Desafio sindical para 2009
Época de crise econômica é época propicia para a choradeira de empresários em busca de salvação para seus problemas de gestão. Foi essa a impressão que ficou depois da reunião entre o ministro Guido Mantega e vários empresários de peso em Brasília, na última quarta-feira.
Enquanto isso, continuam céleres as demissões e as soluções mirabolantes para “evitar” os cortes, como suspensão de contratos de trabalho e extensão de férias coletivas.
A última agora é a exigência dos empresários de se implantar, de alguma forma, a redução da jornada de trabalho com a redução de salários, uma medida sempre e historicamente rechaçada pelos sindicatos de todas das categorias.
Entretanto, já existem líderes sindicais, que de forma moderada e sensata, até admitem discutir a questão para preservar empregos.
Mais uma vez a realidade acaba por suplantar ideologias e decisões de cúpula. E mais uma vez o mundo sindical se vê diante de um dilema que desafia a sua própria existência, como ocorreu bem no comecinho dos anos 90: largar, ainda que temporariamente, a luta pelos melhores condições de trabalho em favor da preservação dos empregos, ou insistir na ideologização das relações trabalhistas e rejeitar qualquer flexibilização dos benefícios conquistados?
Há muito tempo se discute entre os líderes dos trabalhadores o papel que os sindicatos devem assumir no século XXI, em tempos onde a globalização avança muito rápido e o sistema capitalista, mesmo com as suas crises cíclicas, se consolida cada vez mais.
Afinal, qual é o papel do sindicato nos anos 2000? Como enfrentar uma sociedade em que a competição é cada vez mais acirrada e onde a busca incessante por maior eficiência com custos cada vez menores é uma “lei” praticamente inviolável – o que incentiva cada vez mais a informalidade e a terceirização, ainda que ilegal?
Coube a Luiz Marinho, atual prefeito petista de São Bernardo e ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, lançar uma ideia bastante interessante quando assumiu a presidência da CUT nacional.
“Os novos desafios sociais do século XXI vão levar a uma reformulação no pensamento sindical. quem não se adaptar às novas demandas da sociedade ficará para trás. Acredito que os sindicatos, de alguma forma, deverão cada vez mais se comportar como verdadeiras ONGs (organizações não-governamentais), expandido seu campo de atuação além das negociações salariais e de benefícios trabalhistas”, disse Marinho.
Não é por outro motivo que Marinho é fruto de uma entidade que sempre foi considerada a vanguarda sindical do País. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC sempre foi um laboratório, onde o pensamento e análise são requisitos fundamentais para que seu líderes sindicais desempenhem suas funções.
E é justamente da entidade que se esperam novas ideias para que o trabalhador consiga entender e trafegar pelos próximos anos de crise econômica.
***************
Ano novo, guerra nova. Mesmo em tempos de crise econômica severa, a guerra parece ser um motor forte para movimentar a economia, mesmo que isso signifique sacrifícios financeiros para parte da sociedade. Isso não é problema para Israel, que empreende uma ofensiva avassaladora contra os palestinos do Hamas na Faixa de Gaza.
Israel está à beira de uma severa recessão, com inflação em alta e déficits fiscal e comercial. Ainda assim, responde de maneira desproporcional ás provocações do Hamas, uma facção terrorista dos palestinos que administra Gaza.
Não se discute o direito dos israelenses de responder militarmente às agressões palestinas – militantes do Hamas lançaram mais 100 foguetes contra a parte sul de Israel em dezembro passado, o que motivou a invasão como contra-ataque.
A questão, no entanto, é outra: ninguém quer uma solução para a crise, pois politicamente ela é interessante: na possibilidade de extinguir Israel, os palestinos se tornam uma importante “arma política” para os árabes. Esperemos a próxima guerra.
Espaço coordenado pelo jornalista paulistano Marcelo Moreira para trocas de idéias, de preferência estapafúrdias, e preferencialmente sobre música, esportes, política e economia, com muita pretensão e indignação.
segunda-feira, janeiro 19, 2009
A tempestade chegou
A marolinha está virando furacão. Aquilo que todo mundo temia aconteceu em janeiro: uma grande montadora inicia demissões e provavelmente puxará a fila de outras, que só esperavam o momento em que alguém cortasse na folha para colocar a tesoura em ação.
