sexta-feira, setembro 24, 2010

Atacar a imprensa é tentar encobrir a incompetência


Nunca houve uma proximidade tão grande entre jornalistas e o PT como na década de 90. Era a ressaca da derrota de Lula para Fernando Collor em 1990, mas a primeira metade da década foi intensa e movimentada, graças ao corrupto mundo collorido, que resultou em impeachment.

Todo o primeiro escalão do PT nacional, assim como o da CUT, mantinha ótimas relações com jornalistas da grande imprensa, por mais que os noticiários os irritassem.

Eram frequentes os encontros para conversas reservadas e a transferência de informações e material sobre as inúmeras falcatruas e corrupções dos governos Collor e FHC. Lula era uma das fontes mais regulares.

No ABCD a época foi também interessante. Funcionários públicos e vereadores petistas prestaram inestimáveis serviços à comunidade ao passar informações sobre as irregularidades nas péssimas administrações de Walter Demarchi (São Bernardo) e Newton Brandão (Santo André), ambos do PTB.

Naquele tempo interessante e movimentado, a imprensa, grande ou pequena, servia. Era considerado um “mecanismo” importante de denúncias. Naquele tempo, a liberdade de imprensa era boa e merecia ser defendida. Afinal, era o PSDB no governo federal e no governo de São Paulo.

Por isso tudo é que fica muito fácil entender a choradeira da esquerdalha – esquerda burra, sem argumentos e totalmente atrasadas – com a avalanche de denúncias contra o governo federal e que infelizmente irá resvalar na futura presidente Dilma Rousseff (PT).

Quando a denúncia é contra o PSDB, então é liberdade de imprensa, fazendo parte do jogo da democracia; quando é contra o PT, é calúnia, perseguição e campanha difamatória.

Ser governo não é fácil, mas esperava-se que um partido tão importante e necessário como o PT aprendesse com o tempo. Não só não aprendeu como não fez questão de aprender a lidar com certos assuntos incômodos, como os mensalões da vida.

Mais decepcionante ainda é ver um presidente da República que cansou de usar e abusar da imprensa quando lhe foi conveniente fazer proselitismo ao atacar de forma bisonha e ridícula a imprensa.

É um discurso tosco, abjeto, paranoico e estúpido, pois não funciona. Nunca funcionou. A paranoia de perseguição da imprensa é bom para insuflar plateias de acólitos indigentes intelectuais, que não têm discernimento nem senso crítico, e que infelizmente são maioria entre os militantes atuais do PT.

A gritaria contra a imprensa é mais uma tentativa vergonhosa de esconder os graves problemas éticos e de corrupção que acometem o Palácio do Planalto e o governo Lula.

Na falta de argumentos para explicar a delinquência estatal na Casa Civil e na Receita Federal, culpa-se o inimigo de sempre e que sempre está à mão. Mas repito, isso não funciona.

Por mais que a população-eleitorado seja bombardeada com informações diversas sobre tudo, fica claro em qualquer ambiente que uma imprensa, qualquer imprensa, boa ou ruim, tem de ser livre.

Exagerar a importância da imprensa no desempenho de candidatos em qualquer eleição não é só inútil e burro, mas revela completa desonestidade intelectual – ou desespero diante da falta de perspectivas éticas.

É desagradável que o presidente Lula se preste a este papel apenas para adular uma massa acrítica de militantes abobados, no limite da indigência mental.

É um debate desnecessário e com resultados previsíveis. Insistir nessa bobagem corrói a credibilidade e escancara a falta de conteúdo. Atentar contra a liberdade de imprensa e opinião é atentar contra a democracia.

Liberdade incomoda, e parece que o PT gosta de ser confrontado com essa verdade da pior forma possível. Atacar a liberdade de imprensa é uma irresponsabilidade, e demonstra a incapacidade para administrar qualquer coisa

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