Los Hermanos: entre o pedantismo e a quase irrelevência
Assim como a Legião Urbana, a banda carioca Los Hermanos sempre mereceu um tratamento diferenciado e laudatório por grande parte da imprensa especializada. Algum desavisado ou mesmo desinformado cometeu o disparate de dizer que a banda dos barbudinhos tinha o mesmo peso da Legião para os fãs dos anos 2000. E muita gente acreditou nisso.
Los Hermanos acabou, mas vive ameaçando voltar e nos aterrorizar com "Anna Júlia". De vez em vez a banda se reúne para shows esporádicos. Mas seus integrantes nçao nos deixam em paz. Rodrigo Amarante decidiu formar o Little Joy com o baterista do intragável Strokes e uma cantora americana ruim.
Marcelo Camelo se travestiu de bardo e já lançou dois CDs solo misturando a melancolia chatíssima de seu pop insosso com o pior da MPB cafona. Parece que é impossível para os ex-integrantes da banda se livrarem da síndrome de Renato Russo.
Não bastasse o pop rock ruim,as letras pseudoromânticas de gosto duvidoso e os "cabecismos" quase indecifráveis de algumas músicas, ainda temos de aguentar a pose de intelectuais de tais músicos, como se pode perceber na inacreditável entrevista de Camelo à Rolling Stone Brasil de abril (com Ronaldinho Gaúcho na capa).
O cantor desfila uma série de citações cabeçudas para mostrar sapiência e intelectualidade, e posa de intelectual incompreendido e sensível, "em busca da arte perfeita e do som puro", seja lá o que isso for.
Apesar da qualidade sofrível do pop rock do Los Hermanos, tanto Camelo e Amarante eram músicos diferenciados quando davam entrevistas. Nem um pouco deslumbrados quando estouraram com a indefectível "Anna Júlia", falavam com segurança e desprendimento aos jornalistas, mostrando que tinham referências, que tinham algum conteúdo, fugindo da terra arrasada que era a seara intelctual do rock brasileiro no final dos anos 90 e começo dos anos 2000.
Enfim, mostravam-se artistas diferentes, com ideias e coisas interessantes para falar, mes mo que o primeiro CD não fosse lá essas coisas, para ser generoso. O sucesso fez mal aos garotos que queriam ser emos antes mesmo do surgimento destes.
As misturebas de pop rock com MPB e samba confundiram os fãs e não levaram a banda a lugar algum. Apesar disso, o tom das entrevistas mudou, com a complacência de parte expressiva da imprensa embasbacada. O pseudointelectualismo começou a dominar as conversas, e os integrantes da banda realmente acharam que estavam fazendo um trabalho musical revolucionário, quando na verdade era o contrário.
A implosão do grupo não foi suficiente para amenizar os discursos fora de contexto e de ordem, em um momento em que se valoriza cada vez mais a simplicidade.
Não escutei o último trabalho de Marcelo Camelo, "Toque Dela", e não pretendo escutar, pois não tenho interesse no gênero muscial praticado por ele. O que já escutei de Los Hermanos na vida foi o suficiente para me afastar de qualquer trabalho de seus integrantes.
Mas é chato constatar hoje que as entrevistas de artistas que ao menos tinham alguma coisa a dizer no passado hoje nada mais são do que reflexos diretos do pedantismo que dominou parte expressiva dos trabalhos dos Los Hermanos.
Espaço coordenado pelo jornalista paulistano Marcelo Moreira para trocas de idéias, de preferência estapafúrdias, e preferencialmente sobre música, esportes, política e economia, com muita pretensão e indignação.
sexta-feira, julho 29, 2011
terça-feira, julho 26, 2011
Mutantes, a banda mais superestimada da história
Um é pouco, mas sempre será mais do que zero. Muita gente usa essa máxima como argumento para justificar a existência ou gosto por alguma coisa. Se não tem coisa melhor, vai esse mesmo, segundo dizem por aí.
Não consigo deixar de pensar nisso toda vez em que ouço qualquer música dos Mutantes – 100% das vezes contra a vontade, seja em bares ou na casa de amigos.