As quase 800 demissões realizadas pela General Motors em São José dos Campos, na verdade, apenas escancarou o que acontecia sem que o país percebesse – ou fingia não acontecer: a queda progressiva no nível de emprego industrial, vitais para a manutenção da economia girando.
Em dezembro, por exemplo, estima-se que 600 mil trabalhadores foram dispensados. No setor de máquinas, foram 1,3 mil demissões no mês passado. No setor de autopeças, há risco iminente de perda do emprego para pelo menos 3 mil trabalhadores na Capital.
Será que é possível manter a cabeça fria diante do derretimento do emprego industrial neste janeiro tenebroso? Será que os fantasmas da década de 90 vão nos assombrar em 2009? E como isso afeta os prefeitos recém-empossados na Grande São Paulo, especialmente no ABCD?
O sinais da crise estavam escancarados desde meados do ano passado, mas infelizmente a maioria dos agentes econômicos se recusou a admitir que a tempestade estava próxima.
Executivos públicos, líderes setoriais do empresariado e até mesmo sindicalistas ficaram inebriados com quase três anos de conquistas e bom desempenho econômico e aparentemente ficaram paralisados diante do tempo ruim que se aproximava – ou então, o que é criminoso, simplesmente fingiram que nada acontecia.
Sem guarda-chuva ou abrigo decente para passar pela tormenta, sobraram ressentimentos e rosnados, além de muita incompetência na condução da reação à crise. Desde a “simples marolinha” até a “passagem suave pela crise”, todo o Brasil assistiu de forma passiva à chegada, muito rápida, dos efeitos da crise financeira mundial.
Os juros continuam extremamente altos, as medidas de desoneração tributária em vários patamares demorou – e quando veio, foi insuficiente para estancar a enxurrada de pessimismo.
Por fim, a facilitação de acesso a crédito por parte das empresas não atingiu o objetivo primordial, que era manter o nível de emprego industrial. Grandes empresas que esbravejaram pedindo ajuda financeira e redução de impostos – coisas que efetivamente ocorreram – simplesmente debocharam do governo federal e demitiram sem a menor cerimônia, numa provocação sem precedentes na história econômica brasileira.
O fato é que uma sucessão de erros e omissões ocorridas a partir do segundo semestre de 2008 colocam em xeque os bons resultados que o país obteve desde 2006. A onda de pessimismo é justificada, e nada indica que poderá ser debelada antes de julho.
As consequências desabaram sobre os trabalhadores, que neste momento são reféns das “condições do mercado”. Os sindicatos estão em clara desvantagem. Pouco fizeram para recuperar o prestígio e a importância que tinham nos anos 80 e começo dos anos 90.
Hoje essas entidades precisam não só recuperar o prestígio, mas se mostrar relevantes para os desafios trabalhistas do século XXI. Enquanto isso, resistem como podem às investidas empresariais contra direitos e benefícios dos trabalhadores.
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, não tem vergonha de afirmar que exige dinheiro público para salvar empresas sem ter de dar satisfações e sem dar a mínima garantia de emprego. Insiste na flexibilização de direitos, como redução de jornada de trabalho com redução salarial e suspensão de contratos de trabalho.
E os sindicatos estão com dificuldades para enfrentar os adversários. apostar no pragmatismo e flexibilizar direitos para eventualmente garantir empregos? Ou radicalizar e tentar impedir qualquer mexida nos salários e benefícios? Tempos difíceis...
A marolinha está virando furacão. Aquilo que todo mundo temia aconteceu em janeiro: uma grande montadora inicia demissões e provavelmente puxará a fila de outras, que só esperavam o momento em que alguém cortasse na folha para colocar a tesoura em ação.
As quase 800 demissões realizadas pela General Motors em São José dos Campos, na verdade, apenas escancarou o que acontecia sem que o país percebesse – ou fingia não acontecer: a queda progressiva no nível de emprego industrial, vitais para a manutenção da economia girando.
