quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Inteligência como política de Estado


Fazia tempo que o cinema internacional não produzia uma verdadeira aula de política internacional e diplomacia. “Invictus”, já nas telas brasileiras, concorre a três Oscars este ano e mostra como um político revolucionário e combativo pode se tornar um mestre da conciliação e da solidariedade.

Dirigido por Clint Eastwood e estrelado por Morgan Freeman e Matt Damon, “Invictus” é baseado no livro “Conquistando o Inimigo”, de John Carlin, e mostra como Nelson Mandela, então com um ano no cargo de presidente da África do Sul, avançou milhares de anos-luz na luta para soterrar o odioso apartheid.

Com habilidade, tolerância e paciência, Mandela aproveitou a Copa do Mundo de Rúgbi de 1995 em seu país para estimular campanhas de união nacional e consturar um dificílimo pacto social como forma de iniciar a busca de uma identidade nacional para negros e brancos, sem revanchismo e olhando semprepara frente.

Mesmo sendo uma potência no esporte, a África do Sul era zebra, mas o autêntico clima de Copa do Mundo, coisa rara no rúgbi mas absolutamente fundamental no futebol no mundo todo, contagiou um país racialmente dividido e ferido.

Mandela e sua equipe de governo levaram seis meses para desarmar espíritos e garantir um apoio nacional nunca visto para a seleção sul-africana de rúgbi, considerada um dos maiores símbolos da política do apartheid, pois era formada somente por brancos a maior parte do tempo - mesmo com o clima favorável, apenas um negro integrou o time naquela copa.

Mandela havia consguido algo improvável, tido como o impossível por muitos: praticamente pacificou o país por meio do esporte.

Tamanha façanha tinha de ser coroada com um final condizente: a conquista do título batendo a favoritíssima Nova Zelândia por 15 a 12, no sufoco, na prorrogação. Os jogadores viraram ídolos e heróis; Mandela já era um mito, e virou deus.

Livro e filme são imperdíveis para ajudar a entender a questão sul-africana pós-apartheid sem viés ideológico. São uma aula de política internacional.

E pensar que houve gente da esquerda à época que considerou Mandela um vendido, um traidor da “causa”…

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