A banda faz parte do grupo dos artistas mais superestimados do planeta e da história. Só não supera o “mito” João Gilberto, o suposto criador da bossa da nova e de um suposto “novo jeito” de tocar violão, mas que na verdade não passa de um violeiro egocêntrico que toca e grava as mesas cinco músicas há 55 anos.
Os Mutantes surgiram em um momento importante ao mesmo tempo complicado da história da música brasileira – e da história social e política do país.
Foi um sopro de criatividade em um tempo de terra arrasada, onde um bando de coitados fazia passeata contra a guitarra elétrica e os festivais de MPB não passavam de concursinhos de cartas marcadas, com as vacas sagradas de sempre dando as cartas – seria muito interessante ver Elis Regina nos anos 80 ou hoje em dia fazendo passeada contra o computador...
Portanto, em época de terra arrasada e de pseudocontestação – no caso da intragável Tropicália –, os Mutantes e até mesmo Ronnie Von vieram para chacoalhar o ambiente e mostrar que era possível fazer crítica social e ter bom humor no rock’n roll, mesmo que fosse por meio de músicas ruins e letras pseudointelectuais.
A maior prova de que os Mutantes eram e são bem menos do que a “história oficial” dos baba-ovos dizem que são é que a melhor coisa do grupo, a cantora Rita Lee, foi defenestrada no auge da banda. Como vingança, engatou uma carreira solo de extremo sucesso e de boa qualidade, transitando com competência entre o pop e o rock.
Seus “companheiros” de banda não tiveram a mesma sorte. A saída de Rita Lee coincidiu com o declínio, em 1974 – se é que era possível cair mais, já que nunca foram tão longe, seja criativamente ou em termos de sucesso.
Os álbuns que vieram era mais fracos ainda do que os considerados “grandes trabalhos”. Com idas e vindas de integrantes, embarcaram na moda do rock progressivo, mas sem ter a competência de gente como Patrulha do Espaço, O Terço e Bacamarte, entre outros. Foi a senha para que o grupo morresse de inanição.
Muito esperta, Rita Lee fugiu da reunião dos Mutantes nestes anos 2000. Abençoou para não ficar com a pecha de mal humorada, e elogiou a escolha inicial de Zélia Duncan para substituí-la, mas teve a sabedoria para fugir do mico.
O fato é que os Mutantes versão século XXI só existem graças a meia dúzia de músicos metidos a intelectuais e com fama de cult, que começaram a dizer ainda nos anos 90 que “tinham sido muito influenciados por Mutantes, ícone da psicodelia mundial”, teria dito certa vez o músico norte-americano Beck à revista Bizz.
Assim como ele, outros fingidores e pseudointelectuais adoravam se mostrar cults citando a banda e até mesmo Tom Zé. Entre esses estavam músicos inexpressivos como Sean Lennon, filho do ex-beatle John Lennon, e gente respeitada e com trabalhos consistentes, como David Byrne (ex-Talking Heads), um entusiasta da chamada world music.
Essa babação de ovo até que animou os irmãos Arnaldo e Sérgio Baptista a se reunirem quase 30 anos depois para alguns shows com lotação esgotada em Londres e Nova York, que renderam um álbum ao vivo.
Nada disso, no entanto, foi suficiente para resgatar os Mutantes do limbo, já que faltou estofo para que continuassem, caso realmente houvesse um genuíno interesse pela volta da banda. Tanto não houve que Arnaldo Baptista pulou do barco.
Os Mutantes conseguiram inscrever seu nome na história e tiveram importância na história da música brasileira em um momento de total terra arrasada – um é sempre mais do que zero. No entanto, nunca passaram de uma banda de rock medíocre, com músicos e compositores no máximo medianos.
Nunca foram referência nem mesmo para a geração do rock brasileiro dos ano 80 – alguns músicos deste movimento só passaram a elogiá-los quando isso virou moda. Nunca foram um desastre, mas com certeza são uma das bandas de rock mais superestimadas da história.
Um é pouco, mas sempre será mais do que zero. Muita gente usa essa máxima como argumento para justificar a existência ou gosto por alguma coisa. Se não tem coisa melhor, vai esse mesmo, segundo dizem por aí.