Em dezembro, por exemplo, estima-se que 600 mil trabalhadores foram dispensados. No setor de máquinas, foram 1,3 mil demissões no mês passado. No setor de autopeças, há risco iminente de perda do emprego para pelo menos 3 mil trabalhadores na Capital.
Será que é possível manter a cabeça fria diante do derretimento do emprego industrial neste janeiro tenebroso? Será que os fantasmas da década de 90 vão nos assombrar em 2009? E como isso afeta os prefeitos recém-empossados na Grande São Paulo, especialmente no ABCD?
O sinais da crise estavam escancarados desde meados do ano passado, mas infelizmente a maioria dos agentes econômicos se recusou a admitir que a tempestade estava próxima.
Executivos públicos, líderes setoriais do empresariado e até mesmo sindicalistas ficaram inebriados com quase três anos de conquistas e bom desempenho econômico e aparentemente ficaram paralisados diante do tempo ruim que se aproximava – ou então, o que é criminoso, simplesmente fingiram que nada acontecia.
Sem guarda-chuva ou abrigo decente para passar pela tormenta, sobraram ressentimentos e rosnados, além de muita incompetência na condução da reação à crise. Desde a “simples marolinha” até a “passagem suave pela crise”, todo o Brasil assistiu de forma passiva à chegada, muito rápida, dos efeitos da crise financeira mundial.
Os juros continuam extremamente altos, as medidas de desoneração tributária em vários patamares demorou – e quando veio, foi insuficiente para estancar a enxurrada de pessimismo.
Por fim, a facilitação de acesso a crédito por parte das empresas não atingiu o objetivo primordial, que era manter o nível de emprego industrial. Grandes empresas que esbravejaram pedindo ajuda financeira e redução de impostos – coisas que efetivamente ocorreram – simplesmente debocharam do governo federal e demitiram sem a menor cerimônia, numa provocação sem precedentes na história econômica brasileira.
O fato é que uma sucessão de erros e omissões ocorridas a partir do segundo semestre de 2008 colocam em xeque os bons resultados que o país obteve desde 2006. A onda de pessimismo é justificada, e nada indica que poderá ser debelada antes de julho.
As consequências desabaram sobre os trabalhadores, que neste momento são reféns das “condições do mercado”. Os sindicatos estão em clara desvantagem. Pouco fizeram para recuperar o prestígio e a importância que tinham nos anos 80 e começo dos anos 90.
Hoje essas entidades precisam não só recuperar o prestígio, mas se mostrar relevantes para os desafios trabalhistas do século XXI. Enquanto isso, resistem como podem às investidas empresariais contra direitos e benefícios dos trabalhadores.
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, não tem vergonha de afirmar que exige dinheiro público para salvar empresas sem ter de dar satisfações e sem dar a mínima garantia de emprego. Insiste na flexibilização de direitos, como redução de jornada de trabalho com redução salarial e suspensão de contratos de trabalho.
E os sindicatos estão com dificuldades para enfrentar os adversários. apostar no pragmatismo e flexibilizar direitos para eventualmente garantir empregos? Ou radicalizar e tentar impedir qualquer mexida nos salários e benefícios? Tempos difíceis...
Mais chororô de músico roqueiro brasileiro contra os gringos
Tenho ouvido cada vez mais lamentos de músicos de rock brasleiros a respeito da preferência do público nacional por bandas estrangeiras, em vez de apoiar que batalha pelos botecos da vida divulgando material próprio.
O mais recente ressentido é Eduardo Ardanuy, guitarrista do Dr. Sin, um dos melhores que já vi ao vivo. O estupendo músico concedeu uam entrevista na edição de janeiro da revista Roadie Crew, onde fala do lançamento de seu CD solo, "Electric Nightmare".
No meio do texto, reclama de novo da falta de apoio aos músicos nacionais. "O público brasileiro continua 'paga-pau' de gringo, prefere gastar R$ 300 para ver o Judas Priest do que R$ 20 ou R$ 30 para assistir a uma boa banda nacional", diz o músico, cheio de rancor.
