domingo, outubro 24, 2010

A maior contradição


Tentei procurar em tudo o quanto é lugar, mas não encontrei nada mais contraditório do que jornalista que apoia ditadura, censura e é contra a liberdade de expressão, opinião e imprensa. Se esse “profissional” pensa desse jeito, tem de mudar de profissão ou ser ejetado de seu emprego.

O secretário de Comunicações do atual governo, Franklin Martins, apesar de ter trabalhado como jornalista nas TVs Globo e Bandeirantes, não é e nunca foi jornalista. Suas vidas profissional e pública sempre foram pautadas pela ideologia. Não seria diferente agora no governo Lula.

Até aí, nada de novo e sem problemas. É do jogo. Mas quando o responsável pelas “comunicações” de um governo trama contra a imprensa e é favorável a uma “regulação” do setor, então existe um anacronismo absurdo.

Enquanto a candidata do governo de Martins ainda luta para vencer uma eleição presidencial – depois de perdê-la no primeiro turno, quando o pleito estava “ganho” –, o secretário passeia pela Europa em busca de “subsídios” para elaborar um “marco regulatório” na área de comunicação e mídia.

Bem-humorado, deu entrevistas palavrosas à Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo dando a impressão de que é o maior democrata do mundo, que é o maior mestre de semiologia e semiótica que existe.

“Minha convicção, que é também a do presidente Lula, é que a imprensa tem de ser livre para dizer o que quiser. Mas é preciso haver também liberdade para dizer o que se quer sobre ela. Os governos precisam de críticas fundamentadas, e a imprensa também”, afirmou Martins à Folha na edição de sábado, 9 de outubro.

Palmas para o secretário de Comunicações, em uma declaração equilibrada e olímpica. Pena que suas atitudes e seus encaminhamentos como integrante de um governo federal não acompanhem tal raciocínio.

Ele defendeu, por exemplo, o nefasto Plano Nacional de Direitos Humanos 3, que tentou contrabandear na calada da noite dispositivos – que poderiam virar norma ou até mesmo lei – que estabeleciam “controles” e “monitoramentos” à imprensa, entre outras coisas.

Também apoia as mais estapafúrdias deliberações da igualmente nefasta Confecom (Conferência Nacional de Comunicação), evento ideologizado e aparelhado por gente que nada entende de comunicação ou profundamente má intencionada, que tem ojeriza à verdade e à liberdade de imprensa.

Em um país onde um sindicato de jornalistas (sendo claro: o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo) é contra a mídia e favorável ao “controle social da imprensa” – outra pérola nojenta produzida por mentes insignificantes –, não me espanta que o secretário de Comunicações de um governo supostamente de esquerda empreenda ataques contra a imprensa.

O problema é que não dá para enganar ninguém com declarações comedidas e de ocasião nos mesmos jornais que são vítimas de seus ataques. Martins vai ter de suar muito a camisa para convencer o público de que não compactua com ideias fossilizadas de gente como José Dirceu, que acha que existe “excesso de liberdade de imprensa no Brasil”.

Será que essa visão vai prevalecer no PT caso José Serra (PSDB) seja eleito presidente?

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