sexta-feira, dezembro 28, 2001

Saudação ao Cabide D'Ashkalsa


Aqui vai um abraço a mais um cidadão da comunidade blogueira que tem coisas a dizer. Marcelo Soares é um jornalista gaúcho fanático por cinema e Deep Purple e que esteve por breve período no caderno Brasil da Folha de S. Paulo. Seu blog é o Cabide D'Ashkalsa é bem feito e bem escrito. Já está nos recomendados da coluna da esquerda.
Repercussão do ódio a São Caetano


Audiência qualificada é isso aí. O meu glorioso amigo Maurício Gaia, o piloto do blog Mauricéia Desvairada e inspirador deste Superball Express, reproduziu minhas considerações a respeito da cidade de São Caetano do Sul e de sua equipe de futebol, a A.D. São Caetano, vice-campeã brasileira de 2001.
Apesar da estranheza dele quanto ao tom cáustico e duro do texto "Porque odeio São Caetano", ele concordou comigo ao finalizar o comentário a respeito de meu texto: em sua época de ginásio, moradores de São Caetano se orgulhavam de morar lá devido ao fato de não haver favelas (e os milhares de cortiços?). Ou seja, preconceito puro de gente nojenta.
E, só para provocar, encontrei-o em uma festa de um amigo comum em Santo André. Fui devidamente fantasiado com uma camisa do E.C. São Bernardo, "rival"do São Caetano, assim como o E.C. Santo André (agora de volta à primeira divisão do Paulistão) e do Palestra de São Bernardo (série B-1 do Paulistão).
Tudo bem que o São Bernardo atualmente é um dos piores do mundo (neste ano, na série B-2 do Paulistão, que é a 5.a divisão, a equipe teve quatro vitórias, dois empates e 26 derrotas, sendo que 19 consecutivas...), mas valeu a provocação.
Stevie Ray Vaughan incendeia Montreux


O mito Stevie Ray Vaughan caminha a largos passos para o mesmo destino de outro mito (e seu mestre), Jimi Hendrix. Morto em um acidente de helicóptero após um show em agosto de 1990, o baú daquele que é considerado o maior bluesman dos anos 80 parece não ter fundo. Ano sim ano não aparece uma nova obra no mercado: a inédita gravação de um show, uma caixa com raridades nunca antes editadas e muito mais.
Por enquanto o que está vindo à tona 11 anos após a sua morte é de qualidade. Até quando? Com Hendrix aconteceu o oposto: o guitarrista norte-americano, o melhor de todos, morreu em 1970 e já no ano seguinte o mercado era inundado por milhares de lançamentos (piratas ou não), muitos de qualidade duvidosa, tudo isso fruto das encrencadas negociações de contratos e royalties levadas a cabo por empresários inescrupulosos e oportunistas (assim como Pelé, Hendrix era péssimo nos negícios e confiava nas pessoas erradas).
O baú do texano Vaughan nos brinda com mais uma pérola: “Live at Montreux 1982-1985” ém CD duplo recém-lançado que traz quase na íntegra os dois shows que ele realizou no famoso festival suíco de jazz. A produção é excelente e traz a assinatura do irmão Jimmie Vaughan, o responsável pelo legado.
Assim como “Live at the Carnegie Hall 1984”, lançado há três anos, o novo lançamento é primoroso, além de ser um registro histórico importantíssimo, já que pega Stevie Ray Vaughan em dois momentos distintos: em 1982, prestes a se tornar uma estrela de primeira grandeza do blues, e 1985, o auge de sua carreira, antes dos tratamentos para se livrar das drogas e do álcool.
As gravações dos dois shows mostram exatamente isso. O primeiro CD traz o show de 1982. Ainda uma atração de médio porte, Stevie Ray Vaughan e a Double Trouble (com Tommy Shannon no baixo e Chris Layton na bateria) tocaram menos de uma hora no bar principal do festival.
É verdade que o bar estava lotado, mas mesmo assim era um bar. Só que aquela apresentação foi tão marcante que emocionou uma então estrela da música pop, o guitarrista Jackson Browne, que fez questão de subir ao palco para uma jam.
Havia outra estrela da música pop na platéia, esta de muito maior grandeza e que não ficou nada emocionada. O inglês David Bowie ficou paralisado com a perfomance de Stevie e anteviu lucros se atraísse o texano. Dito e feito: o guitarrista participou do álbum de Bowie “Let’s Dance”, de 1983, e da turnê do disco no mesmo ano. A experiência desagradou a Stevie, mas foi fundamental para abrir as portas do estrelato.
Os principais destaques do CD 1 são “Pride and Joy”, “Texas Flood” e “Love Struck Baby”.
Já o segundo CD mostra Stevie Ray Vaughan e a Double Trouble (agora acrescida do tecladista Reese Wynans) sendo tratados como astros de primeira ordem, tocando no palco principal com uma platéia imensa que ali estava para vê-los. E o show foi fantástico (com três músicas registradas no álbum “Live Alive”, de 1986). Em sua plena forma e endiabrado, o guitarrista arrasa em “Voodoo Child”, de Hendrix, “Life Without You”, “Ain’t Gone N’ Give Up on Love”, “Texas Flood” e a magnífica “Tin Pan Alley”, que teve a participação do ótimo Johnny Copeland, guitarrista norte-americano.
Esse é um registro essencial para quem quer entender a evolução do blues nos ano 80. Agora é torcer para que o irmão Jimmie Vaughan não raspe o tacho e passe a colocar coisas indevidas de Stevie no mercado.