Essa é uma batalha perdida e esse tipo de lamento já encheu a paciência. Se o Dr. Sin dele - banda maravilhosa - não faz tantos shows quanto ele gostaria, não adianta culpar o público de shows internacionais. Por mais que o Dr. Sin seja bom - e, repito, é excelente - qual banda você veria se os shows fossem simultâneos? A citada Dr. Sin ou o AC/DC? Dr. Sin ou Black Sabbath? Dr. Sin ou Iron Maiden?
Parece que falta um pouco de bom senso a Edu Ardanuy. Não é simplesmmente uma questão de qualidade - as bandas de rock citadas e milhares de outras são melhores do que o Dr. Sin: é uma questão de oportunidade.
O AC/DC, por exemplo, já tocou mais de 30 vezes na cidade de Saint Louis, nos Estados Unidos, uma espécie de Belo Horizonte americana. E só vieram duas vezes ao Brasil, para somente dois shows.
A América do Sul não é rota assídua de shows internacionais. Então é natural que quando uma banda estrangeira aporte por aqui, mesmo que de porte médio, ganhe a atenção do público.
É o caso dos alemães do Grave Digger, metal tradicional dos melhores, mas que nunca passou de uma banda mediana em termos de público nos 27 aos de carreira. Entretanto, quando vem ao Brasil - e já veio cinco vezes - lota seus shows.
Por outro lado, é cada vez mais comum vermos shows do Dr. Sin no Brasil, assim como os do Angra, da banda de André Matos, do Almah de Edu Falaschi (Angra) e até mesmo do Krisiun. Todas essas bandas tocam com bastante regularidade e lotam seus shows. Por que elas tocam bastante e lotam seus shows e o Dr. Sin, que é tão bom quanto, não consegue?
Tenho ouvido cada vez mais lamentos de músicos de rock brasleiros a respeito da preferência do público nacional por bandas estrangeiras, em vez de apoiar que batalha pelos botecos da vida divulgando material próprio.
O mais recente ressentido é Eduardo Ardanuy, guitarrista do Dr. Sin, um dos melhores que já vi ao vivo. O estupendo músico concedeu uam entrevista na edição de janeiro da revista Roadie Crew, onde fala do lançamento de seu CD solo, "Electric Nightmare".
No meio do texto, reclama de novo da falta de apoio aos músicos nacionais. "O público brasileiro continua 'paga-pau' de gringo, prefere gastar R$ 300 para ver o Judas Priest do que R$ 20 ou R$ 30 para assistir a uma boa banda nacional", diz o músico, cheio de rancor.
Essa é uma batalha perdida e esse tipo de lamento já encheu a paciência. Se o Dr. Sin dele - banda maravilhosa - não faz tantos shows quanto ele gostaria, não adianta culpar o público de shows internacionais. Por mais que o Dr. Sin seja bom - e, repito, é excelente - qual banda você veria se os shows fossem simultâneos? A citada Dr. Sin ou o AC/DC? Dr. Sin ou Black Sabbath? Dr. Sin ou Iron Maiden?
Parece que falta um pouco de bom senso a Edu Ardanuy. Não é simplesmmente uma questão de qualidade - as bandas de rock citadas e milhares de outras são melhores do que o Dr. Sin: é uma questão de oportunidade.
O AC/DC, por exemplo, já tocou mais de 30 vezes na cidade de Saint Louis, nos Estados Unidos, uma espécie de Belo Horizonte americana. E só vieram duas vezes ao Brasil, para somente dois shows.
A América do Sul não é rota assídua de shows internacionais. Então é natural que quando uma banda estrangeira aporte por aqui, mesmo que de porte médio, ganhe a atenção do público.
É o caso dos alemães do Grave Digger, metal tradicional dos melhores, mas que nunca passou de uma banda mediana em termos de público nos 27 aos de carreira. Entretanto, quando vem ao Brasil - e já veio cinco vezes - lota seus shows.
