quarta-feira, setembro 12, 2007


Alento e otimismo




O novo acordo salarial obtido pelos metalúrgicos da CUT com as montadoras paulistas é um alívio para o ABCD. Não só pelas bases em si, que foram boas e representam ganhos para os trabalhadores, mas também por mostrar um clima de otimismo na economia regional.

Depois de momentos tensos em 2006, com a greve na Volkswagen, em São Bernardo, por conta do anúncio de mais de 3 mil demissões, imagina-se que as próximas negociações salariais de 2007 seriam mais tensas com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Sindipeças (Sindicato das Empresas de Autopeças), Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e outras representações patronais.

O fato é que o setor automotivo - e por tabela quase toda a indústria de metalurgia - vive um excelente momento e nada mais justo do que os trabalhadores exigirem mais do que normalmente o empresariado oferece em termos de reajustes salariais e abonos. Claro que o ideal é sempre aquilo que quase nunca atingimos, mas o acordo firmado pela FEM-CUT (Federação Estadual dos Metalúrgicos) é um indicativo de que podemos esperar por dias mais promissores na economia do ABCD.

Aliás, já é tradição os metalúrgicos da CUT de São Bernardo e Diadema liderarem os processos de negociação em uma região que ainda sofre com problemas originados nos anos 90, com a abertura desenfreada do mercado nacional às importações.

O parque industrial hoje é outro no Brasil, e completamente modificado no ABC, e os trabalhadores e suas lideranças souberam entender o momento e se adapatar a ele. Afora episódios tormentosos, como a demissão na Volks, no ano passado, as conversações dos metalúrgicos, em novas bases, mais uma vez tornaram-se modelo para as relações trabalhistas modernas não só em São Paulo, mas no Brasil inteiro.

Por isso é que chama a atenção a recusa da mesma proposta de reajuste salarial aceita pela CUT pelos sindicatos ligados à Força Sindical e Conlutas - a proposta é reajuste de 7,44%, sendo 4,82% de reposição da inflação e 2,5% de aumento real.

A decisão é um misto de miopia trabalhista com radicalismo despropositado. Esses sindicatos, nodatamente os de São Caetano e de São José dos Campos, cidades que abrigam fábricas da General Motors, apostam arriscadamente em um confronto ao reivindicar reajustes acima de 12%, como se houvesse a possibilidade de a GM descolar sua proposta daquela que foi oficializada pela Anfavea e aceita pela CUT.

Em tempos de estabilidade econômica e negociações maduras realistas, a posição daqueles sindicatos não é recomendável.

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