A revista Poeira Zine (www.poeirazine.com) traz em sua edição nº 6 uma reportagem fantástica sobre o baterista desconhecido do Who, um fã que saiu da platéia para substituir Keith Moon, que desmaiara, em uma apresentação nos Estados Unidos em 1973. Foi a melhor (única???) reportagem sobre o tema publicada no Brasil. A autoria é de Bento Araújo, editor da revista. Aqui, um trecho da reportagem, que está íntegra somente na edição impressa.
O "banquinho" da bateria do The Who é um dos lugares mais cobiçados do Rock. Depois da morte de Keith Moon, em 1978, o Who teve vários bateristas que tentaram, em vão, ao menos fazer algo parecido com o que Moon fazia. Kenny Jones tinha tocado no Small Faces (depois Faces) e era da turma de Pete Townshend. Tudo parecia "em casa", mas Jones era um bocado "duro" para realizar as maluquices percussivas de Moon. Depois inventaram de chamar o experiente Simon Phillips, ótimo baterista, técnico e preciso, mas nada a ver com o Who.
Phillips é ótimo tocando temas mais complexos, no Rock mais básico, porém, o cara se atrapalha (basta conferir sua performance tocando "Stairway To Heaven" ao lado de Jimmy Page, no Arms Concert, aquele show para arrecadar fundos para o tratamento de Ronnie Lane). Depois veio Zak Starkey, filho de Ringo Starr, que se não é perfeito, ao menos é o que mais se assemelha ao estilo original de Moon.
O que pouca gente sabe é que o Who teve um outro baterista além de todos esses, um sujeito chamado Thomas Scot Halpin.
O The Who estava na América para dar início a tour do disco Quadrophenia, seu mais audacioso projeto, que até hoje divide a opinião dos fãs no quesito ópera-rock definitiva (uns dizem que Tommy é a melhor ópera do Who, mas eu fico com Quadrophenia e não abro). Os quatro lados do vinil contavam uma excitante história de um rapaz louco para achar sua identidade, tudo bem no centro do movimento Mod inglês da metade dos anos 60.
A data marcada para a estréia da tour era dia 20 de novembro de 1973, e o local o Cow Palace, em São Francisco. Meses antes da apresentação, a expectativa tanto do público como da crítica era enorme. Todos queriam conferir como o Who se sairia tocando aquelas audaciosas passagens do Quadrophenia. Os 13.500 lugares do Cow Palace haviam sido vendidos em apenas quatro horas, três semanas antes da estréia.
Quanto ao show em si, na introdução de "Won't Get Fooled Again", algo estava completamente errado: Keith Moon não havia executado suas partes de bateria, ele simplesmente não entrou na música. Pete Townshend, Roger Daltrey e John Entwistle viraram imediatamente para trás e viram Moon completamente inconsciente, desmaiado em cima das peças da bateria!
Os roadies vieram e rapidamente levaram Moon para o backstage, colocando-o debaixo de uma ducha gelada, tentando a todo custo reanimar o baterista. A banda terminou a música sem baterista, logo se retirando do palco. Ninguém na platéia tinha a mínima idéia do que estava acontecendo.
Moon parecia que tinha apagado mesmo e o primeiro integrante da banda pego de surpresa pelo desespero foi Pete Townshend, que voltou ao palco e abriu o jogo com a galera, dizendo que Moon estava mal, mas que eles estavam fazendo de tudo para trazê-lo de volta ao tablado. O guitarrista ainda ironizou: "O pior de tudo é que sem ele nós não somos um grupo!". Depois de meia hora de interrupção, Moon estava pelo menos com os olhos abertos (graças a uma poderosa injeção de cortisona) e o Who resolve voltar ao palco do Cow Palace, como sempre, ovacionados pelos presentes...
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