quarta-feira, abril 30, 2008

Para penssar - parte 2



Os maconheiros têm até um blog para divulgar a sua marcha. Se quiser visitar , clique aqui. Fazer a apologia da maconha é crime, como eles mesmos reconhecem lá. Mas aí recorrem a uma droga ainda mais antiga: a hipocrisia. Dizem estar apenas informando e querendo debater.

O artigo 33, § 2º da já bastante liberal Lei 11.343 deixa claríssimo:
“Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga:Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.” A íntegra da lei está aqui.

Já disse: sou um chato legalista. Essa “marcha” tem de ser proibida. Se, uma vez proibida, as pessoas insistirem em promovê-la, então não vejo outra saída: cana! Esse negócio de que todo mundo tem o direito de marchar contra a lei de que discorda em nome da liberdade de expressão tem quais limites éticos? Deve haver quem defenda a pedofilia, por exemplo, porque, afinal, na civilização grega, etc e tal... Se os valentes querem patrocinar a causa, que arrumem um representante no Congresso que esteja disposto a assumi-la.

Sabem o que é curioso? Uma marcha a favor do cigarro, por exemplo, seria de pronto repudiada — inclusive por gente que defende a da maconha. “Ah, mas cigarro já é legal; não precisa de marcha”. Sim, mas os fumantes são hoje quase párias sociais, não é mesmo? Estou, de fato, chamando a atenção para uma questão: essa marcha da maconha toca num flagelo social: o fato de as drogas hoje consideradas ilícitas serem consideradas ainda um valor “de resistência”, o que faz com que se transformem numa espécie de "cultura".

Pior: os maconheiros querem fazer de conta — e só por isso o filme Tropa de Elite foi repudiado por alguns “descolados” — que o consumidor de droga não integra a cadeia do tráfico e, portanto, da violência e do crime organizado. O argumento de que a legalização da maconha diminuiria a violência é só uma tolice irresponsável. No mesmo caminho, seria preciso tornar legal a venda das outras substâncias: cocaína, crack, heroína — ou os traficantes de maconha migrariam pra elas, certo? Mais: o Brasil não fará isso sozinho. A Inglaterra, por exemplo, está na contramão: apertando o cerco também contra a maconha.

Falei que a lei brasileira já é bastante liberal. E é. Leiam parte do artigo 28:
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.

Como se vê, o chamado “consumidor” — se o sujeito portar a substância apenas para seu consumo — já não vai em cana. Liberal por quê? Ora, o traficante, que vai para a cadeia, não vende se não tiver quem compre. É o que se chama uma “relação”.

Assim, o corolário óbvio da tal Marcha da Maconha é um só: ela não atende, vamos dizer, às necessidades dos consumidores. Serve mesmo é aos interesses dos traficantes. Mas, na dialética perturbada desses caras, eles só estariam querendo acabar com o tráfico. Ah, sim: entre os apoiadores do blog da Marcha da Maconha está uma tal Aborda (Associação Brasileira de Redutoras e Redutores de Danos). Mais uma vez, a política de redução de danos a serviço da promoção de danos.

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