Inteligência como política de Estado
Fazia tempo que o cinema internacional não produzia uma verdadeira aula de política internacional e diplomacia. “Invictus”, já nas telas brasileiras, concorre a três Oscars este ano e mostra como um político revolucionário e combativo pode se tornar um mestre da conciliação e da solidariedade.
Dirigido por Clint Eastwood e estrelado por Morgan Freeman e Matt Damon, “Invictus” é baseado no livro “Conquistando o Inimigo”, de John Carlin, e mostra como Nelson Mandela, então com um ano no cargo de presidente da África do Sul, avançou milhares de anos-luz na luta para soterrar o odioso apartheid.
Com habilidade, tolerância e paciência, Mandela aproveitou a Copa do Mundo de Rúgbi de 1995 em seu país para estimular campanhas de união nacional e consturar um dificílimo pacto social como forma de iniciar a busca de uma identidade nacional para negros e brancos, sem revanchismo e olhando semprepara frente.
Mesmo sendo uma potência no esporte, a África do Sul era zebra, mas o autêntico clima de Copa do Mundo, coisa rara no rúgbi mas absolutamente fundamental no futebol no mundo todo, contagiou um país racialmente dividido e ferido.
Mandela e sua equipe de governo levaram seis meses para desarmar espíritos e garantir um apoio nacional nunca visto para a seleção sul-africana de rúgbi, considerada um dos maiores símbolos da política do apartheid, pois era formada somente por brancos a maior parte do tempo - mesmo com o clima favorável, apenas um negro integrou o time naquela copa.
Mandela havia consguido algo improvável, tido como o impossível por muitos: praticamente pacificou o país por meio do esporte.
Tamanha façanha tinha de ser coroada com um final condizente: a conquista do título batendo a favoritíssima Nova Zelândia por 15 a 12, no sufoco, na prorrogação. Os jogadores viraram ídolos e heróis; Mandela já era um mito, e virou deus.
Livro e filme são imperdíveis para ajudar a entender a questão sul-africana pós-apartheid sem viés ideológico. São uma aula de política internacional.
E pensar que houve gente da esquerda à época que considerou Mandela um vendido, um traidor da “causa”…
Espaço coordenado pelo jornalista paulistano Marcelo Moreira para trocas de idéias, de preferência estapafúrdias, e preferencialmente sobre música, esportes, política e economia, com muita pretensão e indignação.
quinta-feira, fevereiro 11, 2010
Cemitério na porta de sua casa
Os moradores de São Bernardo podem ficar mais felizes em 2010. Ganharam de presente a volta das enchentes que destroem casas, ruas e comércios e a ampliação do “cemitério” de automóveis apreendidos e abandonados nas delegacias de polícia.
Mesmo os moradores de áreas mais altas da cidade, como o bairro Baeta Neves, viram verdadeiras cachoeiras em algumas ruas por conta das fortes chuvas e simplesmente não conseguiram chegar em casa em pelo menos três nas últimas duas semanas por conta da cidade ilhada pelos alagamentos.
Enquanto isso, nas imediações do 1º Distrito Policial, na avenida Armando Italo Setti, já não há mais espaço para alocar automóveis apreendidos e batidos ao longo de 400 metros, nos dois lados.
Sem a menor preocupação, guinchos despejam o restou de carros nas travessas próximas. São veículos despedaçados que viram abrigos para mendigos e animais.
As denúncias sobre essa prática nefasta levada a cabo pelos delegados da Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) local são antigas. Há pelo menos 20 anos jornais da região e da Capital denunciam esse descumprimento da lei em São Bernardo e em Santo André. E ninguém toma providência.
Não é à toa que a segurança pública do governo estadual tucano é uma calamidade. E faz sentido que centenas de delegados estejam sendo investigados pela Corregedoria da Polícia Civil, segundo informações do jornal Folha de S. Paulo.
Com o descumprimento flagrante da lei ao abandonar veículos apreendidos nas ruas, não é de se surpreender o volume abissal de funcionários públicos que estão sendo investigados e que certamente serão punidos. Se são esses cidadãos que violam a lei que zelam pela nossa segurança, o que esperar?
Não bastasse a ampliação do “cemitério” para as ruas paralelas e travessas, há outra novidade no 1º DP: caminhões apreendidos e largados no que deveria ser o estacionamento da Ciretran para vistorias.
Recente reportagem deste ABCD Maior, em outubro passado, já alertava para o problema e denunciava o descaso das autoridades estaduais.
