A questão que se coloca depois de quase dez dias do vandalismo ao final da partida Corinthians e River Plate é a seguinte: teremos punições? As torcidas organizadas merecem ser banidas dos estádios? Ou melhor, adianta bani-las, pelo menos de forma oficial?
Quando se necessita cada vez mais de um número maior de policiais para uma partida de futebol é sinal de que o caminho está errado, de 1que tudo pelo qual lutamos sumiu.
Por mais que queiramos que o poder público, clubes e federações organizem de forma perfeita o espetáculo, este está fadado ao fracasso se o público não estiver de acordo com a organização. E frequentemente o público não está de acordo. O público não se interessa em colaborar, só quer "desfrutar" e "curtir", seja já lá o que a maior parte da turba entende por isso.
Por mais que a organização do espetáculo seja perfeita - e não é no Brasil -, a maior parte dos torcedores estraga o evento. É o torcedor que fura a fila do ingresso, da entrada e do banheiro; é o torcedor que incentiva o filho criança a burlar as regras e fingir que tem menos de cinco anos quando tem muito mais; é o torcedor que frauda a carteira do estudante para lesar o clube do coração e pagar menos; é o otorcedor que urina na parede ou no canto, para não ir ao banheiro; é o torcedor que compra produtos pirata; é o torcedor que atira amendoim e copo de plástico no outro torcedor na arquibancada.
Quando esse é o perfil do torcedor que frequenta os estádios brasileiros, chego a conclusão de que esse torcedor-consumidor não tem direito a nada. Merece ser roubado pelos assaltantes, pelos cambistas, pelo flanelinha e pelo dono do boteco.
Merece apanhar da polícia mesmo quando nada fez. Merece ser espancado até a inconsciência quando resolve destruir o patrimônio só porque seu time perdeu. Merece que seja ignorado pelo ídolo quando este se recusa a dar autógrafo.
Tudo isso é reflexo direto da falta de cidadania, de civilidade, de educação. e não me refiro à educação formal, tão citada quando o assunto é violência e desesperança da população. Não dá para sociologizar uma situação que é apenas fruto da péssimo caráter e do vandalismo de grande parte dos torcedores brasileiros.
Nada justifica as cenas absurdas do final do jogo Corinthians e River Plate. nada justifica a destruição dos banheiros do Parque Antártica pelos são-paulinos e das cadeiras de madeira do Morumbi pelos palmeirenses.
Nada justifica a tentativa de invasão de campo do Pacaembu pelos palmeirenses na final da Copa São Paulo de Juniores de 2003.
Nenhuma frustração justifica atos desse tipo. Se falta de dinheiro fosse motivo para descontar as tristezas da vida, nenhuma cidade brasileira, indiana, boliviana, venezuelana ou de qualquer país pobre permaneceria de pé. Não creio nisso.
As cenas de violência que presenciamos em todos os jogos, sobretudo nos clássicos, é consequência direta do caráter obtuso e deformado do torcedor (povo) brasileiro.
Entre os gaviões que quiseram invadir o gramado do Pacaembu estavam estudantes de classe média que moram bem em um sobrado ou em um apartamento amplo, que ficam irados quando a empregada ou "mulher da limpeza" inadvertidamente quebra um mouse de computador ou tira uma lasca de móvel. É o cara que vai no banheiro limpo de sua casa e urina direitinho no vaso sanitário.
A situação acima é a mesma de um torcedor que mora em um barraco na favela, mas que é ajeitadinho. Duvido que ele tome cerveja e a atire no chão de sua residência. Duvido que o cara da classe média e o favelado descritos aqui arranquem as torneiras dos banheiros de suas casas quando seus times perdem.
Portanto, podemos dizer que a questão é de mau comportamento, consequência de falta de educação, caráter deformado e ausência de qualquer sentido de solidariedade e civilização.
Essas características são encontradas principalmente nas torcidas organizadas, que reúnem o que há de pior na sociedade, ofuscando os verdadeiros torcedores que tentam se juntar em um grupo organziado para torcer. Os vagabundos, vândalos e bandidos predominam nas torcidas organizadas há muitos anos, infelizmente. E acabam exercendo fascínio em grande parte dos chamados "torcedores comuns".
Sou um feroz crítico das torcidas organizadas e anseio por seu banimento e extinção. Mas elas não são as principais culpadas pelo vandalismo e violência que estamos presenciando no futebol nos últimos tempos - afinal, enquanto as organziadas assistiam à final da Libertadores de 2005 no Morumbi, milhares de vãndalos comuns sçao-paulinos destruíam a avenida Paulista.
Todo o sofrimento que o torcedor é submetido quando vai ao estádio é reflexo de seu comportamento. É um torcedor que não s eimporta de ser maltratado, que fura filas e frauda documentos. Não pode reclamar das péssimas condições oferecidas e das borrachadas da polícia.
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