Por outro lado, é cada vez mais comum vermos shows do Dr. Sin no Brasil, assim como os do Angra, da banda de André Matos, do Almah de Edu Falaschi (Angra) e até mesmo do Krisiun. Todas essas bandas tocam com bastante regularidade e lotam seus shows. Por que elas tocam bastante e lotam seus shows e o Dr. Sin, que é tão bom quanto, não consegue?
Ciclistas ainda acham que têm direitos
A morte de uma ciclista na semana passada na avenida Paulista, abalroada por um ônibus, gerou uma onda de protestos contra o "trânsito selvagem da metrópole", ainda mais porque a vítima era uma ativista pela disseminação do uso da bicicleta como principal meio de transporte na Grande São Paulo.
É louvável o esforço realizado por gente como Arturo Alcorta e Renata Falzoni, jornalistas da rádio Eldorado que percorrem as ruas de bicicleta para falar de trânsito e sobre as belezas de pedalar por São Paulo em locais inusitados. Infelizmente, eles são incompreendidos e ainda têm pouco respeito por sua causa.
Entretanto, existe um fato: andar de bicicleta em São Paulo em vias movimentadas é um suicídio. Nem tanto pela "maldade" dos motoristas - ela existe e é responsável por grande parte dos acidentes com mortes entre os ciclistas -, mas a questão é que não dá para exigir cuidado extremo com os pedaladores sendo que eles mesmo não se respeitam.
O que dizer de alguém que resolve pedalar no corredor de ônibus da avenida Paulista em uma terça-feira, dia útil, às 10h, numa manhã comum? Gente assim está assumindo deliberadamente um risco de ser atropelado, sendo experiente ou não.
O que dizer de alguém que resolve pedalar na Marginal Pinheiros às 16h numa quarta-feira, em pleno trânsito pesado? É inteligente o cara que faz isso? Foi o que fez o irmão do ex-tenista Cássio Mota há 15 anos. Foi abalroado por um automóvel perto da raia da USP, na Marginal Pinheiros, caiu e morreu.
Não se discute a necessidade de se ampliar as ciclovias em São Paulo. Isso tem de acontecer. Mas não dá para ter dó de gente que morre depois de andar de bicicleta na avenida Paulista em horários de pico. No mínimo, é burrice.
A morte de uma ciclista na semana passada na avenida Paulista, abalroada por um ônibus, gerou uma onda de protestos contra o "trânsito selvagem da metrópole", ainda mais porque a vítima era uma ativista pela disseminação do uso da bicicleta como principal meio de transporte na Grande São Paulo.
É louvável o esforço realizado por gente como Arturo Alcorta e Renata Falzoni, jornalistas da rádio Eldorado que percorrem as ruas de bicicleta para falar de trânsito e sobre as belezas de pedalar por São Paulo em locais inusitados. Infelizmente, eles são incompreendidos e ainda têm pouco respeito por sua causa.
Entretanto, existe um fato: andar de bicicleta em São Paulo em vias movimentadas é um suicídio. Nem tanto pela "maldade" dos motoristas - ela existe e é responsável por grande parte dos acidentes com mortes entre os ciclistas -, mas a questão é que não dá para exigir cuidado extremo com os pedaladores sendo que eles mesmo não se respeitam.
O que dizer de alguém que resolve pedalar no corredor de ônibus da avenida Paulista em uma terça-feira, dia útil, às 10h, numa manhã comum? Gente assim está assumindo deliberadamente um risco de ser atropelado, sendo experiente ou não.
O que dizer de alguém que resolve pedalar na Marginal Pinheiros às 16h numa quarta-feira, em pleno trânsito pesado? É inteligente o cara que faz isso? Foi o que fez o irmão do ex-tenista Cássio Mota há 15 anos. Foi abalroado por um automóvel perto da raia da USP, na Marginal Pinheiros, caiu e morreu.
Não se discute a necessidade de se ampliar as ciclovias em São Paulo. Isso tem de acontecer. Mas não dá para ter dó de gente que morre depois de andar de bicicleta na avenida Paulista em horários de pico. No mínimo, é burrice.