eleger quem quiser…

Carga tributária chegando a 40% e descontrole eterno das contas públicas, em todos os níveis - mais a criação de inúmeros gastos novos por parlamentares igualmente irresponsáveis - são uma receita infalível para o retorno da inflação alta e para jogar uma âncora no crescimento do país.

Ironias à parte, defender carga tributária na estratosfera é demonstrar praticamente nenhum conhecimento de economia e contas públicas. É fechar aos olhos para a arrecadação voraz de um Estado que não sabe, não se esforça e se recusa a controlar gastos - e que gasta pessimamente o que arrecada, seja comando pela esquerda ou pela direita.

E nem entro no mérito no imposto para as fortunas, sobre a sua conveniência atualmente. A questão não é essa. Mais imposto numa carga tributária indecente como a brasileira, é ruim para ricos e péssimo para pobres.

Em vez de discutir uma reforma tributária adequada ao século XXI e que não esfole pobres, ricos, classe média, trabalhadores e empresários, parte do pensamento político brasileiro atual defende o indefensável. Continuamos perdendo cada vez mais tempo com isso.

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