Não consigo deixar de pensar nisso toda vez em que ouço qualquer música dos Mutantes – 100% das vezes contra a vontade, seja em bares ou na casa de amigos.
A banda faz parte do grupo dos artistas mais superestimados do planeta e da história. Só não supera o “mito” João Gilberto, o suposto criador da bossa da nova e de um suposto “novo jeito” de tocar violão, mas que na verdade não passa de um violeiro egocêntrico que toca e grava as mesas cinco músicas há 55 anos.
Os Mutantes surgiram em um momento importante ao mesmo tempo complicado da história da música brasileira – e da história social e política do país.
Foi um sopro de criatividade em um tempo de terra arrasada, onde um bando de coitados fazia passeata contra a guitarra elétrica e os festivais de MPB não passavam de concursinhos de cartas marcadas, com as vacas sagradas de sempre dando as cartas – seria muito interessante ver Elis Regina nos anos 80 ou hoje em dia fazendo passeada contra o computador...
Portanto, em época de terra arrasada e de pseudocontestação – no caso da intragável Tropicália –, os Mutantes e até mesmo Ronnie Von vieram para chacoalhar o ambiente e mostrar que era possível fazer crítica social e ter bom humor no rock’n roll, mesmo que fosse por meio de músicas ruins e letras pseudointelectuais.
A maior prova de que os Mutantes eram e são bem menos do que a “história oficial” dos baba-ovos dizem que são é que a melhor coisa do grupo, a cantora Rita Lee, foi defenestrada no auge da banda. Como vingança, engatou uma carreira solo de extremo sucesso e de boa qualidade, transitando com competência entre o pop e o rock.
Seus “companheiros” de banda não tiveram a mesma sorte. A saída de Rita Lee coincidiu com o declínio, em 1974 – se é que era possível cair mais, já que nunca foram tão longe, seja criativamente ou em termos de sucesso.
Os álbuns que vieram era mais fracos ainda do que os considerados “grandes trabalhos”. Com idas e vindas de integrantes, embarcaram na moda do rock progressivo, mas sem ter a competência de gente como Patrulha do Espaço, O Terço e Bacamarte, entre outros. Foi a senha para que o grupo morresse de inanição.
Muito esperta, Rita Lee fugiu da reunião dos Mutantes nestes anos 2000. Abençoou para não ficar com a pecha de mal humorada, e elogiou a escolha inicial de Zélia Duncan para substituí-la, mas teve a sabedoria para fugir do mico.
O fato é que os Mutantes versão século XXI só existem graças a meia dúzia de músicos metidos a intelectuais e com fama de cult, que começaram a dizer ainda nos anos 90 que “tinham sido muito influenciados por Mutantes, ícone da psicodelia mundial”, teria dito certa vez o músico norte-americano Beck à revista Bizz.
Assim como ele, outros fingidores e pseudointelectuais adoravam se mostrar cults citando a banda e até mesmo Tom Zé. Entre esses estavam músicos inexpressivos como Sean Lennon, filho do ex-beatle John Lennon, e gente respeitada e com trabalhos consistentes, como David Byrne (ex-Talking Heads), um entusiasta da chamada world music.
Essa babação de ovo até que animou os irmãos Arnaldo e Sérgio Baptista a se reunirem quase 30 anos depois para alguns shows com lotação esgotada em Londres e Nova York, que renderam um álbum ao vivo.
Nada disso, no entanto, foi suficiente para resgatar os Mutantes do limbo, já que faltou estofo para que continuassem, caso realmente houvesse um genuíno interesse pela volta da banda. Tanto não houve que Arnaldo Baptista pulou do barco.
Os Mutantes conseguiram inscrever seu nome na história e tiveram importância na história da música brasileira em um momento de total terra arrasada – um é sempre mais do que zero. No entanto, nunca passaram de uma banda de rock medíocre, com músicos e compositores no máximo medianos.
Nunca foram referência nem mesmo para a geração do rock brasileiro dos ano 80 – alguns músicos deste movimento só passaram a elogiá-los quando isso virou moda. Nunca foram um desastre, mas com certeza são uma das bandas de rock mais superestimadas da história.