domingo, fevereiro 24, 2013

Jornal da Tarde: uma luta histórica

Uma professora e dona de casa nem um pouco sofisticada, e simplória até, que se diz blogueira, conseguiu demolir sem esforço as precárias fundações do "pensamento" de uma parte expressiva e inútil da esquerda nacional. Yoani Sanchez demonstrou a fragilidade intelectual e institucional dessa esquerda: arbitrária, fascista, retrógrada, sem conteúdo e tutelada. O que era para ser uma simples turnê sem glamour e com interesse zero para a maioria das pessoas se tornou em um fenômeno midiático. Essa blogueira não merecia um vigésimo da atenção que teve por aqui. Mesmo em países onde existe uma real admiração, ela nunca passou de uma figura meramente exótica. No entanto, a esquerda brasileira, em sua falta de inteligência crônica desde os anos 90, conseguiu a façanha de transformá-la em uma intelectual respeitável, em uma celebridade política internacional. Nenhuma ação política de desinformação no Brasil foi tão desastrosa quanto essa "campanha" contra a blogueira cubana. Meia dúzia de pessoas sabia quem ela era antes da palhaçada promovida por grupelhos esquerdistas. Três dias depois do desembarque, ela já era uma celebridade internacional, com cobertura diária até do Jornal Nacional, que pretendia ignorá-la por completo. É difícil encontrar tamanha incompetência nos anos recentes da política brasileira. O único mérito que a blogueira tem é a sua origem dissociada da tradicional "dissidência" cubana: não é uma intelectual, não é uma artista, não é professora universitária, não tinha aspirações políticas e não era egressa da nomenklatura cubana, além de ter a intenção de se suicidar por meio de uma greve de fome. Aí reside o fascínio que despertou em certos círculos intelectuais europeus e latino-americanos: é uma pessoa comum que decidiu se manifestar. E é isso o que mais enfureceu a esquerda retrógrada da América Latina: é um a dissidente que não cita pensadores e filósofos, que faz poeminhas libertacionistas. É uma pessoa que tenta trabalhar todo dia e que é perseguida por discordar e pensar. Yoani Sanchez narra em seus textos o seu cotidiano e o de seus vizinhos, e mostra que mais gente do "povo" sabe, quer e consegue pensar, e que quer mudanças. Ainda que suas ideias sejam toscas - e muitas delas são -, primárias (quase todas) e que supostamente esteja tendo as despesas pagas por entidades e organizações não-esquerdistas ou de "direita" (é óbvio que a esquerda babenta de raiva jamais a financiaria), Yoani está longe de representar um perigo para a paranoica ditadura cubana. Gente mais bem preparada e mais representativa não conseguiu essa honra. Não será essa blogueira que conseguirá. Mas ela precisa agradecer até o fim de sua vida o empurrão que recebeu da esquerda brasileira, que a transformou em aquilo que ela nunca foi e que provalmente jamais voltará a ser: uma celebridade política internacional. A esquerda brasileira é muito ingênua e inocente, e parte expressiva de sua composição é completamente burra e ignorante, muito mais do que a direita asquerosa, corrupta e igualmente retrógrada.

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