"Blow Up" vale pelos Yardbirds


Boa música não tem hora. Na madrugada de 28 de dezembro a TV Bandeirantes exibiu "Blow Up", filme cult de o italiano MIchelangelo Antonioni realizou em Londres em 1966 (com boas atuações de David Hemmings e Vanessa Redgrave). Esse filme é considerado como um dos cults mais importantes da história do cinema. Pessoalmente não acho nada de mágico nesse filme. Ele é bem chato, como todo filme cabeçudo europeu (só faltou Godard para dar palpites).
Entretanto, o filme é histórico por um motivo muito simples: é o único registro em imagem de uma apresentação do grupo de rock Yardbirds tendo em sua formação os guitarristas Jimmy Page e Jeff Beck. No filme o protagonista, David Hemmings, que interpreta um fotógrafo de moda, aparece em uma cena procurando a musa da foro onde ele teria flagrado um assassinato em um show de rock.
A cena foi gravada no lendário Marquee e a banda que toca é o Yardbirds. Em um dado momento, a guitarra e o amplificados de Beck começa a dar problema. Depois de vários chutes no amplificados, Beck, irado, destrói a sua guitarra e joga os pedaços para a platéia, até então comportada. Imediatamente um tumulto é iniciado, todos querendo um pedaço da guitarra, que acaba nas mão do fotógrafo, que foge do local.
A cena estava inicialmente reservada para o Who, já que Pete Townshend era mestre em quebrar os instrumentos em cena, mas dois fatos conspiraram contra a banda: a agenda do grupo estava carregada em 1966 e não havia tempo disponível para as filmagens; além disso, assessores de Antonioni o convenceram de que, como a destruição da guitarra era uma marca de Townshend, a presença do Who filme não seria "natural".
O fato é que é delicioso ver os Yardbirds tocando "Stroll On" (uma variação de "Train Kept a Rollin'") tendo Beck e Page nas guitarras. É a única imagem existente dos dois dividindo o palco na banda.
Para quem não sabe, rapidamente: Eric Clapton, cansado do comercialismo dos Yardbirds, sai da banda em 1965. O grupo rapidamente convida Jimmy Page para o lugar, que na época era importante músico de estúdio.
Page recusa por três motivos: ganhava mais no estúdio, era muito amigo de Clapton e tinha saúde debilitada para enfrentar turnês. Acaba indicando um amigo de escola, Jeff Beck, que fica com o posto e se torna o guitarrista da época de maior sucesso do grupo.
No ano seguinte. Page se enche de ficar enfurnado no estúdio e começa a procurar uma banda para tocar. Coincidentemente, Paul Samwell-Smith, baixista dos Yardbirds, briga com a banda e é demitido. Page se oferece para o lugar e fica com o emprego de baixista. Dois meses depois, ele troca de instrumento com o então guitarra-base Chris Dreja, formando uma dupla incendiária de guitarras com Beck.
Mas a alegria durou pouco. Beck era muito estrelinha e estava de saco cheio da banda e do fato de ter um guitarrista do mesmo nível para dividir as atenções com ele (mesmo que esse guitarrista fosse o muito amigo Page). Pouco mais de três meses depois da troca entre Dreja e Page, Jeff Beck anuncia sua saída do grupo para formar o Jeff Beck Group, com Rod Stewart e Ron Wood, no final de 1966. Assim sendo, existem pouquíssimas gravações onde os dois guitarristas participam e apenas uma imagem desse encontro histórico.
Rodox


Da série para rir: Rodolfo, ex-vocalista dos Raimundos e agora em carreira solo, mudou de nome artístico. Agora é Rodox e já gravou o seu primeiro CD solo, prestes a ser lançado. Ainda não foi divulgado se será um CD cim músicas "gospel"...