sexta-feira, abril 16, 2010

Quando o oportunismo ofusca a necessidade


Em tempos de campanhas eleitorais e polarização exacerbada, são frequentes as confusões entre prioridades e necessidades, entre conveniências efêmeras e convicções reais. A questão que envolve a inauguração do trecho sul do Rodoanel Mário Covas se enquadra das situações descritas anterioremente.

As críticas veementes e exaustivas ao caráter eleitoral da inauguração foram repetidamente comentadas por toda a imprensa paulista, com uma profusão de fotos em priemiras páginas mostrando os problemas da liberação apressada e eleitoreira.

Entretanto, de forma deliberada e abjeta, começam a surgir reclamações e “denúncias” sobre a forma como foi construída e tocada a obra. Mais ainda, começam a aparecer engenheiros de obra pronta questionando a necessidade e a conveniência de termos tal rodovia circundando a capital.

Discutir conveniência ou a necessidade do rodoanel é mais do má-fé, é deformação de caráter. É como questionar a expansão das linhas e estações do metrô, coisa de lunático que é incapaz de pensar e andar ao mesmo tempo.

São vários os projetos de construção de um verdadeiro anel viário na Grande São Paulo elaborados a partir de 1975. A maioria era inviável, mas ao menos alguns tinham sentido e demonstravam a urgência em se construir tal obra.

Desde então, nos últimos 35 anos, o metrô foi deixado de lado enquanto se priorizava a construção de uma nova ligação com Campinas (rodovia dos Bandeirantes) e uma nova rota para facilitar a chegada dos ricos paulistanos ao seu recreio de inverno, Campos de Jordão (rodovias Ayrton Senna e Carvalho Pinto).

Criminosamente, o consórcio PMDB-PSDB que governa o Estado de São Paulo há 28 anos decidiu ignorar a expansão do metrô e a construção de um rodoanel para investir em obras eleitoreiras e convenientes.

O Rodoanel Mário Covas está pelo menos 15 anos atrasado. Hoje deveríamos estar rodando em uma estrada moderna no entorno da cidade de São Paulo, interligando as principais rodovias que chegam a São Paulo. Mas só podemos rodar em metade dele. Não há sequer garantias de que haverá rodoanel até 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil.

Só que a obtusidade e a cegueira eleitoral começam a turvar a visão de quem supostamente parece entender alguma coisa. Corjas de oportunistas agora se apegam a supostas violações da leis ambientais para criticar a existência do rodoanel.

Convenientemente ignoram que a construção foi altamente fiscalizada pela Assembleia Legislativa e pelo Ministério Público, que acabaram por chancelar as licenças ambientais e laudos atestando o impacto pequeno do rodoanel ao meio ambiente.

A fiscalização foi tanta que pecou-se pelo excesso extremo, como ocorreu quando o Ministério Público questionou o impacto que as vigas (???) de sustentação de pontes sobre a represa Bilings teria no abastecimento da população…

O mesmo zeloso Ministério Público que empacou o trecho oeste do rodoanel por conta da existência de uma desconhecida tribo indígena - três comunidades guarani mbyá, já realocadas.

Da mesma forma que meia dúzia de índios não poderiam parar as obras do rodoanel, questiúnculas sobre inpactos no fundo de uma represa também não, mas o Ministério Público demonstrou que estava atento à obra.

Portanto, alardear supostos (e mentirosos) danos ambientais na Serra do Mar agora que a obra está pronta é desonestidade intelectual das mais horrendas. Ignorar as modernas técnicas de construção, idem.

A segunda pista da rodovia dos Imigrantes é considerada atualmente um dos grandes marcos da engenharia de obras de públicas do mundo moderno. Bem feita e bem projetada, teve execução elogiada no exterior, especialmente pelo seu impacto quase nulo no meio ambiente. O rodoabel seguiu tais padrões e desafiou a engenharia da mesma maneira.

Denunciar o oportunismo eleitoral de entregar uma obra suja, precária por estar parcialmente inacabada e com sinalização deficiente é dever de quem zela pelo bom uso do dinheiro público. Questionar a necessidade de tal obra, por outro lado, é um absurdo e demonstra indigência e desonestidade intelectual.

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