No texto, a delegada assistente do 1º Distrito Policial, Tereza Alves de Mesquita, dizia que os carros e motos só estão no local porque não existe área apropriada para deixá-los. “Já chegamos a colocar esses veículos em um pátio do município, mas eles não estão recebendo mais e nós nem sabemos o motivo.”
O jornal Diário do Grande ABC, há duas semanas, informava que eram 80 os carros em situação lastimável ao longo da avenida Armando Italo Setti. Hoje são quase 100.
Há problemas também nas imediações do 2º DP, em Rudge Ramos, onde o problema é crônico desde 1990.
Na maioria das vezes, a desculpa é a mesma de sempre: o pátio fica lotado, o volume de apreensões cresce a cada dia e a lei não permite que se dê fim logo aos carros apreendidos e abandonados .
O delegado seccional da cidade, Rafael Rabinovich, afirmou à imprensa da região que o problema está relacionado ao contrato com a empresa Octágono Serviço Ltda, responsável pela administração do pátio de retenção de veículos, no bairro dos Casa, desde março de 2007.
Maravilha, mas e daí? Então quer dizer enquanto o contrato estiver sendo “analisado” e “avaliado”, as ruas da cidade de São Bernardo continuarão sendo um depositário de veículos avariados?
Os moradores de São Bernardo podem ficar mais felizes em 2010. Ganharam de presente a volta das enchentes que destroem casas, ruas e comércios e a ampliação do “cemitério” de automóveis apreendidos e abandonados nas delegacias de polícia.
Mesmo os moradores de áreas mais altas da cidade, como o bairro Baeta Neves, viram verdadeiras cachoeiras em algumas ruas por conta das fortes chuvas e simplesmente não conseguiram chegar em casa em pelo menos três nas últimas duas semanas por conta da cidade ilhada pelos alagamentos.
Enquanto isso, nas imediações do 1º Distrito Policial, na avenida Armando Italo Setti, já não há mais espaço para alocar automóveis apreendidos e batidos ao longo de 400 metros, nos dois lados.
Sem a menor preocupação, guinchos despejam o restou de carros nas travessas próximas. São veículos despedaçados que viram abrigos para mendigos e animais.
As denúncias sobre essa prática nefasta levada a cabo pelos delegados da Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) local são antigas. Há pelo menos 20 anos jornais da região e da Capital denunciam esse descumprimento da lei em São Bernardo e em Santo André. E ninguém toma providência.
Não é à toa que a segurança pública do governo estadual tucano é uma calamidade. E faz sentido que centenas de delegados estejam sendo investigados pela Corregedoria da Polícia Civil, segundo informações do jornal Folha de S. Paulo.
Com o descumprimento flagrante da lei ao abandonar veículos apreendidos nas ruas, não é de se surpreender o volume abissal de funcionários públicos que estão sendo investigados e que certamente serão punidos. Se são esses cidadãos que violam a lei que zelam pela nossa segurança, o que esperar?
Não bastasse a ampliação do “cemitério” para as ruas paralelas e travessas, há outra novidade no 1º DP: caminhões apreendidos e largados no que deveria ser o estacionamento da Ciretran para vistorias.
Recente reportagem deste ABCD Maior, em outubro passado, já alertava para o problema e denunciava o descaso das autoridades estaduais.
No texto, a delegada assistente do 1º Distrito Policial, Tereza Alves de Mesquita, dizia que os carros e motos só estão no local porque não existe área apropriada para deixá-los. “Já chegamos a colocar esses veículos em um pátio do município, mas eles não estão recebendo mais e nós nem sabemos o motivo.”
O jornal Diário do Grande ABC, há duas semanas, informava que eram 80 os carros em situação lastimável ao longo da avenida Armando Italo Setti. Hoje são quase 100.
Há problemas também nas imediações do 2º DP, em Rudge Ramos, onde o problema é crônico desde 1990.
Na maioria das vezes, a desculpa é a mesma de sempre: o pátio fica lotado, o volume de apreensões cresce a cada dia e a lei não permite que se dê fim logo aos carros apreendidos e abandonados .
O delegado seccional da cidade, Rafael Rabinovich, afirmou à imprensa da região que o problema está relacionado ao contrato com a empresa Octágono Serviço Ltda, responsável pela administração do pátio de retenção de veículos, no bairro dos Casa, desde março de 2007.
Maravilha, mas e daí? Então quer dizer enquanto o contrato estiver sendo “analisado” e “avaliado”, as ruas da cidade de São Bernardo continuarão sendo um depositário de veículos avariados?