São raras as entrevistas nas páginas amarelas de Veja que têm sido relevantes nos últimos anoas. Finalmente, nesta semana, a geneticista Mayana Zatz, autoridade mundial no assunto e líder no Brasil em pesquisas com células-tronco, foi definitiva ao tratar do assunto:
Veja – As pesquisas com células-tronco embrionárias encontram-se proibidas no Brasil sob o argumento de que vão contra dois princípios constitucionais: o de que a vida é inviolável e o que garante a dignidade da pessoa. Como a senhora avalia essa proibição?
Mayana – Essa proibição é absurda. Inviolável é a vida de inúmeros pacientes que morrem prematuramente ou estão confinados a uma cadeira de rodas e poderiam se beneficiar dessas pesquisas. É preciso entender que os cientistas brasileiros só querem fazer pesquisa com os embriões congelados que permanecem nas clínicas de fertilização, e sempre com o consentimento do casal que os gerou. Se o casal, por algum motivo religioso ou ético, for contra doar seus embriões, não precisará fazê-lo. Deve-se lembrar que o destino dos embriões que não forem utilizados para pesquisa é ficar congelados até ser descartados. Estamos falando de embriões que nunca estiveram num útero, nem nunca estarão. Não existe nenhuma possibilidade de vida para eles.
Veja – Afinal, quando começa a vida? Do ponto de vista da ciência, o embrião é um ser humano?
Mayana – Não existe um consenso sobre quando começa a vida. Cada pessoa, cada religião tem um entendimento diferente. Mas existe, sim, um consenso de que a vida termina quando cessa a atividade do sistema nervoso. Quando o cérebro pára, a pessoa é declarada morta. Pelo mesmo raciocínio, se não existe vida sem um cérebro funcionando, um embrião de até catorze dias, sem nenhum indício de células nervosas, não pode ser considerado um ser vivo. Pelo menos não da forma que entendemos a vida. Por isso, todos os países que permitem pesquisas com embriões determinam que eles devem ter no máximo catorze dias de desenvolvimento. Os embriões congelados que se quer usar no Brasil têm ainda menos tempo, entre três e cinco dias.
Espaço coordenado pelo jornalista paulistano Marcelo Moreira para trocas de idéias, de preferência estapafúrdias, e preferencialmente sobre música, esportes, política e economia, com muita pretensão e indignação.
quarta-feira, março 05, 2008
O guitarrista canadense JEFF HEALEY morreu no último domingo vítima de um câncer contra o qual batalhava há tempos. Healey tinha apenas 41 anos, e seu mais recente disco, "Among Friends", será lançado esta semana.
Healey perdeu sua visão ainda bebê, graças a um raro tipo de câncer denominado retinoblastoma, e com apenas três anos de idade começou a tocar guitarra. Por ser cego, desenvolveu um estilo peculiar de tocar, com a guitarra apoiada em seu colo. Com sua JEFF HEALEY BAND, gravou discos de enorme sucesso, que chegaram a ser indicados ao Grammy. Tocou e gravou ainda com artistas de renome, como B.B. KING, STEVIE RAY VAUGHAN, GEORGE HARRISON, MARK KNOPFLER e IAN GILLAN, entre muitos outros.