quarta-feira, abril 30, 2008

Para pensar - parte 3


Ainda a Marcha da Maconha: de individualistas e libertários
Escrevi abaixo um post sobre a tal Marcha da Marconha. E, claro, não tardaram a chegar os defensores da manifestação. Eu realmente fico muito impressionado com a fragilidade lógica dos argumentos quando o assunto é droga, mas deixo isso para o post seguinte.

A reivindicação para legalizar drogas é basicamente um assunto de classe média: o povo mesmo, como sabemos, é contra. Entre outras razões porque ele é a maior vítima do narcotráfico. Há entre os defensores, basicamente, duas vertentes:

- A minoritária: esta argumenta que é uma questão de liberdade individual e tenta jogar Milton Friedman contra mim, mais ou menos como um desafio: “Que liberal é você?”. O economista defendeu a legalização das drogas. Já contei aqui, conto de novo: a revista “República/Primeira Leitura”, que eu dirigia, deu um capa debatendo a descriminação das drogas. E já tocava no problema essencial: um país pode fazê-la sozinho? É claro que não. O mundo vai acatar a proposta? Não vai. Então esse debate é ocioso.
Isso nos devolve para o terreno da realidade, o das drogas ilegais. Consumi-las é integrar a cadeia do crime organizado. É uma questão de fato, não de gosto ou de opinião. Sem aquele que consome, não há quem possa vender: o narcotraficante.
É evidente que fumar ou não fumar maconha, cheirar ou não cheirar cocaína, comer ou não comer bacon, tudo isso é uma questão de escolha. E as pessoas devem arcar com o peso de suas escolhas. A democracia brasileira diz que o tráfico de drogas e a apologia do consumo são crimes. Quem quer fazer uma coisa e/ou outra tem de pagar o preço.

- A majoritária: para essa turma, consumir maconha — e, suponho, outras drogas também — é uma espécie de capítulo das liberdades civis. O sotaque ideológico é diferente do expresso pelo grupo anterior. Aquele considera que é uma manifestação do saudável individualismo; este outro pretende que é uma expressão de um direito coletivo. Em suma, aquele grupo teria um viés, digamos, mais à direita; este outro, mais à esquerda. Haveria uma sociedade reacionária, conservadora, que estaria reprimindo um “direito”, como se “direitos” não fossem socialmente construídos também; como se houvesse o “direito natural” de fumar maconha, o que é balela. E quem se opõe à legalização é, então, reacionário.

Ah, sim: reclamam de eu ter me referido aos consumidores de maconha como “maconheiros”. Devo chamar como?
- “Apreciadores de uma droga injustamente considerada ilícita?”
- “Consumidores de maconha”?
- “Novos libertários”?
Os fumantes também merecerão uma alcunha politicamente correta? “Consumidores de tabaco?”
Continuo no post seguinte, com considerações sobre as falácias lógicas dos supostos libertários e supostos individualistas.

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